segunda-feira, 26 de novembro de 2012

As lições do menino mexicano que queria morrer por Cristo Rei.

As lições do menino mexicano que queria morrer por Cristo Rei.

José Luiz Sanchez Del Río nasceu a 28 de março de 1913, na cidade Sahuayo, província de Michoacan, México. Vivia uma vida comum, como qualquer outro menino do interior do México, até que esta normalidade foi quebrada pela ascensão de Plutarco Elias Calles à chefia do poder daquela nação.


Beato mártir de Cristo Rei: José Luiz Sanchez Del Río

Este presidente tirânico, declaradamente socialista e maçom, empreendeu em todo o país uma das maiores perseguições que a Igreja Católica sofreu no século XX. Com o pretexto de “livrar a nação do fanatismo religioso” (qualquer semelhança não é mera coincidência), Plutarco Calles iniciou uma investida militar contra padres, religiosos e fiéis leigos que demonstrassem qualquer sinal da fé católica. Confiscou todas as Igrejas, prendeu e matou padres, bispos, frades, freiras dentre muitos outros. Após tanta perseguição, um grupo de fiéis católicos viu-se obrigado a pegar em armas para garantir sua sobrevivência. Este conflito ficou conhecido como Cristiada ou Guerra Cristeira, em homenagem aos soldados cristãos que eram conhecidos como Cristeros.

Um dia, ao visitar o túmulo do beato mártir Anacleto González Flores, que havia morrido durante a perseguição de maneira brutal e impiedosa, José Luiz Sanchez Del Río rezou a Deus, pedindo para que ele também pudesse morrer pela manutenção de sua Fé. Então, aos 13 anos de idade, foi procurar o general Prudencio Mendoza, que tinha sua base na vila de Cotija, para que pudesse ingressar no exército cristero. Ao chegar, dirigiu-se ao general que o indagou:
—O que viste fazer aqui meu rapaz? Ele respondeu:
—Vim aqui para morrer por Cristo Rei.

A sinceridade daquelas palavras e o vívido olhar destemido daquele nobre rapaz ressoaram profundamente no coração do general cristero, que autorizou sua entrada na milícia. Ao longo de um ano, José Luiz Sanchez Del Río combateu em muitos confrontos ferozes contra o exército regular do governo comunista e maçom.

Em fevereiro de 1928, cerca de 1 ano após o seu ingresso no exército cristero, o menino e seus confrades foram surpreendidos numa emboscada. José Luiz cedeu seu cavalo ao líder da resistência, sendo capturado pelos sádicos soldados do governo de Plutarco. Na intenção de fazer com que o menino renunciasse sua fé, descamaram a planta de seus pés até as nervura e o amarraram em um cavalo, obrigando-o a andar por cerca de quatorze quilômetros a pé e descalço. Não precisamos aqui dizer o nível de dor que esta pobre criança sentiu, mesmo assim, nos momentos em que as dores lhes eram insuportáveis, o menino cheio da Graça Divina Bradava em voz alta e vigorosa “Viva Cristo Rey e la Virgem de Guadalupe!”
José Luiz Sanchez Del Río no filme Cristiada (For Greater Glory) que retrata a história dos cristeros mexicanos.

Sem sucesso na tentativa de que José Luiz abjurasse de sua fé por meio da dor mais causticante e alucinante possível, os soldados tentaram com intimidá-lo de outra maneira. Ao chegar na vila em que nascera, para ser executado no dia seguinte, os soldados fizeram com que a mãe do menino escrevesse-lhe uma carta pedindo para que ele abjurasse da fé católica, para poder ser solto. José Luiz Sanchez Del Río respondeu assim ao bilhete de sua mãe:

“Minha querida mãe: Fui feito prisioneiro em combate neste dia. Creio que nos momentos atuais vou morrer, mas não importa, nada importa, mãe. Resigna-te à vontade de Deus; eu morro muito feliz porque no fim de tudo isto, morro ao lado de Nosso Senhor. Não te aflijas pela minha morte, que é o que me mortifica. Antes, diz aos meus outros irmãos que sigam o exemplo do mais pequeno, e tu faz a vontade do nosso Deus. Tem coragem e manda-me a tua bênção juntamente com a de meu pai. Saúda a todos pela última vez e tu recebe por último o coração do teu filho que tanto te quer e tanto desejava ver-te antes de morrer”

No dia seguinte, 10 de fevereiro de 1928, uma sexta-feira, o menino que estava prestes a completar 15 anos ofereceu sua vida terrena para não perder a vida eterna ao lado de Jesus Cristo, a quem ele depositou sua fé com bravura e fidelidade.

Precisamos saber que sem demonstrarmos profunda repugnância e asco pelo que destrói nossa Santa Igreja, não somos verdadeiramente cristãos. Não há verdadeiro amor se não há repulsa pelo que imediatamente opõe-se ao que amamos. É impossível pensar em ser católico sem concebermos a possibilidade de darmos nossa vida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte: http://padrepauloricardo.org/blog/as-licoes-do-menino-mexicano-que-queria-morrer-por-cristo-rei

Filme que retrata a história dos Cristeros http://www.forgreaterglory.com/

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O caminho certo a seguir, hoje e amanhã, para entrar na vida eterna

O caminho certo a seguir, hoje e amanhã, para entrar na vida eterna
Palavras de Bento XVI ao recitar o Angelus

domingo, 18 de novembro de 2012

Queridos irmãos e irmãs!

Neste penúltimo domingo do ano litúrgico, é proclamada, na narração de São Marcos, uma parte do discurso de Jesus sobre os últimos tempos (cfr Mc 13, 24-32). Este discurso encontra-se, com algumas variações, também em Mateus e Lucas, e é provavelmente o texto mais difícil dos Evangelhos. Tal dificuldade deriva tanto do conteúdo quanto da linguagem: fala de um acontecimento que supera as nossas categorias, e por isso Jesus utiliza imagens e palavras tiradas do Antigo Testamento, mas, sobretudo, insere um novo centro, que é Ele mesmo, o mistério da sua pessoa e da sua morte e ressurreição. A passagem de hoje também começa com algumas imagens cósmicas de gênero apocalíptico: “o sol se escurecerá, a lua não dará o seu resplendor; cairão os astros do céu e as forças que estão no céu serão abaladas” (v.24-25); mas este elemento está relacionado ao seguinte: “Então verão o Filho do homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória” (v.26). O “Filho do homem” é o próprio Jesus, que liga o presente ao futuro; as antigas palavras dos profetas encontraram finalmente um centro na pessoa do Messias nazareno: é Ele o verdadeiro acontecimento que, em meio aos abalos do mundo, permanece como o ponto firme e estável.

