sábado, 9 de abril de 2011

Quem fundou a sua Igreja?


Quem fundou a sua Igreja?

Por Carlos Martins Nabeto

INTRODUÇÃO
Este artigo pode, a princípio, parecer anti-ecumênico, mas não é. Muito pelo contrário, visa esclarecer fatos históricos. Pessoalmente, torço para o êxito do ecumenismo, que tem uma árdua tarefa na busca da aproximação, diálogo e consenso entre as várias denominações cristãs. Contudo, sou obrigado a registrar que, em virtude da imperfeição do ser humano, o ecumenismo caminha a passos lentos… muito lentos mesmo! Na verdade, a discórdia reinante entre os cristãos é fruto mais de interesses pessoais e políticos do que religiosos. É claro que existem diferenças de pontos doutrinais, criados a partir da necessidade de separação e identificação, mas será que existe vontade de discuti-los fraternalmente, a ponto, até, de reconhecê-los como errados?
Volta e meia a imprensa noticia que milhares e milhares de católicos estão indo seguir outras religiões. Vemos, assim, que o católico costuma a ser pacífico, bom ouvinte, o que, aliás, é uma boa virtude ecumênica. Por outro lado, sabemos que muitos católicos assim se declaram porque foram batizados quando crianças, não tendo, após isso, uma verdadeira vida cristã: nunca foram à Igreja (exceto para “pagar” promessas ou participar de missas de sétimo dia), nunca tiveram interesse de participar dos grupos comunitários e nunca se aprofundaram no estudo bíblico e doutrinário da Igreja (no máximo, fizeram a primeira – e única! – comunhão). Infelizmente, vemos atitudes pouco ecumênicas por parte da maioria dos dirigentes de outras igrejas que, aproveitando o fato do pouco conhecimento religioso de boa parte dos católicos, coverte-os às suas respectivas religiões usando, para isso, de artimanhas verdadeiramente anti-ecumênicas. Para discutir esse fenômeno, existem, hoje, duas correntes de pensamento dentro da própria Igreja católica: a primeira acha ótimo esse “êxodo”, já que ocorre uma purificação interna dentro da própria Igreja, uma vez que, como está comprovado, só deixam de ser católicos aqueles que pouco interesse têm pela Igreja. A segunda, embora reconhecendo que essa “purificação” é positiva e que contribui para o aumento da qualidade dos fiéis católicos, afirma que não é justo permitir o afastamento do “joio” já que estes foram, na maioria das vezes, conquistados de forma ilícita, isto é, por desconhecerem a sã doutrina da Igreja, mudaram de fé graças a argumentos duvidosos (apresentados por fiéis de outras igrejas), para os quais não tinham uma explicação satisfatória… De uma forma, como de outra, a própria Igreja católica reconhece que é necessária uma nova evangelização, buscando aprofundar as raízes de todos os fiéis católicos bem como de todos os homens de boa vontade.
TUDO É HISTÓRIA
Ao contrário de todas as demais religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são religiões históricas, não foram criadas a partir de mitos! Logo, todas as ações realizadas pelos fiéis dessas três grandes religiões ficaram registradas no tempo! São fatos, não lendas; é história, não estória! Não vamos falar sobre os judeus, pois sabemos que eles não aceitaram Jesus como o verdadeiro Messias porque sua visão de Messias, na época de Jesus, era estritamente política: o enviado de Deus que libertaria o povo da dominação romana (aliás, a destruição de Jerusalém em 135 dC pelos romanos foi motivada por essa falsa visão: três anos antes, Bar-Khokba fôra proclamado pelas autoridades religiosas como o Messias libertador). Quanto aos islâmicos, cuja fé baseia-se em Maomé, bem sabemos pela História que trata-se de uma religião com grandes influências do judaísmo e cristianismo.
Vamos, portanto, nos concentrar na fé cristã e ver o que é histórico, o que é verdadeiro, já que, na esmagadora maioria das vezes, os conflitos e divisões são gerados pelos próprios cristãos.
A IGREJA CATÓLICA
Jesus manifestou o interesse de fundar a Igreja (Mt 16,18), Igreja esta que teria autoridade (Mt 18,17), cujo sinal de unidade seria a pessoa de Pedro (Mt 16,18-19; Jo 21,15-17; etc). A Igreja foi oficialmente fundada após a ressurreição de Jesus, no domingo de Pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo (At 2). A Igreja cresceu em número, primeiro em Jerusalém, e foi se espalhando pelo mundo graças à pregação e cuidado dos apóstolos. É de conhecimento geral que, naquela época, Roma era a senhora do mundo, o mais vasto império que a humanidade já conheceu. Foram os próprios apóstolos que viram a necessidade do deslocamento do Cristianismo para o centro do império romano a fim de facilitar a pregação do Evangelho. É fato histórico que Pedro e Paulo foram perseguidos e martirizados em Roma. Clemente Romano, ainda no séc. I, nos testemunha esses martírios. Irineu de Lião apresenta, no séc. II, a lista dos sucessores de Pedro, até aquela data. A arqueologia, através de escavações, confirmou a morte de Pedro e Paulo em Roma ao encontrar seus respectivos túmulos. Ao estudarmos a doutrina da Igreja católica, percebemos que ela não se afastou um milímetro sequer desde a sua fundação, ou seja, a Igreja católica atual é a mesma de 2000 anos atrás.
A PRIMEIRA DIVISÃO
A primeira divisão dentro do Cristianismo ocorreu em 1054 dC (aproximadamente mil anos após a fundação da Igreja). É o que se chama de Cisma Oriental. Antes disso, grandes polêmicas tinham surgido dentro do seio do Cristianismo mas, mesmo assim, sempre se chegava a um consenso geral através da realização de grandes Concílios Ecumênicos, que reuniam bispos de todo o mundo até então conhecido. Aqueles que não se adequavam às decisões eram afastados da Igreja, criando – como hoje em dia – comunidades heréticas que o próprio tempo tratou de exterminá-las. Mas o Cisma Oriental foi a primeira divisão que realmente abalou o mundo cristão. Doutrinariamente, os orientais, baseados em Constantinopla, acusaram a Igreja do ocidente de ter acrescentado o termo filioque ao credo niceno-constantinopolitano, resultando na procedência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho e não apenas do Pai, como originalmente registrava tal credo, o que dava a impressão que o Espírito Santo passou a “existir” após o Pai e o Filho. Muito embora a Igreja católica tenha demonstrado e comprovado que tal acréscimo nada modifica na fórmula original, nem impõe uma ordem de procedência já que trata-se do Deus único, a Igreja Ortodoxa jamais aceitou voltar à plena comunhão com a Igreja de Roma, o que bem demonstra que a divisão não ocorreu por motivo simplesmente doutrinário.
Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação? Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio de segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do “acréscimo ilícito” do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.
AS DEMAIS DIVISÕES
