quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Papa: Desejo de conhecer Deus está em todos, inclusive nos ateus


O Papa: Desejo de conhecer Deus está em todos, inclusive nos ateus

VATICANO, 16 Jan. 13 (ACI/EWTN Noticias) .- Em sua habitual catequese das quartas-feiras, o Papa Bento XVI assinalou que o desejo de realmente conhecer Deus está em todos os homens, inclusive naqueles que se dizem ateus.

Diante dos milhares de fiéis presentes na Sala Pablo VI no Vaticano e em sua catequese dedicada à Revelação do Senhor, o Santo Padre assinalou que "o desejo de conhecer Deus realmente, isso é, de ver a face de Deus é inerente a todos os homens, também nos ateus. E nós temos talvez inconscientemente este desejo de ver simplesmente quem é Ele, o que é, quem é para nós. Mas este desejo se realiza seguindo Cristo".

Bento XVI ressaltou que " O importante é que sigamos Cristo não somente no momento no qual temos necessidade e quando encontramos um espaço nas nossas ocupações cotidianas, mas com a nossa vida enquanto tal. Toda a nossa existência deve ser orientada ao encontro com Jesus Cristo, ao amor por Ele; e, nisso, um lugar central deve ter o amor pelo próximo".

"Aquele amor que, à luz do Crucifixo, nos faz reconhecer a face de Jesus no pobre, no fraco, naquele que sofre. Isso é possível somente se a verdadeira face de Jesus tornou-se familiar para nós na escuta da sua Palavra, no falar interiormente, no entrar nesta Palavra de forma que realmente O encontremos, e naturalmente no Mistério da Eucaristia".

O Papa ressaltou que "no Evangelho de São Lucas, é significativa a parte dos dois discípulos de Emaús, que reconhecem Jesus ao partir o pão, mas preparados pelo caminho com Ele, preparados pelo convite que fizeram a Ele de permanecer com eles, preparados pelo diálogo que fez arder os seus corações; assim, ao fim, veem Jesus".

Bento XVI se referiu também à Revelação de Deus no Antigo Testamento aonde o Senhor, "depois da criação, apesar do pecado original, apesar da arrogância do homem de querer colocar-se no lugar do seu criador, oferece novamente a possibilidade da sua amizade, sobretudo através da aliança com Abraão e o caminho de um pequeno povo, aquele de Israel, que Ele escolhe não com critérios de poder terreno, mas simplesmente por amor".

"É uma escolha que permanece um mistério e revela o estilo de Deus que chama alguns não para excluir outros, mas para que faça uma ponte que conduza a Ele: eleição é sempre eleição para o outro. Na história do povo de Israel podemos refazer os passos de um longo caminho no qual Deus se faz conhecer, se revela, entra na história com palavras e com ações".

“Em Jesus de Nazaré, Deus visita realmente o seu povo, visita a humanidade de um modo que vai além de todas as expectativas: manda o seu Filho Unigênito; faz-se homem o próprio Deus. Jesus não nos diz qualquer coisa sobre Deus, não fala simplesmente do Pai, mas é a revelação de Deus, porque é Deus, e nos revela assim a face de Deus", destacou também o Pontífice.

"Deus está certamente acima de todas as coisas, mas se dirige a nós, escuta-nos, vê-nos, fala, estabelece aliança, é capaz de amar. A história da salvação é a história de Deus com a humanidade, é a história deste relacionamento de Deus que se revela progressivamente ao homem, que faz conhecer a si próprio, a sua face".

O Santo Padre afirmou que "o esplendor da face divina é a fonte de vida, é isso que permite ver a realidade; a luz da sua face é o guia da vida. No Antigo Testamento tem uma figura à qual está conectado de uma forma muito especial o tema da "face de Deus"; trata-se de Moisés, aquele que Deus escolhe para libertar o povo da escravidão do Egito, doa-lhe a Lei da aliança e o conduz à Terra prometida".

Depois de descrever que entre Moisés e Deus, o Papa assinalou que por um lado existe “o diálogo face a face como entre amigos”, mas do outro “a impossibilidade, nesta vida, de ver a face de Deus, que permanece escondida; a visão é limitada. Os Padres dizem que estas palavras, “tu me verás por detrás”, querem dizer: tu podes somente seguir Cristo e seguindo vês por trás o mistério de Deus; Deus pode ser seguido vendo as suas costas".

"Algo de completamente novo acontece, porém, com a Encarnação. A busca da face de Deus recebe uma mudança incrível, porque agora esta face pode ser vista: é aquela de Jesus, do Filho de Deus que se faz homem. Nele encontra cumprimento o caminho da revelação de Deus iniciado com o chamado a Abraão, Ele é a plenitude desta revelação porque é o Filho de Deus, é ao mesmo tempo “mediador e plenitude de toda a Revelação”".

O Papa sublinhou deste modo que "Nele o conteúdo da Revelação e o Revelador coincidem. Jesus nos mostra a face de Deus e nos faz conhecer o nome de Deus”.

“Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não é simplesmente um dos mediadores entre Deus e o homem, mas é “o mediador” da nova e eterna aliança (cfr Eb 8,6; 9,15; 12,24); “um só, de fato, é Deus – diz Paulo – e um só o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus” (1 Tm 2,5; cfr Gal 3,19-20). Nele nós vemos e encontramos o Pai; Nele podemos invocar Deus com o nome de “Abbá Pai”; nele nos é doada a salvação.

“Também para nós a Eucaristia é a grande escola na qual aprendemos a ver a face de Deus, entramos em relacionamento íntimo com Ele; e aprendemos, ao mesmo tempo a dirigir o olhar para o momento final da história, quando Ele irá nos satisfazer com a luz da sua face. Sobre a terra nós caminhamos para esta plenitude, na expectativa alegre que se realiza realmente no Reino de Deus”.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Santo Agostinho interpretava a Bíblia como os Protestantes?


