quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante?

A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante?

Fonte: Veritatis Splendor

A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante? É interessante notar como o Protestantismo alega ser o retorno às origens da fé, ao Verdadeiro Cristianismo, enfim o verdadeiro confessor da fé legítima dos Primeiros séculos. Aliás, diga-se de passagem, se existe uma constante entre as religiões não-católicas é a chamada "teoria do resgate". A imensa maioria delas (a quase totalidade) afirma que o cristianismo primitivo foi puro e limpo de todo erro, mas que, com o tempo, os homens acabaram por perverter a verdade cristã, amontoando sobre ela uma enormidade de enganos.
O verdadeiro cristão, sob este prisma, seria aquele que, superando tais enganos, redescobre o "verdadeiro cristianismo', com toda a sua pureza e singeleza.

Para estas religiões, o responsável pelos erros que se acumularam no decorrer dos séculos é, quase sempre, o catolicismo. Já a religião que "resgatou a verdade" varia de acordo com o gosto do freguês: luteranismo, calvinismo, pentecostalismo, espiritismo, etc.

De uma certa forma, mesmo as religiões esotéricas, a Teologia da Libertação, a maçonaria e (pasmen!) o próprio islamismo bebe desta "teoria do resgate".

O motivo do universal acatamento desta "teoria" é o fato de que, para o homem, é muito difícil, diante dos ensinamentos de Jesus Cristo, e da santidade fulgurante dos primeiros cristãos, negar, seja a validade daqueles ensinamentos, seja a beleza desta santidade. Portanto, as pessoas precisam acreditar que, de uma certa forma, se vinculam a Jesus Cristo e às primeiras comunidades cristãs, ainda que não diretamente.

Mas igualmente, é muito difícil para o orgulho humano aceitar que este genuíno cristianismo existe, intocado, dentro do catolicismo. Aceitá-lo, para todos os grupos não católicos, seria aceitar que estão errados e que, muitas vezes, combateram contra o verdadeiro cristianismo. Desta forma, a "teoria do resgate" é a maneira mais fácil para que um não-católico possa considerar-se um "verdadeiro discípulo de Cristo" sem ter que reconhecer os erros e heresias que professa.

O problema básico de todos estes grupos é que existem inúmeros escritos dos cristãos primitivos e, por meio de tais escritos é que alguém, afinal de contas, pode saber em que criam e em que não criam os cristãos primitivos. E estes escritos são uma devastadora bomba a implodir todos os grupos que ousaram a se afastar da barca de Pedro. Eles solenemente atestam que o cristianismo primitivo permanece intacto dentro do catolicismo. Assim (ironia das ironias), os adeptos da "teoria do resgate", freqüentemente, para defender o que julgam ser a fé dos cristãos primitivos, são obrigados a desconsiderar todo o legado destes primitivos cristãos.

O protestantismo é o mais solene exemplo de tudo o quanto acima dissemos.

Em nosso artigo "Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?", já expusemos como o protestantismo não confessa a fé que os primeiros cristãos confessaram, fé esta que receberam dos Santos Apóstolos. Quem estuda com seriedade as origens da fé e a história da Igreja, insistimos, sabe que a tão referida Igreja Primitiva, é na verdade a Igreja Católica dos primeiros séculos.

Neste presente artigo, gostaríamos de lançar a seguinte pergunta: teria sido o cristianismo primitivo uma união de confissões protestantes ou uma única confissão católica?

Sabemos que o Protestantismo ensina que todos os crentes em Jesus formam a Igreja de Cristo. Desta forma, não interessa se o crente é da Assembléia de Deus, se é Luterano e etc; são crentes em Jesus e fazem parte da Igreja Invisível de Cristo, mesmo confessando doutrinas diferentes. Curiosamente (e este é um paradoxo insuperável desta "eclesiologia" chã e rastaqüera), apenas os católicos é que não fazem parte deste "corpo invisível", ainda que confessemos que Jesus Cristo é o Senhor do Universo.

