segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Igreja Católica, construtora da civilização. Autor: Thomas E. Woods



Igreja Católica, construtora da civilização. 
Aula 5- O sistema universitário
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=g3OZw7s3QHk
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=Fa9jF3t8hf0
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=Bri-tAsIZjI


Aula 6- Deus existe?
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=G8WmTbUxrsM
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=qtRVkkx4_6I
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=pqZtjHQarEY


Aula 7- Os monges
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=zrMqeDdPo3A
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=z_IBiJrmD9Q
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=8SaR_fa9jTs


Aula 8- A caridade católica
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=6QELd2mO5O0
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=nIYhA_-N-ak
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=lnyjKeHIXQo


Aula 9- A moralidade ocidental
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=WWmoYsAJMjg
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=vRZJGb176iU
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=Jw8mJHXBiqc


Aula 10- O conceito de direito
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=46fiJ06q_Ts
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=5aAQHEENNow
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=c1a8GPcf0y8


Aula 11- As origens do direito internacional
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=oCwBZKpKKwc
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=ng6Bm3UvKO8
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=huQzSNIq_uI


Aula 12- Atrocidades anti católicas
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=GOzHl3OoMXk
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=adYdAE-qYeY
Parte 3- http://www.youtube.com/watch?v=TtrbNVivk-Y


Aula 13- Recapitulação
Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=xOXO0mIsrFk
Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=27wezKg9uHE
Parte3- http://www.youtube.com/watch?v=RPq_8PlsoVM

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O PAPEL DAS MULHERES NO EVANGELHO

O PAPEL DAS MULHERES NO EVANGELHO


I. E ACONTECEU DEPOIS – narra São Lucas no Evangelho da Missa1 – que Jesus caminhava pelas cidades e aldeias pregando e anunciando o reino de Deus. Acompanhavam‑no os doze e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios, e Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes; e Susana, e outras muitas que o assistiam com as suas posses.

Na vida pública de Jesus, vemos este grupo de mulheres desempenhar um papel comovedor pela sua ternura e adesão ao Mestre. É bonito considerar como o Senhor quis apoiar‑se na generosidade e no desprendimento dessas mulheres. Ele, que nunca deixou de agradecer qualquer favor, como não lhes retribuiria tanto desvelo e delicadeza em atender às suas necessidades domésticas e às dos seus discípulos! E nas horas da Paixão, essas mulheres parecem exceder‑se e superam os discípulos em constância e valor; à exceção de João, foram as únicas que tiveram a coragem de permanecer ao pé da cruz, de contemplar de perto os derradeiros instantes de Jesus e de ouvir as suas últimas palavras. E quando, já morto, o Senhor é retirado do patíbulo, estão presentes no embalsamamento e dispõem‑se a completá‑lo no primeiro dia da semana, depois do repouso obrigatório do sábado.

O Senhor quis apressar‑se a recompensar essa decidida fidelidade, e, na aurora da Ressurreição, não foi aos discípulos, mas às mulheres, que apareceu em primeiro lugar. Os anjos também foram vistos unicamente por elas; João e Pedro verificaram que o sepulcro estava vazio, mas não viram os anjos. As mulheres foram favorecidas com essa visão talvez por estarem mais bem preparadas que os homens e, sobretudo, porque lhes coube a missão de continuar o papel dos anjos e de preparar a fé nascente da Igreja. Têm um espírito aberto e um zelo inteligente. “Desde o início da missão de Cristo, a mulher demonstra para com Ele e para com o seu mistério uma sensibilidade especial, que corresponde a uma característica da sua feminilidade. É preciso dizer também que uma confirmação particular disso se verifica em relação ao mistério pascal, não só no momento da Cruz, mas também na manhã da Ressurreição”2. Elas apressam‑se a cumprir a indicação de avisar os discípulos e de lhes recordar o que Jesus tinha anunciado antes da Paixão. Também estão presentes nas últimas manifestações de Jesus ressuscitado. E são, sem dúvida, as mesmas que voltaram da Galiléia após a Ascensão, com os discípulos e com as outras mulheres de Jerusalém e arredores, como as irmãs de Lázaro de Betânia. Com elas estava Maria, a Mãe de Jesus3.

O exemplo destas mulheres fiéis, que servem o Senhor com os seus bens e não o desamparam nos piores momentos, é um apelo à nossa fidelidade e a um serviço incondicional a Deus. Deve ser um serviço feito exclusivamente por amor, sem esperar retribuição alguma, como não a esperavam as santas mulheres de Cristo morto e sepultado. Serviam! Eu te servirei, Senhor, todos os dias da minha vida.

II. SE ALGUÉM ME SERVE, siga‑me; e onde eu estou, estará também ali o que me serve. Se alguém me serve, meu Pai o honrará4.

Desde os primeiros momentos da Igreja, a mulher prestou uma colaboração de valor inestimável na tarefa de expandir o Reino de Deus. “Vemos em lugar de destaque aquelas mulheres que se tinham encontrado pessoalmente com Cristo, que o tinham seguido e, depois da sua partida, eram assíduas na oração no Cenáculo de Jerusalém, até o dia de Pentecostes, juntamente com os Apóstolos. Naquele dia, o Espírito Santo falou por meio de filhos e filhas do Povo de Deus, cumprindo o anúncio do profeta Joel (cfr. At 2, 17). Aquelas mulheres, e depois outras mais, tiveram parte ativa e importante na vida da Igreja primitiva, na edificação da primeira comunidade cristã desde os começos – e das comunidades que se seguiram – mediante os seus carismas e com o seu serviço multiforme”5.

Pode‑se afirmar que o cristianismo começou na Europa com uma mulher, Lídia, que empreendeu imediatamente a sua missão de converter o novo continente começando pelo seu lar6. Algo de semelhante aconteceu entre os samaritanos, que ouviram falar pela primeira vez do Redentor por intermédio de uma mulher7; os Apóstolos, que tinham ido à aldeia em busca de alimento, possivelmente não se atreveram a anunciar aos habitantes do lugar – como o faria mais tarde a mulher – que o Messias estava ali mesmo, nos arredores da cidade. A Igreja sempre teve uma profunda compreensão do papel que a mulher cristã, como mãe, esposa e irmã, devia desempenhar na propagação do cristianismo. Os escritos apostólicos mencionam muitas dessas mulheres: Lídia em Filipos, Priscila e Cloé em Corinto, Febe em Cêncris, a mãe de Rufo – que também foi como uma mãe para Paulo –, as filhas de Filipe de Cesaréia, etc.

Todos temos de pôr ao serviço do Senhor e dos outros aquilo que recebemos. “A mulher está destinada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, algo de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor pelo concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade...”8 A Igreja espera da mulher um compromisso em favor do que constitui a verdadeira dignidade da pessoa humana. O Corpo Místico de Cristo “não cessa de enriquecer‑se com o testemunho das numerosas mulheres que realizam a sua vocação para a santidade. As mulheres santas são uma personificação do ideal feminino, mas são também um modelo para todos os cristãos, um modelo de seqüela Christi – de seguimento de Cristo –, um exemplo de como a Esposa deve corresponder com amor ao amor do Esposo”9.

O Senhor pede a todos que o sirvamos a Ele, à Igreja santa, à sociedade e aos nossos irmãos os homens, com os nossos bens, com a nossa inteligência, com todos os talentos que nos deu. Então entenderemos a profundidade desta verdade: Servir é reinar10.

III. “O HOMEM, a única criatura na terra que Deus quis por si mesma, não pode encontrar‑se plenamente senão por um dom sincero de si mesmo”11. O Papa João Paulo II aplica estas palavras do Concílio Vaticano II especialmente à mulher, que “não pode encontrar‑se a si mesma senão dando amor aos outros”12.

É no amor, na entrega, no serviço aos outros que a pessoa humana, e talvez de um modo especial a mulher, realiza a vocação recebida de Deus. Quando a mulher coloca ao serviço dos outros as qualidades recebidas do Senhor, então “a sua vida e trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, quer passe o dia dedicada ao marido e aos filhos, quer se entregue plenamente a outras tarefas, se renunciou ao casamento por alguma razão nobre. Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à vocação humana e divina, pode realizar e realiza efetivamente a plenitude da personalidade feminina. Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não apenas modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo”13.

Hoje, ao considerarmos a generosidade dessas mulheres que seguiram o Senhor, pensemos como é a nossa. Vejamos se contribuímos, também materialmente – com meios econômicos – para a expansão do Reino de Cristo, se somos magnânimos com o nosso tempo no serviço aos outros... E se, ao levarmos a cabo todas as nossas tarefas, as impregnamos de uma profunda alegria, da particular felicidade que essa generosidade produz.

Não esqueçamos, ao terminarmos a nossa oração, que, tanto na vida pública como nas horas da Paixão, e muito provavelmente nos dias que se seguiram à Ressurreição, essas mulheres mencionadas por São Lucas gozaram de um especial privilégio: permaneceram num trato com Maria mais assíduo e mais íntimo do que os próprios discípulos. Aqui encontraram o segredo da generosidade e da constância com que seguiram o Mestre. Recorremos à Virgem para que nos ajude a ser fiéis e desprendidos. Junto dEla, só encontraremos ocasiões de servir, e assim conseguiremos esquecer‑nos de nós mesmos.