Santo Agostinho interpretava a Bíblia como os Protestantes?
Recentemente tive a oportunidade de dialogar com um amigo protestante (batista) que me afirmava que diversos Padres da Igreja, entre eles Santo Agostinho, tinham "posturas protestantes", especialmente quando interpretavam Mateus 16,18, passagem esta que - segundo ele - importava em rejeição ao entendimento católico atual sobre o primado de Pedro e o Papado.

Quem foi Santo Agostinho?

Santo Agostinho é considerado como um dos maiores Padres da Igreja. Sua influência para a posterioridade foi notável. O bispo de Hipona era teólogo, filósofo, místico, poeta, orador, apologista e escritor. Nascido em 354 d.C., recebeu uma educação cristã desde menino graças à sua mãe; mas aos 19 anos acabou abandonando a fé católica. Estudou Hornêncio, Cícero e chegou a dar ouvidos aos maniqueus, tornando-se um anticatólico convencido. Após uma longa luta interior, acabou por compreender que era necessária a fé para alcançar a sabedoria e que a autoridade em que se apoiava a fé era a Escritura, avalisada e lida pela Igreja. Depois de opor Cristo à Igreja, descobriu que o caminho que levava à Cristo era precisamente a Igreja. Em 391 foi ordenado sacerdote e em 395 (ou 396) tornou-se bispo. Interveio nas controvérsias contra os maniqueus, donatistas, pelagianos, arianos e pagãos. Morreu em 430, deixando-nos uma enorme quantidade de obras, legado que perdura até os dias de hoje.

Qual a Importância das Obras de Santo Agostinho?

Os escritos de Santo Agostinho (assim como os escritos dos Padres da Igreja e outros escritores eclesiásticos) são importantíssimo não apenas para os estudiosos de Patrística e Patrologia mas também para todos os cristãos que têm o interesse de conhecer a fundo o pensamento da Igreja em seus primeiros séculos e a sua forma de interpretar as Escrituras.

Em virtude destas circunstâncias, tive o desejo de estudar os escritos de Santo Agostinho, não apenas nos pontos em que os protestantes costumam citar, mas em sua totalidade, para que assim pudesse fazer uma comparação justa de seu pensamento.

Santo Agostinho e o Primado de Pedro

Os testemunhos de Santo Agostinho sobre o primado de Pedro são bastante numerosos; no entanto, alguns textos de Santo Agostinho são freqüentemente retirados do seu respectivo contexto ao serem citados por protestantes, induzindo um pensamento contrário. Examinemos alguns desses textos e a visão global do santo acerca desse tema:

- "São Pedro, o primeiro dos apóstolos, que amava ardentemente a Cristo e que chegou a ouvir dele estas palavras: 'Pois eu te digo: tu és Pedro', havia dito antes: 'Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo'. E Cristo lhe replicou: 'Pois eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Sobre esta pedra edificarei esta mesma fé que professas. Sobre esta afirmação que tu fizeste, 'tu és o Messias, o Filho do Deus vivo', edificarei a minha Igreja, porque tu és Pedro'. 'Pedro' é uma palavra que provém de 'pedra' e não o contrário. 'Pedro' deriva de 'pedra', do mesmo modo que 'cristão' deriva de 'Cristo'. O Senhor Jesus, antes de sua Paixão - como sabeis - elegeu aos seus discípulos, a quem conferiu o nome de 'apóstolos'. Entre eles, Pedro foi o único que representou a totalidade da Igreja em quase todas as partes. Por isso, enquanto ele apenas representava em sua pessoa a totalidade da Igreja, pôde escutar estas palavras: 'Te darei as chaves do reino dos céus'. Porque estas chaves eram recebidas não por um único homem, mas pela única Igreja. Daí a excelência da pessoa de Pedro, enquanto que ele representava a universalidade e a unidade da Igreja quando lhe foi dito: 'Eu te entrego', tratando-se de algo que foi entregue a todos. Portanto, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do reino dos céus, escutai o que diz o Senhor, em outro lugar, a todos os seus apóstolos: 'Recebei o Espírito Santo'. E continua: 'Aqueles a quem perdoardes os pecados, estes lhes serão perdoados; aqueles a quem retiverdes [os pecados], estes lhes serão retidos'. Neste mesmo sentido, o Senhor, depois de sua ressurreição, confiou também a Pedro suas ovelhas, para que as apascentasse. Não é que ele fosse o único dos discípulos que tivesse o encargo de apascentar as ovelhas do Senhor; é que Cristo, pelo fato de se referir a apenas um, quer significar com isto a unidade da Igreja. E se se dirige a Pedro com preferência aos demais é porque Pedro é o primeiro entre os apóstolos. Não te entristeças, apóstolo! Responde uma vez, responde duas, reponde três. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que por três vezes o temor vencer a tua presunção. Três vezes deverá ser desatado o que por três vezes havias atado. Desata pelo amor o que havias atado pelo temor. Apesar de sua debilidade, por primeira, por segunda e por terceira vez confiou o Senhor as suas ovelhas a Pedro" (Santo Agostinho, Sermão 295; PL 38,1348-1352).

Santo Agostinho também escreveu:

- "Cristo - como vês - edificou a sua Igreja não sobre um homem, mas sobre a confissão de Pedro. Qual é a confissão de Pedro? 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'. Aqui está a rocha para vós; aqui o fundamento; aqui encontra-se onde a Igreja foi edificada, contra a qual as portas do inferno não podem conquistar".

Quando um protestante lê Santo Agostinho dizendo que a pedra sobre a qual se edificará a Igreja é a fé (e não Pedro), assume que tal texto implica em rejeição ao primado de Pedro. Isto ocorre porque eles interpretam que, sendo a fé "a pedra" sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja, isto implicaria que qualquer pessoa que confessasse a Cristo como Filho de Deus por revelação divina será também uma pedra em que se edifica a Igreja; com efeito, poderia "ligar e desligar" tal como Pedro. Sob esta ótica, todos os cristãos teriam a mesma autoridade [que Pedro]; os bispos e presbíteros teriam a função de apascentar o rebanho; porém, em última instância, a interpretação final da Escritura repousaria em cada crente.