O protestantismo, como percebe o leitor, é algo bastante curioso…

Aqui é importante que o leitor não confunda doutrina com disciplina. O fato de na Assembléia de Deus os homens sentarem em lugar distinto das mulheres em suas assembléias, e o fato dos Luteranos não adotarem esta prática, não é divergência de doutrina entre estas confissões, mas de disciplina. A divergência de doutrina nota-se pelo fato dos primeiros não aceitarem o batismo infantil e os segundos aceitarem. Isto é para citar um exemplo.

A doutrina é a Verdade Revelada, é o núcleo da fé, é o que nunca pode mudar. A disciplina é a forma como a doutrina é vivida, e é o que pode mudar, desde que não fira a doutrina.

Uma análise completa de como seria o passado do Cristianismo se ele tivesse sido protestante exigiria a escrita de um livro. Então, neste artigo vamos apenas verificar a questão das resoluções tomadas pela Igreja Primitiva a fim de combater o erro, isto é, as heresias.

Ao longo da história, a Igreja se deparou com sérios problemas doutrinários. Muitos cristãos confessavam algo que não estava de acordo com a fé recebida pelos apóstolos.

A primeira heresia que a Igreja teve que combater a fim de conservar a reta fé foi a heresia judaizante.

Os primeiros convertidos á fé Cristã eram Judeus, que criam que a observância da Lei era necessária para a Salvação. Quando os gentios (pagãos) se convertiam a Cristo, eram constrangidos por estes cristãos-judeus a observarem a Lei de Moisés. Os apóstolos se reúnem em Concílio para decidir o que deveria ser feito sobre esta questão.

Em At 15, o NT dá testemunho que os apóstolos acordaram que a Lei não deveria ser mais observada. E escreveram um decreto obrigando toda a Igreja a observar as disposições do Concílio.

Veja-se este Concílio de uma maneira mais pormenorizada. Haviam dois lados muito bem definidos em disputa, cada qual contando com um líder de enorme expressão. O primeiro destes lados era o já citado "partido dos judaizantes",  que tinha, como sua cabeça, ninguém menos do que São Tiago, primo de Jesus Cristo e a quem foi dado o privilégio de ser Bispo da Igreja Mãe de Jerusalém. Contrário a este partido, havia o que advogava que, ao cristão, não se poderia impor a Lei de Moisés, visto que o sacrifício de Jesus Cristo era suficiente e bastante para a salvação de quem crê. Como cabeça deste grupo, estava São Paulo, o mais influente apóstolo de então, a quem Deus havia dado o privilégio de "visitar o terceiro céu", e de conhecer coisas que, a nenhum outro ser humano, foi dado conhecer.

Dois grupos muito fortes, com líderes extremamente influentes. Realiza-se o Concílio num clima de muita discussão. Estavam em jogo a ortodoxia e a salvação da alma de todos nós. No concílio, foram estabelecidas duas coisas muito importantes, de naturezas diversas.

Em primeiro lugar, São Pedro afirmou que os cristãos não estavam obrigados à observância da lei, definindo um ponto de doutrina imutável e observado por todos os cristãos até hoje (At 15, 7-8). Aliás, a liberdade cristã, vitoriosa neste Concílio, é o ponto de partida de toda a  teologia protestante. Não deixa de ser curioso o fato de que este núcleo teológico acatado por todos eles foi definido, solenemente, pelo primeiro Papa, muito embora eles afirmem que o Papa não tem poder para definir coisa alguma…

Pouco depois, São Tiago sugeriu, juntamente com a proibição de uniões ilegítimas, a adoção de normas pastorais (a saber: a abstinência de carne imolada aos ídolos, e de tudo o que por eles estivesse contaminado),o que foi aceito por todos e imposto aos cristãos. Tais normas, hoje não são seguidas. Por que? Nós católicos temos o argumento de que tais normas eram disciplinares e não doutrinárias, e que a Igreja Católica que foi a Igreja de ontem com o tempo as revogou; assim como uma mãe que aplica normas disciplinares a um filho quando é criança e não as utiliza mais quando o filho se torna um adulto.

