quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ex-anglicanos ordenados na Inglaterra

17 novos diáconos para Ordinariato Pessoal Westminster, Inglaterra, 31 de maio de 2012 (Zenit.org) -. Dezessete homens foram ordenados diáconos dia 26 de maio na Catedral de Westminster. Os homens - todos antigos clérigos anglicanos - foram ordenados, a pedido de Monsenhor Keith Newton, o  do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, a ordenação diaconal foi presidida pelo bispo auxiliar de Westminster e ex-anglicano, AlanHopes. A celebração marca o segundo ano de ordenações para o Ordinariato, que foi criada em 2011 e permitem os Anglicanos de entrar em plena comunhão com a Igreja Católica, mantendo os elementos essenciais do seu património litúrgico e espiritual. Entre os ordenados estavam ex-clérigos anglicanos da Escócia, Darlington, Portsmouth, Northampton e Oxford. A homilia foi feita pelo Dom Andrew Burnham, ex-bispo Anglicano de Ebbsfleet e agora um assistente para o Ordináriato. Ele conclamou os católicos a oferecer o seu apoio incondicionado ao Ordinariato, seguindo o exemplo do Santo Padre. Comentando sobre o fato de que com a criação do Ordinariato a Igreja Católica na Inglaterra em breve terá mais oitenta sacerdotes, ele disse: "Nós recebemos muito mais do que nós podemos levar”. Um outro grupo de ordenações diaconais é esperado durante o verão.

sábado, 26 de maio de 2012

A Eucaristia vence a incredulidade

A Eucaristia vence a incredulidade
O que é mais difícil: operar um prodígio contra a natureza, ou converter um pecador empedernido? Os dois milagres, realizou-os Santo Antônio de Pádua, em sua curta vida. No entanto, desejosos de novidades e prodígios que satisfaçam o anseio de grandes sensações, os homens dão geralmente mais importância aos milagres que beneficiam o corpo, do que à graça de Deus que salva as almas. Talvez, por isso, não se dê o devido valor ao maior dom que Jesus nos deixou: sua presença real no sacramento da Eucaristia.

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Santo Antônio e o milagre da mula
Com esta dificuldade se deparou também Santo Antônio, em suas pregações no sul da França, na cidade de Toulouse.
Um dia teve diante de si um pecador dos mais duros, e que não acreditava no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Santo Antônio dava as razões, expunha os argumentos, com tanta virtude e sabedoria, que o homem aca-bou se calando, sem saber o que dizer. Estava abalado, mas não queria entregar-se:
"Sim, vejo que tendes razão, mas quero apenas uma coisa... deixe de palavras e vamos aos fatos. Se podeis provar, por algum milagre, em presença de todo o povo, que o Corpo de Cristo está realmente na hóstia consagrada, eu abandonarei os meus erros e me tornarei católico!...
"Aceito!", disse o Santo, cheio de confiança na onipotência e misericórdia de seu divino Mestre.
"Então fazei o que vos peço... Tenho em minha casa uma mula. Vou trancá-la e deixá- la sem alimento algum. Depois de três dias, levarei essa mula diante de vós e diante de todo o povo. Em frente à mula colocarei aveia em quantidade, e vós apresentareis aquilo que dizeis que é o Corpo de Jesus Cristo. Se o animal, morto de fome, abandonar a comida para ir de encontro a esse Deus que, conforme dizeis, deve ser adorado por toda criatura, eu de todo coração acreditarei nos ensinamentos da Igreja Católica."
Passam-se os dias, até que chega a data fixada. O povo veio de todas as partes e encheu a grande praça na qual a prova devia dar-se. Todos aguarda¬vam numa expectativa fácil de imagi¬nar. Muito perto dali, Santo Antônio celebrava a Santa Missa numa capela.
Eis que surge então o incrédulo, trazendo sua mula e fazendo vir a ração preferida pelo animal. Uma multidão de seus seguidores o acompanhava, certa da vitória.
No mesmo momento, saindo da capela, Santo Antônio surgiu com o Santíssimo Sacramento nas mãos. Um silêncio enorme se fez... e a voz forte do Santo cortou os ares:
"Em nome e pela virtude de teu Criador, que eu embora indigno, trago em minhas mãos, eu te ordeno, pobre animal, que venhas sem demora inclinar-te humildemente diante do Rei dos Reis. É preciso que esses homens reconheçam que toda criatura deve submeter-se ao Deus Criador que todo sacerdote católico tem a honra de fazer descer sobre o altar!"