O Catecismo da Igreja Católica explica a posição católica da seguinte maneira:

- "No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar (cf. Mc. 3,16; 9,2; Lc. 24,34; 1Cor. 15,5). Jesus lhe confia uma missão única. Graças à uma revelação do Pai, Pedro confessou: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'. Então Nosso Senhor lhe declarou: 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do Hades não prevalecerão contra ela' (Mt. 16,18). Cristo, 'Pedra viva' (1Ped. 2,4), assegura à sua Igreja, edificada sobre Pedro, a vitória sobre os poderes da morte. Pedro, em razão da fé confessada por ele, será a rocha inquebrantável da Igreja. Terá a missão de custodiar esta fé perante todo desfalecimento e de confirmar nela os seus irmãos (cf. Lc. 22,32)" [CIC 552].

- "Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: 'A ti te darei as chaves do Reino dos céus; e o ligares na terra será ligado nos céus; e o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mt. 16,19). O poder das chaves designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, 'o Bom Pastor' (Jo. 10,11) confirmou este encargo após sua ressurreição: 'Apascenta as minhas ovelhas' (Jo. 21,15-17). O poder de 'ligar e desligar' significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar sentenças doutrinárias e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos Apóstolos (cf. Mt. 18,18) e particularmente pelo de Pedro, o único a quem foi confiada explicitamente as chaves do Reino" [CIC 553].

- "O Senhor fez de Simão, a quem deu o nome de Pedro, e somente a ele, a pedra de sua Igreja. Lhe entregou as chaves dela (cf. Mt. 16,18-19); o instituiu pastor de todo o rebanho (cf. Jo. 21,15-17). 'Resta claro que também o Colégio dos Apóstolos, unido à sua Cabeça, recebeu a função de ligar e desligar dada a Pedro' (LG 22). Este ofício pastoral de Pedro e dos demais Apóstolos pertence aos fundamentos da Igreja. Continua pelos bispos sob o primado do Papa" [CIC 881].

Uma análise detalhada dos textos de Santo Agostinho demonstra que a sua postura, mais do que aproximar-se da postura protestante, concorda com a posição católica, reconhecendo a Pedro, em razão da fé confesssada por ele, como o primeiro dos Apóstolos, como representante da Igreja inteira e portador das chaves do reino dos céus. Os bispos em comunhão com ele também podem ligar e desligar (observe-se que o Santo também relaciona, ao contrário dos protestantes, o poder de ligar e desligar com a autoridade de perdoar os pecados).

Vejamos agora alguns textos adicionais de Santo Agostinho que, comparados com outros, nos dão uma perspectiva real da opinião do Santo:

- "Ainda prescindindo da sincera e genuína sabedoria..., que em vossa opinião não se encontra na Igreja Católica, muitas outras razões me mantém em seu seio: o consentimento dos povos e das gentes; a autoridade, erigida com milagres, nutrida com a esperança, aumentada com a caridade, confirmada pela antigüidade; a sucessão dos bispos desde a própria sé do Apóstolo Pedro, a quem o Senhor confiou, depois da ressurreição, o apascentamento de suas ovelhas até o episcopado de hoje; e, por fim, o próprio apelativo de 'católica', que não sem razão apenas a Igreja alcançou... Estes vínculos do nome cristão - tantos, grandiosos e dulcíssimos - mantêm o crente no seio da Igreja católica, apesar de que a verdade, por causa da torpeza de nossa mente e indignidade de nossa vida, ainda não se apresenta" (Santo Agostinho, C. ep. Man. 4,5).

No texto anterior, Santo Agostinho demonstra ver diferença entre a confissão de fé com o ministério do episcopado. Nem todos, por apenas confessar a fé, são bispos; tampouco todos são sucessores do apóstolo Pedro enquanto o seu ministério.

- "Se a sucessão dos bispos for levada em conta, quanto mais certa e benéfica a Igreja que nós reconhecemos chegar até o próprio Pedro, aquele que portou a figura da Igreja inteira, a quem o Senhor disse: 'Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela'. O sucessor de Pedro foi Lino, e seus sucessores em ordem de sucessão ininterrupta foram estes: Clemente, Anacleto, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Aniceto, Pio, Sótero, Eleutério, Victor, Zeferino, Calisto, Urbano, Ponciano, Antero, Fabiano, Cornélio, Lúcio, Estêvão, Sisto, Dionísio, Félix, Eutiquiano, Caio, Marcelino, Marcelo, Eusébio, Miltíades, Silvestre, Marcos, Júlio, Libério, Dâmaso e Sirício, cujo sucessor é o presente bispo Anastácio. Nesta ordem de sucessão, nenhum bispo donatista é encontrado" (Santo Agostinho, Ep. 53,2).

Novamente aqui vemos o mesmo. Para o santo bispo de Hipona, o ministério concedido a Pedro era desempenhado especificamente pelos bispos de Roma em sucessão ininterrupta. Logo após apresentar este texto a um amigo protestante, ele manteve sua teimosia: "Não vejo aí nenhum Papado". Atitude particularmente obstinada, para quem lê um texto onde se fala da sucessão apostólica dos bispos de Roma, da sua sucessão no ministério do Apóstolo Pedro e, como não fosse suficiente, da lista dos papas até Anastácio (o Papa da época). Que mais poderia querer? Que fosse apresentado o título de "Papa"? Ora, isto também ocorre em inumeráveis ocasiões, as quais seria muito trabalhoso enumerar; conformemo-nos, pois, em apontar uma delas: na obra, "Sobre o Pecado Original", aparece 13 vezes nos capítulos 2, 7, 8 e 9. Ali se expressa, com muita reverência, sobre os pontífices e se lêem frases como "o mais bendito papa Zózimo em Roma" (capítulo 2), "o venerável papa Zózimo" (capítulos 8 e 9), "o mais bendito papa Inocêncio" (capítulos 8 e 10), "o mais bendito papa Zózimo" e "o santo papa Inocêncio" (capítulo 9), "o santo papa Zózimo" (capítulos 10 e 19) e "o papa Inocêncio, de bendita memória" (capítulo 19).