E qual o argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser curioso o fato de que não existe uma revogação bíblica destas normas, e, portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?) deveriam observá-las. No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por cima, nos acusam de "doutrinas antibíblicas"…

Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da ?sola scriptura", do que não seguir as normas de At 15, 19-21…

Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três motivos:

a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e obedecida até pelos protestantes hodiernos, ilustrando a infalibilidade papal;

b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual seja: a abstenção de uniões ilegítimas), igualmente seguida por todos até hoje, o que ilustra a infalibilidade conciliar;

c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos cristãos e que deixaram, com o tempo de serem seguidas, muito embora constem da Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por óbvio, não cabe dentro do "sola scriptura").

Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados estavam profundamente desgostosos. Em primeiro lugar, o grupo dos judaizantes teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal, São Pedro em pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha lá grande importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o próprio São Tiago se curvou.

Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base escriturística para a afirmação de São Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene definição dogmática. Que São Pedro, sendo uma mera "pedrinha", não tinha poder de ligar e de desligar coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha. Afirmariam, ainda, que todos os cristãos são iguais, e que, portanto, São Tiago era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não poderia prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o contrário.

Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago, verdadeiramente cristã, alheia aos erros do papado desde o princípio.

Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua tese saiu vitoriosa do Concílio, mas, em compensação, tiveram que acatar as normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons católicos que eram, entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que, portanto, tais normas eram de cumprimento obrigatório.

Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve uma "experiência pessoal" com Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou com o que bebe.  Além disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem conspurcada ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm horror a tudo o que é material). Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.

Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A "Igreja Em Cristo, Somos Mais do que Livres", ou "Igreja Deus é Liberdade."

Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59 d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é "cristianismo primitivo" para protestante nenhum botar defeito!

Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para resolverem divergências doutrinárias? Sabemos que não. Então, como os protestantes podem avocar um pretenso retorno ao "cristianismo primitivo" se não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se percebe que a "teoria do resgate" não passa de uma desculpa de quem, orgulhosamente, não quer aderir à Verdade.

Portanto, se a Igreja Primitiva tivesse sido protestante, como defendem alguns, este concílio não se realizaria. Primeiro que não se incomodariam se alguns cristãos confessam algo diferente, pois para os protestantes, o que importa é a fé em Cristo. A doutrina não importa, o que importa é a fé. Se você tem fé e foi batizado está salvo. Não é assim no protestantismo?

Em segundo lugar, supondo a realização do concílio, como já se viu acima, nem os cristãos judaizantes nem os discípulos de São Paulo não adotariam as disposições do Concílio em sua inteireza. E então não haveria de forma alguma uma só fé na Igreja.

Verificamos que então que a fé primitiva não era protestante, era católica; por isto eles sabiam que deveriam obedecer a Igreja pois criam que Cristo a fundou para os guiar na Verdade (cf. 1Tm 3,15), assim como nós católicos cremos. Tanto é assim que, nos séculos que se seguiram, os "cristãos primitivos" continuaram resolvendo suas pendências doutrinárias segundo o modelo de At 15. Concílios ecumênicos e regionais se sucederam por toda a história da cristandade, sempre acatados e respeitados. Alguns deles (vá entender!) são acatados e respeitados até pelos protestantes.

Depois da heresia judaizante, a ortodoxia (reta doutirna) cristã teve que combater as seguintes heresias: gnosticismo, montanismo, sabelianismo, arianismo, pelagianismo, nestorianismo, monifisismo, iconoclatismo, catarismo, etc. Para saber mais sobre estas heresias ler artigo "Grandes Heresias". Este mesmo artigo nos mostra como muitas destas heresias se revitalizaram nas seitas protestantes, que, assim, embora aleguem um retorno ao "crsitianismo primitivo", acabam por encampar doutrinas anematizadas por estes mesmos cristãos primitivos.