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Ao mesmo tempo, ofereceu-se aveia à mula que estava morta de fome...
E o prodígio se deu! O animal, sem dar qualquer atenção à aveia que lhe ofereciam, e não atendendo senão às palavras de Santo Antô­nio, inclinou-se ao nome de Jesus Cristo, dobrou os joelhos e prostrou-se diante do Sacramento da vida, em sinal de adoração!
Uma jubilosa manifestação dos cató­licos se assenhoreou da praça, enquanto os outros eram tomados de espanto e confusão. O dono da mula, porém, mantendo a promessa que fizera a Santo Antônio, abandonou seus erros e tornou-se fiel filho da Santa Igreja.
A Eucaristia vencera a incredulidade!
Necessitou este pobre homem de um milagre portentoso para crer. Mas, milagre muito maior operou Jesus Eucarístico na alma dele. Pois tendo esse pecador perdido a Fé, e estando morto para a graça, Deus fez reviver nele a vida divina reconduzindo-o à comunhão da Igreja. E a conversão que os argumentos lógicos de um santo não conseguiram obter, num instante, Jesus Eucarístico realizou.
Certamente, também a esse homem, Jesus fez ressoar no interior da sua alma palavras de bondade, semelhantes às que Ele disse a uma religiosa espanhola, Irmã Josefa Menéndez:
"Dizei aos homens que naquela hora (Santa Ceia), não podendo conter o fogo que Me consome, inventei esta maravilha do Amor que é a Eucaristia. Porque a Eucaristia é a invenção do Amor!
"É por amor às almas que sou Prisioneiro na Eucaristia. Ali permaneço para que possam vir com todas as suas mágoas consolar-se junto do mais terno e melhor dos pais e do Amigo que nunca as abandona. E esse amor que se esgota e se consome pelo bem das almas não encontra correspondência...!
"Ah! pobres pecadores! Não vos afasteis de Mim! Noite e dia, espero-vos no Tabernáculo... Não vos censurarei os crimes cometidos, não vô-los lançarei em face.
"Não vos deixeis arrastar por mil preocupações inúteis e reservai um momento para visitar e receber o Prisioneiro de Amor!
"Quando está vosso corpo enfraquecido ou doente, não encontrais tempo para ir ao médico que há de curar-vos?... Vinde, pois, Àquele que pode dar à vossa alma força e saúde e dai uma esmola de amor a Este Prisioneiro divino que vos espera, chama e deseja!
"Habito entre os pecadores para lhes ser Salvação, Vida, Médico e ao mesmo tempo Remédio em todas as doenças geradas pela natureza corrompida. Em paga, eles afastam-se, ultrajam-me e desprezam-me!...

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Santo Padre faz sua adoração
ao Santíssimo Sacramento
"E, no entanto, estou no tabernáculo toda a noite e espero... Desejo ardentemente que Me venham receber... que me peçam conselho e solicitem a graça de que precisam...
"Ó vós, almas queridas, por que sois tão frias e indiferentes ao meu Amor?... Não tereis um instante para Me dar alguma prova de amor e gratidão?
"Eu tenho uma sede ardente de ser amado pelos homens no Santíssimo Sacramento, e não encontro quase ninguém que se esforce por satisfazer esse desejo e que retribua esse amor!"
Estas palavras, Jesus as dirige a cada um de nós... a você leitor, que corre os olhos por estas linhas. É do Sacrário da igreja paroquial, onde Ele está encerrado, dia e noite, que também lhe faz um afetuoso convite: você não tem um minutinho de seu dia para vir Me visitar?
(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2002, n. 1, p. 24-25
)

Vigilia de Pentecostes - Testemunhar pela força do Espírito


Testemunhar pela força do Espírito 
Padre José Augusto
Foto: Natalino Ueda
“Se alguém tem sede, venha a mim, e beba38.quem crê em mim” — conforme diz a Escritura: “Do seu interior correrão rios de água viva”. Ele disse isso falando do Espírito que haviam de receber os que acreditassem nele; pois não havia ainda o Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado.” Jo 7, 37 

Um das coisas que marcou a Igreja foi a descida do Espírito Santo. E o que identifica os carismáticos é o Batismo no Espírito.