Há evidência adicional suficiente para estarmos seguros de ir contrário à tendência que propõe a negação do primado na raiz destas frases existentes nos sermões do Santo. Quem pensa assim deveria explicar se compartilham do mesmo pensamento de Santo Agostinho quando este afirma que a igreja dos donatistas não pode ser a verdadeira por não ser católica, una, santa e apostólica e que quem se afasta da Igreja sacrifica a sua própria salvação (Bapt. 4,17.24). Segundo estas afirmações, bastaria a confissão de fé como fundamento para a edificação da Igreja?

Diferentemente da postura protestante, para Santo Agostinho não havia motivo justo para se realizar a separação da Igreja e criar a própria (seita), separada dela (E. Cp Parm 2,11,25). Santo Agostinho vê na Igreja de Roma aquela “in qua semper apostolicae cathedrae viguit principatus” [=aquela em que sempre esteve vigente o principado da cátedra apostólica] (Ep 43,7), afirmação que é um reconhecimento claro do primado da Igreja de Roma. Inclusive, atribui a máxima importância às sentenças de Roma em matéria de fé como, por exemplo, quando combate o Pelagianismo. Assim, quando Santo Agostinho disse que as chaves foram recebidas não apenas por Pedro, mas toda a Igreja, está defendendo não apenas o primado petrino, mas também de seus sucessores.

- “Sicut enim quaedam dicuntur quae ad apostolum Petrum propriae pertinere videantur, nec tamen habent illustrem intellectum, nisi cum referuntur ad Ecclesiam, cuius ille agnoscitur in figura gestasse personam, propter primatum quem in discipulis habuit” [=Algumas coisas - se diz - parecem pertencem propriamente ao apóstolo Pedro; porém (aqueles que assim pensam) não têm um entendimento iluminado, pois devem se referir à Igreja, da que se confessa representada pela figura de sua pessoa em razão do primado que teve entre os discípulos] (In Ps CVIII, t. XXXVII, col 1431).

Para Santo Agostinho, pela comunhão com a Sé Apostólica se obtém a adesão aos apóstolos e, assim, se está na verdadeira Igreja. É de se entender, portanto, que para ele o testemunho da Igreja do Ocidente é decisiva, já que no Ocidente se encontra a Sé do Príncipe dos Apóstolos:

- “Puto tibi eam partem orbis sufficere debere, in qua primum apostolorum voluit Dominus gloriosissimo martyrio conorare. Cui Ecclesiae praesidentem beatum Innocentium si audire voluisses, iam tum periculosam iuventutem tuam pelagianis laqueis exuisses” [=Creio que deve bastar para ti essa parte do Orbe, na qual o Senhor quis coroar o primeiro dos Apóstolos com um martírio gloriosíssimo. Se quisesses ouvir ao beato Inocêncio, que é quem preside a esta Igreja, livrarias a tua arriscada juventude das armadilhas pelagianas] (Contra Iulianum pelagianum, I, IV, 13 t. XLIV, col 648).

Adicionalmente vemos o bispo de Hipona submeter as suas obras ao papa Bonifácio, não para o instruir, mas para solicitar-lhe sua aprovação e censura caso necessário: “Haec ergo quae... respondeo, ad tua potissimum dirigere sanctitatem, non tam discenda quam examinanda, et ubi forsitan aliquid displicuerit emendanda, constitui” [=Estas coisas que... respondo, decidi dirigí-las de modo especial à sua santidade, não para instruí-lo, mas para que sejam examinadas e, onde talvez haja algo inconveniente, seja emendado] (Contra duas epist. Pelag. I, 1 t. XLIV, col 549-551).

Logo, é de se entender o porquê de Santo Agostinho também se referir ao bispo de Roma como "o Bispo da Sé Apostólica". No livro 6 de sua réplica a Juliano, rebate suas calúnias ao Papa Zózimo:

- "Por que, para persistir em teu erro perverso, acusas de prevaricação ao bispo da Sé Apostólica, Zózimo, de santa memória? Pois em nada se afastou da doutrina de seu predecessor, Inocêncio I, a quem temes pronunciar o nome. Preferes citar Zózimo porque em princípio agiu com certa benevolência em relação a Celéstio..." (Contra Iulianum pelagianum, VI, XII, 37).

Outro detalhe digno de menção constituiu para ele o fato ocorrido em 422, quando o papa Bonifácio I enviou três cartas respectivamente para os bispos de Tesália, da Ilíria e a Rufo, vigário do Pontífice e metropolita de Tesália. O motivo das cartas era a deposição ou exclusão do bispo Patros Perigênio, batizado e educado em Corinto. Os fiéis de Patros não aceitavam [a deposição], os coríntios reclamavam e os bispos de Tesália, por sua vez, tinham eleito Máximo como pastor da cidade. Nas três cartas se aprecia a consciência ou segurança do Vigário de Cristo como juiz ou instância última para os problemas da Igreja.

Inclusive, há teólogos protestantes que têm aceitado a posição de Santo Agostinho em favor do Primado Romano. O dr. Cesar Vidal Manzanares, em seu "Dicionário de Patrística", exlica:

- "...Eclesiologicamente, Agostinho não é unívoco na utilização do termo 'igreja', fazendo referência tanto à comunidade dos fiéis, edificada sobre o fundamento apostólico, como ao conjunto dos predestinados que vivem na feliz imortalidade. Considera herege não ao que erra na fé (Ep. XLIII, I) mas ao que “resiste à doutrina católica que lhe é manifestada" (De Bapt. XVI, 23), a qual encontra-se expressa no símbolo batismal, nos concílios (Ep. XLIV, I) e na Sé de Pedro, que sempre desfrutou do primado (Ep. XLIII, 7)”.

Uma curiosidade: abordando o tema em um foro católico, uma das participantes perguntou ao meu amigo protestante: "Porém... Leste os escritos de Santo Agostinho"; ao que respondeu: "... Não". Tive que me conter, para não replicar: "Então por que tentas ensinar o pensamento agostiniano?".

