Nascido em berço evangélico, o regente Jailson Moura, 27, formado pela Escola de Música do Espírito Santo (FAMES), caminhou na religião proposta por Martinho Lutero por mais de 15 anos. Músico e regente na igreja evangélica, Jailson deixou os ensinamentos de Cristo sob a ótica de Lutero, para abraçar de corpo e alma a religião fundada por Jesus Cristo e assentada sobre Pedro: o catolicismo. E qual foi o forte motivo que o levou para a Igreja Católica? A primeira arte: a música. “Em outubro de 2013, escrevi um projeto para montagem da escola de música para a Igreja Católica… deste então fui me envolvendo com as pessoas da Igreja… Desde então comecei a amar a Igreja e a me dedicar mais. A música me levou para a Igreja Católica”, conta Jailson.
Jailson quer tornar a música erudita e orquestrada mais popularizada na Igreja Católica. O projeto Schola Cantorum, de sua autoria, é voltado para essa difusão da música orquestrada na Igreja. O maestro conta que teve total apoio do então pároco da Paróquia São Pedro, em Jacaraípe, Serra, Pe. Renato Paganini, hoje em Roma.
O projeto Schola atende as paróquias São Pedro, em Jacaraípe, e São Francisco de Assis, em Laranjeiras, que abrange 22 comunidades. Atualmente o projeto conta apenas com coristas, mas Jailson espera que até dezembro deste ano se forme uma turma para orquestra, para atender as missas solenes da Igreja.
A proposta do jovem maestro é oferecer a compreensão da música orquestral de forma acessível por meio da apreciação. “Deus merece o nobre, a música foi feita para louvá-lo, então que seja bem feita”, diz. Ele ainda vai mais longe ao dizer: “Todos admiram o coro da Capela Sistina, podemos ter o mesmo aqui no Brasil”.
Jailson diz que a cultura brasileira não é tão receptiva a música erudita e que os ouvidos dos brasileiros precisam ser treinados, e que segundo o maestro, é um trabalho a longo prazo. “Vejo as missas de Mozart, Bach, Vivaldi obras linda que era muito usado nos períodos passados com ênfase no Barroco, é algo glorioso. (…) Não posso fazer uma missa inteira com peças desses compositores, o público precisa ser formado ainda”.
Fizemos a fatídica pergunta. Se ele tinha algum preconceito com Maria, mãe de Jesus. E responde: “Não era um crente do tipo exagerado. Sempre respeitei Nossa Senhora”. A sua incursão na Igreja Católica, segundo suas palavras, está sendo como uma “paquera”. Tudo ainda é muito novo. Jailson mora em Laranjeiras, Serra e serve na Paróquia São Pedro, em Jacaraípe, também município da Serra.
Confira a entrevista:
1. Como aconteceu (está acontecendo) a sua conversão ao catolicismo?
Em outubro de 2013, escrevi um projeto para montagem de uma escola de música para a Igreja Católica. A proposta era gerar músicos e ajudar a Igreja num realinhamento musical já que percebi uma falha nesse sentido. O projeto foi aceito pelo padre Renato Paganini, hoje em Roma, e deste então fui me envolvendo com as pessoas da Igreja, todos são receptivos e o melhor de tudo, não te obrigam a nada, te deixam a vontade. Desde então comecei a amar a igreja e a me dedicar mais. A música me levou para a igreja católica. Hoje sou regente de dois coros e já estou indo pro terceiro. O que para outros regentes seria um projeto artístico, pra mim está sendo para a vida inteira.
2. Você foi batizado na Igreja protestante? Sua família é protestante? Conte-nos a sua caminhada na Igreja evangélica.
Sim! A minha família é protestante, são bem religiosos. Fui evangélico por mais de 15 anos e o gosto pela música, inclusive, nasceu dentro da igreja protestante. Sempre quis ser líder na música e comecei a estudar e a me envolver. Em 2010, fui um dos ajudadores no Espírito Santo a desenvolver um projeto de orquestra e coro, ampliação do uso da música erudita nos cultos, e deu certo, claro eu não era o único, mas “virou moda” ter os coros e orquestra com regência que até então era um bloqueio na igreja evangélica. Foi um longo trabalho fazendo muitos arranjos dando muitas aulas de prática de conjunto, formação de novos cantores etc., hoje existe uma estrutura gigante, muitos regentes e músicos preparados para manter o que foi proposto.