Há ciquenta dias atrás, às três horas da tarde, nśo estávamos celebrando a Paixão do Senhora, a Igreja estava triste pois Jesus tinha morrido, mas antes de Jesus morrer, na Quianta-feira Santa, Jesus estava reunido com seus discípulos. Nesta Ceia, ocorreu a Instituição da Eucaristia e também do sacerdocio. Foi nessa Ceia, que Jesus falou do Espírito Santo.

“Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo.” Jo 15, 26-27

Foi preciso que Jesus morresse e fosse glorificado para que nós recebêssemos o Espírito Santo. Sabemos que em nossa humanidade, é difícil dar o testemunho que o Senhor nos pede:

“Eu vos disse estas coisas para que vossa fé não fique abalada. Sereis expulsos das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos matar, julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim por não terem conhecido nem ao Pai, nem a mim. Eu vos falei assim, para que vos recordeis do que eu disse, quando chegar a hora. “Eu não vos disse isso desde o começo, porque eu estava convosco.” Jo 16, 1-4

O Espírito veio sobre nós, para possamos dar seu testemunho a todos. O mais difícil é encaramos uma sociedade que vai contra os valores católicos. Os dons que o Senhor nos concede é para nos ajudar nesse anúncio. 
"Estamos dispostos a dar a vida por Jesus?" Padre José Augusto
Foto: Natalino Ueda
 No fim do evangelho vemos que todas essas coisas irão acontecer depois que Jesus for glorificado, a glorificação que se refere é a cruz, Ele ficou de braços abertos e depois disse “Em tuas mãos entrego o meu espírito”. Ou seja, quando Ele for glorificado o Espírito Santo virá. 
“Assim Jesus falou, e elevando os olhos ao céu, disse: 'Pai, chegou a hora. Glorifica teu filho, para que teu filho te glorifique, assim como deste a ele poder sobre todos, a fim de que dê vida eterna a todos os que lhe deste.” Jo 17, 1-2 O Pai glorifica o Filho na cruz e o Filho glorifica o Pai na cruz. Perceba que depois de dizer isso, Ele assumiu a cruz e se entregou por nós.

No domingo da Ressurreição, as mulheres viram que Jesus havia ressuscitado: “Por que procuras entre os mortos aquele que Vive”, disse o anjo Depois disso, Ele aparecesse aos apóstolos, até chegar o momento em que Ele foi para o Céu, após a Ascensão do Senhor, estamos vivendo o tempo da espera do Pentecostes que o Senhor nos prometeu: “Então os apóstolos deixaram o monte das Oliveiras e voltaram para Jerusalém, à distância que se pode andar num dia de sábado. Entraram na cidade e subiram para a sala de cima onde costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de Tiago. Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres — entre elas, Maria, mãe de Jesus — e com os irmãos dele.” At 1,12

“Ao tomar a refeição com eles, deu-lhes esta ordem: “Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai.” At 1, 4

Precisamos dar testemunho nesse mundo secularizado, que quer tirar os crucifixos dos locais públicos. Sejamos diferentes! Testemunhemos o Nome de Jesus nessa sociedade que age de forma paganizada.

Para aqueles que quiserem receberem a coragem, a receberão quando o Espírito vier. Para saber se você tem o Espírito Santo, basta saber se você age com medo quando é contrariado, quando age conforme a Igreja. Mas, se você não esmorece diante da dificuldade é porque você está repleto do Espírito Santo.

“Quando uma pessoa está repleta do Espírito Santo ela esquece que pertence a este mundo e age como se estivesse no Céu.” São João Maria Vianney

A nossa verdade deve estar baseada na Igreja. Quem está com Jesus, está com o Espírito Santo, com a Igreja e com o Papa Bento XVI, pois negar o nome de Jesus significa negar a salvação.



Transcrição e adaptação: Luana Oliveira

Padre José Augusto 
Padre da Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Silêncio e Palavra: caminho de evangelização"

Mensagem do Papa Bento XVI para o 46° Dia Mundial das Comunicações Sociais.

CIDADE DO VATICANO, sábado, 19 de maio de 2012 (ZENIT.org) - Apresentamos a mensagem do Papa Bento XVI para o 46° Dia Mundial das Comunicações Sociais. O tema escolhido pelo Papa foi: "Silêncio e palavra: caminho de evangelização".