Santo Agostinho, a Igreja e a Tradição

Santo Agostinho adere plenamente à autoridade da fé, a qual é a autoridade Cristo (C. acad. 3,20,43) manifestada na Escritura, na Tradição e na Igreja (nada de 'sola Scriptura' e livre interpretação particular, ao estilo protestante!). Inclusive, chega a responder taxativamente aos maniqueus:

- "Eu não creria no Evangelho se a isso não me movesse a autoridade da Igreja Católica" (C. ep. Man. 5,6; cf. C. Faustum 28,2).

Para Santo Agostinho, é a Igreja que estabelece o cânon das Escrituras (De doct. Chr. 2,7,12), transmite a Tradição e interpreta a ambas (De Gen. litt. O . i. l. 1), dirime as controvérsias (De bapt. 2,4,5) e prescreve a regra de fé (De doct. Chr. 3,2,2). Afirma Santo Agostinho: "Permanecerei seguro na Igreja qualquer que seja a dificuldade que se apresente" (De bapt. 3,2,2), pois "Deus assentou a doutrina da verdade na cátedra da unidade" (Ep. 105,16).

Chega a responder aos pelagianos que deve ser tido por verdadeiro tudo o que a Tradição nos transmitiu, mesmo quando não for possível explicar (C. Iul. 6,5,11), pois os Padres "têm ensinado na Igreja aquilo que da Igreja aprenderam" (C. Iul. o. i. 1,117; cf. C. Iul. 2,10,34).

Santo Agostinho e a Virgem Maria

Santo Agostinho é outro firme defensor da Virgindade Perpétua de Maria. Afirma:

- "Virgem concebeu, virgem deu à luz e virgem permaneceu" (Serm. 51,18).

A Volusiano, quando este interpunha as dificuldades da razão, replica:

- "Concedamos que Deus possa fazer alguma coisa que devamos confessar sem indagar. Em tais coisas, toda a razão de fato é o poder de quem pode fazer" (Ep. 137,2,8).

Explica também que Maria emitiu o seu propósito de virgindade antes mesmo da Anunciação, dando início ao ideal cristão da virgindade (Serm. 51,26) e que, embora tenha sempre permanecido virgem, era verdadeiro o matrimônio e o afeto conjugal que a unia a José (De nupt. Et conc. 1,11,12).

Também é um expoente da maternidade divina e não duvida em afirmar que "Deus nasceu de uma mulher" (De Trin. 8,4,7).

- "Como é possível confessar na regra de fé que cremos no Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, se se nascido de Maria foi não o Filho de Deus, mas o Filho do homem? Que cristão nega que dessa mulher nasceu o Filho do homem? Mas, Deus feito homem e, portanto, o homem feito Deus" (Serm. 186,2).

Um episódio em seu conflito com o Pelagianismo deu margem para que Santo Agostinho expressasse a sua opinião acerca do estado imaculado da Virgem Maria. Juliano, discípulo de Pelágio, escreveu a Santo Agostinho: "Tu entregas Maria ao diago em razão do nascimento"; ou seja, se [Agostinho] afirmava que o pecado original era transmitido pela geração natural, Maria teria sido súdita do diabo, porque desta maneira descendeu e deste modo foi concebida por seus pais. A isto contestou Santo Agostinho:

- "Não confiamos Maria ao diabo pela condição de seu nascimento, mas que a condição do nascimento foi eliminada pela graça da regeneração" (C. Iul. O. i. 4,122).

Também declarou a este respeito, falando do pecado:

- "Exceção feita à santa Virgem Maria, a qual, pela honra devida ao Senhor, não tolero em absoluto que se faça menção ao se tratar de pecado" (De nat. et. gr. 36,42).

Assim, na concepção do Santo, Maria é modelo da Igreja, pelo esplendor de suas virtudes e pela graça de ser corporalmente o que a Igreja deve ser espiritualmente, isto é, virgem e mãe; virgem pela integridade da fé, mãe pelo fervor da caridade (Serm. 188,4; 191,4; 192,2).

Resta claro que os protestantes não concordariam com o pensamento do Santo em nenhum dos pontos anteriores...

Santo Agostinho, o Pecado Original e a Necessidade do Batismo

Santo Agostinho é um dos maiores defensores da doutrina do pecado original e da necessidade do batismo. Para ele, todos, inclusive os que nascem de um matrimônio de crentes, devem ser regenerados pelo batismo, ao qual chama "banho de regeneração", já que diferentemente dos pecados pessoas, o pecado original se contrai do pais:

- "...declararei, segundo a fé católica, que qualquer que seja o seu nascimento, [as crianças] são inocentes no que diz respeito aos pecados pessoais e culpadas em razão do pecado original" (Contra Iulianum Pelagianum III, XXIII, 52).

Para o Santo, a heresia pelagiana é extremamente grave por negar às crianças o revestimento de Cristo.

- "Este nosso adversário, afastando-se da fé apostólica e católica com os pelagianos, não quer que os que nascem estejam sob o domínio do diabo, para que as crianças não sejam levadas a Cristo, arrancadas do poder das trevas e levadas para o Seu reino. E especialmente acusa a Igreja espalhada pelo mundo inteiro, onde todas as crianças durante o batismo recebem em todas as partes o rito da insuflação não por outra razão senão para lançar para fora delas o príncipe do mundo, sob o domínio necessariamente estão os vasos de ira desde que nascem de Adão e não renascem em Cristo; [renascidas em Cristo,] são transladadas para o Seu Reino, já que se tornam vasos de misericórdia pela graça" (Contra Iulianum Pelagianum II, XVIII, 33).

Imerso no pensamento da época, Santo Agostinho tem dificuldades para vislumbrar qual será o estado das crianças nascidas sem o batismo e, inclusive, declara-se ignorante da natureza da pena que poderá ocasionar-lhes este estado:

- "...Não digo que as crianças que morrem sem o batismo de Cristo serão castigadas com uma pena tão grande que mais lhes valeria não terem nascido, porque o Senhor não pronunciou estas palavras fazendo referência a qualquer pecador, mas dos criminosos e ímpios. Se a sentença que pronunciou sobre Sodoma não deve ser entendido somente em relação aos sodomitas, já que no dia do juízo alguns serão castigados mais gravemente que outros, quem pode duvidar que as crianças não batizadas, que morrem sem pecado pessoal algum, apenas com o [pecado] original, sofrerão a pena mais leve de todas? Ignoro qual será a natureza desta pena... porém, vós, que os considerais livres de toda culpa, não queirais pensar na classe de penas a que condenais [essas crianças], privando da vida e do reino de Deus a tantas imagens suas, separando-as de seus piedosos pais, a quem tão claramente exortais a procriar. É injusto que as crianças sofram castigo se não tiverem pecado; porém, se seu castigo é justo, é necessário reconhecer nelas a existência do pecado orginal" (Contra Iulianum Pelagianum III, XI, 44).