(1) Lc 8, 1‑3; (2) João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris dignitatem, 15.08.88, 16; (3) cfr. P. Indart, Jesús en su mundo, Herder, Barcelona, 1963, pág. 81 e segs.; (4) Jo 12, 26; (5) João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris dignitatem, 27; (6) cfr. At 16, 14‑15; (7) cfr. Jo 4, 39; (8) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristianismo, 3ª ed., Quadrante, São Paulo, 1986, n. 87; (9) João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris dignitatem, 27; (10) cfr. Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 36; (11) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, 24; (12) João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris dignitatem, 30; (13) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristianismo, n. 87.

fonte: http://www.hablarcondios.org/
FRANCISCO FERNÁNDEZ-CARVAJAL

Por que o catolicismo é tão pouco atrativo para os evangélicos?


Por que o catolicismo é tão pouco atrativo para os evangélicos?

Testemunho revelador de um ex-evangélico convertido ao catolicismo

Quando eu era um jovem evangélico, fazia uma clara distinção entre católicos e cristãos. Não eram sinônimos e, na minha opinião, um católico não era um cristão. Quando os católicos apareciam em nossa exegese evangélica do Novo Testamento, eram identificados diretamente como um grupo concreto de pessoas: os fariseus. Os fariseus com sua religião.

“Estúpidos fariseus – pensávamos. Não reconheceriam o Messias nem que lhes fosse tirado o barro dos olhos!”

O que fazíamos era o típico erro protestante: identificávamos os fariseus com a religião, e a religião com algo ruim. Jesus condenou os fariseus. Os fariseus eram religiosos. Então, a religião era ruim. A lógica parecia esmagadora.

O catolicismo não é atrativo para os evangélicos, penso eu, pordois motivos.

Em primeiro lugar, eu e muitos dos meus conhecidos evangélicos desconfiávamos implicitamente da religião. Isso se deve, em grande medida, a uma falta de compreensão das interações de Jesus com os fariseus e às raízes históricas da Reforma.

Uma leitura mais acertada da relação entre Jesus e os fariseus mostra que o que Cristo condena é a religião vazia, a falsa piedade. Mas os evangélicos generalizaram isso e acham que a religião em si é ruim. Têm medo de cair na armadilha dos fariseus.

Em segundo lugar, os evangélicos acham os católicos pouco convincentes em seu testemunho. Faltam católicos com uma relação pessoal com Cristo.

Quando eu era evangélico, achava a fé católica pouco atrativa, muito anticristã, pois os católicos que eu conhecia não tinham uma relação de amizade real com Jesus. Não eram, como costumam dizer os evangélicos, “discípulos”.

Estes dois aspectos que comentei caminham juntos, porque a prática de uma religião vazia acaba substituindo a relação com Cristo. Então, os evangélicos pensam: vamos tirar a religião e ficar com Jesus.

Eu fui evangélico e devo confessar que concordo com isso: a religião vazia é perigosa, é um obstáculo para uma vida em Cristo.

Mas depois me tornei católico. Nós, católicos, não precisamos dar argumentos. Precisamos demonstrar. Demonstrar o poder vivificante da Eucaristia. Demonstrar a incrível e encarnada vida que começa no Batismo e que se fortalece na Confirmação.

Precisamos demonstrar a bênção sacerdotal que Deus nos deu. Celebrar a beleza do matrimônio sacramental.

Por que o catolicismo é tão pouco atrativo para os evangélicos?

Porque os evangélicos não veem uma vida espiritual católica vivida, celebrada e abraçada de todo coração. E será que podemos jogar a culpa neles por achar que muitos católicos vivem uma religião vazia?

Quantos bancos das nossas igrejas estão cheios de católicos que vão à missa por inércia? Quantas pessoas passam pela catequese e não entendem sequer a presença real de Jesus na Eucaristia? Quantos católicos dão mais importância à justiça de Deus que à sua misericórdia?

No momento em que compreendi a história da Igreja Católica, a beleza dos sacramentos, e que os católicos podiam estar tão perto de Jesus, não resisti e me tornei católico. Mas o que nós, católicos, precisamos fazer?

Precisamos ser católicos. De verdade. Pedir ao Espírito Santo que nos dê uma vida mais autêntica. Ter uma amizade pessoal com Jesus, esse Jesus que nos alimenta com seu próprio Corpo na Eucaristia.

Se nós, católicos, vivermos realmente a vida a que estamos destinados, a vida que nossa fé nos mostra, estaremos mais centrados em Cristo, em uma vida maravilhosa.

Infelizmente, a imagem que eu tinha dos católicos quando eu era evangélico, em grande medida, é real. Não estou satisfeito com isso, e nenhum de nós deveria estar.

Se temos, como professa a Igreja Católica, a “plenitude” de Cristo, então, nossos irmãos e irmãs evangélicos deveriam ver algo diferente do que veem. Deveríamos passar uma imagem diferente.

Finalmente, como católicos, temos o trio ganhador: a realidade histórica de uma Igreja de mais de dois mil anos, uma grande quantidade de rigor intelectual de peso, e o atrativo da beleza da nossa fé.

Mas sem viver isso na realidade, demonstrando que amamos Jesus, não seremos diferentes dos fariseus. E isso não é atrativo.

(Adaptado de The Cordial Catholic, de K. Albert Little)
fonte: http://pt.aleteia.org/2015/09/17/por-que-o-catolicismo-e-tao-pouco-atrativo-para-os-evangelicos

fonte primaria: http://www.patheos.com/blogs/albertlittle/why-catholicism-is-so-unattractive-to-evangelicals/

terça-feira, 15 de setembro de 2015

7 Dores de Maria e os 7 Dons do Espirito Santo


As 7 dores de Maria tambem correspondem aos 7 dons do Espírito Santo:


Uma vez que Maria é a Esposa do Espírito santo isso não deveria nos surpreender.


Temor de Deus : A Profecia de Simeão. (Lucas 2,34-35) - Maria se recorda de sua sofrida vocação: "uma espada transpassará sua alma".)

Piedade : A Fuga para o Egito. (Mateus 2,13) - Maria cumpre seus deveres com José e Jesus numa terra estrangeira.

Ciência : A perda do Menino Jesus no templo. (Lucas 2, 43-45) - Maria tem o conhecimento da Identidade de Cristo como o Filho de Deus.

Fortaleza : Maria encontra Jesus no caminho para o Calvário. (Lucas 23,26) - a Força de Maria ao ver a Cristo em sua Paixão.

Conselho : Jesus morre na Cruz. (João 19,25) - Maria é o guia espiritual e conselheira para todos aqueles que buscam seu Filho crucificado.

Entendimento : Maria recebe o corpo de Jesus em seus braços. (Mateus 27, 57-59) - Uma vez que Maria segura o corpo morto de seu Filho em seu braços, ela percebe que Ele irá ressuscitar.

Sabedoria : O Corpo de Jesus é colocado na Tumba. (João 19, 40-42) - Cristo esta oculto mas a alma de Maria continua a ver Cristo e manter contato com Ele.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

terça-feira, 7 de julho de 2015

Ex pastor protestante explica a fórmula que usava para enganar católicos (Steve Wood)


Eu era protestante durante vinte anos antes de me converter ao catolicismo. Eu fiz muitas pessoas deixarem a Igreja Católica. Minha fórmula para os católicos deixarem a Igreja em geral era composta de três etapas.

Passo 1: Convidar os católicos a terem uma experiência de conversão em um ambiente protestante.

Muitas igrejas fundamentalistas, evangélicos e carismáticos têm programas dinâmicos para os jovens, intensos ofícios religiosos toda quarta-feira e domingo à tarde e pequenos grupos de estudos bíblicos. Além disso, eles patrocinam cruzadas, seminários e concertos especiais. Os católicos, convidados por um amigo protestante, podem assistir a um ou mais desses eventos sem deixarem sua participação nas missas de domingo em sua paróquia local.
A maioria da doutrina protestante é simples, se arrependerem de seus pecados e seguir a Cristo na fé. Além disso, salientam a importância de uma relação pessoal com Jesus e a recompensa da vida eterna. A maioria dos católicos que frequenta estes eventos não está acostumada a ouvir tais desafios diretos a abandonar o pecado e seguir a Cristo. Consequentemente, muitos católicos experimentam uma verdadeira conversão.
Isto é, devemos louvar o fervor protestante, colocando para promover conversões.
Os líderes católicos devem aumentar as oportunidades para as pessoas terem um ambiente católico.
A razão é simples: há cerca de cinco em cada dez pessoas adotam as crenças na qual experimentou sua conversão. Esta percentagem é ainda maior para aqueles com conversões profundas ou experiências carismáticas graças aos protestantes. (Acredite em mim, eu sei muito bem, me formei em uma escola da Assembléia de Deus e fui ministro da juventude em duas igrejas carismáticas).
Pastores, líderes da juventude, e ministros leigos estão bem cientes de que as experiências de conversão em ambientes protestantes muitas vezes causam a adesão a fé ea igreja protestante.

Questões importantes:
Por que existem tantos líderes católicos que não têm conhecimento disto?
Por que são tão indiferentes a um processo que tirou centenas de milhares de católicos da Igreja?

Passo 2: "Dê a conversão a uma interpretação protestante".