A confirmar isto está outra expressão do Evangelho de hoje. Jesus afirma: “Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (v.31). Na verdade, sabemos que na Bíblia a Palavra de Deus está na origem da criação: todas as criaturas, a partir dos elementos cósmicos – sol, lua, firmamento – obedecem à Palavra de Deus, existem enquanto “chamados” por ela. Esta potência criadora da Palavra divina concentrou-se em Jesus Cristo, Verbo feito carne, e passa também através de suas palavras humanas, que são o verdadeiro “firmamento” que orienta o pensamento e o caminho do homem sobre a terra. Por isso Jesus não descreve o fim do mundo, e quando usa imagens apocalípticas, não se comporta como um “vidente”. Ao contrário, Ele quer tirar os seus discípulos de todos os tempos da curiosidade por datas, previsões, e quer ao invés dar-lhes uma chave de leitura profunda, essencial e sobretudo indicar o caminho certo a seguir, hoje e amanhã, para entrar na vida eterna. Tudo passa – recorda-nos o Senhor – mas a Palavra de Deus não muda, e perante essa cada um de nós é responsável pelo próprio comportamento. Em base à este seremos julgados.

Queridos amigos, também em nosso tempo não faltam calamidades naturais, e infelizmente, nem mesmo guerras e violência. Também hoje precisamos de um fundamento estável para a nossa vida e para a nossa esperança, ainda mais por causa do relativismo em que estamos imersos. Que a Virgem Maria nos ajude a acolher este centro na Pessoa de Cristo e na sua Palavra.
(Trad.MEM)
fonte: Zenit

sábado, 10 de novembro de 2012

O que pode realmente satisfazer o desejo do homem?


O que pode realmente satisfazer o desejo do homem?
Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 07 de novembro de 2012(ZENIT.org)- Publicamos a seguir o texto da catequese de Bento XVI durante a Audiencia Geral desta quarta-feira, na praça de São Pedro.

O Ano da fé. O desejo de Deus.

Queridos irmãos e irmãs,

O caminho de reflexão que estamos fazendo juntos neste Ano da Fé nos leva a meditar hoje sobre um aspecto fascinante da experiência humana e cristã: o homem traz consigo um misterioso desejo de Deus. De modo muito significativo, o Catecismo da Igreja Católica inicia com a seguinte consideração: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair para si o homem e somente em Deus o homem encontrará a verdade e a felicidade que busca sem parar” (n27).

Afirmação esta que ainda hoje, em muitos contextos culturais parece totalmente aceitável, quase óbvia, poderia parecer talvez um desafio no âmbito da cultura ocidental secularizada. Muitos dos nossos contemporâneos poderiam de fato afirmar que não sentem por nada um desejo de Deus. Para muitos setores da sociedade Ele não é mais o esperado, o desejado, mais sim uma realidade indiferente, diante da qual não se deve nem mesmo fazer o esforço de pronunciar-se. Na verdade, aquilo que definimos como “desejo de Deus” não está totalmente desaparecido e se aproxima ainda hoje, de vários modos, ao coração do homem. O desejo humano tende sempre a determinados bens concretos, frequentemente outros que não o espiritual, e ainda se encontra diante da interrogação sobre o que realmente é “o” bem, e então a se confrontar com qualquer coisa fora de si, que o homem não pode construir, mas é chamado a reconhecer. O que pode realmente satisfazer o desejo do homem?

Na minha primeira Encíclica, Deus caritas est, procurei analisar como tal dinamismo se realiza na experiência do amor humano, experiência que na nossa época é mais facilmente percebida como momento de êxtase, de saída de si, como lugar onde o homem é atravessado por um desejo que o supera. Através do amor, o homem e a mulher experimentam de um modo novo, um graças ao outro, a grandeza e a beleza da vida e do real. Se isso que experimentam não é simplesmente uma ilusão, se de fato quero o bem do outro como via também do meu bem, então devo estar disposto a descentralizar-me, a colocar-me ao seu serviço, a ponto de renunciar a mim mesmo. A resposta à questão sobre o sentido da experiência do amor passa, portanto através da purificação e da cura da vontade, o que é necessário para o próprio bem que se quer para o outro. Precisamos praticar, treinar, e até mesmo corrigir, para que aquele bem possa realmente ser desejado.

O êxtase inicial se traduz assim em peregrinação, “êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para sua libertação na doação de si, e assim para o reencontro de si, e de fato para a descoberta de Deus” (Enc.Deus caritas est,6). Através deste caminho progressivamente poderá aprofundar-se para o homem a consciência daquele amor que havia inicialmente experimentado. E irá sempre mais tecendo o mistério que isso representa: nem mesmo a pessoa amada, de fato, é capaz de satisfazer o desejo que habita no coração humano, de fato, quanto mais autêntico é o amor pelo outro, mais isso deixa em aberto a interrogação sobre sua origem e seu destino, sobre a possibilidade que há de durar para sempre. Assim, a experiência humana do amor tem em si um dinamismo que leva além de si mesma, é experiência de um bem que leva a sair de si e encontrar-se diante de um mistério que envolve toda a existência.