Amados irmãos e irmãs,
Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.
O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.
Grande parte da dinâmica actual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada, permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta que Deus inscreveu no coração do homem.
No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que dêem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante troca de cépticas opiniões e experiências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, «quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011).
Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem actual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade. Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 30 de Setembro de 2010, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.
Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. Desta contemplação nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de «anunciar o que vimos e ouvimos», a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva.
Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio de «acções e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido» (Const. dogm. Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude da toda a Revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.
Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante paras os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da acção comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio «escuta e faz florescer a Palavra» (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Loreto, 1-2 de Setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.
Vaticano, 24 de Janeiro – dia de São Francisco de Sales – de 2012.
BENEDICTUS PP. XVI

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A força da oração incessante



A força da oração incessante
Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 09 de maio de 2012(ZENIT.org) Apresentamos a seguir a catequese de Bento XVI  dirigida aos fiéis e peregrinos reunidos nesta quarta-feira, 9, na Praça de São Pedro. A oração foi concluída com a oração do Pater Nostrie a Benção Apostólica.
 Queridos irmãos e irmãs! 
Hoje gostaria de deter-me sobre o último episódio da vida de São Pedro narrado nos Atos Apóstolos: a sua prisão segundo o querer de Herodes Agripa e a sua libertação pela intervenção prodigiosa do Anjo do Senhor, na vigília do seu processo em Jerusalém (At 12,1-17).
A narração é mais uma vez marcada pela oração da Igreja. São Lucas, de fato, escreve: "Enquanto Pedro estava no cárcere, da Igreja subia incessantemente a Deus uma oração por ele" (At 12,5). E depois de ter milagrosamente deixado o cárcere, em ocasião de sua visita à Casa de Maria, a mãe de João Marcos, se afirma que “muitos estavam reunidos e rezavam” (At 12,12). Entre essas duas anotações importantes que ilustram a atitude da comunidade cristã diante do perigo e da perseguição, é narrada a detenção e a libertação de Pedro, que compreende toda a noite. A força da oração incessante da Igreja se eleva a Deus e o Senhor escuta e realiza uma libertação impensável e inesperada, enviando seu Anjo.
A narração enfatiza os grandes elementos da libertação de Israel da escravidão do Egito - a Páscoa hebraica. Como aconteceu naquele evento fundamental, também aqui, a ação principal é cumprida pelo anjo do Senhor que liberta Pedro. E as mesmas ações do Apóstolo - ao qual foi pedido que se levantasse rapidamente, colocasse o cinto e o cingisse à cintura - relembram aquelas do povo eleito na noite da libertação por intervenção de Deus, quando convidado para comer às pressas o cordeiro, que estivessem cingidos, com sandálias aos pés, bastão nas mãos, pronto para sair do país (Ex 12,11). Assim Pedro pode exclamar: "Agora sei verdadeiramente que o Senhor mandou seu anjo e me arrancou das mãos de Herodes" (At 12,11). Mas o Anjo representa não somente aquele da libertação de Israel do Egito, mas também aquele da Ressurreição de Cristo. Narram, de fato, os Atos dos apóstolos: "Eis que se apresentou um anjo do Senhor e uma luz fulgurante tomou a cela. Ele tocou o lado de Pedro e o despertou" (At 12,7). A luz que preenche o local da prisão, a ação de despertar o apóstolo, remontam à luz libertadora da Páscoa do Senhor que vence as trevas da noite e do mal. O convite, de fato: "Coloques o manto e segue-me" (At 12,8), faz ressoar no coração, as palavras do chamado inicial de Jesus (Mar 1,17), repetida depois da ressurreição no lago de Tiberíades, onde o Senhor diz por duas vezes a Pedro: "Segue-me" (Jo 21,19.22). É um convite apressado de seguimento: somente saindo de si mesmo para colocar-se em caminho com o Senhor e fazer a sua vontade, se vive a verdadeira liberdade.