A conversão genuína é uma das experiências de vida mais preciosas, comparável ao casamento ou o nascimento de uma criança. A conversão desperta uma fome profunda de Deus. Os ministros protestantes eficazes treinam seus trabalhadores para que deem seguimento a esse vivo desejo espiritual.
Antes de uma cruzada em um estádio, ele capacita seus trabalhadores por seis semanas. Ele mostra como apresentar uma interpretação protestante da experiência de conversão fazendo uso seletivo de versículos da Bíblia.
A citação escolhida, é claro, João 3.3, o verso sobre "nascer de novo": ". Jesus lhe respondeu: "Eu lhe asseguro, se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus".
Ele está usando a técnica semelhante a "touch and go" que é usada em treinamento de pilotos para pousos e decolagens. Jogamos João 3,3 brevemente para mostrar que era necessário nascer de novo para a vida eterna. Logo a conversão era descrita em termos de nascer de novo. Fazíamos uma abordagem rápida antes de ler João 3.5 que enfatiza a necessidade de nascer da água e do Espírito.
Eu nunca disse a eles que por 20 séculos as Igrejas ortodoxas e católicas, ecoando os ensinamentos unânimes dos Padres da Igreja, entendia esta passagem como referência ao sacramento do batismo! E, obviamente, nunca dizia a citação de Tito 3.5 ("Nos salvou ... pela regeneração pelo batismo e renovação pelo do Espírito Santo") como referência paralela à João 3: 5.
Na minha experiência como um protestante, todos os católicos que tiveram uma conversão em um ambiente protestante não tinham firme conhecimento da fé católica.
Em vinte anos de ministério protestante, eu nunca conheci um católico que sabia que João 3: 3-8 descreve o sacramento do batismo. Não foi muito difícil convencê-los que ignoraram os sacramentos e ao mesmo tempo a igreja que os enfatizavam.
O livro de Provérbios diz:
"Quem advoga sua causa, por primeiro, parece ter razão; sobrevém a parte adversa, que examina a fundo "(18:17).

Católicos que não têm uma base bíblica para as suas crenças nunca ouvem o resto da história. Meu uso seletivo da escritura fazia parecer que a perspectiva protestante tinha todas as luzes seguras. Ao longo do tempo, esta abordagem unilateral das escrituras fazia os católicos rejeitarem sua fé católica.

Passo 3: "Acusar a Igreja Católica de negar a salvação pela graça."

Os católicos geralmente consideram que os protestantes que fazem proselitismo são intolerantes. Isto é injusto e impreciso; uma profunda caridade vigoriza seu fervor equivocado.
Só havia uma razão que me fazia levar que os católicos deixassem a sua Igreja; pensava que estavam indo para o inferno. Eu pensava que a Igreja Católica negava a salvação pela graça; Eu sabia que qualquer um que acreditava nisso não ganharia o Céu.

Eu usei Efésios 2,8-9 para convencer os católicos, que era essencial para deixar a Igreja:
"Porque fostes salvos pela graça mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; Não vem das obras, para que ninguém se glorie. "
Primeiro, dizia "a Bíblia indica que a salvação é pela graça e não pelas obras. Certo? " A resposta foi sempre sim.
Então dizia "a Igreja Católica ensina que a salvação é pelas obras. Certo? " (Eu nunca conheci um católico que não dissesse sim. Absolutamente todos os católicos que conheci durante meus 20 anos de ministério confirmou minha ideia errada de que o catolicismo ensinava que a salvação era pelas obras e não pela graça).
Finalmente, lhes dizia "a Igreja Católica está sendo fiel ao inferno quando eles negam que a salvação é pela graça. Melhor parte de uma igreja que ensina o que é o verdadeiro caminho para o céu ".
Como também fazia uma rápida revisão do livro de Efésios, eu raramente citava versículo 10 que diz:
"Com efeito, somos obras sua criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus de antemão preparou para que nós praticássemos."
Preste muita atenção ao Evangelho que pregam nos estádios, na televisão e no rádio.Nove em cada dez vezes enfatizam Efésios 2,8-9, mas nunca mencionam o versículo 
“Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus.
Não provém das obras, para que ninguém se glorie.
Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos.
O Catolicismo ensina e acredita na mensagem completa de Efésios 2, 8-10, sem equívocos ou cerceando a verdade.
Por vinte séculos da Igreja Católica fielmente ensinou que a salvação é pela graça.
Pedro, o primeiro Papa disse:
"Mas nós acreditamos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus" (Atos 15, 11).

O Catecismo da Igreja Católica, totalmente endossado pelo Papa João Paulo II, diz: "Nossa justificação vem da graça de Deus" (No. 1996).

O protestantismo começou quando Martinho Lutero declarou que somos justificados (feitos justos) pela fé. Quando tratava para que os católicos deixassem a Igreja, eu não me dava conta que Martinho Lutero acrescentou a palavra "somente" à sua tradução de Romanos 3:28 para provar sua doutrina. (A palavra "apenas" não é encontrada em qualquer tradução contemporânea protestante em inglês de Romanos 3, 28).
Eu não percebi que o único lugar na Bíblia que a menção de "fé somente" no contexto da salvação é em São Tiago 2,24, onde a idéia de somente fé é explicitamente refutada:
"Você vê como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé."
Este versículo era perturbador, mas eu o ignorei ou deturpei para significar outra coisa que o versículo e seu contexto claramente ensina.

******
Católicos podem participar em eventos protestantes?
Eu não me importo que os católicos participem de eventos orientados-protestante e atividades ecumênicas de valor, desde que:

 - Tenham uma sólida compreensão da sua fé católica.
 - Conheçam sua fé bem o suficiente para manifestar-la a um não-católico através da Escritura e dos Padres da Igreja.
- São maduros o suficiente para perceber que a presença mais profunda de Cristo não é, necessariamente, em um ambiente com muito barulho e muita emoção, mas em momentos tranquilos como na adoração da Eucaristia (cf. 1 Rs 19: 11-12 ).

Infelizmente, a maioria dos homens e mulheres católicos que nasceram após a Segunda Guerra Mundial não preenchem essas condições. Para eles, participar de eventos protestantes poderia significar abrir uma porta que levará diretamente para uma estrada fora da Igreja Católica.

"Hoje existem milhares de homens e mulheres católicos que estão prestes a sair da única Igreja pela qual Cristo deu a sua vida." Eu ouvi recentemente que um grupo de homens católicos decidiu, considerando que as Escrituras eram suficientes por não consultar o Catecismo da Igreja Católica em seu estudo bíblico grupo pequeno. Três desses homens alegaram que já não acreditavam na presença real de Cristo na Eucaristia. Com a minha experiência, posso dizer para onde este grupo está indo: direto para um caminho que vai afasta-los da Igreja Católica.
Durante as últimas três décadas, milhares de católicos deixaram a Igreja por suas posições protestantes.

A maior igreja nos Estados Unidos é a Igreja Católica; o segundo maior importante grupo de cristãos na América são de ex-católicos. O movimento de homens católicos tem uma solene obrigação de ajudar os homens a descobrir as raízes bíblicas e históricas de sua fé católica. Então, ao invés de deixar a Igreja, eles se tornarão instrumentos para ajudar os outros a descobrir os tesouros do catolicismo.

Lembre-se que um homem que deixa a Igreja muitas vezes também leva com ele a sua família (por gerações e gerações).Demorou quatrocentos anos, 10 gerações, para minha família voltar para a igreja após uma geração de meus ancestrais na Noruega, Inglaterra, Alemanha e Escócia decidiram abandonar a Igreja Católica.

Como alguém cuja família fez seu caminho de volta ao catolicismo, deixe-me fazer um apelo pessoal para os homens católicos, especialmente aos líderes de vários grupos de homens católicos:
Não coloquem os católicos não treinados em um ambiente protestante. Eles podem ganhar experiência religiosa, a curto prazo, mas o risco de perder a fé a longo prazo. Seria muito irresponsável expô-los ao protestantismo antes de expô-los totalmente ao catolicismo.
No funeral do meu pai, 29 anos atrás, eu cantei, cheio de lágrimas, seu hino favorito, "Faith of Our Fathers" (A Fé dos Nossos Pais). Nem meu pai, o filho de um ministro, nem nos demos conta de que a verdadeira fé dos nossos antepassados ​​foi o catolicismo romano.
Todos os dias agradeço a Deus que me trouxe de volta para a antiga Igreja de meus ancestrais. Todos os anos que Deus me permitir passar neste mundo continuarei proclamando tanto aos meus irmãos protestantes e aos meus irmãos católicos emergentes como é a fé católica gloriosa de nossos pais.
Paz e bem irmãos!
Steve Wood
******

Steve Wood

Quem é Steve Wood?


Ex-diretor do Instituto Bíblico da Flórida, ex-pastor de uma igreja evangélica interdenominacional. Ele também estava servindo em Costa Mesa na Igreja Evangélica "El Calvario" ao fazer os seus estudos em um instituto da Assembléias de Deus. Ele trabalhou em projetos de evangelização da juventude; Foi líder de ministérios evangélicos na prisão; organizou o Instituto de estudo bíblico para adultos. Em seguida, fez estudos de pós-graduação no famoso Seminário Evangélico de Teologia de Massachusetts Gordon-Conwell.