Após a separação da Igreja Ortodoxa, foram necessários mais 500 anos, aproximadamente, para que nova divisão viesse abalar a Igreja do Ocidente. Também é fato histórico que na Igreja medieval ocorriam vários abusos, a grande maioria ocasionados pelo fato da ligação íntima entre Igreja e Estado; era o Estado que nomeava os bispos, sendo estes pouco preparados a nível religioso. Então era comum encontrarmos bispos que compravam determinada sede episcopal, que eram casados irregularmente, que eram impiedosos por falta de vocação religiosa, etc… Era necessária uma Reforma dentro da Igreja! Vários homens lutaram por essas reformas, cada qual a seu jeito. Francisco de Assis é um desses exemplos: lutou por reformas e conseguiu! Não precisou dividir a Igreja, pois reconhecia sua importâcia e autoridade. Mesmo assim, a Igreja ainda não estava totalmente reformada. Infelizmente, homens como Lutero e Calvino, ao invés de se inspirarem no grande exemplo de São Francisco, acharam mais fácil romper com a Igreja, fundando novas religiões… foi a chamada Reforma Protestante. Lendo a história de maneira completamente imparcial, vemos que, mais uma vez, a política se intrometia no campo religioso. Lutero, para impor suas doutrinas, aliou-se aos príncipes alemães descontentes com as boas relações entre o Imperador e o Papa. Calvino fez de Genebra um Estado cuja política era guiada por preceitos religiosos radicais, com visível orientação antipapal e anticatólica. Ao contrário de Lutero e Calvino, o rei Henrique VIII da Inglaterra estava preocupado em conseguir um descendente (filho) do sexo masculino para ser seu sucessor no trono; como Catarina de Aragão, sua esposa, não conseguia dar-lhe esse filho tão esperado e o Papa não consentisse o divórcio, obrigou ao clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da igreja na Inglaterra. Observemos, portanto, como os argumentos religiosos são usados por todos, desde o princípio, como justificativa para implantação de idéias meramente políticas.
Lutero havia afirmado que quem dirige o crente é o Espírito Santo, de forma que este não necessita da autoridade de Igreja para ajudá-lo a interpretar a Bíblia, única fonte de fé que deve ser considerada pelo cristão. Esse mesmo ponto de vista foi adotado por Calvino e por todo o mundo protestante. Mesmo sendo oposta à própria Bíblia (2Pd 3,15-16), a livre interpretação ocasionou a fragmentação do Cristianismo em mais de 20 mil ramos, o que é um absurdo, já que cada ramo se julga a verdadeira Igreja de Cristo, tendo como único ponto comum o anticatolicismo. Mas, não reconhecendo a autoridade de Igreja, mais uma vez se voltam contra a Bíblia, pois esta afirma que o fundamento e coluna da verdade é a Igreja (cf. 1Tm 3,15), logo, apesar de possuirem alguns pontos verdadeiros (que são iguais aos da Igreja Católica!!!), não são a verdadeira Igreja de Cristo.
Vejamos a seguinte lista, organizada em ordem cronológica e incompleta, já que seria impossível listar as 20 mil igrejas cristãs hoje existentes:
Ano Denominação Origem Fundador
~33 Fundação da Igreja Católica Palestina Jesus
~55 Igreja Católica se fixa em Roma, com Pedro e Paulo
1054 Igreja Ortodoxa Constantinopla Miguel Cerulário
1521 Igreja Luterana Alemanha Martinho Lutero
1523 Anabatistas Alemanha Zwickau
1523 Batistas Menonitas Holanda Menno Simons
1531 Igreja Anglicana Inglaterra Henrique VIII
1536 Igreja Presbiteriana Suiça João Calvino
1592 Igreja Congregacionalista Inglaterra John Greenwood e outros
1612 Igreja Batista Arminiana ou Geral Inglaterra John Smith
~1630 Sociedade dos Amigos (Quakers) Inglaterra George Fox
1641 Igreja Batista Regular ou Particular Inglaterra Richard Blount
1739 Igreja Metodista Inglaterra John Wesley
1816 Igreja Adventista EUA Willian Miller
1830 Mórmons EUA Joseph Smith
1865 Exército da Salvação Inglaterra Willian Booth
1878 Testemunhas de Jeová EUA Charles T.Russel
1901 Igreja Pentecostal EUA Charles Parham
1903 Igreja Presbiteriana Independente Brasil Othoniel C. Mota
1909 Congregação Cristã no Brasil Brasil Luís Francescon
1910 Igreja Assembléia de Deus EUA/Brasil D.Berg/G.Vingren
1918 Igreja do Evangelho Quadrangular EUA Aimée McPherson
1945 Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) Brasil Carlos D.Costa
1955 Cruzada o Brasil para Cristo Brasil Manoel de Mello
1962 Igreja Deus é Amor Brasil David Miranda
1977 Igreja Universal do Reino de Deus Brasil Edir Macedo
Outros Ramos:
• Adventistas: Adventistas da Era Vindoura, Adventistas do Sétimo Dia, Adventistas Evangélicos, Cristãos Adventistas, Igreja de Deus, União da Vida e do Advento, etc.
• Batistas: Batistas Abertos, Batistas das Duas Sementes no Espírito, Batistas das Novas Luzes, Batistas das Velhas Luzes, Batistas do Livre Arbítrio, Batistas do Sétimo Dia, Batistas dos Seis Princípios, Batistas Fechados, Batistas Primitivos, Batistas Reformados, Velhos Batistas, etc.
• Pentecostais:Cruzada da Nova Vida, Cruzada Nacional de Evangelização, Igreja Cristo Pentecostal da Bíblia, Igreja da Restauração, Igreja Jesus Nazareno, Reavivamento Bíblico, Tabernáculo Evangélico de Jesus (Casa da Bênção), etc.
Como cada uma dessas igrejas defende sua própria doutrina como verdadeira, apesar de se autonomearem como cristãos, excluem-se mutuamente. Contudo, a única Igreja cristã que existe desde a época de Cristo é a Igreja católica. E observando-se que sua doutrina permaneceu imutável nestes 2000 anos, temos que ela é a Igreja de Cristo, apesar das demais possuírem elementos verdadeiros, vestígios de sua ligação comum com a Igreja católica. Uma brincadeira de criança ilustra muito bem nosso ponto de vista: a brincadeira do “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Uma pessoa transmite uma mensagem para uma segunda pessoa; entra, então, uma terceira pessoa, que recebe a informação da segunda pessoa, e assim, sucessivamente. Não são necessárias muitas pessoas, pois já na quarta ou quinta pessoa, a informação está completamente distorcida da informação original. O mesmo ocorre no campo religioso: como pode, igrejas sem nenhuma ligação com Jesus proclamar-se detentoras da verdade? E como podem essas igrejas atribuir suas mais diversas doutrinas ao mesmo Espírito Santo, sendo estas completamente contraditórias entre si? Não seria uma blasfêmia dizer que o Espírito Santo está ocasionando divisões entre os cristãos se Jesus Cristo afirmou que haveria um só rebanho e um só pastor? (Jo 10,16)
Além da pergunta: “quem fundou a sua igreja?”, outra pergunta interessante a ser feita aos cristãos não católicos é: “qual seria a sua religião se você nascesse há mil anos atrás?”. Nessa época, havia unidade total entre os cristãos e a resposta seria apenas uma: católica. Ora, se não houve mudanças na doutrina desde a fundação da Igreja, é ilógico e contraditório aceitar atualmente doutrinas que não se alinham com as da Igreja católica!!! Pode-se aceitar ritos e disciplinas diferentes, mas não doutrinas!
Quem dá sustentação e vida à árvore é sua raiz! Uma árvore sem raiz não sobrevive nem se mantém segura de pé! E o que temos na raiz desta grande árvore que é o Cristianismo? Na base (raiz) está a Igreja católica (é fato histórico; observe mais uma vez a tabela acima)! Sua raiz bebe diretamente Daquele que dá e é a água viva (cf. Jo 4,10), Jesus Cristo, o Filho de Deus. E é por isso que ela, ainda nos dias de hoje, tem se demonstrado forte e vigorosa (apesar da sua idade), e assim será até a consumação dos séculos (cf. Mt 28,20b).