Gostaria de destacar também outro aspecto da atitude de Pedro na prisão; notamos, de fato, que, enquanto a comunidade cristã reza com insistência por ele, Pedro "dormia" (At 12,6). Em uma situação tão crítica e de sério perigo, é uma atitude que pode parecer estranha, mas que, ao invés, representa tranquilidade e confiança; ele se confia a Deus, sabe que está circundado pela solidariedade e pela oração dos seus e se abandona totalmente nas mãos do Senhor. Assim deve ser a nossa oração: assídua, solidária com os outros, plenamente confiante em Deus que nos conhece no íntimo e cuida de nós ao ponto que - diz Jesus - "até o cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo" (Mat 10, 30-31). Pedro vive a noite na prisão e da libertação do cárcere como um momento que faz parte da sua escolha em seguir o Senhor, o qual vence as trevas da noite e liberta da escravidão das cadeias e do perigo da morte. A sua é uma libertação prodigiosa, marcada por várias passagens descritas acuradamente: guiado pelo Anjo, apesar da vigilância dos guardas, atravessa o primeiro e o segundo posto de guarda, até a porta de ferro que o conduz para a cidade: e a porta se abre sozinha diante deles (At 12,10). Pedro e o Anjo do Senhor cumprem juntos uma parte da estrada, até que, entrando em si mesmo, o Apóstolo se dá conta que o Senhor realmente o libertou e, depois de ter refletido, se direciona à casa de Maria, a mãe de Marcos, onde 
muitos dos discípulos estão reunidos em oração; mais uma vez a resposta da comunidade diante da dificuldade e do perigo é confiar-se a Deus, intensificar o relacionamento com Ele. 
Aqui me parece útil enfatizar uma outra situação não fácil que viveu a comunidade cristã das origens. São Tiago fala sobre isso na sua carta. É uma comunidade em crise, em dificuldade, não tanto por causa das perseguições, mas porque dentro estão presentes ciúmes e contendas. (Tiago 3,14-16). E o Apóstolo se pergunta o porquê daquela situação. Ele encontra dois motivos principais: o primeiro é o deixar-se dominar pelas paixões, pela ditadura do próprio querer, pelo egoísmo (Tiago 4,3); o segundo é a falta de oração - “não pedis” (Tiago 4,2b) – ou a presença de uma oração que não se pode definir como tal - “pedis e não obtenhais, poque pedis mal, para satisfazer as vossas paixões. Essa situação mudaria, segundo São Tiago, se a comunidade falasse unida com Deus, pela continuidade de um diálogo vivo com o Senhor. Um aspecto importante também para nós e nossas comunidades, sejam aquelas pequenas como a família, sejam aquelas mais vastas como a paróquia, a diocese, a Igreja inteira. Me faz refletir que as pessoas rezaram nessa comunidade de São Tiago, mas rezaram mal, somente pelas próprias paixões. Devemos sempre de novo aprender a rezar bem, rezar realmente, orientar-se para Deus e não em direção ao bem próprio. 
A comunidade, em vez, que acompanha a prisão de Pedro é uma comunidade que reza verdadeiramente, por toda a noite, unida. E é uma alegria que não se pode conter aquela alegria que invade o coração de todos quando o Apóstolo bate inesperadamente a porta. São a alegria e o estupor diante da ação de Deus que escuta. Assim a Igreja eleva a oração por Pedro, e para a Igreja ele volta para narrar "como o Senhor o havia tirado da prisão" (At 12,17). Naquela Igreja onde ele é colocado como rocha (Mat 16,18), Pedro conta a sua ‘Páscoa’ de libertação: ele experimenta que no seguimento de Jesus está a verdadeira liberdade, se é envolvido por uma luz resplandecente da Ressurreição e por isso, se pode testemunhar até o martírio que o Senhor Ressuscitou e que verdadeiramente mandou o seu anjo que o arrancou das mãos de Herodes (At 12,11). O martírio que sofrerá depois em Roma o unirá definitivamente a Cristo, que o havia dito: quando fores velho outro te levará para onde não queres ir - para indicar com qual morte ele teria que glorificar a Deus. (Jo 21,18-19).
Queridos irmãos e irmãs, o episódio da libertação de Pedro narrado por Lucas, nos diz que a Igreja, cada um de nós, atravessa a noite da prova, mas é a vigilância incessante da oração que nos sustenta. Também eu, desde o primeiro momento de minha eleição como Sucessor de São Pedro, me senti sempre amparado pela vossa oração, pela oração da Igreja, sobretudo nos momentos mais difíceis. Agradeço de coração. 
Com a oração constante e confiante, o Senhor nos liberta das correntes, nos guia para atravessar qualquer que seja a noite de prisão que possa tomar nosso coração, nos dá a serenidade do coração para enfrentar as dificuldades da vida, também a rejeição, a oposição, a perseguição. O episódio de Pedro mostra essa força da oração. E o Apóstolo, mesmo acorentado, se sente tranquilo, na certeza de nunca estar sozinho: a comunidade está rezando por ele, o Senhor está próximo a ele; e mais ainda: ele sabe que a força de Cristo se manifesta plenamente na fraqueza" (II Cor 12,9). A oração constante e unânime é um precioso instrumento também para superar as provas que podem surgir no caminho da vida, porque é o estar profundamente unidos a Deus que nos permite de estarmos também profundamente unidos aos outros. Obrigado.