Em sua carta a São Jerônimo, escreveu:

- "Sou vítima de grandes angústias, acreditai, quando se toca neste ponto sobre o castigo das crianças e não sei absolutamente o que responder" (Ep. 166,6,16: PL 33,727).

A Igreja hoje reconhece a necessidade do batismo para a salvação, mas também reconhece que é possível haver salvação para as crianças não batizadas, por "caminhos desconhecidos por ela".

Antes de comparar a posição de Santo Agostinho com o mundo protestante, temos que esclarecer que entre estes há duas posturas dissonantes. Os anabatistas (maioria atualmente), que negam a existência do pecado original e a necessidade do batismo das crianças e os de tendência luterana e calvinista, que confessam crer na doutrina do pecado original. Em suas confissões de fé - como a de Augsburgo de 1530 - se lêem condenações à posição anabatista e se professa a necessidade de batizar as crianças para que estas se salvem; a confissão de Westminster reconhece a necessidade do batismo e considera pecado grave o descuido e menosprezo do sacramento (no entanto, admite que é possível alguém obter a salvação sem que tenha sido batizado). Com efeito, pode-se dizer que a posição de Santo Agostinho é radicalmente oposta à majoritária tendência anabatista e eu me atreveria a afirmar que ele a combateria com o mesmo fervor e eficácia com que combateu ao Pelagianismo.

É curioso que tenham sido as denominações protestantes que ressuscitaram a heresia da negação do pecado original, pois isto implica na depreciação da necessidade da obra redentora de Cristo, explicada claramente pelo apóstolo São Paulo no capítulo 5 da epístola aos Romanos.

Conclusão

Santo Agostinho era protestante? Se sim, deve-se contestar as seguintes perguntas:

1. Os protestantes crêem que os bispos de Roma são os sucessores do apóstolo Pedro e a Sé Apostólica é a Igreja de Roma? Reconhecem as determinações do Papa em matéria de fé e se submetem à sua censura?

2. Os protestantes crêem que não é herege quem erra na fé, mas aquele que resiste à doutrina católica que lhe é manifestada?

3. Os protestantes opinam que não creriam no Evangelho se não lhes movesse a autoridade da Igreja Católica?

4. Os protestantes crêem que é a Igreja Católica quem transmite a Tradição e a interpreta, resolve as controvérsias e prescreve a regra de fé?

5. Os protestantes crêem que deve-se permanecer seguro na Igreja qualquer que seja a dificuldade que se lhes apresente?

6. Os protestantes crêem que Deus assentou a doutrina da verdade na cátedra da unidade?

7. Os protestantes crêem que Maria permaneceu Virgem por toda a vida?

8. Os protestantes crêem que Deus nasceu de uma mulher?

9. Os protestantes crêem que, no que tange a Maria, é intolerável que se fale de pecado?

10. Os protestantes crêem que o batismo é necessário para a salvação, removendo o pecado original e os demais pecados?

11. Os protestantes crêem que é imoral negar o batismo às criança, já que se lhes impede de revestirem-se de Cristo e nascer novamente?

Se a todas essas questões você puder responder com um "sim", então Santo Agostinho era protestante (e se fosse assim, quem nos dera que tivéssemos mais protestantes assim!).

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BIBLIOGRAFIA:
1. BAC 422. Patrología III, Instituto Patriótico Augustinianum.
2. BAC 457. Obras Completas de San Agustín, XXXV.
3. Catecismo Oficial da Igreja Católica.
4. Diccionario de patrística, Cesar Vidal Manzanares.
5. Mariología, José C. R. García Paredes.
6. Early Church Fathers [CCEL].


Fonte: http://www.apologeticacatolica.org/
Tradução: Carlos Martins Nabeto

O Batismo das crianças e o sentido da vida


O Batismo das crianças e o sentido da vida

Meditação para a festa do Batismo do Senhor
Por Pe. Anderson Alves

ROMA, 13 de Janeiro de 2013 (Zenit.org) - Terminamos o período de Natal celebrando o Batismo de Jesus no rio Jordão por João Batista. O motivo é que nesse dia o Céu se abriu sobre o Senhor, o Espírito Santo desceu sobre Ele de modo visível e se escutou a voz do Pai que disse: «Este é o meu Filho, o amado, em quem me comprazo». O que aconteceu com o Senhor naquele dia, ocorre com o cristão no dia do seu Batismo. O Céu que tinha sido fechado após o pecado dos nossos primeiros pais é reaberto para cada homem no dia do seu Batismo. Então o Espírito Santo vêm ao seu encontro, fazendo-o membro da Igreja, o corpo de Cristo e lhe é dirigida a Palavra do Pai: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo».

Cristo foi batizado adulto, no início de sua vida pública. Então, poderíamos nos perguntar por que somos batizados quando somos recém-nascidos. E hoje em dia, por influxo de certa cultura pagã, é cada vez mais comum perguntar: «É justo batizar uma criança inconsciente e que não tenha feito o percurso catecumenal?» Ou então: «podemos impor a uma criança uma religião? Não deveríamos deixá-la crescer para escolher por si mesma?»