NABETO, Carlos Martins. Apostolado Veritatis Splendor: Quem fundou a sua Igreja?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4477. Desde 6/8/2007.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fernando Casanova - Ex-protestante





Extra Ecclesiam, nulla salus


“Extra Ecclesiam, nulla salus. É o aviso contínuo dos Padres: fora da Igreja católica pode encontrar-se tudo - admite Santo Agostinho - menos a salvação. Pode ter-se honra, pode haver Sacramentos, pode cantar-se o "aleluia", pode responder-se "amém", pode defender-se o Evangelho, pode ter-se fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo e, inclusivamente, até pregá-la. Mas nunca, se não for na Igreja católica, pode encontrar-se a salvação."

(São José Maria Escrivá - Amar a Igreja pt 24)

domingo, 3 de abril de 2011

O que é a verdade Part III (Final) - testemunho

"Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança."(1 Pedro 3:15).

Muito estudo deixa você louco!
Eu estava nervoso, adentrei o estacionamento da enorme estrutura gótica. Eu nunca tinha estado dentro de uma Igreja Católica, e eu não sabia o que esperar.
Entrei na igreja rapidamente, contornando a pias de água benta, e corri pelo corredor, sem saber do protocolo correto para sentar no banco. Eu sabia que os católicos se curvam, ou fazem uma reverência, ou algum tipo de reverência no altar antes de se sentarem, mas eu só escorreguei e fiquei sentado abaixado, feliz por não ter sido reconhecido como um protestante.
Depois de alguns minutos, me escondendo nas sombras e sem ninguém atrás de mim me encarando, eu temia que alguém batesse em meus ombros e dissesse: "Venha, amigo, pode ir embora. Nós todos sabemos que você não é católico", nada aconteceu e comecei a relaxar e achei o interior da igreja estranho, mas inegavelmente bonito.

Alguns momentos depois, Scott caminhou até o púlpito e começou o seu discurso com uma oração. Quando ele fez o sinal da cruz, eu sabia que ele tinha realmente pulado fora do barco. Meu coração afundou. "Pobre Scott." Eu gemia interiormente. "Os católicos pegaram ele com seus argumentos inteligentes." Ouvi atentamente a sua conversa sobre a Última Ceia, intitulada "O quarto copo", tentando detectar os erros no seu pensamento. Mas eu não consegui encontrar nenhum. (A fala do Scott foi tão boa que eu acabei plagiando a maioria do que falou no meu seguinte sermão da comunhão.)

Enquanto ele falava, usando a Escritura a cada passo para apoiar a doutrina católica sobre a Missa e a Eucaristia, encontrei-me fascinado com o que ouvi. O catolicismo foi sendo explicado de uma forma que eu nunca havia imaginado ser possível. Da forma como ele explicou, a Missa e a Eucaristia não se tornaram ofensivas ou estranhas para mim. No final de sua palestra, quando Scott fez um apelo para uma conversão radical a Cristo, eu me perguntava se ele talvez tivesse só fingido sua conversão para que pudesse se infiltrar na Igreja Católica e trazer renovação e conversão aos católicos espiritualmente mortos. Não demorou muito para descobrir a verdade.