domingo, 6 de maio de 2012

É indispensável permanecer sempre unidos a Jesus


"É indispensável permanecer sempre unidos a Jesus"
Regina Coeli de Bento XVI no 5° Domingo do Tempo Pascal

CIDADE DO VATICANO, domingo, 06 de maio de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a seguir as palavras de Bento XVI dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos hoje na Praça de São Pedro.

Queridos irmãos e irmãs!
O Evangelho de hoje, 5º domingo do Tempo Pascal, se abre com a imagem da vinha. Jesus disse aos seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1). Muitas vezes, na Bíblia, Israel é comparada com a fecunda vinha quando é fiel a Deus; mas, se afasta-se Dele, torna-se estéril, incapaz de produzir aquele “vinho que alegra o coração do homem”, como canta o Salmo 104 (v.15).
A verdadeira vinha de Deus, a videira verdadeira, é Jesus, que com Seu sacrifício de amor nos doa a salvação, nos abre o caminho para ser parte desta vinha. E como Cristo permanece no amor de Deus Pai, assim, os discípulos, cuidadosamente podados pela palavra do Mestre (cfr Jo 15,2-4), são unidos de modo profundo a Ele, tornando-se ramos fecundos, que produzem abundante colheita.
São Francisco de Sales escreve: “O ramo unido e em conjunto com o tronco porta fruto não por virtude própria, mas em virtude da estirpe: agora, fomos unidos pela caridade ao nosso Redentor, como membros à cabeça; eis porque... boas obras, tendo o seu valor com Ele, merecem a vida eterna” (Tratado do Amor de Deus, XI, 6, Roma 2011, 601).
No dia de nosso Batismo, a Igreja nos envolve como ramos no mistério pascal de Jesus, em sua própria pessoa. Desta raiz recebemos a seiva preciosa para participar na vida divina. Como discípulos, também nós, com a ajuda dos Pastores da Igreja, crescemos na vinha do Senhor ligado pelo Seu amor.
“Se o fruto que devemos produzir é amor, uma condição prévia é precisamente este 'permanecer', que tem que ver profundamente com a fé que não se afasta do Senhor” (Jesus de Nazaré, Milão 2007, 305). É indispensável permanecer sempre unidos a Jesus, depender Dele, porque sem Ele não podemos fazer nada(cfr Jo 15,5).
Numa carta escrita a João, o Profeta, que viveu no deserto de Gaza no século V,um fiel faz a seguinte pergunta: Como é possível ter, ao mesmo tempo, a liberdade do homem e o não poder fazer nada sem Deus? E o monaco respondeu: Se o homem inclina seu coração para o bem e pede ajuda a Deus, recebe a força necessária para cumprir a própria obra. Por isso, a liberdade do homem e a potência de Deus caminham juntas. Isso é possível porque o bem vem do Senhor, mas ele é cumprido graças aos seus fiéis (cfr Ep. 763, SC 468, Paris 2002, 206). 
O verdadeiro “permanecer” em Cristo garante a eficácia da oração, como diz o beato cisterciense Guerric d'Igny: “Oh Senhor Jesus... sem Ti não podemos fazer nada. Tu, de fato, és o verdadeiro jardineiro, criador, cultivador e guardião de seu jardim, que planta com Tua palavra, irriga com Teu espírito, faz crescer com Tua potência” (Sermo ad excitandam devotionem in psalmodia, SC 202, 1973, 522).
Queridos amigos, cada um de nós é como um ramo, que vive somente se cresce cada dia, na oração, na participação aos Sacramentos, na caridade, a sua união com o Senhor. E quem ama Jesus, videira verdadeira, produz frutos de fé para uma colheita espiritual abundante. Suplicamos a Mãe de Deus para que permaneçamos firmemente implantados em Jesus e cada ação nossa tenha Nele o seu início e Nele o seu cumprimento.

(Tradução:CN notícias)