Entre outras coisas em seu testemunho de conversão Steve diz: "Quanto mais eu estudava os primeiros séculos da igreja primitiva mais eu percebia que se assemelhava a Igreja Católica. Estudar mais os "primeiros padres da Igreja" e examinar mais a Bíblia. Mas houve uma confusão em mim. Para piorar as coisas, eu descobri que dois dos meus colegas do seminário mais inteligentes e anti-católicos começaram também a pensar em se tornarem católicos. “Um dia, quando estava pregando” , continuou Steve dizendo:" Eu senti o Senhor me dizendo: “Agora ou nunca”. Se no meio de tudo isso eu dava um passo à fé eu reconhecia a verdade que eu ia perder tudo.Perder o meu emprego como pastor, eu não poderia sustentar a minha família, era a minha carreira e meu chamado. Eu tinha passado 20 anos me preparando para ser um ministro protestante e Deus me disse :. Faça isso agora ... e eu fiz "

"Pedi desculpas à minha congregação reunida. Os líderes "anciãos" me acompanhavam. Eu lhes disse que não podia continuar enganando a mim mesmo. Minha peregrinação à Igreja que Cristo fundou: A Igreja Católica, já tinha começado. Então: eu orei mais, estudei mais, conheci a plenitude e cheguei. A plenitude de um relacionamento pessoal com Cristo é ter uma relação pessoal também com o corpo de Cristo, a Sua Igreja (1 Cor 12) Católica.


Traduçao Roma de Sempre: http://romadesempre.blogspot.com.br/2015/05/ex-pastor-protestante-explica-formula.html para o artigo publicado na infocatolica: http://infocatolica.com/?t=noticia&cod=23993

****** Revisão e tradução da ultima parte: Cezar Martins Fiorio

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Por que deixei o protestantismo : Testemunho

Por que deixei o protestantismo

FONTE: Catena Aurea
Testemunho de conversão de Ricardo Ribeiro.

Introdução
Nasci em família de "católicos não-praticantes" e, tendo crescido sem nenhuma instrução religiosa, na adolescência comecei aos poucos a descobrir a fé do meu Batismo. No entanto, as dúvidas e uma fé imatura levaram-me ao protestantismo. Eu já conhecia bem a Igreja Católica quando fui atraído para lá, e cheguei a frequentar igrejas presbiterianas e pentecostais. Por algum tempo, estudei autores clássicos e atuais da tradição protestante, e fiz amigos neste meio (inclusive muitos cristãos piedosos e sérios). Também participei ativamente dos cultos, embora nunca tenha sido inscrito como membro de nenhuma igreja.

Aprendi muitas coisas boas com o cristianismo protestante. Existem vários artigos de fé que eles ensinam corretamente, como a autoridade e inspiração das Escrituras, a providência de Deus sobre o mundo, a divindade de Cristo e sua ressurreição, pontos importantes da moral cristã, etc. Admiro a ênfase que colocam na confiança em Cristo e na necessidade de conversão pessoal, e o modo apaixonado como alguns defendem esses artigos de fé. Deixei os protestantes porque percebi a necessidade de algo mais para seguir a Cristo plenamente – ser parte de Sua Igreja. Quanto a todas as coisas que eles pregam e vivem corretamente, não tenho dificuldade em reconhecê-las.

O que me levou ao protestantismo foi a mentalidade de querer investigar e entender perfeitamente todas as questões teológicas possíveis. É claro que muitas vezes eu ficava insatisfeito com a posição da Igreja Católica e então buscava compor meu próprio sistema teológico. O protestantismo me atraiu justamente pela promessa de "liberdade intelectual", que é inerente a ele. Por algum tempo acreditei que a fé poderia desenvolver-se melhor sem as amarras da tradição católica, porém mantendo o essencial - a partir das Escrituras.

Mas o resultado dessa busca, depois de muita reflexão, é que o protestantismo tem grande dificuldade em manter este núcleo essencial da fé. Em vez de funcionar como Igreja de Cristo, ele cria confusão. Isso vem da própria mentalidade em que opera. E é isso que pretendo demonstrar a seguir. Este artigo é um esforço de resumir os pontos principais de uma longa reflexão.


O problema do denominacionalismo

Para ilustrar a confusão, pense no grande pregador inglês C. H. Spurgeon, um batista. Em 1865, ele pregou um sermão intitulado A Regeneração Batismal, no qual defende a visão tipicamente batista de que o sacramento do Batismo nada efetua - não é um instrumento nas mãos de Deus para comunicar a graça, mas sim um símbolo, um modo de fazermos nosso testemunho público de fé. Spurgeon expressa toda sua indignação diante do fato de que alguns protestantes professavam a doutrina da regeneração batismal e diziam que o Batismo realmente confere a graça.

Ele diz (os destaques são meus):
[...] de todas as mentiras que levaram milhões ao inferno, esta eu vejo como a mais cruel - que em uma Igreja Protestante seja encontrado quem jure que o Batismo salva a alma. Chame-se batista, ou presbiteriano, ou dissidente... isso nada importa para mim. Se ele diz que o Batismo salva a alma, fora com ele, fora com ele, ele diz algo que Deus nunca ensinou, algo que a Bíblia nunca deixou, e algo que nunca deve ser mantido por quem professa que a Bíblia, e toda a Bíblia, é a religião dos protestantes.
Spurgeon está indignado que alguém ouse afirmar ser "protestante" e confesse a regeneração batismal. Ele chega até mesmo a lembrar o nome de Lutero durante o sermão. Pois bem, se aí nós temos um exemplo de ponto essencial da doutrina, então também temos um problema sério: a maioria esmagadora dos Padres da Igreja expressou a regeneração batismal com toda clareza. E isso não era algo acidental ou de menor importância para eles. Da mesma forma, o próprio Lutero defendeu a regeneração batismal. Na verdade, o reformador alemão via este ponto de doutrina como o próprio "coração do Evangelho", pois por ele vemos a promessa gratuita de Deus nos sacramentos. No Catecismo Maior, Lutero ensina que o Batismo traz "vitória sobre a morte e o diabo, perdão dos pecados, a graça de Deus, Cristo inteiro e o Espírito Santo com seus dons".

Claramente, Spurgeon não entendeu a doutrina da regeneração batismal. Parece que ele a confundia com ser salvo pelo Batismo de forma automática (mesmo que a pessoa recuse-se a crer e arrepender-se)! Tendo interpretado mal a doutrina, ele não hesita em rejeitar séculos de tradição cristã e chamar tudo isso de "mentiras que levam milhões ao inferno". Mas como pode a Igreja subsistir assim?

Pode parecer uma discordância simples, mas ela revela uma profunda diferença de perspectiva, entre um cristianismo sacramental e um não-sacramental. O primeiro é o caso dos luteranos, católicos, ortodoxos, coptas e muitos anglicanos. O segundo é o que existe entre batistas, pentecostais e outros grupos evangélicos. Há quem tente traçar um meio-termo aqui. Mas o problema permanece: como a Igreja pode subsistir se aquilo que há de mais sagrado para uns cristãos é tido como mentira e absurdo para outros?

Essa confusão é perpetuada pelo sistema denominacionalista, isto é, os protestantes não se obrigam a permanecer todos numa só comunhão, com um só governo e uma só confissão de fé (ou um conjunto de confissões aceitas por todos). Qualquer um, a qualquer momento, podem proclamar-se um presbítero junto com uma nova comunidade e assim fundar sua denominação. As denominações são absolutamente independentes entre si. Não precisam aceitar os mesmos documentos (confissões de fé, catecismos, etc). Toda interpretação é tida como, em princípio, passível de revisão.

Uma outra questão ajuda a ver isso. Lutero e Calvino defenderam vigorosamente o Batismo de bebês, que os anabatistas rejeitavam; mais tarde, os batistas e outros grupos adotaram a interpretação anabatista e hoje ela é a mais comum. John Gill, um dos maiores teólogos batistas de todos os tempos, chamou o Batismo infantil de "pilar e fundamento do Papado", uma heresia que precisava ser extirpada urgentemente [1]. Quer dizer então que a Igreja inteira, desde as primeiras gerações dos Padres da Igreja, permaneceu em erro essencial sobre o sacramento, e isso sem que ninguém aparecesse, por séculos, para protestar contra essa situação! O absurdo é tão grande que o próprio Martinho Lutero fez notar, em seu Catecismo Maior, que a negação do Batismo infantil era equivalente a negar o artigo do Credo que diz: Creio na Igreja [2].

E quanto à presença real de Cristo na Eucaristia? Lutero defendeu essa doutrina com enorme insistência, mas Zwínglio a negou (e com ele a maioria dos evangélicos modernos). Calvino traçou uma doutrina intermediária, mas chamou o sacramento luterano de "ídolo". Novamente, o que para uns é sagrado e essencial, para outros é um ato de idolatria.

Outra divisão é que algumas igrejas protestantes celebram um culto litúrgico como o dos católicos e ortodoxos, com imagens, sinos, vestes litúrgicas, velas, etc. O próprio Lutero manteve as coisas assim. De outro lado, um grande número de igrejas mantém uma filosofia de culto oposta. Rejeitam qualquer uso de orações não-espontâneas, cerimônias, velas, imagens, sinos, etc. Muitas adotam música de estilo moderna, com baterias e guitarras. O abismo é tão grande que os membros de uma igreja batista, geralmente, não suportariam passar cinco minutos em uma liturgia luterana tradicional! O que para uns é sagrado e correto, para outros é superstição e cerimonialismo vazio.