Após uns minutos, quando os aplausos da platéia diminuíram eu fui na frente para ver se ele me reconheceria. Ele estava cercado por uma multidão de pessoas fazendo perguntas. Eu estava a poucos metros de distância, e estudei seu rosto enquanto falava com o seu charme típico e convicção para aquele monte de gente. Sim, era o mesmo Scott que eu conheci no seminário. Ele agora tinha um bigode e uma barba (uma grande mudança de nossos tempos de seminário), mas quando ele se virou em minha direção, seus olhos brilhavam enquanto ele sorriu num Olá silencioso.

Quando ele veio até mim, me deu um caloroso aperto de mão, pediu desculpas se tinha me ofendido de alguma forma. "Não, claro que não!" Eu lhe assegurei enquanto nós rimos com o puro prazer de quem se vê outra vez. Após alguns momentos de perguntas obrigatórias do tipo: ”como está a esposa e a família?”, eu soltei algo que estava em minha mente. "Eu acho que é verdade o que ouvi. O que te fez pular do navio e tornar-se católico?" Scott me deu uma breve explicação sobre sua luta para descobrir a verdade sobre o catolicismo (a multidão de pessoas ouviram atentamente como se deu a sua versão curta da história de sua conversão) e sugeriu que eu pegasse uma cópia da fita com a sua história de conversão, cujas cópias estavam sendo agarradas rapidamente da estante ali perto.

Trocamos números de telefone e ele apertou minha mão de novo. Me dirigi para o fundo da igreja, onde encontrei uma mesa coberta com fitas sobre a fé católica feito por Scott e sua esposa Kimberly, bem como fitas de Steve Wood, outro convertido ao catolicismo que havia estudado no seminário conosco. Eu comprei uma cópia de cada fita e um livro que Scott havia recomendado chamado “Catolicismo e Fundamentalismo” de Karl Keating.

Antes de sair, eu fiquei no fundo da igreja, tendo por um momento, a imagem de uma marca estranha mas atraente do catolicismo que me rodeava: os ícones e as estátuas, o altar ornado, velas e cabines escuras do confessionário. Eu fiquei lá por um momento me perguntando por que Deus havia me chamado para este lugar, então eu entrei no ar frio da noite, minha cabeça tonta com o pensamento e meu coração inundado com uma mistura confusa de emoções.

Eu fui a um restaurante fast food, e comprei um hambúrguer para o longo caminho de volta, e caiu a ficha da conversão de Scott, e tentei descobrir onde ele estava errado. Eu parei no meio do caminho de casa, eu estava tão dominado pela emoção que eu tive que parar na estrada para que eu pudesse limpar a minha cabeça.

A viagem de Scott para a Igreja Católica era muito diferente, para mim, as questões que ele mostrou foram essenciais. E as respostas que ele descobriu que tinha mudado tão drasticamente a sua vida foram muito convincentes. Seu testemunho me convenceu de que as razões da minha crescente insatisfação com o protestantismo não poderia ser ignorado. As respostas às minhas perguntas, segundo ele, foram encontradas na Igreja Católica. Esta ideia tinha transpassado a minha alma.

Eu estava ao mesmo tempo assustado e maravilhado com a ideia de que Deus pudesse estar me chamando para a Igreja Católica. Orei por algum tempo, a cabeça apoiada no volante, coletando os meus pensamentos antes de eu começar a dirigir novamente e ir para casa.

No dia seguinte, abri o catolicismo e o fundamentalismo, e li direto, terminando o capítulo final, naquela noite. Enquanto eu me preparava para dormir, eu sabia que estava em apuros! Ficou claro para mim agora que os dois dogmas centrais da Reforma Protestante, sola scriptura (somente a Escritura) e sola fide (justificação pela fé somente), estavam muito instáveis na base bíblica e, portanto, eu também.

Com o apetite aguçado, comecei a ler livros católicos, especialmente dos primeiros Padres da Igreja, cujos escritos me ajudaram a entender a verdade sobre a história católica antes da Reforma. Passei incontáveis ​horas debatendo com católicos e protestantes, fazendo o meu melhor para submeter aos mais rigorosos argumentos bíblicos que pude encontrar. Marilyn, como você pode imaginar, não ficou contente quando eu lhe contei sobre minha luta com as reivindicações da Igreja Católica. Embora no início ela me dissesse: "Isso também vai passar", eventualmente, ela também ficou intrigada com as coisas que eu estava aprendendo, e começou a estudar por ela mesma.

Como eu entrei de cabeça lendo livro após livro, partilhei com ela os ensinamentos da Igreja católica que eu estava descobrindo e que foram se tornando claros para mim. Ficou mais frequente concluir, pelo conjunto e forma e pelo sentido, que os pontos de vista católicos eram mais fieis a escritura, muito mais do que tudo que tinha encontrado na ampla gama de opiniões protestante. Houve profundidade, uma força histórica, uma consistência filosófica para as posições católicas que encontrei. O Senhor operou uma transformação incrível em nossa vida, induzindo-nos ao longo do caminho, lado a lado, passo a passo, sempre caminhando juntos.

Mas, com todas essas coisas boas que estavam encontrando na Igreja Católica, também fomos confrontados com algumas questões confusas e perturbadoras. Encontrei padres que achava estranho que eu entrasse para Igreja Católica. Eles sentiram que a conversão era desnecessária. Reuni-me com os católicos, sabia pouco sobre a sua fé, e cujos estilos de vida em conflito com os ensinamentos morais da sua Igreja. Quando assistimos missas nós encontramos locais não acolhedores e que não eram frequentados por ninguém. Mas, apesar desses obstáculos bloqueando nosso caminho para a Igreja, continuei estudando e orando por orientação do Senhor.

Depois de ouvir dezenas de fitas e digerir várias dezenas de livros, eu sabia que não podia mais continuar a ser um protestante. Tinha se tornado claro que a resposta para a renovação da igreja protestante foi, de todas as coisas possíveis, mas não bíblica. Jesus orou pela unidade dos seus seguidores, e Paulo e João tanto desafiaram seus seguidores a agarrar-se a verdade que tinham recebido, não permitindo que as opiniões dividissem os dois. Diferente dos protestantes que se apaixonaram pela nossa liberdade, colocando opiniões pessoais sobre o Magistério da Igreja. Acreditamos que a orientação do Espírito Santo é o suficiente para levar qualquer buscador sincero com o verdadeiro sentido da Escritura.