Como costumamos dizer, a coerência não é o forte do protestantismo…

O fato é que graças á realização dos Concílios Ecumênicos ou Regionais, graças aos decretos Papais, e à submissão dos primeiros cristãos aos ensinamentos do Magistério da Igreja, é que foi possível que houvesse uma só fé na Igreja antes do século XVI (antes da Reforma). Foi pelo fato da Igreja antiga ser Católica, que as palavras de São Paulo ("uma só fé" cf. Ef 4,5) puderam se cumprir.

Se a Igreja Antiga fosse protestante, simplesmente, o combate às heresias não teria acontecido, e com toda certeza nem saberíamos no que crer hoje. O mundo protestante só não e mais confuso porque recebeu da Igreja Católica a base de sua teologia.

Como ensinou São Paulo: "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (cf. 1Tm 3,15). Foi assim para os primeiros cristãos e assim continua para nós católicos.

Assim como no passado, continuamos obedecendo aos apóstolos (hoje são os bispos da Igreja, legítimos sucessores dos apóstolos) pois continuamos crendo que Jesus fundou sua Igreja nos ensinar a Verdade através dela.

Se isto foi verdade no passado, necessariamente é verdade agora e continuará sendo sempre.

Estude as origens da fé, procure saber sobre os Escritos patrísticos e descubra a Verdade, assim como nós do Veritatis Splendor, que somos ex-protestantes (em sua maioria) descobrimos.

Não rotulem, conheçam.

"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará".

Autores: Alessandro Lima * e Alexandre Semedo.

* O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Fundamento Bíblico da Eucaristia