A soma de denominações protestantes - mesmo tomando-se somente as mais tradicionais - não compartilha uma só "filosofia de culto". Não tem uma só lex orandi. Enquanto isso, as liturgias tradicionais desenvolveram-se organicamente desde os primórdios e representam a verdadeira universalidade da Igreja.

Outro tipo de divergência entre os protestantes é nas questões de soteriologia (doutrina da salvação). Muitos calvinistas fazem de certos pontos de sua doutrina a própria essência do Evangelho, como, por exemplo, a doutrina da perseverança dos santos, segundo a qual todos os verdadeiros crentes perseverarão e aqueles que caem nunca chegaram a crer verdadeiramente. Se isso é um ponto essencial de doutrina, então é forçoso admitir que o Evangelho teve sua pregação prejudicada pela heresia desde as primeiras gerações até a Reforma [3]. O próprio Lutero não admitia esse ponto, e com ele os luteranos e arminianos.

Aqui só estou fornecendo alguns exemplos. Na obra História das Variações das Igrejas Protestantes (esse livro teve um impacto muito grande na minha conversão), o bispo francês Bossuet descreve as idas e vindas do protestantismo até sua época (século XVII) e, ao mesmo tempo, corrige as más interpretações da doutrina católica. Hoje precisaríamos escrever uma obra maior para abranger as variações atuais.

Não estou dizendo que algum testemunho claro da Bíblia possa ser ignorado em prol da continuidade histórica. É óbvio que eu passei pelas diversas questões disputadas - quer as orações pelos mortos, ou a justificação, a expiação ilimitada ou o sacrifício eucarístico, etc - e procurei entender os argumentos bíblicos de ambos os lados. Não acredito que a Bíblia seja um livro enigmático e obscuro, cujo conteúdo só chega a nós pela Igreja. Se eu abracei a tradição católica, é porque consegui enxergar sua coerência com as Escrituras. O problema é que muitos não querem ver a subjetividade e sectarismo de suas interpretações.

Também não quero dizer que não existam divergências doutrinárias entre católicos. Muitas vezes nós temos até disputas e controvérsias difíceis também. A diferença é que, se há uma Igreja visível, as controvérsias não podem servir para separá-la e cada um ir pelo seu caminho. Por exemplo, duas escolas teológicas católicas discutem sobre a predestinação: os tomistas e molinistas. Mas eles continuam frequentando os mesmos sacramentos, estando debaixo do mesmo governo eclesiástico, e tendo que aceitar que o outro lado também é plenamente cristão. Se, eventualmente, a Igreja manifestar-se sobre o assunto em um Concílio Ecumênico ou algo assim, aí sim, a questão seria resolvida definitivamente.

Essa visão da Igreja corresponde exatamente ao que Sto. Agostinho descreve em uma controvérsia de seu tempo:
(...) dentro da Igreja diferentes homens tiveram opiniões divergentes sobre a questão [do Batismo ministrado por hereges], sem violar a paz, até que um claro e simples decreto fosse passado por um Concílio universal... Pois naquele tempo,antes do consenso de toda a Igreja ter declarado autoritativamente, pelo decreto de um Concílio plenário, qual a prática a ser seguida nessa matéria, pareceu a ele [Cipriano], de comum acordo com cerca de oitenta irmãos bispos das igrejas africanas, que todo homem que tinha sido batizado fora da comunhão da Igreja Católica deveria, ao juntar-se à Igreja, ser batizado novamente (Sobre o batismo, I, 18).
Perceba que Agostinho distingue dois momentos: antes e depois da Igreja ter-se manifestado definitivamente. Ele vai empregar a mesma linguagem para falar de outras controvérsias. Isso quer dizer que nem tudo é passível de revisão. Na verdade, há uma dupla garantia aí: primeiro, que a unidade não precisa ser quebrada quando a Igreja não se manifestou definitivamente (essa é uma garantia de pluralidade); segundo, que a manifestação definitiva da Igreja deixa claro para todos que o assunto não pode mais ser discutido.

É claro que isso só faz sentido se houver uma Igreja visível [4], mas é exatamente assim que os Padres viam aquela Igreja una, santa, católica e apostólica do Credo Niceno. É por isso que a sucessão apostólica é tão importante, porque é um elo físico de continuidade histórica da comunidade. Essa é a visão da Igreja que inspirou S. Irineu, escrevendo no século II:

Este dom [da verdade] de Deus foi confiado à Igreja, como o sopro de vida inspirado na obra modelada, para que sejam vivificados todos os membros que o recebem. É nela também que foi depositada a comunhão com o Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor de incorrupção, confirmação da nossa fé e escada para subir a Deus. Com efeito, "Deus estabeleceu Apóstolos, Profetas e Doutores na Igreja", e todas as outras obras do Espírito, das quais não participam todos os que não acorrem à Igreja, privando-se a si mesmos da vida, por causa de suas falsas doutrinas e péssima conduta. Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus, e onde está o Espírito de Deus ali está a Igreja e toda a graça. E o Espírito é Verdade. Por isso os que se afastam dele e não se alimentam para a vida aos seios da Mãe, não recebem nada da fonte puríssima que procede do corpo de Cristo, mas cavam para si buracos na terra como cisternas fendidas e bebem a água pútrida de lamaçal; fogem da Igreja por medo de serem desmascarados e rejeitam o Espírito para não serem instruídos (Contra as heresias, III, 24). 
Eis por que se devem escutar os presbíteros que estão na Igreja, e que são os sucessores dos Apóstolos, como o demonstramos, e que com a sucessão no episcopado receberam o carisma seguro da verdade segundo o beneplácito do Pai. Quanto a todos os outros que separam-se da sucessão principal e em qualquer lugar que se reúnam, devem ser vistos com desconfiança, como hereges e de má fé, como cismáticos cheios de orgulho e de suficiência, ou ainda, como hipócritas que fazem isso à procura de lucro e de vanglória (IV, 26). 
A verdadeira gnose [conhecimento] é a doutrina dos apóstolos, é a antiga difusão da Igreja em todo o mundo, é o caráter distintivo do Corpo de Cristo que consiste na sucessão dos bispos aos quais foi confiada a Igreja em qualquer lugar ela esteja; é a conservação fiel das Escrituras que chegou até nós, a explicação integral dela, sem acréscimos ou subtrações, a leitura isenta de fraude e em plena conformidade com as Escrituras, explicação correta, harmoniosa, isenta de perigos ou de blasfêmias e, mais importante, é o dom da caridade, mais precioso do que a gnose, mais glorioso do que a profecia, superior a todos os outros carismas (IV, 33, 8).
Isso lembra muito a descrição que S. Paulo faz da Igreja em Efésios, capítulo 4: a Igreja como um corpo crescendo de forma harmoniosa, guiada pelo Espírito. Isso não significa infalibilidade de congregações individuais, e muito menos que todos serão perfeitos o tempo todo. As igrejas locais tem seus defeitos. A questão é que toda a Igreja, Corpo de Cristo, é um organismo visível instituído pelo Senhor. Isso faz toda a diferença. Porque uma mera soma de denominações protestantes não é um "corpo", logo não é a Igreja de Cristo.

Como o protestantismo tem uma eclesiologia deficiente, você vê, em uma mesma cidade ou localidade, dezenas de denominações. Cada uma absolutamente independente da outra. A unidade da Igreja deve manifestar-se pela comunhão eucarística e sacramental, pela concórdia dos Bispos e dos fiéis. Um só governo, uma só fé. O sistema denominacionalista falha completamente.

A fragmentação da fé

A origem dos problemas do protestantismo é, a meu ver, sua natureza derivada de esforços individuais. Uma vez que há a possibilidade de rever tudo, o cristão tende a focar sempre no ponto em que ele tem maior compreensão ou vê maior urgência, deixando de lado (ou negando) aquilo que ele não compreende. Veja este exemplo: os reformadores enfatizaram a devoção a Cristo porque compreenderam corretamente que Sua Pessoa deve estar no centro de tudo, mas tiraram daí a conclusão errada de que invocar a intercessão dos santos é idolatria. Provavelmente eles viram muitos cristãos mornos, que gostavam de encher as relíquias dos santos de flores, enquanto aprendiam pouco sobre Cristo. Nossa devoção deve ser "cristocêntrica" - este é o lado positivo do protesto. Mas daí vem o lado negativo: então devemos negar tudo aquilo que se falou na tradição sobre os santos serem nossos intercessores no Céu [5], denunciando como idolatria.

Um dos elementos típicos do evangelicalismo é a ênfase na necessidade de conversão pessoal. Por isso mesmo, muitos rejeitam a eficácia dos sacramentos. Eles compreenderam corretamente que devemos viver a conversão pessoal, e viram muitos cristãos que frequentavam os sacramentos (sem as disposições necessárias) e confiavam que isso era suficiente. Daí tiraram a conclusão errada de que, para enfatizar a conversão pessoal, é melhor rebaixar os sacramentos a meros símbolos. A tradição católica prega uma coisa sem negar a outra. Como o protestante tende a focar em esforços individuais (seus ou de alguns poucos líderes), prossegue fragmentando a fé.

Desse modo, o pietista dirá que a ênfase na conversão pessoal deve passar por cima também da doutrina. Isso porque ele viu cristãos que conheciam bem a teologia, e envolviam-se em disputas teológicas, mas não mudavam de vida. Então ele tirará a conclusão errada de que a doutrina é um empecilho. E assim com várias outras ênfases que caracterizam as denominações.