A reação católica a essa visão é que é a missão da Igreja para ensinar com certeza é infalível. Cristo prometeu aos apóstolos e seus sucessores, "Quem te escuta me escuta. E quem vos rejeita a mim e rejeita aquele que me enviou "(Lucas 10:16). A Igreja primitiva acreditava nisso também. Uma passagem muito atraente me saltou aos olhos um dia enquanto eu estava estudando história da Igreja:

Os apóstolos receberam o evangelho para nós, do Senhor Jesus Cristo, e Jesus Cristo fora enviado por Deus. Cristo, portanto, é de Deus, e os Apóstolos são de Cristo. Ambos os regimes ordenados, então, pela vontade de Deus. Receber suas instruções é ser cheio de confiança por conta da Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé através da Palavra de Deus, eles saíram na garantia total do Espírito Santo, pregando a Boa Nova que o reino de Deus está vindo. Através do campo e da cidade que pregaram, e eles nomearam os seus primeiros convertidos, testando-os pelo Espírito, para serem os bispos e diáconos dos futuros fiéis. E isso não foi uma novidade: para os bispos e diáconos havia sido tudo escrito um longo tempo antes. De fato, a Escritura diz em algum lugar: "Vou criar os seus bispos na justiça e seus diáconos na fé (Clemente de Roma, Epístola aos Coríntios 42:1-5 [ca 80 dC.]).

Outra citação patrística que ajudou a romper a parede de meus pressupostos protestantes foi um presente de Irineu, bispo de Lyon:

“Quando, portanto, temos tais provas, não é necessário buscar entre outros a verdade que é facilmente obtida a partir da Igreja. Para os apóstolos, é como um homem rico em um banco que depositou tudo o que diz respeito à verdade e todos querem retirar esse cálice de sua vida. Pois essa verdade é a entrada para a vida, enquanto todo o resto são os ladrões e salteadores. É por isso que é necessário evitá-los, enquanto apreço com a maior diligência as coisas pertencentes à Igreja, e como me apoderar da tradição da verdade. E depois? Se houvesse uma disputa sobre algum tipo de questão, não devemos recorrer às Igrejas mais antigas em que os apóstolos eram familiares, e extrair deles o que é claro e preciso em relação a essa questão? E se os apóstolos não tivessem de fato deixados escritos por nós? Não seria necessário seguir a ordem da tradição, que nos foi entregue para aqueles a quem confiaram as igrejas? ([ca. dC 180] Contra as Heresias 3,4,1)”

Eu estudei as causas da Reforma. Para escolher a Igreja Católica Romana foi por precisar desesperadamente de renovação, mas Martinho Lutero e outros Reformadores fizeram errado com o método bíblico para lidar com os problemas que eles viam na Igreja. O caminho correto era e é ainda o que meu amigo Presbiteriano me disse: “Não deixe a Igreja, não quebre a unidade da fé. Trabalhe para uma verdadeira reforma com base no plano de Deus, não do homem, a sua realização através da oração, penitência e bom exemplo.”

Eu não podia mais continuar um protestante. Continuar significava negar a promessa de Cristo para guiar e proteger a sua Igreja e enviar o Espírito Santo para levá-la a toda a verdade (cf. Mt 16:18-19, 18:18, 28:20;. João 14:16 , 25, 16,13). Mas eu não podia suportar a ideia de me tornar católico. Eu tinha sido ensinado há muito tempo a desprezar o "catolicismo" que, embora intelectualmente eu tivesse descoberto que o catolicismo era a verdade, eu tinha dificuldade em livrar-me do meu emocional prejudicado contra a Igreja.

Uma dificuldade importante foi o ajustamento psicológico à complexidade da teologia católica. Em contrapartida o protestantismo é simples: admitir que você é um pecador, se arrepender dos seus pecados, aceitar Jesus como seu Salvador pessoal, ter confiança Nele para perdoá-lo, e assim você está salvo.

Continuei estudando os escrituras e livros católicos e passei muitas horas debatendo com amigos e colegas protestantes sobre questões difíceis, como Maria, rezar aos santos, indulgências, purgatório, celibato sacerdotal, e a Eucaristia. Eventualmente, eu percebi que a questão mais importante era a autoridade. Discutir sobre tudo isso não levaria a lugar nenhum se não houver alguma maneira de saber com certeza infalível de que uma interpretação é a correta. A autoridade magisterial da Igreja Católica está no magistério em torno da sede de Pedro. Se eu pudesse aceitar essa doutrina, eu sabia que podia confiar na Igreja em todo o resto.

Eu li do Padre Stanley Jaki, o livro “As chaves para o Reino”, e os documentos do Concílio Vaticano II e dos concílios anteriores, especialmente o de Trento. Eu cuidadosamente estudei as Escrituras e os escritos de Calvino, Lutero e outros Reformadores para testar o argumento católico. Vez após vez, eu achei que os argumentos protestantes contra o primado de Pedro simplesmente não eram bíblicos ou históricos. Ficou claro que a posição católica é a bíblica.

O Espírito Santo deu-me literalmente um golpe de misericórdia nos meus preconceitos anticatólicos, quando li o livro do Cardeal John Henry Newman, um ensaio sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã. Na verdade, minhas objeções evaporaram quando eu li 12 páginas do livro, em que Newman explica o desenvolvimento gradual da autoridade papal. "Seria muito mais fácil que a supremacia papal não tivesse sido oficialmente reconhecida no século II, uma vez que não houve reconhecimento formal por parte da Igreja da doutrina da Santíssima Trindade até o Século IV. Nenhuma doutrina é definida até serem violadas."