A Igreja Católica localiza as origens da Eucaristia nas ações e palavras do próprio Jesus Cristo, tal como foram registradas nos três Evangelhos sinóticos, no Evangelho de João e nos escritos de São Paulo, no Novo Testamento. O Uso do pão e vinho como oferenda começa ainda sob a Antiga Aliança e é descrita no Livro do Gênesis:"E Melquizedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho; ele era sacerdote do Deus Altíssimo".Gênesis 14,18
Ao iniciarem o êxodo do Egito, os judeus comeram pão sem fermento (Êxodo 12,15), o que foi necessário por causa da pressa deles em fugir; e eles continuam até hoje a honrar essa memória com pão sem fermento, quando eles celebram a Páscoa. O último "cálice de bênção" ao término da refeição de Páscoa era um cálice de vinho que celebrava o fato de Deus haver abençoado Seu povo escolhido, o qual abençoaria novamente em algum dia em Jerusalém. Eles comeram maná - pão enviado do Céu - enquanto vagavam no deserto à procura da Terra Prometida, à qual finalmente chegaram, Deus lhes havia prometido. Depois que eles perderam sua terra, por causa de seu fracasso continuado no sentido de obedecer aos Mandamentos de Deus, foram-lhes enviados profetas, que predisseram que um Messias seria enviado por Deus, um salvador que os devolveria ao seu lugar original de honra perante Deus. Ele chegou há aproximadamente 2.000 anos atrás.
A vida de Jesus começou em Beth-Lechem ...a Casa do Pão (Mateus 2,1). Seu primeiro milagre público ocorreu numa festa de casamento em Canã (João 2,2-5), onde Ele transformou água em vinho, em resposta a um pedido de sua Mãe. Com o milagre da multiplicação dos pães (Mateus 14:14-20), ao Jesus abençoar os pães e distribui-los, Ele prefigurou a superabundância de pão sem igual que viria a ser Sua Eucaristia. Depois de ensinar e curar os doentes e operar outras maravilhas nas colinas da Galiléia, Jesus tinha desenvolvido um grande número de partidários, com muitos discípulos. Foi na sinagoga de Cafarnaum, por época do banquete de Páscoa, que Jesus começou a descortinar a natureza de Sua Eucaristia aos que O seguiam:"Esforçai-vos, não pelo alimento que se estraga, e sim pelo alimento que permanece até à vida eterna. É este o alimento que o Filho do homem vos dará, porque Deus Pai o marcou com seu selo". (João 6,27)
Quando os seguidores dele perguntaram sobre a natureza deste alimento eterno, Jesus respondeu:"Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim já não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede." (João 6,35)
Quando eles ouviram esta afirmação, alguns de seus seguidores começaram a murmurar entre si, pois sabiam que Ele era apenas um carpinteiro, o filho de José. Como poderia este homem ser o pão da vida? Mas Jesus insistiu, explicando-se a eles:"Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo". (João 6,51)
Este comentário trouxe real consternação a vários dos que o tinham seguido. Ele estava afirmando que eles deveriam comer sua carne, um ato inconcebível. Se as palavras dele estavam sendo mal interpretadas, se eles estivessem enganados de qualquer forma, então Jesus teria corrigido seu engano... mas Ele não o fez. Ao invés, Ele ainda enfatizou novamente o significado já apreendido, ao afirmar:"Em verdade, em verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele." (João 6,53-56)
Muitos dos que o ouviram afirmar isso não puderam aceitá-lo, ainda que Ele o explicasse e esclarecesse suas declarações três vezes, tentando corrigir sua falta de compreensão e repugnância no sentido de aceitar Suas palavras. Ele tentou novamente uma quarta aproximação, para lhes ajudar a compreender o que Ele queria dizer:
"O espírito é que dá a vida. A carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida." (João 6,63)
Depois disto, muitos dos que tinham estado seguindo escolheram afastar-se. Ele tentou quatro vezes ensiná-los e ao fim só alguns aceitaram. Por que eles não compreenderam Jesus, como muitos ainda não o compreendem depois de 2.000 anos? Provavelmente porque eles não entenderam que aquele Jesus era a conclusão da Páscoa começada no Egito mais de mil anos antes. Ele era a Nova Aliança, o Prometido - o Messias - mas Ele não se ajustava ao conceito contemporâneo de como o Messias deveria ser. A Páscoa do Egito foi comemorada com uma refeição - pão sem fermento, cordeiro e vinho compartilhados - e Jesus tinha vindo dar-Se-lhes como o último Pão e Cordeiro, uma comida a ser consumida por todos os que desejassem escapar ao anjo da Morte.
Durante o ritual do banquete de Páscoa, quatro diferentes taças de bênçãos eram consumidas junto com o pão sem fermento e o cordeiro. O cordeiro era escolhido e depois morto sem que se quebrassem quaisquer de seus ossos; e então era cozido e comido para renovar o laço de comunhão entre Deus e seu povo escolhido. O sangue do cordeiro, aspergido na soleira de cada casa, era colocado lá como um sinal ao anjo da Morte para ignorar a casa marcada e assim proteger os primogênitos da casa. Jesus veio consumar a Páscoa, de forma que todos poderiam passar da morte à vida eterna. E, da mesma maneira que os judeus da época de Moisés tiveram que comer o pão não-levedado e o cordeiro sacrificial para renovar sua comunhão com Deus, assim todos os seguidores de Cristo estavam sendo convidados a comer o corpo e beber o sangue do novo cordeiro de Deus (Jesus) para renovar sua comunhão com Ele e serem marcados com o sinal de vida eterna.
Jesus instituiu sua Eucaristia na Páscoa, para marcar sua passagem da morte para a Ressurreição e a vida eterna. Foi nestes palavras que Jesus instituiu Sua Eucaristia:Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e pronunciou a bênção. Depois, partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo:"Tomai e comei, isto é o meu corpo". Em seguida, tomando um cálice, depois de dar graças, deu-lhes, dizendo: "Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, derramado por muitos, para o perdão dos pecados". (Mateus 26,26-28)
Jesus afirmou claramente que Ele estava dando para seus seguidores Seu corpo e sangue. Não foi uma metáfora, como muitos dos seus seguidores de Cafarnaum teriam gostado acreditar - era realmente Ele. Mas teriam seus discípulos verdadeiramente acreditado que ali estavam o corpo e sangue de Jesus? São Paulo testemunha as convicções dos primeiros discípulos de Jesus:"Assim, pois, quem come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo e então coma do pão e beba do cálice; pois aquele que, sem discernir o corpo [do Senhor], come e bebe,  sua própria condenação." (1 Coríntios 11,27-29)
São Paulo não era o único dentre os primeiros seguidores de Jesus a descrever esta convicção e prática. Dúzias escreveram sobre isto nos primeiros cem anos de existência da Igreja. Esta convicção na Real Presença de Jesus na Eucaristia permanece até hoje na Adoração católica e na teologia. A compreensão católica da Real Presença de Jesus na Eucaristia é diferente das outras denominações Cristãs, que tendem a encarar a Comunhão Eucarística como um memorial simbólico, ao invés de uma realidade, real transubstanciação.
Talvez o melhor modo da mente moderna aproximar-se ao mistério da Eucaristia seja a analogia. Eis uma analogia que poderia ajudar-nos a abrirmo-nos até a graça insondável que Jesus dá a cada um de nós na Eucaristia:
Suponhamos que você tenha uma hóstia de pão e a exponha a uma fonte de radiação não-visível, subatômica, durante um minuto. O pão não pareceria igual ao que era antes da exposição? Saiba que nada detectável por seus sentidos aconteceu quando o pão foi exposto à radiação ...Entretanto, sabemos e reconhecemos que agora o pão não está igual ao que era antes. Ele modificou-se ao nível atômico e há alguns átomos radioativos participando parte de sua substância agora. Porém, a mudança que aconteceu só pode ser percebida com instrumentação especial, capaz de estender o alcance de nossas percepções sensíveis. Se você vivesse há duzentos anos atrás, por exemplo, você não poderia averiguar qualquer mudança no pão e provavelmente duvidaria da sanidade de quem afirmasse que o pão mudara!! Mesmo assim, ele REALMENTE foi mudado. Se você comesse desse pão, poderia até mesmo sentir náuseas em vista da radiação!
Na Eucaristia que Jesus nos deu, opera-se uma mudança muito mais profunda: o pão e o vinho REALMENTE são mudados no corpo e sangue de Jesus. Podemos perceber isso apenas com nossa percepção sensível? Não. Nós precisamos de algo além de nossas sensações para determinar que realmente existe diante de nós. Esse extensor de nossas sensações é a Fé, uma fé e confiança em Jesus que acredita no que Ele diz, até mesmo que pão e vinho comuns possam ser mudados no corpo e sangue de Jesus ...o que Ele afirma em suas próprias palavras, registradas nos Evangelhos, claramente em quatro diferentes ocasiões!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Filme completo - Papa João XXIII