No ano 2012, numa lectio divina à diocese de Roma, o Papa Bento XVI afrontou a estas questões, dizendo coisas surpreendentes. Em primeiro lugar, essas questões nos mostram «já não vemos na fé cristã a vida nova, a vida verdadeira, mas vemos uma escolha entre outras, e também um peso que não se deveria impor sem obter o assentimento da parte do sujeito»[1]. E isso é uma triste verdade. Aqueles que se fazem essas perguntas esqueceram-se de que o Cristianismo é o dom gratuito de um Deus que é Pai, que por amor nos criou e redimiu com o sangue de seu Filho. De modo que o Cristianismo pode parecer um fardo aos que ignoram os dons recebidos e que não percebem que a moral cristã é um caminho de busca do perfeito crescimento das mais altas capacidades humanas. A Ética cristã não é o seguimento de um código moral abstrato e frio, mas a busca apaixonada pelas verdadeiras virtudes, presentes em Jesus Cristo.

O Papa disse naquela ocasião que a realidade é diferente de como a julgam os opositores do Batismo das crianças. De fato, o Cristianismo é o encontro definitivo de Deus com o homem. É a doação total de Deus, que criou todas as coisas por amor e que fez o homem à sua imagem e semelhança a fim de que esse possa participar na sua felicidade. O Cristianismo é a fonte da verdadeira alegria e a sua moral não é um fardo, mas uma estrada que leva à verdadeira felicidade, que indica o verdadeiro sentido da liberdade, ligada sempre à responsabilidade e ao amor de benevolência.

Atualmente há cristãos que se deixam influenciar pelo pessimismo de um ambiente pagão e chegam a se perguntar por que Deus criou todas as coisas, por que ele fez o homem livre, permitindo assim a existência do mal? A resposta da fé cristã diz que Deus ama e por esta razão criou todas as coisas livremente, comunicando assim o seu amor paternal. E a quem insiste perguntando por que ele nos amou e criou, a resposta é simplesmente que o verdadeiro amor não há um porquê. Por que os nossos pais nos amam? O verdadeiro amor não tem um motivo, mas é sempre algo livre, total e generoso. E somente esse amor nos torna livres e responsáveis.

Por que então batizar as crianças? Deveríamos perguntar-lhes se querem ou não? O Papa lembrava que também a vida nos é dada sem que possamos escolher previamente se a queremos ou não; a vida nos é dada necessariamente sem o nosso consentimento. «É justo doar a vida neste mundo, sem ter recebido o consentimento (“queres viver ou não?”)? Pode-se realmente antecipar a vida, doar a vida sem que o sujeito tenha tido a possibilidade de decidir?». E respondia o Papa dizendo que é possível e justo para os pais gerar a vida, somente se eles têm a garantia de que, apesar de tudo, é bom viver. Ou seja, somente quando se há esperanças, tem-se a garantia de que a vida é boa, protegida por Deus e é um verdadeiro dom. Quando há esperanças, existe a resposta pelo sentido da vida, e a justificativa para que essa seja doada com generosidade. De modo que os pais realmente cristãos sabem que o Batismo é essa “garantia” de que a vida é boa, protegida por Deus, que é o verdadeiro Amor. O Batismo é, pois, a antecipação do sentido da vida, o “sim” de Deus que protege a vida e justifica a sua doação.

Sendo assim, o Batismo das crianças não é contrário a liberdade pessoal e é necessário que os pais pensem nesse dom como uma garantia de vida eterna para poder justificar o dom da vida aos seus filhos. Caso contrário, a vida se torna um bem questionável. «Só uma vida que está nas mãos de Deus, nas mãos de Cristo, imersos em nome do Deus trino, é certamente uma coisa boa que você pode dar sem escrúpulos”, dizia então o Papa.

O mundo atual se esqueceu de que o Batismo nos faz verdadeiros filhos de Deus e por isso desvaloriza a vida. Nós, cristãos, devemos agradecer a Deus porque Ele, ao fazer-nos compreender o valor do nosso Batismo, nos faz reconhecer a importância de cada vida humana, em todas as suas fases e condições. Quem acredita realmente na vida eterna, que começa com o Batismo, sabe valorizar a vida presente, defendendo-a do perigo da manipulação e de outros interesses perversos. Agradeçamos a Deus pelo nosso Batismo, que nos faz filhos de Deus, membros do Corpo de Cristo e templos do Espírito Santo. Este grande dom deu o verdadeiro sentido das nossas vidas e não pode ser negado às novas gerações: somos filhos de Deus e estamos em caminho, não em direção à morte, mas à vida eterna com Deus que é Pai e Senhor de todas as coisas.

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.

[1] PAPA BENTO XVI, "Lectio Divina" no Congresso Eclesial da Diocese De Roma, Basílica de São João de Latrão, 11/06/2012. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2012/june/documents/hf_ben-xvi_spe_20120611_convegno-ecclesiale_po.html

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Testemunho: Filho de Pastores protestantes converte-se ao Catolicismo


Testemunho: Filho de Pastores protestantes converte-se ao Catolicismo.

Apostolado SCR

Chamo me, Manuel da Costa, tenho 31 anos e sou  filho de Pais Pastores, desde infância  os meus Pais colocaram nos na Igreja e nos ensinaram a temer  á Deus. Durante 22 anos vivi na Província de Cabinda (Angola) depois fui para a Capital Luanda (Angola) para fazer a faculdade de Engenharia Informática. A minha irmã que me recebeu na Capital era da Igreja Pentecostal, ela tinha um carinho aos Pastores Adventistas ela comprava Pregações e estudos de profecias sobre o apocalipse.

Mesmo não sendo Adventista achei interessante destas aulas, comecei a estudar grandemente estas matérias, até que  no ano 2008 tomei decisão de receber o Batismo por imersão na Igreja onde o meu Pai era Pastor. Comecei a participar ativamente na Igreja e a ocupar alguns cargos como secretário  da Paróquia, comecei  a ter um fanatismo aos pastores Adventista e repetia como um Papagaio  de que o Santo Padre é a besta do Apocalipse 13 e a Igreja Católica  era a babilônia descrito no apocalipse 17. Cheguei  a pensar que a Igreja Adventista é que prega a verdade, eu sinceramente comecei a desprezar todas Igrejas protestantes inclusive onde eu era membro, isto porque os estudos adventistas me convenceram do Sábado e da Mortalidade da Alma. Muitas coisas sobre o Catolicismo que eu não sabia muito bem eu repetia sem que primeiro  ter estudado o problema.