Meu estudo sobre a doutrina Católica demorou cerca de um ano e meio. Durante este período, Marilyn e eu estudamos juntos, compartilhando juntos como um casal os medos, esperanças e desafios que nos acompanharam ao longo do caminho para Roma. Assistimos juntos à missa semanalmente, nos unimos a uma paróquia, longe o suficiente da nossa cidade (minha antiga igreja presbiteriana era menos de uma milha de nossa casa) para evitar a controvérsia e confusão que, sem dúvida iria surgir se um dos meus ex-paroquiano soubessem que eu estava investigando Roma.

Nós gradualmente começamos a nos sentir confortáveis fazendo todas as coisas que os católicos fazem na missa (exceto receber a Comunhão, é claro). Doutrinariamente, emocionalmente e espiritualmente, nos sentimos prontos para entrar formalmente na Igreja, mas ainda havia uma barreira para nós superararmos.

Há muito tempo eu tinha conhecido Marilyn e me apaixonei, então ela se divorciou depois de um breve casamento. Uma vez que éramos protestantes, quando a gente se conheceu e se casou, isso não representava nenhum problema, nem nós e nem nossa denominação estavam preocupados. Quando estávamos nos sentindo preparados para entrar formalmente na igreja católica fomos informados que não poderíamos fazer isso sem que Marilyn pudesse receber uma anulação do seu primeiro casamento. A princípio, sentimos que Deus estava fazendo uma brincadeira com a gente! Depois, mudou de choque para raiva. Parecia tão injusto e ridiculamente hipócrita: nós poderíamos ter cometido quase qualquer outro pecado, não importa quão hediondo, e com uma confissão teríamos sidos adequadamente limpos para a admissão da Igreja, mas devido a esse erro a nossa entrada na Igreja Católica tinha sido ido por água abaixo.

Mas então me lembrei do que nos trouxe a este ponto em nossa peregrinação espiritual: estávamos confiando em Deus com todo nosso coração e não nos apoiando em nossas próprias compreensões. Queríamos reconhecê-lo e confiar que Ele iria dirigir nossos caminhos. Tornou-se evidente para nós que este era um teste de perseverança final enviado por Deus.

Após uma espera de nove meses, a anulação de Marilyn havia sido concedida. Sem mais delongas o nosso casamento foi abençoado, e fomos recebidos com grande entusiasmo e celebração na Igreja Católica. Senti-me tão incrivelmente bem por finalmente estar em casa. Chorei lágrimas de alegria, calma e gratidão na primeira missa, quando eu pude ir lá na frente com o resto dos meus irmãos e irmãs católicos e receber Jesus na Sagrada Comunhão.

Eu perguntei ao Senhor muitas vezes em oração: "Qual é a verdade?" Ele respondeu-me nas Escrituras, dizendo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Regozijo-me agora como um católico não apenas por conhecer a Verdade, mas por recebê-lo na Eucaristia.

APOLOGIA FINAL: ALGUMAS PALAVRAS

Eu acho que é importante mencionar mais uma das ideias do Cardeal John Henry Newman, que fez uma diferença crucial no processo de minha conversão à Igreja Católica. Ele escreveu: "Para ser profundo na história é preciso parar de ser protestante”. Esta citação resume uma das principais razões por que abandonei o protestantismo, contornando a Igreja Ortodoxa, e me tornando católico.

Newman estava certo. Quanto mais eu leio a história da Igreja e das Escrituras menos eu posso permanecer protestante. Eu vi que a Igreja Católica que foi fundada por Jesus Cristo, e todos os outros pretendentes ao título de "verdadeira igreja" devem se afastar. Foi à história da Bíblia e da Igreja que fez de mim um católico, contra minha vontade (pelo menos no início) e, para minha imensa surpresa. Aprendi também que o outro lado do adágio de Newman é igualmente verdade: Para deixar de ser profundo na história é preciso se tornar um protestante.

É por isso que os católicos devem saber por que acreditamos no que a Igreja ensina, assim como a história por trás dessas verdades de nossa salvação. Devemos preparar-nos e aos nossos filhos "Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança."(1 Pedro 3:15). Pela ousadia de vida e de proclamar a nossa fé muitos ouvirão Cristo falando através de nós e serão levado ao conhecimento da verdade em toda a sua plenitude na Igreja Católica. Deus te abençoe!

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Este artigo foi publicado originalmente em "Surprised By Truth,” Patrick Madrid, ed., Basilica Press, San Diego, 1994.)

Tradução: Thais Silfer
Revisão: Cezar M Fiorio

sábado, 2 de abril de 2011

O que é a verdade Part II - testemunho

“Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.” Mat10, 29-31.

Considere os pardais

Levantei-me bem cedo certo dia, antes do amanhecer e, sentei-me em uma cadeira, com o meu jornal e uma Bíblia, em um campo silencioso ao lado da minha igreja. É a hora do dia que eu mais amo, quando os pássaros estão cantando no mundo já desperto. Eu sempre fico maravilhado com a exuberância das aves no início da manhã. Que maravilhosa memória curta que eles têm! Eles começam cada dia de suas existências simples com uma sinfonia de louvor ao Senhor que os criou totalmente despreocupados com os cuidados ou planos. Às vezes, eu pensei em "considerar os pardais" e viver a simplicidade de suas vidas.

Sentei-me tranquilamente no meio do campo coberto de orvalho esperando o sol chegar, li a Escritura e meditava sobre estas questões que estavam me incomodando, colocando minhas preocupações diante do Senhor. A Bíblia me avisou para não "focar no meu próprio entendimento", então eu estava decidido a confiar em Deus para me guiar.

Eu estava pensando em deixar o pastorei, e vi três opções. Uma delas era retornar a liderança do ministério de jovens em uma grande igreja presbiteriana que havia me oferecido a posição. Outra era deixar o ministério completamente e voltar para a engenharia; e a outra possibilidade seria voltar para a escola e completar a minha formação científica em uma área que abriria ainda mais portas para mim profissionalmente. Eu tinha sido aceito em um programa de pós-graduação em biologia molecular na Universidade Estadual de Ohio. Eu refletia sobre essas opções, pedindo a Deus que guiasse os meus passos. "Uma voz audível seria ótimo", eu sorri, fechei os olhos e esperei a resposta do Senhor. Eu não tinha ideia de que forma a resposta viria, mas não demorou muito a chegar.