Considerações análogas poderiam ser feitas também a propósito de outras experiências humanas, como a amizade, a experiência do belo, o amor pelo conhecimento: cada bem experimentado pelo homem conduz em direção ao mistério que envolve o próprio homem; cada desejo que se aproxima do coração humano se faz eco de um desejo fundamental que jamais será plenamente satisfeito. Sem dúvida, de tal desejo profundo, que esconde também alguma coisa de enigmático, não é possível chegar diretamente à fé. O homem, afinal, conhece bem o que não o satisfaz, mas não pode imaginar ou definir o que o faria experimentar aquela felicidade que traz no coração a nostalgia. Não é possível conhecer a Deus apenas a partir do desejo do homem. Deste ponto de vista surge o mistério: o homem é um buscador do Absoluto, um buscador a passos pequenos e incertos. E, todavia, a experiência do desejo, do “coração inquieto” como o chamava Santo Agostinho, já é significativa. Isso atesta que o homem é, no fundo, um ser religioso (cfr Catecismo da Igreja Católica, 28), um “mendigo de Deus”. Podemos dizer com as palavras de Pascal: “O homem supera infinitamente o homem” (Pensamentos, Ed Chevalier 438; Ed Brunschvicg 434). Os olhos reconhecem os objetos quando estes são iluminados pela luz. Daí o desejo de conhecer a mesma luz, que faz brilhar as coisas do mundo e com essa acende o sentido da beleza.

Devemos, portanto, levar em consideração que é possível também na nossa época, aparentemente muito refratária à dimensão transcendente, abrir um caminho em direção ao autêntico sentido religioso da vida, que mostra como o dom da fé não é absurdo, não é irracional. Seria muito útil, para tal fim, promover um tipo de pedagogia do desejo, seja para o caminho de quem ainda não crê, seja para quem já recebeu o dom da fé. Uma pedagogia que compreende pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar, aprender ou re-aprender o gosto das alegrias autênticas da vida. Nem todas as satisfações produzem em nós o mesmo efeito: algumas deixam uma marca positiva, são capazes de pacificar a alma, nos tornam mais ativos e generosos. Outras ao invés, depois da luz inicial, parecem desiludir as expectativas que tinham suscitado e por vezes deixam amargura, insatisfação ou uma sensação de vazio.

Educar desde a infância a saborear as verdadeiras alegrias, em todos os âmbiots da existência – a família, a amizade, a solidariedade com quem sofre, a renuncia ao próprio eu para servir ao outro, o amor pelo conhecimento, pela arte, pela beleza da natureza-, tudo isso significa exercitar o gosto interior e produzir anticorpos eficazes contra a banalização e o abatimento hoje difundidos. Os adultos também precisam redescobrir esta alegria, de desejar realidades autênticas, purificando-se da mediocridade na qual possam encontrar-se enredados. Será, então, mais fácil deixar cair ou rejeitar tudo o que, embora aparentemente atrativo, se revela insípido, fonte de dependência e não de liberdade. E isso fará emergir aquele desejo de Deus do qual estamos falando.

Um segundo aspecto, que vai em paralelo ao precedente, é o não contentar-se jamais com o que foi alcançado. Somente as alegrias mais verdadeiras são capazes de liberar em nós aquela saudável inquietação que leva a ser mais exigente – querer um bem mais alto, mais profundo – e junto a perceber com mais clareza que nada de finito pode preencher o nosso coração.

Aprenderemos, assim, a tender, desarmados, ao bem que não podemos construir ou adquirir com as nossas próprias forças; a não deixar-nos desencorajar pelo cansaço ou pelos obstáculos que provêm do nosso pecado.

A este respeito, não podemos esquecer que o dinamismo do desejo está sempre aberto à redenção. Mesmo quando esse caminha por caminhos desviados, quando segue paraísos artificiais e parece perder a capacidade de ansiar o bem verdadeiro. Mesmo no abismo do pecado não se apaga no homem aquela faísca que lhe permite reconhecer o verdadeiro bem, de saboreá-lo, e de iniciar assim um percurso de subida, no qual Deus, com o dom da sua graça, não deixa jamais faltar a sua ajuda. Todos, aliás, precisamos percorrer um caminho de purificação e de cura do desejo. Somos peregrinos em direção à pátria celestial, em direção ao bem pleno, eterno, que nada jamais nos poderá tirar. Não se trata, portanto, de sufocar o desejo que está no coração do homem, mas de libertá-lo, para que possa alcançar a sua verdadeira altura. Quando no desejo se abre a janela em direção a Deus, isto já é um sinal da presença da fé na alma, fé que é graça de Deus. Santo Agostinha sempre afirmava: “Com a expectativa, Deus fortalece o nosso desejo, com o desejo alarga a nossa alma e dilatando-o deixa-o mais capaz” (Comentário da Primeira cata de João, 4, 6: PL 35, 2009).

Nesta peregrinação, sentimo-nos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem também daqueles que não crêem, de quem está a procura, de quem se deixa interrogar com sinceridade pelo dinamismo do próprio desejo de verdade e de bem. Rezemos, neste Ano da fé, para que Deus mostre a sua face a todos aqueles que o buscam com coração sincero. Obrigado.

(Trad.MEM)A

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?


Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?

Introdução
Segundo ensinam os protestantes, a Reforma Protestante foi um movimento de retorno ao Cristianismo primitivo, este que fora totalmente esquecido pela Igreja Católica. Acusam a Igreja de alterar de adulterar o cristianismo professado nos primeiros séculos.

Um estudo sincero dos testemunhos de fé deixados pelos primeiros cristãos prova exatamente o contrário.

O retorno á fé verdadeira que os protestantes dizem confessar, é na verdade uma grande ilusão, uma grande mentira.

Na prática, o cristianismo primitivo deles é o entendimento que conseguem retirar da Bíblia, isto é, eles plasmam um cristianismo primitivo a partir da leitura que fazem da Bíblia.

Os luteranos e anglicanos, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o batismo deve ser ministrado também às crianças. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, as crianças eram batizadas.

Já os fiéis da Assembléia de Deus, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o batismo deve ser ministrado apenas aos adultos. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, somente os adultos eram batizados.

Os cristãos adventistas, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o dia Santo do Senhor é o sábado e não o domingo. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, o sábado nunca deixou de ser o dia Santo do Senhor.