Conheci uma jovem  Católica que atualmente é a minha esposa, eu a atacava sempre ,e ela  humildemente não conseguia se defender mesmo tendo os sacramentos. Me lembro uma vez fui a uma feira de livros da Religião ISLÂMICA onde encontrei um livro que mostrava a diferença entre o Cristianismo e o Islão, tentei debater com um Islâmico ele me derrubou com seus argumentos e fiquei sem respostas para defender o Cristianismo, ele me perguntou “porque é que os cristãos tem bíblias diferentes? Será que foi  inspiração de Deus?” me falou dos concílios  eu nem sabia o que era.

Esta vergonha que eu passei de não defender o cristianismo,me levou a estudar para saber como defender a religião cristã,surgiram muitas dúvidas na minha cabeça.

Comecei a procurar na Internet sites para estudo do cristianismo e comecei a ler a história do cristianismo,a historia do Cânon bíblico.

O que me surpreendeu mais é o nível de argumentos dos ex-protestantes, comecei a encarar que  os testemunhos de ex-protestantes eram mais sábios e  com argumentos bíblicos e histórico, eu nem sabia o que era  a Patrística… O testemunho do Ex-Pastor Casanova me deixou perplexo com tamanha argumentação bíblica e da história do Cristianismo.

O vídeo que roda na Internet onde o Pe. Paulo Ricardo responde a um protestante que diz sobre a Babilônia descrito no Apocalipse, me lavou  de toda ignorância que eu tinha aprendido dos Adventistas sobre o Apocalipse 17.

Naquele  momento comecei a encarar o Protestantismo como uma religião caluniadora, que confunde a Igreja com os membros da Igreja.

Graças a Deus no dia 19 Agosto de 2011, casei na Igreja Católica  com a minha esposa durante a celebração do matrimônio fiz a profissão de fé e pela primeira vez recebi a sagrada hóstia.

Meus queridos irmãos Protestantes  e Católicos,  só existe uma verdade que vêem de Deus,pra saber esta verdade só é possível no Magistério da Igreja que são Paulo chama de Coluna da Verdade(I Timotéo 3:15-17).

Dizer que não existiu Igreja depois dos Apostólos, e negar a história Cristã  e negar todos os Pais da Igreja dos primeiros séculos.
“Papias, Policarpo, Inácio, Tertuliano, Justino, Irineu, Cipriano, Dionísio, Clemente, Euzébio de Cesaréia, Agostinho, Jerônimo entre outros”

Dizer que o Constantino fundou a Igreja Católica como eu pensava é ignorar a História do Cristianismo e jogar a bíblia  no lixo.
“Antes do Edito de Milão de 313 já havia passado 32 Papas na História da Igreja, e o Papa do ano 313 era o PAPA Melcíades”

Dizer que a bíblia é palavra de Deus, só é possível pela Igreja,porque ela não veio do céu por fax, foi discutido e confirmado nos concílios da Igreja Católica pelos Bispos (Concilio de Hipona 393, Cartago III 397)
Dizer que a Igreja apostatou é negar a Palavra do Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 16:18) “As portas do inferno não prevalecer contra a Igreja”.
Dizer que todos podem interpretar a bíblia é falta de respeito  a bíblia (2Pedro 1:20-21) “Nenhuma profecia é particular Interpretação ”.
Dizer que  Lutero foi contra a Igreja é ser ignorante com a  realidade da história, nas 95 teses Lutero não condena a Igreja nem tão pouco o Santo Padre,mas ele condenou os abusos que eram feito pelo alguns sacerdotes
Vejamos  os seguintes pontos das 95 teses  de Lutero

42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

71.  Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

Se Lutero era inspirado por Deus, porque os protestantes reprovam as indulgências, já que ele mesmo afirma que é um verdade apostólica?
A premissa de que Lutero estava certo, isto abre margem de  colocar Arius, Nestório, Pelagius, Montanu, Marcião como também homens inspirados. Felizmente são tido como hereges pelo cristãos  Protestantes e quem os condenou foram os Papas.
Dizer que as 33 mil Igrejas existente  são verdadeiras é falta de respeito a própria palavra de Deus (Efesios 4:1-6, I corintios 12-13, João 10:16, João 17:21-23).
Dizer que o concilio é uma obra dos homens e falta de respeito a palavra de Deus porque os apóstolos resolveram contradições doutrinárias  nos concílios (Atos 15).
Dizer que todos são inspirado pelo espirito Santo é falta de respeito a palavra de Deus. (Joao 16:13).
Dizer que não existe a primazia Petrina e Apostólica e falta de respeito a bíblia.
Mateus 16:16-18.(Decidir sobre a fé e a moral)

Mateus 18:18(decisão apostólica)

Lucas 22:31-32(Confirmar na fé os irmão=os irmão da Igreja).

Joao 21:15-17(Apascentar o rebanho =dirigir a Igreja).

Dizer que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo são a favor a divisão é falta de respeito a Bíblia. (Romanos 16:17-18,Efesios 4:14).
Hoje sou Católico graças á Deus, com muita convicção, não duvido daquilo que o Magistério  da Igreja. Para não cair em heresias só dou ouvido ao que o Magistério ensina no Catecismo, documentos oficias da Igreja ,nas enciclias dos Papas,no missal ,porque Jesus disse “ Quem ouve o Magistério  a Jesus ouve,e quem rejeitar o Magistério rejeita Jesus Cristo e consequentemente rejeita ao Deus Pai”(Lucas 10:16).

Agradeços a todos os Cristãos que me levaram  a amar a Palavra de Deus e de conhecer a Santa Igreja Católica,os meus agradecimentos especias ao Professor Felipe Aquino, Cris Macabeus do site (asmentirasdoapocalipse), Helen do site (igrejamilitante), Rafael do Site (sadoutrina)

“Quem houve a Igreja jamais caíra no erro”,porque a Igreja é a coluna da Verdade (I Timotéo 3:15-17).

Feito em Luanda-Angola , aos 30-07-2012

fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/32129-testemunho-filho-de-pastores-protestantes-converte-se-ao-catolicismo