Em outras palavras, o protestantismo vai sempre enfatizar (muitas vezes corretamente) um aspecto da fé cristã; porém em detrimento de outros aspectos igualmente válidos, mas que ele ignora ou não compreende bem. O remédio mais eficaz para essa situação é justamente voltar à vivência da tradição da Igreja, onde há um patrimônio comum da fé que não pode ser reduzido. Mas isso é deixar o protestantismo, pelo menos em suas formas mais comuns (alguns grupos de anglo-católicos e luteranos tradicionais constituem uma possível exceção aqui).

Conclusão

Deixei o protestantismo porque ele não pode ser aquele organismo fundado por Cristo e descrito nas páginas da Bíblia Sagrada, e porque ele não prega "todo o conselho de Deus" (At. 20:27) - a plenitude da tradição apostólica. É preciso ir além da mera soma ou disputa de denominações e interpretações diferentes. Já tive muitas dúvidas com relação a questões que os protestantes contestam na doutrina católica. Eventualmente, eu percebi que não posso compreender perfeitamente tudo e resolver todas as disputas teológicas da história do cristianismo! Será que Deus espera que todos os cristãos saibam resolver ponto por ponto dessas disputas, em todos os seus detalhes (incluindo aí as disputas entre protestantes)? Eu creio que a tradição católica traz respostas razoáveis e muitas vezes claramente superiores.

Por tudo isso, decidi voltar à Igreja. Isso exigiu confiança. Não é confiança em homens falhos, mas em que Deus tem guiado Sua Igreja. Isso acrescenta uma outra dimensão à fé, com a qual o protestante não está acostumado. Assim como descobrir as riquezas da Missa, dos sacramentos e da espiritualidade católica e da doutrina, tudo isto tem sido uma aventura bastante inspiradora - mas somente quando entramos neste edifício com fé.

Neste artigo eu apenas resumi um dos aspectos da minha jornada. Existem outros pontos importantes no diálogo entre católicos e protestantes que eu gostaria de trazer à luz, mas farei isso em outra oportunidade.

Notas:

1. Desde os primeiros tempos do cristianismo, a unidade da Igreja era manifestada pela recepção comum de “um só Batismo” (Ef. 4.5). A posição dos batistas e outros evangélicos faz com que eles tenham que rebatizar presbiterianos e luteranos já batizados na infância. Então o sacramento perde também o sentido de “entrada na Igreja”.

2. “Que o Batismo das crianças é agradável a Cristo é suficientemente provado de Sua própria obra, ou seja, que Deus santifica tantos desses que foram batizados assim, e deu-lhes o Espírito Santo; e que há ainda hoje muitos nos quais percebemos que possuem o Espírito Santo tanto por sua doutrina quanto por suas vidas... Mas se Deus não aceitasse o batismo infantil... durante todo esse longo tempo, até os nossos dias, nenhum homem sobre a terra poderia ser cristão. Ora, se Deus confirma o Batismo pelos dons do Espírito Santo, como é plenamente perceptível em alguns dos Padres da Igreja, como em S. Bernardo, Gerson, John Huss, e outros, os quais foram batizados na infância, e se a Santa Igreja Cristã não pode perecer, até o fim do mundo, eles devem admitir que esse batismo infantil é agradável a Deus. Porque Ele não poderia fazer oposição a Si mesmo, ou patrocinar a falsidade e iniquidade, ou por sua promoção comunicar Sua graça e Espírito. Essa é, na verdade, a melhor e mais forte das provas para os simples e iletrados. Pois eles não tirarão de nós, ou subverterão, este artigo: Eu creio na Santa Igreja Cristã, a comunhão dos santos” (Catecismo Maior de Martinho Lutero).

3. Não quero dizer com isso que o teste histórico é o único que interessou-me. Procurei entender questões como a perseverança dos santos a partir da Bíblia e, mesmo como protestante, já estava rejeitando a noção. Mas aqui pretendo mostrar que existem suficientes razões para rejeitar essa abordagem da sola scriptura, como se nós pudéssemos avaliar ponto por ponto da teologia e desenhar nosso próprio sistema teológico (isto é, independentemente da autoridade da Igreja).

4. Muitos protestantes admitem que há uma Igreja visível, mas a definem como uma mera soma de denominações. Essa definição é inaceitável pelas razões que tenho apresentado.

5. A Igreja ensina que podemos e devemos orar diretamente a Deus, mas que também é um privilégio poder pedir a intercessão das almas que já gozam da presença de Deus no Céu. Agostinho explica a questão assim: “É verdade que os cristãos prestam homenagem religiosa à memória dos mártires, tanto para excitar-nos a imitá-los quanto para obter uma participação em seus méritos e a assistência de suas orações. (...) O que é propriamente adoração divina, que os gregos chamam 'latria', e para o qual não temos uma palavra em latim, tanto na doutrina quanto na prática, prestamos somente a Deus” (Contra Fausto, XX).

sábado, 30 de maio de 2015

Uma resposta católica a uma polêmica protestante

Uma resposta católica a uma polêmica protestante
O sentido das Escrituras só pode ser esclarecido pela interpretação autorizada do Magistério da Igreja.

Prestem atenção! É preciso pôr um fim nesta polêmica — muito mal fundamentada, aliás — de que a Igreja Católica não possui base bíblica. Essa conversa sem pé nem cabeça, forjada por Martinho Lutero e repisada ainda hoje pelos seus seguidores, já vai longe demais. O cristianismo, dissemos aqui várias vezes, não é a religião do livro, mas de toda a Palavra de Deus. A insistência dos protestantes no dogma da Sola Scriptura, esse, sim, sem qualquer respaldo dos autores sagrados (cf. 2 Ts 2, 15), só consegue produzir ainda mais desconfiança sobre a fé cristã, seja em relação ao catolicismo, seja ao protestantismo. Que tipo de pessoa, hoje em dia, acreditará numa Igreja que prega uma enormidade de conceitos desarticulados, sem a devida consideração pelo contexto cultural e pelos gêneros literários? Que tipo de pessoa se deixará convencer pelos ensinamentos cristãos, quando os próprios cristãos, fazendo mau uso das Escrituras, dividem-se em não se sabe quantas denominações?
A memorização de alguns versículos bíblicos nunca deu, nem dará, o direito a um cidadão qualquer de fundar uma igreja. Não faz muito tempo surgiu na internet um vídeo de um pastor que incentivava o adultério por não saber distinguir entre o adjetivo "adúltera" e o verbo "adultera". Isso se deve não somente a uma dificuldade de interpretação de texto. O problema é mais grave. Chesterton estava certo ao afirmar que "a Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo" [1]. Lógico. Quando as Sagradas Escrituras são retiradas de seu contexto eclesial, um texto alegórico passa-se facilmente por histórico e vice-versa. Perde-se o referencial. Que garante a autenticidade dos quatro evangelhos senão o testemunho da Igreja? Como se prova que o Evangelho segundo São Lucas é verdadeiro e o Evangelho segundo Maria Madalena não? Os protestantes — assim como muitos católicos que se deixam levar por aquela famosa pergunta: "Onde está na Bíblia?" — precisam aprender que a Bíblia não caiu do céu. 300 anos antes da definição do Cânon, já existia uma única Igreja — católica apostólica romana, para deixar claro — governada por bispos, sob a autoridade do Romano Pontífice. Já existia um Magistério antes mesmo que Constantino soubesse soletrar Roma. E é precisamente desse Magistério, cuja autoridade os protestantes adoram tomar para si, que podemos haurir a veracidade do Antigo e do Novo Testamento (cf. 1 Tm 3,15). Negá-lo equivale a negar as próprias Escrituras.
Celebramos nestes dias a Solenidade de Pentecostes. É também a festa da manifestação da Igreja. Os apóstolos, reunidos com Maria, a Mãe de Jesus — como faz notar São Lucas —, rezam no Cenáculo, pedindo a Deus a vinda do Espírito Santo. O Texto Sagrado autoriza-nos a fazer um paralelo muito pertinente com a visita da Virgem Maria à sua prima Isabel. O hagiógrafo diz: "Apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo" (Lc 1, 41). É uma espécie de pentecostes antecipado. O cumprimento de Maria suscita, por assim dizer, a descida do Espírito Santo, que diz pela boca de Isabel: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?" (Lc 1, 43). Desde o começo, Deus mostra-se, de certo modo, dócil à Virgem Maria. Esta cena vai se repetir nas bodas de Caná, quando o Filho antecipa o início de seu ministério conforme o pedido da mãe (cf. Jo 2, 1-11), e, finalmente, em Pentecostes, quando os apóstolos, unidos à intercessão d'Ela, são inflamados pelas línguas de fogo que caem do céu (cf. At 1, 13-14). A Igreja já nasce mariana. Nasce pela intercessão da Virgem Santíssima. Como se pode constatar, a acusação de que o culto à Nossa Senhora não faz parte do cristianismo é simplesmente ridícula. Na verdade, trata-se de uma blasfêmia — e das mais grosseiras —, porque é o próprio Espírito Santo quem o aprova. Ele diz por Isabel: "Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!" (Lc 1, 45).
Uma porção de outros textos bíblicos poderiam ser elencados aqui para respaldar o uso de imagens, a intercessão dos santos, o primado petrino, o celibato clerical etc. Não é nosso objetivo, porém, iniciar um debate deste gênero. Mesmo porque esses temas já foram tratados exaustivamente em outras oportunidades, e de maneira muito mais articulada. Além disso, os protestantes poderiam facilmente apresentar uma outra porção de versículos que, aparentemente, refutariam nossa posição, como sói acontecer quando nos arriscamos a seguir pela falsa premissa da Sola Scriptura. Ora, é exatamente este equívoco que pretendemos desfazer. A Bíblia não é a premissa fundamental porque ela mesma possui argumentos aparentemente contraditórios. É a interpretação autorizada da Igreja que a ilumina e revela a intenção de cada autor sagrado. Como uma criança diante de dois brinquedos a escolher — a comparação é do padre Lima Vaz —, o cristão escolhe não apenas um dos artigos da fé, mas ambos; vê universalmente, pois católico, aceita o todo [2].
Entendam uma coisa. Não existe Bíblia sem Igreja. Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta, dizem os Santos Padres. Ou seja, a Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais. E isso por uma razão muito simples: Jesus se encarnou, não se encadernou. A Igreja, por sua vez, guiada pelo Espírito Santo, perpetua-se na história e dá continuidade a essa encarnação. Não nos esqueçamos: Ela é o Corpo de Cristo. Quem a nega, destarte, nega o próprio Cristo, pois não é possível aceitar a cabeça sem o corpo (cf. Mt 10, 40). Alguns contestam: "Ah, mas os bispos cometem muitos pecados". E daí? Cristo assegurou a infalibilidade da Igreja. Nada disse sobre a impecabilidade de seus pastores. Uma coisa nada tem que ver com a outra. Se aceitamos que a Igreja erra nos juízos de fé, a própria veracidade das Escrituras é posta em xeque. Dan Brown ganha muitas razões para apontar o dedo em nossas caras. As coisas mudam de rumo somente se acolhemos a Tradição, na certeza de que a promessa de Cristo sobre a incorruptibilidade da Igreja é verdadeira — non praevalebunt (cf. Mt 16, 18).
Que fique claro: não pretendemos com isso ofender nossos irmãos protestantes. A Igreja, vale lembrar, admite, em várias circunstâncias — mas sobretudo na defesa da dignidade do homem —, a colaboração "com outras Igrejas cristãs, comunidades e grupos religiosos, a fim de ensinar e promover" o conteúdo moral e social do Evangelho [3]. Apenas desejamos esclarecer alguns pontos de discordâncias que, as mais das vezes, só contribuem para aumentar as divisões e, pior, para a difusão do indiferentismo religioso.
Um pouco de bom senso e humildade nunca fez mal a ninguém. Cristo deixou-nos a Igreja e seus sacramentos para a santificação de nossas almas. Não podemos, a pretexto de uma interpretação particular da Bíblia, relativizar tudo isso (cf. 2 Pd 1, 20). É pecado. É temerário. Sem a Igreja, a Bíblia vira letra morta. Ou aceitamos o Magistério, ou perdemos as Sagradas Escrituras. Tertium non datur.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere


Referências
Capítulo Why I am a catholic publicado no livro The Thing (1929), sem tradução no Brasil. Fonte: Sociedade Chesterton Brasil.VAZ, Henrique C. de Lima. Ontologia e história: escritos de filosofia VI. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012, pág. 31.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Credo (Parte 2) ; Conheça a fé Católica

Credo (Parte 2)
Conheça a fé Católica


FONTE: http://ais.org.br/palavra-viva/item/458



Cremos que este Deus Único é tão absolutamente Uno em Sua Essência Santíssima como em todas as Suas demais Perfeições: na Sua Onipotência, na Sua Ciência Infinita, na Sua Providência, na Sua Vontade e no Seu Amor.


Ele é AQUELE QUE É, conforme Ele Próprio revelou a Moisés; Ele é Amor, como nos ensinou o Apóstolo São João; de tal maneira que estes dois nomes - SER E AMOR- exprimem, inefavelmente, a mesma Divina Essência Daquele que Se quis manifestar a nós e que, habitando uma Luz Inacessível, está, por Si Mesmo, acima de todo nome, de todas as coisas e de todas as inteligências criadas.

Só Deus pode dar-nos um conhecimento exato e pleno de Si Mesmo, revelando-Se como †Pai, Filho e Espírito Santo, de cuja Vida Eterna somos, pela Graça, chamados a participar, aqui na terra, na obscuridade da Fé, e, depois da morte, na Luz Perpetua. As relações mútuas, que constituem eternamente as †Três Pessoas, sendo, cada Uma delas, o Único e Mesmo Ser Divino, perfazem a Bem-Aventurada Vida Íntima de Deus Santíssimo, infinitamente acima de tudo o que podemos conceber à maneira humana. Entretanto, rendemos Graças à Bondade Divina pelo fato de poderem numerosíssimos crentes dar testemunho conosco, diante dos homens, sobre a Unidade de Deus, embora não conheçam o Mistério da Santíssima Trindade.

Cremos, portanto, em Deus Pai que, desde toda a Eternidade, gera o Filho; cremos no Filho, Verbo de Deus que é eternamente gerado; cremos no Espírito Santo, Pessoa Incriada, que procede do †Pai e do Filho como Amor sempiterno de ambos. Assim nas †Três Pessoas Divinas que são igualmente Eternas e Iguais entre Si, a Vida e a Felicidade de Deus, perfeitamente Uno, superabundam e se consumam na Super-Excelência e Glória Próprias da Essência Incriada; e sempre se deve venerar a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade.

Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Verbo Eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e Consubstancial ao Pai. Por Ele tudo foi feito. Encarnou por Obra do Espírito Santo, de Maria Virgem, e se fez homem. Portanto, é Igual ao Pai, segundo a Divindade, mas inferior ao Pai, segundo a humanidade, absolutamente Uno, não por uma confusão de naturezas (que é impossível), mas pela Unidade da Pessoa.

Ele habitou entre nós, cheio de Graça e de Verdade. Anunciou e fundou o Reino de Deus, manifestando-nos em Si Mesmo o Pai. Deu-nos o Seu Mandamento Novo de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou. Ensinou-nos o Caminho das Bem-Aventuranças, isto é: a ser pobres de espírito e mansos, a tolerar os sofrimentos com paciência, a ter sede de Justiça, a ser Misericordiosos, Puros de coração e Pacíficos, a suportar por causa da Virtude.

Padeceu sob Pôncio Pilatos, Cordeiro de Deus que carregou os pecados do mundo, e morreu por nós, pregado na Cruz, trazendo-nos a Salvação pelo Seu Sangue Redentor. Foi Sepultado e Ressuscitou ao terceiro dia pelo Seu Próprio Poder, elevando-nos, por esta Sua Ressurreição, a participarmos da Vida Divina que é a Graça.

Subiu ao céu, de onde há de vir novamente, mas então com Glória, para julgar os vivos e os mortos, a cada um segundo os seus méritos: Os que corresponderam ao Amor e à Misericórdia de Deus irão para a Vida Eterna; porém os que os tiverem recusado até a morte serão destinados ao fogo que nunca cessará. E o Seu Reino não terá fim.

Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a Vida e que com o †Pai e o Filho é juntamente Adorado e Glorificado. Foi Ele que falou pelos Profetas e nos foi enviado por Jesus Cristo, depois de Sua Ressurreição e Ascensão ao Pai. Ele ilumina, Vivifica, Protege e Governa a Igreja, purificando seus membros, se estes não rejeitam a Graça. Sua Ação, que penetra no íntimo da alma, torna o homem capaz de responder àquele preceito de Cristo: "Sede Perfeitos como Perfeito é o Vosso Pai Celeste".

Cremos que Maria Santíssima, que permaneceu sempre Virgem, tornou-se †Mãe do Verbo Encarnado, Nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo; e que por motivo desta eleição singular, em consideração dos Méritos de Seu Filho, foi remida de modo mais sublime, e preservada imune de toda a mancha do pecado original; e que supera de longe todas as demais criaturas, pelo Dom de uma Graça Insigne.

Associada, por um vínculo estreito e indissolúvel, aos Mistérios da Encarnação e da Redenção, a Santíssima Virgem Maria, Imaculada, depois de terminar o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à Glória Celestial; e, tornada semelhante a Seu Filho, que Ressuscitou dentre os mortos, participou antecipadamente da sorte de todos os justos. Cremos que a Santíssima †Mãe de Deus, Nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu a desempenhar Seu Ofício Materno, em relação aos Membros de Cristo, Cooperando para gerar e desenvolver a Vida Divina em cada uma das almas dos homens que foram remidos.

Cremos que Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Sacrifício da Cruz, nos remiu do pecado original e de todos os pecados pessoais, cometidos por cada um de nós; de sorte que se impõe como verdadeira a sentença do Apóstolo: "Onde abundou o delito, superabundou a Graça".

Cremos professando num só Batismo, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para a remissão dos pecados. O Batismo deve ser administrado também às crianças que não tenham podido cometer, por si mesmas, pecado algum; de modo que, tendo nascido com a privação da Graça Sobrenatural, renasçam da água e do Espírito Santo para a Vida Divina em Jesus Cristo.