Além dos adventistas, as Testemunhas de Jeová lendo a Bíblia também entendem que a Santíssima Trindade não existe, então crêem que desde o início do Cristianismo nunca houve a fé na Santíssima Trindade.

Desta forma, cada confissão protestante que surge, vai modificando a história do Cristianismo, pregando que no passado era assim ou assado, conforme o que entendem das Sagradas Escrituras. É lógico que duas ou mais teses contraditórias não podem ser igualmente válidas e verdadeiras, logo o conjunto de idéias que as confissões protestantes possuem do cristianismo antigo, necessariamente não corresponde ao que realmente foi o cristianismo antigo.

Isto acontece porque os protestantes ao longo dos séculos foram cada vez mais se esquecendo da memória cristã, à medida que se enveredaram nos labirintos do Livre Exame e da Sola Scriptura. Adotaram fundamentos que criam ser possível levá-los ao conhecimento da Verdade, mas que na prática cobriram seus olhos como um véu.

No entanto, os primeiros cristãos nos deixaram o testemunho da sua fé (os escritos patrísticos), para que jamais nos esquecêssemos da doutrina que receberam dos Santos Apóstolos.

Já que a proposta dos protestantes é o retorno ao Cristianismo Primitivo, procuraremos neste artigo apresentar alguns poucos exemplos o que o próprio Cristianismo primitivo diz de si mesmo.

O que o Cristianismo primitivo diz de si mesmo?

1. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que na Eucaristia (Santa Ceia para os protestantes) estava presente o verdadeiro sangue e corpo de Nosso Senhor, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?

"Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d'Ele, que é Amor incorruptível". (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.

"Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Santo Inácio de Antioquia,Carta aos Filadelfienses,3 e 4, + 110 d.C.)

"Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (São Justino, I Apologia, Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.)

"Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (São Justino,Diálogo com Trifão, Cap. 117, 130-160 d.C.)

"Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (São Justino,Diálogo com Trifão, [41, 8-10], 130-160 d.C.)

"[Cristo] declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.)

"Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade)

"Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C.

"O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente. Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.)

"A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.)

2. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o batismo pode ser ministrado também às crianças, o que é negado pela grande maioria da fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Santo Irineu, ano 189 - Contra Heresias II,22,4).

"Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, ano 215 - Tradição Apostólica 21,16).

"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9)

"Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido).

3. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que os santos podem ser venerados (não adorados!), o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17:2, +- 160 D.C).

"Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18, +- 160 D.C)

4. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria ser possível erguer imagens em honras dos Santos, que não eram ídolos mas memória dos amigos de Deus, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Uma vez que evoquei a lembrança desta cidade [Paneas], não considero justo omitir uma narrativa digna de memória até para os pósteros. Com efeito, diz-se ter sido oriunda deste lugar a hemorroíssa que, conforme narram os santos evangelhos encontrou junto do Senhor a cura de seus males(cf. Mt 9,20ss; Mc 5,25; Lc 8,43). Mostra-se na cidade sua casa, e subsistem admiráveis monumentos da beneficência do Salvador para com ela.

Com efeito, sobre um rochedo elevado, diante das portas da casa, ergue-se uma estátua feminina de bronze. Ela tem os joelhos dobrados, as mãos estendidas para a frente, em atitude suplicante. Diante dela há outra estátua da mesma matéria, representando um homem de pé, sobre uma coluna, parece brotar uma planta estranha que se eleva até as franjas do manto de bronze; é o antídoto de doenças de toda espécie.

Assegurava-se que a estátua é imagem de Jesus; ela subsiste ainda até hoje, de sorte que nós a vimos ao visitarmos a cidade" (Eusébio de Cesaréia, HE VII,18,1-3. 375 DC)

"Não é de admirar que outrora pagãos beneficiados por nosso Salvador, a tenham erguido [a imagem do relato anterior], quando sabemos terem sido preservados ícones pintados em cores dos apóstolos Pedro e Paulo e do próprio Cristo. É natural, pois os antigos, segundo um uso pagão entre eles observado, tinham o costume de honrá-los desta maneira sem preconceitos, quais salvadores." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,18,4. 375 DC)

"Igualmente o trono de Tiago, o primeiro a receber do Salvador e dos apóstolos o episcopado da Igreja de Jerusalém e freqüentemente nas Escrituras é designado como irmão de Cristo (Gl 1,19; 1Cor 15,7; Mt 13,55), foi conservado até hoje e os irmãos da região sucessivamente o cercaram de cuidados. Deste modo realmente demonstram a todos a veneração que os homens de outrora e os atuais dedicavam e ainda dedicam aos homens santos, porque amados de Deus. Eis o referente a esta questão." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,19. 375 DC)

5. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o Bispo de Roma é o chefe de toda a Igreja de Cristo, que é única e visível, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Depois da ressurreição, diz o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

6. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Roma era considerada a sede da Igreja de Cristo, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

"Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

7. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva não cria na Sola Scriptura e cria que a Sagrada Tradição dos Apóstolos e o Sagrado Magistério da Igreja, eram Palavra de Deus ao lado das Sagradas Escrituras, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Suponhamos que se levante uma questão sobre algum importante ponto entre nós, e não possamos recorrer às mais primitivas comunidades com as quais os apóstolos mantiveram constante relacionamento, as quais aprenderam deles o que é certo e claro a respeito dessa questão. O que aconteceria se os próprios apóstolos não nos tivessem deixado escritos? Não seria necessário (nesse caso) seguir o curso da tradição que transmitiram àqueles aos quais entregaram às Igrejas?" (Santo Ireneu Bispo de Lião (180), Contra as Heresias III,4,1.).

"E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Santo Ireneu Bispo de Lião (180), Contra as Heresias, III,2,1)

"Pois é suficiente para provar nossa afirmação de que a Tradição veio até nós por nossos pais, transmitida como uma herança, por sucessão dos apóstolos e dos santos que os sucederam. Aqueles, por outro lado, que mudaram suas doutrinas com novidades, necessitariam do suporte de abundantes argumentos, se quisessem mostrar seus pontos de vista, não à luz de homens controversos e instáveis, mas de homens de peso e firmeza. Mas já que suas posições se apresentam sem fundamentos e sem provas, quem é tão louco e tão ignorante para considerar os ensinamentos dos evangelistas e apóstolos, e daqueles que sucessivamente brilharam como luzes nas igrejas de menos força do que tais coisas sem sentido e sem provas?" (São Gregório de Nissa (335-394), Contra Eunômio, 4,6).