Meu devaneio terminou abruptamente quando um pardal voou alegre e fez cocô na minha cabeça! "O que você está dizendo para mim, Senhor?" Eu gritei com a angústia. Os trinados dos pássaros eram a única resposta. Não houve voz do céu (nem mesmo uma risadinha), apenas os sons da natureza despertando de seu sono em um milharal de Ohio. Seria um sinal divino ou simplesmente uma piada de pássaros sobre minhas preocupações? Em desgosto, dobrei a cadeira, agarrei minha bíblia, e fui para casa.

Mais tarde naquele dia, quando eu disse a minha esposa Marilyn sobre as três opções que eu estava pensando e que o incidente confuso com o pássaro, ela riu e exclamou, com sua sabedoria típica, "O significado é claro, Marcus. Deus está dizendo: Nenhuma das opções acima”!

Embora eu tivesse preferido um método menos humilhante de comunicação, eu sabia que nada acontecia por acaso, e que nem pardais, nem os seus excrementos caem na terra sem o conhecimento de Deus. Eu tirei dessa, pelo menos, uma sugestão cômica de Deus para permanecer no ministério.

Mas eu sabia que minha situação não estava resolvida. Talvez o que eu precisasse era de uma igreja maior, com um orçamento maior e uma grande quantidade de gente. Certamente eu ficaria feliz. Então, batia nesta tecla de que uma igreja "maior é melhor" e que eu iria satisfazer o meu coração inquieto. Dentro de seis meses, eu encontrei uma que eu gostava e cuja grande congregação parecia gostar de mim. Eles me ofereceram o cargo de pastor principal com uma equipe de funcionários no escritório e um orçamento dez vezes maior do que o que eu tinha na minha igreja anterior. O melhor de tudo isso foi uma Igreja evangélica forte com muitos membros que estavam ativamente interessados em estudar as Escrituras, era um grande ministério leigo. Eu gostava de pregar perante esta grande congregação que me aprovavam a cada domingo. No começo eu pensei que tinha resolvido o problema, mas depois de apenas um mês, percebi que algo maior não foi melhor. Minha frustração só cresceu em proporções maiores.

Eu dava vários sorrisos educados e brilhantes durante cada sermão, mas eu não estava cego para o fato de que, para muitos na congregação, minhas exortações apaixonadas para viver uma vida virtuosa apenas deslizou através de um verniz de religiosidade, como gotas de água sobre uma frigideira quente. Muitos diziam "grande sermão! Ele realmente me abençoou! "Mas eu sentia que o que eles realmente pensaram foi:" Isso é bom para outras pessoas, Pastor, para os pecadores. Mas eu já consegui. Meu nome já está nos cadernos celestes. Eu não preciso me preocupar com todas essas coisas, mas tenha certeza que concordo com você, Pastor, que temos de dizer a todos os pecadores para se acertarem com Deus."

Um dia encontrei-me diante do presbitério local, como porta-voz de um grupo de pastores e leigos que estavam defendendo a ideia de que quando usamos a linguagem dos pais para com Deus na oração comunitária, deveríamos chamá-lo de "Pai", e não "mãe”. “Defendi essa posição, apelando para as Escrituras e a tradição cristã”. Para meu espanto, percebi que eu representava a facção que estava em minoria e que estávamos lutando uma batalha perdida. Esse problema não seria resolvido por um bem fundamentado apelo à história da Escritura ou da Igreja, mas por uma votação. A maioria dos votos não seria dos liberais. Foi neste encontro que pela primeira vez reconheci o princípio anárquico que está no centro do protestantismo.

Estes liberais (gravemente errado como eles estavam em seu esquema para reduzir Deus às funções de mero "Criador","Redentor"e "Santificador", em vez das Pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo), estavam apenas sendo bons Protestantes. Eles estavam simplesmente seguindo o curso do protesto traçado por eles, seus ancestrais teológicos como Martinho Lutero, João Calvino e outros reformadores. O lema da Reforma, "Eu não vou obedecer a um ensinamento a menos que eu acredite que isso é o correto e bíblico" estava sendo usado por esses protestantes liberais em favor de seu protesto contra nomes femininos para Deus. De repente me dei conta que eu estava observando o Protestantismo na plena glória solipsista no seu hábitat natural: protesto. "Em que tipo de igreja eu estou?" Perguntei-me desanimado como a votação foi realizada e a minha equipe perdeu.

Nessa época, minha esposa, Marilyn, que tinha se tornado diretora de um centro de vida para crise pós-gravidez, começou a desafiar-me a lidar com a inconsistência das nossas convicções firmes pró-vida e pró-escolha de nossa denominação Presbiteriana. "Como você pode ser um ministro de uma denominação que faz sanções a morte de bebês em gestação?", perguntou ela.

A liderança denominacional tinha cedido à pressão de feministas radicais, homossexuais, pró-aborto e outros grupos de pressão extremistas dentro da denominação e (embora aparentemente membros das congregações individuais possam ter opiniões pró-vida) e impuseram rigorosas orientações liberais sobre o processo de contratação de novos pastores.

Quando ela me acordou para o fato de que uma parte das doações de minha congregação enviada à Assembleia Geral Presbiteriana era mais para pagar por abortos, e não havia nada que eu nem a minha congregação pudesse fazer sobre isso, fiquei chocado.

Marilyn e eu sabíamos que tínhamos que deixar a denominação, mas para onde iríamos? Esta questão levava a outra: Onde vou encontrar um trabalho como ministro? Eu comprei um livro que listava os detalhes de todas as principais denominações cristãs e comecei a avaliar as várias das denominações que me interessavam.

Eu lia o resumo doutrinário e pensava: "Este é bom, mas eu não gosto sua opinião sobre o batismo", ou "Este é bom, mas sua visão do fim dos tempos é um pouco de exagero pra causar pânico, "Ou" Este soa exatamente como o que estou procurando, mas sinto-me desconfortável com o seu estilo de adoração. "Depois de examinar todas as possibilidades e não encontrar uma que eu gostasse, eu fechei o livro frustrado. Eu sabia que estava deixando o presbiterianismo, mas eu não tinha ideia para qual denominação direita eu poderia entrar. Parecia haver algo de errado com cada uma delas. "Pena que eu não posso personalizar a minha igreja ”perfeita", " Eu pensei comigo mesmo, melancolicamente.