Cremos na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, Edificada por Jesus Cristo sobre a Pedra que é Pedro. Ela é o Corpo Místico de Cristo, Sociedade Visível, estruturada em órgãos hierárquicos e, ao mesmo tempo, Comunidade Espiritual. Igreja terrestre, Povo de Deus peregrinando aqui na terra, e Igreja enriquecida de Bens Celestes, germe e começo do Reino de Deus, por meio do qual a Obra e os Sofrimentos da Redenção continuam ao longo da história humana, aspirando com todas as forças a Consumação Perfeita, que se conseguirá na Glória Celestial após o fim dos tempos.

No decurso do tempo, o Senhor Jesus forma a Sua Igreja pelos Sacramentos que emanam de Sua Plenitude. Por eles a Igreja faz com que seus membros participem do Mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, pela Graça do Espírito Santo que a vivifica e move. Por conseguinte, ela é Santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a Vida da Graça. Se realmente seus membros se alimentam dessa Vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua Santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles os seus filhos e as suas filhas, pelo Sangue de Cristo e pelo Dom do Espírito Santo.

Herdeira das Promessas Divinas e filha de Abraão segundo o Espírito, por meio daquele povo de Israel, cujos livros sagrados guarda com amor e cujos Patriarcas e Profetas venera com piedade; edificada sobre o fundamento dos Apóstolos, cuja palavra sempre viva e cujos poderes, próprios de Pastores, vem transmitindo fielmente, de geração em geração, no sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; gozando enfim da perpétua assistência do Espírito Santo, a Igreja tem o encargo de conservar, ensinar, explicar e difundir a Verdade que Deus revelou aos homens, veladamente de certo modo pelos Profetas, e plenamente pelo Senhor Jesus.

Nós cremos todas essas coisas, que estão contidas na Palavra de Deus por Escrito ou por Tradição, e que são propostas pela Igreja, quer em Declaração Solene quer no Magistério Ordinário e Universal, para serem cridas como Divinamente Reveladas.


Credo (Parte 2) ; Conheça a fé Católica
Reveja Credo (Parte 1) ; Conheça a fé Católica

† Dom Farès Maakaroun
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Romana, Greco-Melquita, no Brasil

Credo (Parte 1) ; Conheça a fé Católica

Credo (Parte 1)
Conheça a fé Católica


FONTE: http://ais.org.br/palavra-viva/item/447



Alguém deve ter se perguntado: “Por que o Senhor Deus ao criar o homem implantou lhe a Raiva?”, e eu respondo: Porque a raiva era uma coisa sagrada no Paraíso!

O Senhor Deus implantou a raiva no homem para que ele possuísse um instrumento que fosse capaz de rejeitar, dentro de si, todas as artimanhas que o diabo armasse para separar o homem do Verdadeiro Deus e para remover do homem sua Fé em Deus.

O diabo enganou Adão e Eva, e eles não fizeram uso dessa característica humana para detê-lo. Se tivessem feito isso teriam escapado dessa artimanha do diabo e, portanto, teriam sido poupados dos sofrimentos que daí se seguiu. Quando a artimanha do diabo se lhes apresentou, eles caíram no mesmo erro que o diabo caíra: a auto-adoração. O homem, ao aceitar as insinuações do diabo, deixou a Esfera de Deus para entrar na esfera do diabo. Desde então, o homem tem se comportado, mesmo que de maneira espontânea, à maneira do diabo.

Então o que aconteceu com a raiva humana? A partir do estado ao qual Adão e Eva chegaram, ela se tornou mais e mais um instrumento de opressão e destruição, no sentido do homem exercer poder sobre outros homens e sobre a morte. É assim que a auto-adoração do homem começou a se expressar. A raiva tornou-se a faculdade destruidora da criação de Deus depois de ter sido uma característica humana para preservá-lo. Assim, a raiva deixou de ser o instrumento para a defesa da Verdade. Ao invés disso, tornou-se uma arma da falsidade.

A natureza humana de Jesus Cristo é a natureza do homem no Paraíso, antes da Queda. É por isso que a parte irascível foi implantada em prol do Zelo a Deus. Quando Ele entrou no Templo e viu aquelas pessoas fazendo comércio, transformando a Casa de Deus em um bazar, ficou furioso por Zelo à Verdade. Ele tomou um chicote e bateu naquelas pessoas, virando mesas e cadeiras, dizendo-lhes: “A Minha Casa será chamada Casa de Oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões”. (Mateus 21:13).

Para que os homens voltem a adorar Deus em Espírito e em Verdade, mediante o cumprimento dos Mandamentos Divinos, não lhes é permitido que recorram à violência. O conselho para eles é: “Sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. (Mateus 10:16)”.

Para que os homens alcancem a Humildade desejada pelo Senhor Deus, devemos imitá-Lo nisso. A parte irascível (raiva) dos homens não retornou ao estado original e ela não recobrou o Papel Divino de defender a Verdade e de Preservar a Criação de Deus. Até a Queda, a violência era uma arma exclusivamente diabólica. O clímax das artimanhas de Satanás foi trazer o homem ao campo da violência, fazendo-o matar em Nome de Deus. Jesus Cristo alertou para este fato quando disse a Seus discípulos: “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão porque não conheceram ao Pai nem a Mim”. (João 16:2-3).

O diabo às vezes fala a verdade. Ele falou a verdade, por exemplo, quando chamou o Senhor de Jesus, Filho de Deus (Mateus 8:29). Nem tudo o que o diabo fala é mentira. Dito isto, ele continua sendo o enganador e o pai da mentira (João 8:44) porque seu objetivo é enganar o homem em todos os tempos e em todos os lugares, seja falando a verdade ou falando mentiras. Seu objetivo principal não é testemunhar a verdade, mas lançar o homem ao erro. Ele sempre se moverá dentro do espírito da falsidade. Portanto, quando fala a verdade, ele o faz a serviço da falsidade. Se ele só falasse mentiras, ninguém acreditaria nele e todos se afastariam dele. É por isso que ele mistura mentira com verdade.

Sejamos claros: o diabo tem um único objetivo, qual seja o de afastar as pessoas de Deus. Para alcançar este objetivo, ele faz com que as pessoas pensem como ele pensa. Seu objetivo não é tanto dominar os homens por fora, mas dominá-los por dentro, implantando-lhes seus pensamentos. Ele nos faz pensar que o que ele quer para nós é exatamente o que nós queremos para nós mesmos. Seu lema é: “Faça o que você quer”. Ele espalha seus pensamentos nas pessoas e desaparece. Dessa forma, ele nos transforma em demônios e em seus obreiros. A prova de seu sucesso é quando pensamos: “Este pensamento é meu. É assim que eu penso”; ou mesmo quando atingimos um elevado grau de cegueira e achamos que nossos pensamentos, que vêm do diabo, são de Deus.

Pois esta é a lógica da a auto-adoração e esta é a lógica do perverso poder humano. Quanto mais as pessoas se afastam de Deus, mais elas sujam as mãos com o poder terreno. Jesus Cristo alertou-nos contra a tomada de poder neste mundo, pois é impossível que o façamos sem estarmos sujeitos ao pensamento demoníaco. O poder é o primeiro passo da obra do diabo e o campo ideal para a manifestação de seus planos e pensamentos. Depois da Queda, a aquisição de poder tornou-se, automaticamente, a coisa que a alma mais deseja. O homem nasce com forte inclinação para isso - todos os homens - Por isso, para aqueles que têm Fé em Jesus Cristo, há outros ditames, outros mandamentos e outra lógica. Eis o que disse Jesus Cristo: “Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre eles; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; e qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua Vida em resgate de muitos”. (Marcos 10:42-45).

A grande tentação para as pessoas, não importa se tenham Fé em Jesus Cristo ou não, é a tentação do poder. Para nós cristãos, aquele que anda em Santidade é o verdadeiro inteligente, mesmo que seja analfabeto; por outro lado, quem não anda em Santidade não passa de um ignorante, mesmo que tenha memorizado todos os livros do mundo!

Amados meus, o mais importante é a purificação do coração e a aquisição do Espírito Santo. Fora disso não passamos de pagãos que se auto-adoram, que buscam sua própria glória. Preocupando-se com o próprio poder, com a própria reputação, com a própria honra. Satisfazendo-se com a forma exterior da adoração a Deus.

Hoje em dia, parece que o que importa não é a conversão do coração, mas os costumes, as obrigações desprezíveis, os falsos elogios. Ora, não é esta a igreja ideal de Satanás? Não é esta a igreja que ele ama? Uma igreja mundana, ritualística, como um museu, um Cristianismo nominal, sem Cristo, sem Santidade, sem Verdade, sem Espírito, sem Vida nova, cheia de pensamentos mundanos e preocupações mundanas? Não é esta a igreja que a maioria das pessoas recebe e pela qual trabalham? O diabo triunfou ao fazer as pessoas acreditarem que esta é a verdadeira igreja, que está é a igreja ideal, a igreja “moderna”!

Amados meus, que todas as forças adversas e inimigas sejam esmagadas pelo Poder da † Santa Cruz, diariamente, com nossa profissão de Fé. Que o nosso “Sim” seja incondicional ao Nosso Senhor Jesus Cristo, à Virgem Maria, aos todos os Santos e Anjos:

Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos Anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal.



Credo (Parte 1) ; Conheça a fé Católica
A seguir, Credo (Parte 2) ; Conheça a fé Católica



† Dom Farès Maakaroun
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Romana, Greco-Melquita, no Brasil