"Sobre os dogmas e querigmas preservados pela Igreja, alguns de nós possuímos ensinamento escrito e outros recebemos da tradição dos Apóstolos, transmitidos pelo mistério. Com respeito à observância, ambos são da mesma força. Ninguém que seja versado mesmo um pouco no proceder eclesiástico, deverá contradizer qualquer um deles, em nada. Na verdade, se tentarmos rejeitar os costumes não escritos como não tendo grande autoridade, estaríamos inconscientemente danificando os Evangelhos em seus pontos vitais; ou, mais ainda, estaríamos reduzindo o querigma a uma única expressão" (São Basílio Magno (329-379), O Espírito Santo, 27,36).

"Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja católica. Ao chegar a este ponto, talvez pergunte alguém: sendo perfeito como é o cânon das Escrituras e suficientíssimo por si só para todos os casos, que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja? A razão é que, devido à sublimidade da Sagrada Escritura, nem todos a entendem no mesmo sentido, mas cada qual interpreta à sua maneira as mesmas sentenças, de modo a se poder dizer que há tantas opiniões quantos intérpretes. De uma maneira a expõe Novaciano, diversamente Sabélio, Donato, Ário, Eunômio, Macedônio; de outra forma Fotino, Apolinário, Prisciliano; de outra, ainda, Joviniano, Pelágio, Celéstio ou Nestório. Portanto, é necessário que, em meio a tais encruzilhadas do erro, seja o sentido católico e eclesiástico o que assinale a linha diretriz na interpretação da doutrina dos profetas e apóstolos. E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obte-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antigüidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antigüidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antigüidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres" (Vicente de Lérins, +450, Comonitório).

8. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja é única e visível e não formada por todos os crentes, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma só árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios em uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade da origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce; cortado da fonte, o rio seca imediatamente. Do mesmo modo, a Igreja do Senhor, como luz derramada, estende seus raios em todo o mundo e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra com grande fecundidade; estende-se ao longo dos rios com toda a liberalidade e, no entanto, é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mão imensamente fecunda. Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu Espírito" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

"A esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é incorrupta e pura, não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus e entrega ao Reino os filhos que gerou. Quem se afasta da Igreja e se junta a uma adúltera, separa-se das promessas da Igreja. Quem deixa a Igreja de Cristo não alcançará os prêmios de Cristo. É um estranho, um profano, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Se alguém se pôde salvar, dos que figuram fora da arca de Noé, também se salvará o que estiver fora da Igreja 1... Torna-se adversário de Cristo quem rompe a paz e a concórdia de Cristo... O Senhor diz: 'Eu e o Pai somos um'; está ainda escrito do Pai e do Filho e do Espírito Santo: 'E estes três são um'2. Quem crê nesta verdade fundada na certeza divina e adere aos mistérios celestiais, não abandona a Igreja nem dela se afasta por causa da diversidade de vontades que se entrechocam. Quem não mantém esta unidade também não mantém a lei de Deus, a fé no Pai e no Filho. Não conserva a vida, nem a salvação" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

"Este sacramento da unidade, este vínculo da concórdia que une inseparavelmente, está indicado no Evangelho pela túnica de nosso Senhor Jesus Cristo, que não foi dividida nem rasgada. Dentre os que disputavam por sorteio a veste de Cristo, vestiria o Cristo quem a recebesse íntegra e a possuísse como túnica incorruptível e indivisível. A Escritura divina declara: 'Quanto à túnica, como era sem costura, tecida numa só peça, disseram entre si: «Não a rasguemos, decidamos de quem será por sorteio»'. Ela trazia a unidade vinda do alto, isto é, do céu, do Pai, e que não pode ser quebrada por quem a recebe ou a possui, sendo ganha por inteira... Quem rasga ou divide a Igreja de Cristo não pode possuir a veste de Cristo. Por outro lado, enfim, quando Salomão estava para morrer e seu reino havia de ser dividido, o profeta Aquias dirigiu-se no campo ao rei Jeroboão com as vestes cindidas em doze trapos, dizendo: 'Tira para ti dez destes trapos pois diz o Senhor: «Eis que divido o reino nas mãos de Salomão. Dar-te-ei dez cetros; dois ficarão com ele em vista de Davi, meu servo, e de Jerusalém, cidade santa, onde colocarei o meu nome»'. O profeta Aquias rasgou sua veste porque deviam ser divididas as doze tribos de Israel. Como, porém, o povo de Cristo não pode ser dividido, sua túnica, tecida e coerente, não é dividida pelos que a possuem. Íntegra, conjunta e indivisível, mostra a concórdia do povo que vestiu o Cristo. No mistério e no sinal da veste, a unidade da Igreja foi manifestada" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

"Quem é tão ímpio e perverso, tão enlouquecido pelo delírio da discórdia que julgue poder ou que ouse dividir a unidade de Deus, a veste do Senhor, a Igreja de Cristo? O próprio Senhor adverte e ensina no Evangelho: 'Haverá um só pastor e um só rebanho'. Pensa alguém que em um só lugar poderá haver muitos rebanhos e muitos pastores? Também o Apóstolo Paulo, insinuando esta mesma unidade, suplica, exorta e recomenda: 'Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais a mesma coisa e não haja cisões entre vós. Sede propensos no mesmo espírito e à mesma sentença'. Ainda outra vez: 'Suportai-vos mutuamente no amor da paz, fazendo tudo para conservar a unidade do espírito no vínculo da paz'. Acreditas que podes subsistir afastado da Igreja, procurando para ti outras moradas? Disseram a Raab, que prefigurava a Igreja: 'Reune contigo, em casa, teu pai, tua mãe, teus irmãos, toda a tua família. E quem ultrapassar a porta de tua casa, responderá por si'. Do mesmo modo como o mistério da Páscoa significa, na lei do Êxodo, a mesma unidade, o cordeiro que é morto, figurando a Cristo, deve ser comido numa só casa. Deus disse: 'Será comido em uma só casa. Não lanceis a carne fora de casa'. A carne de Cristo, do Santo do Senhor, não pode ser lançada fora. E não há para os fiéis outra casa senão a Igreja." (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

9. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que uma igreja só poderia ser considerada Igreja, se fosse apostólica, isto é, gerada através da sucessão dos apóstolos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto, vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm, da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam sua primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: "Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé." (São Clemente (+ 90), Primeira Carta aos Corínitos,42)

"Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de suas funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente (+ 90), Primeira Carta aos Corínitos,44)

"Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s).