Hoje gostaria de indicar um filme maravilhoso sobre a vida do Papa João XXIII. Um homem de fé e de coragem. O filme mostra fielmente o espirito pacifico, corajoso e amoroso deste homem guiado por Deus. Mostra tambem como a Igreja fundada por Jesus é Santa porque Cristo é a cabeça e guia seus filhos mas pecadora porque tem tantos homens limitados. Me converte ainda mais cada dia porque somente pela fé podemos crer na Noiva de Cristo ser tão real, cada dia que olho para sua Santa Igreja Senhor acredito que estás conosco, que nunca, nem as portas do inferno irão prevalecer, tantas igrejas que foram fundadas e não suportaram o peso das investidas do mal, tantas filosofias que estão querendo nos afastar ou modificar a imagem de Jesus, o filho de Deus, nosso único Salvador. Somente podemos confiar na Graça e na promessa de Jesus. Ele nutre sua igreja, ele faz no tempo certo, surgir homens tementes e dependentes de Deus. Mesmo sabendo que o Joio cresce junto ao Trigo, Deus ali nos guiando e é um milagre quando vemos tudo o que ele fez, faz e irá fazer. Creio na Santa Igreja Católica, Creio nas promessas de Deus, Creio em Jesus, Salvador e aquele que está na cabeça deste corpo mistico, Creio em seu Amor.