Neste tempo um amigo de Illinois me ligou. Ele também era um pastor presbiteriano e tinha ouvido falar de boca a boca que eu estava planejando sair da denominação Presbiteriana. "Marc, você não pode sair da igreja!", ele repreendeu. "Você nunca deve deixar a igreja. Você está comprometido com a igreja. Não deve se importar que alguns teólogos e pastores estivessem fora do muro. Temos que ficar com a igreja, e trabalhar para a renovação do seu interior! Devemos preservar a unidade a todo o custo! "Se isso é verdade", eu respondi irritado: “Por que nós protestantes rompemos com a igreja em primeiro lugar”?

Eu não sei de onde essas palavras vieram. Eu nunca na minha vida tive nem mesmo um pensamento passageiro quanto a isso, a respeito se os reformadores tinham ou não direito de romper com a Igreja Católica. Foi à natureza essencial do protestantismo para tentar trazer uma renovação através da divisão e fragmentação. O lema da Igreja Presbiteriana é "reformada, sempre reformando". (Devo acrescentar: "e da reforma e da reforma, e a reforma e reforma, etc)

Eu poderia entrar para outra denominação, sabendo que, eventualmente, eu poderia passar para outra quando eu me tornasse insatisfeito, ou eu poderia decidir ficar onde eu estava e continuar me punindo por isso. Mas então como eu poderia justificar ficar onde eu estava? Porque eu não deveria retornar ao grupo anterior de presbiterianos que tinham ido desafiadoramente longe. Nenhuma destas opções parecia certo, então eu decidi que iria deixar o ministério até que resolvesse o problema de uma forma ou de outra. Voltar para a escola parecia ser a maneira mais fácil de tomar um fôlego de tudo isso, então me inscrevi em um programa de pós-graduação em biologia molecular na Universidade Case Western Reserve.

Meu objetivo era o de combinar a minha formação científica e teológica em uma carreira em bioética. Eu percebi que um Ph.D. em biologia molecular iria me dar um melhor destaque entre os cientistas do que uma licenciatura em teologia e ética. Além disso, conseguir um Ph.D. em teologia ou ética exigia aprender latim e alemão, e eu estava com 39 anos e percebi que as células do meu cérebro, já em declínio, não teriam todo este vigor mental.

O trajeto para o campus de Cleveland levava mais de uma hora em cada sentido, e para os próximos oito meses, eu tinha muito tempo de silêncio para a introspecção e oração.

Logo eu estava profundamente imerso em um projeto de pesquisa em engenharia genética que envolveu a remoção e reprodução de DNA humano retirado de rins homogêneos masculinos. O programa foi muito desafiador, mas eu adorei, mas em comparação com as complexidades de aminoácidos e ciclos bioquímicos, poderia estar lutando com conjugações do Latim e terminações de Declinação em alemão, pareceu de repente muito mais fácil.

O projeto me fascinou e me assustou. Eu apreciava o estímulo intelectual de investigação científica, mas também vi quão desumano um laboratório de pesquisa pode ser. Tecidos genéticos colhidos de cadáveres de pacientes falecidos na Cleveland Clinic foram enviados para nosso laboratório para pesquisa de DNA. Fiquei profundamente emocionado pelo fato de que este tecido tinha vindo de pessoas, pais e mães, filhos e avós, que outrora viveram, trabalharam, riram e amaram, mas que agora estavam mortos. No laboratório os frascos ordenadamente numerados de tecido foram apenas tubos de "materiais" experimentais que eram totalmente dissociados da pessoa humana a quem eles pertenceram.

Eu escrevi um ensaio sobre os problemas éticos envolvidos com o transplante de tecido fetal e comecei a falar a grupos cristãos sobre os perigos e as bênçãos da tecnologia biológica moderna. As coisas pareciam estar indo de acordo com o plano, pelo menos até que eu percebi que a verdadeira razão para o meu regresso à escola não era para obter um diploma. Foi assim que eu parei e comprei um exemplar do jornal local de Cleveland.

Uma manhã, depois de uma longa viagem em Cleveland, eu estava tomando café da manhã e matando o tempo antes da aula, tentando ficar acordado. Normalmente eu apertaria um pouco o tempo de estudo, mas esta manhã eu fiz algo inusitado: eu comprei um exemplar do The Plain Dealer. Como eu coloquei a moeda na máquina de jornal eu não tinha como saber que eu tinha chegado a uma encruzilhada importante na estrada e estava prestes a iniciar um caminho que me levaria para fora do protestantismo e direto para a Igreja Católica (Suponho que se eu soubesse onde ela levaria eu teria ido para o outro lado). Folheando, apenas sem maiores pretensões, me deparei com um pequeno anúncio que me chamou atenção: "Teólogo Católico Scott Hahn, vem para falar na paróquia católica local neste domingo à tarde."

Eu engasguei com meu café. "Teólogo católico Scott Hahn?" Não poderia ser o Scott Hahn que eu conhecia. Cursávamos juntos o Seminário Teológico de Gordon-Conwell há tempos atrás, no início dos anos 80. Naquela época ele era um calvinista convicto anti-católico, o mais firme no campus! Eu estava na orla de um grupo de estudo intenso calvinista junto com Scott, mas enquanto Scott e outros passavam longas horas vasculhando a Bíblia como detetives tentando descobrir todos os ângulos de todas as implicações teológicas, eu jogava basquete.

Embora eu não tenha visto Scott desde que a gente se formou em 1982, eu tinha ouvido o rumor obscuro por aí que ele se tornou católico. Mas eu não tinha pensado muito sobre isso. Ou o boato era falso, inventado por alguém que se sentiu ofendido (ou inveja) por causa da intensidade da convicção de Scott, ou então, Scott tinha se convertido. Eu me preparei para fazer uma hora e meia de viagem para descobrir. Eu estava totalmente despreparado para o que eu descobri.

continua (...)