"[Os Apóstolos] logo foram pelo mundo e pregaram a mesma doutrina da mesma fé às nações. Eles, portanto, de modo semelhante, andaram pelas igrejas em cada cidade, e dessas para todas as igrejas, uma após outra, e transmitiram a tradição da fé e as sementes da doutrina, e a cada dia as passavam adiante para constituírem igrejas. Certamente, é por causa disso somente que foram capazes elas próprias de se considerarem apostólicas, tendo sua origem nas igrejas apostólicas. Cada espécie de coisa deve necessariamente voltar às suas origens para sua adequação. Daí, as igrejas, embora sejam tantas e tão grandes, são ligadas a uma única igreja primitiva [fundada] pelos apóstolos, delas todas [fonte]. Dessa maneira todas são primitivas e todas apostólicas, enquanto são todas confirmadas por uma, [indissolúvel] unidade, por sua comunhão pacífica, por característica de irmandade e por laço de hospitalidade, privilégios que nenhuma outra norma determina senão que uma única tradição do mesmo mistério." (Tertuliano, Prescrição Contra os Hereges, 20).

"A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

10. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que só poderia ser pastor da Igreja de Deus aquele que recebesse este ministério através da ordenação sacerdotal das mãos de um legítimo Bispo, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Origines para atender a urgentes negócios eclesiásticos, foi à Grécia, e ao atravessar a Palestina, em Cesaréia, recebeu dos bispos da região a ordenação sacerdotal." (Eusébio de Cesaréia, HE VI,23,4. 317 DC)

11. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o perdão dos pecados só poderia ser obtido através da confissão a um sacerdote, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC)

"Considera também o seguinte: quem recebe o Espírito Santo, recebe o poder de desligar e ligar pecados. Pois assim está escrito: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Portanto, quem não pode desligar o pecado, não tem o Espírito Santo. Com efeito, é um dom do Espírito Santo a função do sacerdote; por outro lado, há um direito do Espírito Santo no fato de desligar e ligar os crimes. Como, pois, reivindicam os novacianos o dom daquele cujo direito e poder não reconhecem?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,8. 370 DC)

"Porém Deus não faz distinção; Ele prometeu sua misericórdia a todos e deu permissão de perdoar a seus sacerdotes, sem uma única exceção." (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 3,10. 370 DC)

"Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC)

"É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados." (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC)

12. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Virgem Maria foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição), o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Ele (=Jesus) era a arca composta por madeira incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (=Maria) era isento da podridão e corrupção" (Santo Hipólito de Roma, Orat. Inillud. 220 DC).

"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria, digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par" (Origines, Homilia 1. 280 DC).

"Somente Vós (=Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma; na tua Mãe nada de feio existe" (Éfrem da Síria, Garmina Nisibena 27,8.).

"Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?" (São Cirilo de Jerusalém, 208 DC).

"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado" (Santo Ambrósio de Milão, Sermão 22,30. 317 DC).

"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça" (Santo Agostinho, Sermão 215,3. 325 DC).

"Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois afirmamos que sua própria condição original se anula pela graça da redenção." (Santo Agostinho, Contra Juliano 4. 325 DC).

"Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum. Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...) Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós'?" (Santo Agostinho, De Natura et Gratia 36,42. 325 DC).

13. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva honrava Santa Maria como a Mãe de Deus, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...) concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e, também depois do parto, conservou inalterada a sua virgindade". (Concílio Regional de Latrão)

"[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosa Mãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (II Concílio de Constantinopla, DS 422).

"Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamos sendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Oração Egípcia. 211 DC).

"[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne de verdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Alexandre de Alexandria, Epístola a Alexandre de Constantinopla 12).

"A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser, visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus" (Santo Atanásio de Alexandria, Da Trindade. 318 DC).

"Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vos dignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vos tornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pela vossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (São João Crisóstomo, O Monoghenis.).

14. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o matrimônio era indissolúvel e orientado à geração de filhos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Nós, ou nos casamos desde o princípio para a única finalidade de gerar filhos, ou renunciamos ao matrimônio, permanecendo absolutamente castos. Para vos mostrar que a união promíscua não é um mistério que celebramos, houve o caso que um dos nossos apresentou um memorial ao prefeito Félix em Alexandria, pedindo-lhe que autorizasse seu médico para cortar-lhe os testículos, pois os médicos daquele lugar diziam que tal operação não podia ser feita sem permissão do governador. Félix negou-se absolutamente a assinar o pedido e o jovem permaneceu solteiro, contentando-se com o testemunho de sua consciência e o de seus companheiros na fé." (São Justino de Roma, I Apologia Cap 29, cerca de 148-155 d.C.)

15. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o dia para a adoração do Senhor era o domingo, o que é negado pelos adventistas e ensinado pela a Igreja Católica?
"Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. 2Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. 3No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. 5Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ?Amém?. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. 6Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame." (São Justino de Roma, I Apologia cap 67, cerca de 148-155 d.C.)

16. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que os livros deuterocanônicos (I e II Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico Sabedoria de Sirácida) eram canônicos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12" (Concílio de Hipona, 08.Out.393).

"Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João12. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja" (Concílio de Cartago III (397) e Concílio de Cartago IV (419)).