3. Cá pra nós, você tinha “aversão” a Nossa Senhora, aos anjos, santos? Conte-nos como era a sua visão sobre Maria, anteriormente.
Não tinha, pelo contrário! Eu era evangélico mas sempre gostei de pesquisar e estudar antes de formar qualquer opinião. Não era um “crente” do tipo exagerado. Sempre respeitei Nossa Senhora.
4. Você chegou a dizer que os católicos iriam morrer no inferno, que o Papa é a besta, coisas assim? Conte-nos um pouco sobre o anti-catolicismo, caso tenha passado por isso.
(Risos) Nunca pensei isso. Minha opinião sobre isso sempre foi neutra. Não existe um povo ou uma instituição religiosa que é menos ou mais favorecida. No fim, todos somos iguais. O Deus é o mesmo, somos filhos do mesmo Pai. Para mim essas opiniões não tem cabimento nem paro para discutir, é perca de tempo.
5. A Igreja católica tem uma ligação muito íntima com as artes, sobretudo com a música.
A música católica é riquíssima. Vejo as missas de Mozart, Bach, Vivaldi obras linda que era muito usado nos períodos passados com ênfase no Barroco, é algo glorioso. Mas tal arte é pouco usado aqui no Brasil. A cultura é outra, mas a ideia é fomentar aos poucos o gosto pela arte. Não posso fazer uma missa inteira com peças desses compositores, o público precisa ser formado ainda.
6. Conte-nos como está sendo a sua vida de recém-convertido.
Estou muito feliz! O projeto da Schola Cantorum está crescendo, e muito rápido. Já estamos indo para terceira região, isso em um ano. Para mim, é formidável e quero muito que outras paróquias emulem esse objetivo de enobrecer a música na Igreja.
7. Como sua família reagiu a sua ida para à Igreja Católica?
Está sendo uma situação complicada, a minha família não aceita, porém estou sendo neutro para não gerar conflitos. Aos poucos eles vão aceitando a ideia .
8. O que a Igreja Católica tem que a Evangélica não tem?
Não posso responder isso agora, é precoce! Mas posso afirmar que aqui você trabalha para Cristo de forma mais agradável.
9. Conte-nos sobre o seu trabalho com a música na Igreja Católica.
A Igreja precisa ter um contato maior com a música, inserindo nova cultura, trazendo qualidade de vida, proporcionando a todos altruísmo, não somente por parte de quem as executam, mas pelas pessoas que serão beneficiadas com momentos de boa música e saudável entretenimento. A minha proposta é oferecer a compreensão da música orquestral de forma acessível por meio da apreciação. Fazer musica considerado fundamental e essencial, inclusive para os dois outros fazeres, composição e performance. A apreciação é a gênese do contato com a própria música, é a partir dela que se constrói a noção daquilo que se percebe como música. Assim, trazer à luz estratégias que envolvam a apreciação na geração da compreensão musical significa também desenvolver o seu conhecimento. Avaliar o potencial de apresentações didáticas e suas implicações na construção do conhecimento torna-se fundamental para o aperfeiçoamento de tais iniciativas. Deus merece o nobre, a música foi feita para louvá-lo, então que seja bem feita. Como disse, a Schola Cantorum cresce a cada dia e vamos seguir no sentimento que perdure no tempo. Todos admiram o coro da Capela Sistina, podemos ter o mesmo aqui no Brasil.
10. Um bom católico tem a consciência de fé de alguns pilares centrais e irrenunciáveis, tais como: a Infalibilidade do Papa (que nas suas decisões em fé e moral é assistido pelo Espírito Santo), nos Dogmas da Igreja, na Sagrada Tradição, no Sagrado Magistério. Como você vê tudo isso hoje?
Ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Certamente, com alguns anos de mais convivência na Igreja terei mais base para falar sobre. Estou vivendo um momento de “paquera” com a Igreja Católica, digamos.
11. Se você tivesse que passar uma mensagem para seus irmãos evangélicos a respeito da Igreja Católica, o que você lhes diria?
Que Cristo habita aqui também!
fonte: http://c3press.com/evangelico-por-15-anos-maestro-se-converte-ao-catolicismo-2.html
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