"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um livro de Rute; quatro livros dos Reis13, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de Baruc e mais suas Lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos Filipenses, uma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João presbítero, duas14; de Judas, o zelota, uma. (Catálogo dos livros sagrados, composto durante o pontificado de São Dâmaso [366-384], no Concílio de Roma de 382)

"Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes; quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (papa Inocêncio I, 20.02.405; Carta "Consulenti Tibi" a Exupério, bispo de Tolosa).

17. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Cristo se perpetua na terra através da sucessão dos apóstolos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de sua funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,44)

"Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s).

"E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)

"Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (Tertuliano, + 202, De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9).

18. Enfim, como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Cristo não era invisível, mas visível, e que se chama Igreja Católica, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?
"Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica"(Santo Inácio aos Esmirniotas - 107 DC)

"Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica" (Concílios Ecumênicos de Nicéia (325) e Constantinopla (381), Símbolo Niceno-Constantinopolitano)

"Extinguiram-se, pois rapidamente as maquinações dos inimigos, confundidas pela atuação da Verdade. As heresias, uma após outras, apresentavam inovações; as mais antigas continuamente desvaneciam e desvirtuavam-se, de diferentes modos, para dar lugar a idéias diversas e variadas. Ao invés, ia aumentando e crescendo o brilho da única verdadeira Igreja católica, sempre com a mesma identidade, e irradiando sobre gregos e bárbaros o que há de respeitável, puro, livre, sábio, casto em sua divina conduta e filosofia. [...] Além do mais, na época de que tratamos, a verdade podia apresentar numerosos defensores, em luta contra as heresias atéias, não somente através de refutações orais, mas também por meio de demonstrações escritas." (História Eclesiástica IV, 7,13.15. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Tendo se reunido um último concílio com o maior número possível de bispos, o chefe da heresia de Antioquia [Paulo de Samósata] foi plenamente desmascarado e por todos evidentemente inculpado de heterodoxia. Foi excomungado da Igreja Católica espalhada sob o céu." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,29,1. 317 DC)

"A Dionisio, a Máximo e a todos os que, pela terra habitada, exercem conosco o ministério, aos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos e a toda a Igreja Católica, que há sob os céus" (Fragmento da Carta que os Bispos da Palestina enviaram aos Bispos de Roma e Alexandria depois da realização do Concílio Regional mencionado acima. 280 DC)

Conclusão
Como pudemos ver o Protestantismo não é o retorno às origens da fé como diz ser. A Igreja primitiva nada mais é do Igreja Católica no passado. Os bispos da Igreja primitiva eram os bispos católicos, e hoje os bispos da Igreja Católica são seus legítimos sucessores. O Protestantismo vive de suas próprias fantasias, que são fruto de seu subjetivismo bíblico e ignorância da memória deixada pelos primeiros cristãos.

Autor: Alessandro Lima
fonte: www.veritatis.com.br

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Caminhos de santidade



Caminhos de santidade
Reflexões sobre o dia de Todos os Santos de Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará

“Festejamos a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam e cantam eternamente o vosso louvor. Para esta cidade caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da fé” (Prefácio da Missa de todos os Santos). Neste final de semana, olhamos para cima, buscando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita do Pai (cf. Cl 3,1), pois Deus, que nos fez para a comunhão com Ele na eternidade, não pensou para nós o nivelamento no pecado, na maldade, na corrupção. Fomos feitos para a perfeição, para a santidade. Ser santos é nossa vocação, partindo da santidade que é dom recebido no Batismo (1 Jo 3,1-3), para percorrer os passos da santidade moral, dever de todo cristão.

O reconhecimento da santidade de homens e mulheres, quando a Igreja celebra beatificações ou canonizações, como fez há poucos dias o Papa Bento XVI (cf. Homilia do Papa Bento XVI, no dia 21 de outubro de 2012), quer mostrar a todas as pessoas, de todas as classes sociais, idades e vocações, que a proposta da vivência do Evangelho lhes é igualmente destinada.

São Jacques Berthie, sacerdote jesuíta francês, missionário em Madagascar, lutou contra a injustiça, levando alívio aos pobres e enfermos. Os malgaxes o consideravam um sacerdote vindo do céu, e diziam: Tu és o nosso "pai e mãe"! Morreu dizendo: «Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé». Retidão e coerência na profissão de fé como bússola para a própria vida!

São Pedro Calungsod, catequista, evangelizador, mártir! Demonstrou grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho. A estrada da santidade é feita também para os jovens, dos quais se espera respostas corajosas!

São Giovanni Battista Piamarta, sacerdote de Brescia, na Itália, apóstolo da caridade e da juventude, dedicou-se ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade, com confiança inabalável na Providência Divina e profundo espírito de sacrifício. O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor. Ser santo é ser criativo, buscar saídas novas para os problemas, olhar ao redor para descobrir o que é possível fazer para melhorar o mundo.

Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa espanhola deixou a herança de uma obra educativa confiada à Virgem Imaculada, que continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo. Santidade é contagiar outras pessoas com otimismo e virtude! Quem vai atrás de Jesus Cristo é seguido pelas outras pessoas, pois o exemplo arrasta!

Santa Marianne Cope, alemã, cuidou dos leprosos no Havaí, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem, onde cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heroico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Procura-se gente que aceite desafios! Inscrições abertas em nossas Igrejas!

Santa Kateri Tekakwitha, indígena, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Batizada aos vinte anos de idade, manteve-se fiel às tradições culturais do seu povo, morreu com vinte e quatro anos. Levando uma vida simples, Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária, receitas infalíveis para uma vida de perfeição cristã. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente! A ficha para a inscrição na Escola da santidade aceita pessoas de todas as raças, culturas e idades! Sejam também bem vindos os povos indígenas!

A jovem Santa Anna Schäffer, nascida em uma família humilde, conseguiu, trabalhando como doméstica, ajuntar o dote então necessário para poder entrar na vida religiosa. Neste emprego, sofreu um grave acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um leito pelo resto da vida. Seu quarto de enferma se transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais. A vaidade pessoal superada, a oferta da vida a Deus e aos irmãos, sem perder tempo! Um roteiro na estrada das pessoas que “decidem em seu coração fazer a santa viagem”! (cf. Sl 83,6)

Esta é, quem sabe, uma nova espécie de ladainha, à qual se pode acrescentar uma lista de nomes e estilos de vida, inclusive o meu e o seu! Seja uma sadia propaganda para que as propostas das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) encontrem eco no coração dos homens e mulheres de nosso tempo.

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém

"O que acontece depois da morte?


"O que acontece depois da morte?

Carta sobre algumas questões referentes à escatologia, da Congregação para a Doutrina da Fé, da Igreja católica

Por Edson Sampel

Os itens abaixo estão baseados na “Carta sobre algumas questões referentes à escatologia”, da Congregação para a Doutrina da Fé, da Igreja católica.  

1) Depois da morte, ocorre a sobrevivência e a substância de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade. Subsiste, assim, o eu humano, enquanto carece do complemento do seu corpo. Este elemento espiritual se chama alma.

2) Aguarda-se a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, considerada, entretanto, distinta e postergada em relação à condição própria do homem imediatamente depois da morte.  Alguns teólogos denominam evo [pronuncia-se évo] esse “tempo” que medeia entre a morte e a ressurreição dos mortos, no juízo final. De fato, o tempo (com começo e fim) se refere ao homem na terra; a eternidade (sem começo e sem fim) é um atributo exclusivo de Deus e o evo (começa com o óbito e não tem fim), típico do homem, é definido como uma sucessão de atos psicológicos.

3) A ressurreição dos mortos se refere a todo o homem, isto é, corpo e alma: para os eleitos não é, senão, a extensão da própria ressurreição de Jesus Cristo.

4) A Igreja, em adesão fiel ao novo testamento e à tradição, crê na felicidade dos justos, que estarão um dia com Cristo no céu. Também crê no castigo eterno que espera o pecador, que será privado da visão de Deus, e na repercussão dessa pena em todo o seu ser. Crê, finalmente, em uma eventual purificação para os eleitos, prévia à visão de Deus; de todo diversa, no entanto, do castigo dos condenados. Isto é o que entende a Igreja quando fala do inferno e do purgatório.

5) Os cristãos devem manter-se firmes quanto a dois pontos essenciais: têm de acreditar, por um lado, na continuidade fundamental que existe, por virtude do Espírito Santo, entre a vida presente em Cristo e a vida futura; por outro lado, deve-se saber que ocorre uma ruptura radical entre o presente e o futuro, pelo fato de que à economia da fé sucede a economia da plena luz; ou seja, no céu, nós estaremos com Cristo e veremos Deus (1 Jo 3,2).

Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia (EDT). Autor do livro “Reflexões de um Católico” (Editora LTR)."

"Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte"


"Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte"

Palavras de Bento XVI no Angelus por ocasião da solenidade de Todos os Santos

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 02 de novembro de 2012(ZENIT.org) – Publicamos a seguir as palavras de Bento XVI pronunciadas ontem, da janela de seu escritório no Vaticano, por ocasião da Festa de Todos os Santos.

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje temos a alegria de nos encontrar na solenidade de Todos os Santos. Esta festa nos faz refletir o duplo horizonte da humanidade, que exprimimos simbolicamente as palavras “terra” e “céu”: a terra representa o caminho histórico, o céu a eternidade, a plenitude da vida em Deus. E assim esta festa nos faz pensar na Igreja em sua dupla dimensão: a Igreja a caminho no tempo e a que celebra a festa sem fim, a Jerusalém celeste. Estas duas dimensões são unidas pela realidade da “comunhão dos santos”: uma realidade que começa aqui sobre a terra e atinge seu cumprimento no céu.

No mundo terreno, a Igreja é o inicio deste mistério de comunhão que une a humanidade, um mistério totalmente centrado em Jesus Cristo: foi Ele quem introduziu no gênero humano esta nova dinâmica, um movimento que conduz a Deus e, ao mesmo tempo, a unidade, em direção a paz no sentido profundo. Jesus Cristo – diz o Evangelho de São João (11,52) – morreu “para reunir os filhos de Deus dispersos”, e esta sua obra continua na Igreja que é inseparavelmente “una”, “santa”, “católica”. Ser cristão, fazer parte da Igreja significa abrir-se a esta comunhão, como uma semente que se abre na terra, morrendo, e fecunda em direção ao alto, em direção ao céu.

Os Santos – aqueles que a Igreja proclama como tal, mas também todos os santos e santas que somente Deus conhece, e que hoje também celebramos – viveram intensamente esta dinâmica. Em cada um deles, de modo pessoal, se fez presente Cristo, graças ao seu Espírito que age mediante a Palavra e os Sacramentos. De fato, estar unido a Cristo, na Igreja, não anula a personalidade, mas a abre, a transforma com a força do amor, e a confere, já aqui na terra, uma dimensão eterna.Substancialmente, significa tornar-se a imagem do Filho de Deus (cfr Rm 8, 29), realizando o projeto de Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança.

Mas este estar inserido em Cristo nos abre – como disse – também à comunhão com todos os outros membros do seu Corpo místico que é a Igreja, uma comunhão que é perfeita no “Céu”, onde não existe nenhum isolamento, nenhuma concorrência ou separação. Na festa de hoje, experimentamos a beleza desta vida de total abertura ao olhar de amor de Deus e dos irmãos, no qual temos a certeza de alcançar Deus no outro e o outroem Deus.

Com esta fé plena de esperança nós veneramos todos os santos, e nos preparamos para comemorar amanhã o dia dos fiéis defuntos. Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte: vemos que seguir a Cristo leva à vida, à vida eterna, e dá sentido ao presente, a qualquer momento que passa, porque o preenche de amor, de esperança. Somente a fé na vida eterna nos faz amar verdadeiramente a historia e o presente, mas sem apegos, na liberdade de peregrino, que ama a terra porque tem o coração no Céu.

A Virgem Maria nos obtenha a graça de acreditar fortemente na vida eterna e de nos sentirmos em verdadeira comunhão com os nossos caros defuntos.

(Trad.MEM)