"Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja Católica" S. Inácio de Antioquia (35 - 110 d.C.)
sábado, 20 de agosto de 2016
Uma rápida refutação do "Sola Scriptura" em dez passos
Uma rápida refutação do "Sola Scriptura" em dez passos.
(Dave Armstrong)
1. O "Sola Scriptura" não é ensinado na Bíblia
Os católicos concordam com os protestantes que a Escritura é um "padrão para a verdade" --- até mesmo o mais preeminente ---, mas não em um sentido de que ela exclua a autoridade de uma autêntica Tradição e de uma Igreja. A Bíblia não ensina isso. Os católicos concordam que a Escritura é suficiente materialmente. Em outras palavras, nesta visão, toda doutrina verdadeira pode ser encontrada na Bíblia, mesmo que o seja implicitamente e indiretamente por dedução. Nenhuma passagem bíblica, entretanto, ensina que a Escritura é a autoridade formal ou a norma de fé isoladamente da Igreja e da Tradição. O "Sola Scriptura" não pode sequer ser deduzido de passagens implícitas.
2. A "Palavra de Deus" refere-se ao ensino oral também
"Palavra", na Sagrada Escritura, muitas vezes, refere-se a um ensino oral proclamado por profetas ou por apóstolos. O que os profetas disseram era a Palavra de Deus independentemente de se os seus proferimentos foram registrados mais tarde como Escritura escrita. Assim, por exemplo, lemos em Jeremias:
"Durante vinte e três anos a palavra do Senhor tem vindo a mim [...] E eu a tenho anunciado a vocês, dia após dia [...] Mas vocês não me deram ouvidos [...], declara o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: 'Visto que vocês não ouviram as minhas palavras [...]" (Jr. 25.3, 7-8 [NVI])
Esta foi a palavra de Deus mesmo que algumas delas não tenham sido registradas por escrito. Ela tinha a mesma autoridade que um escrito enquanto proclamação que nunca foi reduzida à escrita. Isto era verdadeiro também para a pregação apostólica. Quando as frases "Palavra de Deus" ou "Palavra do Senhor" aparecem em Atos e nas epístolas, elas quase sempre se referiam à pregação oral, não à Escritura. Por exemplo:
"[...] ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram, não como palavra de homens, mas conforme ela verdadeiramente é, como palavra de Deus [...]" (1 Ts. 2.13).
Se compararmos esta passagem com outra, escrita para a mesma igreja, Paulo parece tomar o ensino oral e a Palavra de Deus como sinônimos:
"[...] nós lhes ordenamos que se afastem de todo irmão que vive ociosamente e não conforme a tradição que vocês receberam de nós." (2 Ts. 3.6).
3. "Tradição" não é uma palavra indecente
Os protestantes, muitas vezes, citam os versículos da Bíblia em que as tradições corruptas dos homens são condenadas (e. g. , Mt. 15.2-6; Mc. 7.8-13; Cl. 2.8). Obviamente, católicos concordam com isso. Não se trata, entretanto, da verdade completa. A verdadeira Tradição apostólica é aprovada positivamente. Esta Tradição está em total harmonia e consistência com a Escritura. Neste sentido, a Escritura é a "juíza última" da Tradição, mas não descarta toda a Tradição e autoridade da Igreja (cf. At. 2.42; 1 Cor. 11.2; 2 Ts. 2.15; 2 Tm. 1.13-14, 2.2)
4. Jesus e Paulo aceitam Tradições escritas ou orais que não estejam registradas na Bíblia
a. A referência a "Ele será chamado Nazareno" não pode ser encontrada no Antigo Testamento, mas foi "dita pelos profetas" (Mt. 2.23). Esta profecia, portanto, que é considerada como sendo "Palavra de Deus", foi transmitida oralmente em vez de ser registrada na Escritura.
b. Em Mateus 23.2-3, Jesus ensina-nos que os escribas e fariseus têm uma legítima autoridade baseada na "cátedra de Moisés", mas esta frase ou idéia não pode ser encontrada em qualquer lugar do Antigo Testamento. Ela é encontrada na (originalmente oral) "Mishnah", que ensina uma espécie de "sucessão de ensino" de Moisés em diante.
c. Em 1 Coríntios 10.4, Paulo refere-se à rocha que "seguia" os judeus ao longo do deserto do Sinai. O Antigo Testamento afirma nada sobre tal movimento miraculoso, mas a tradição rabínica sim.
d. "Como Janes e Jambres opuseram-se a Moisés" (2 Tm. 3.8). Estes dois homens não podem ser encontrados na passagem correlata no Antigo Testamento (cf. Êx. 7:. 8ss) ou em qualquer outro lugar do Antigo Testamento.
5. Os apóstolos exerceram autoridade no Concílio de Jerusalém
No Concílio de Jerusalém (At. 15.6-30), vemos Pedro e Tiago falando com autoridade. Este Concílio profere um pronunciamento autoritativo (mencionando o Espírito Santo) que se tornou obrigatório para todo cristão:
"Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nada além das seguintes exigências necessárias: Que se abstenham de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas." (At. 15.28-29).
No próximo capítulo, lemos que Paulo, Timóteo e Silas viajaram "pelas cidades" e a Escritura diz que eles "transmitiam as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros em Jerusalém, para que fossem obedecidas." (At. 16.4).
6. Fariseus, saduceus e a Tradição oral extrabíblica
O Cristianismo foi derivado de muitas maneiras da tradição farisaica do Judaísmo. Os saduceus, por outro lado, rejeitaram a futura ressurreição da alma, a vida após a morte, as recompensas e retribuições, demônios e anjos e a predestinação. Os saduceus, também, rejeitaram todo ensino oral autoritativo e, essencialmente, criam no "Sola Scriptura". Eles eram os teólogos liberais de seu tempo. Os cristãos fariseus são mencionados em Atos 15.5 e em Filipenses 3.5, mas a Bíblia nunca menciona cristãos saduceus.
Os fariseus, apesar de suas corrupções e excessos, foram a principal tradição judaica e tanto Jesus como Paulo reconhecem isto. Desse modo, nem os judeus ortodoxos do Antigo Testamento e nem a Igreja primitiva foram guiados pelo princípio do "Sola Scriptura".
7. Os judeus do Antigo Testamento não criam no "Sola Scriptura"
Para dar dois exemplos do próprio Antigo Testamento:
a. Esdras, um sacerdote e escriba, estudou a lei judaica e ensinou-a a Israel e a desobediência à sua autoridade significava pena de prisão, exílio, perda de bens e até mesmo a morte (cf. Ed. 7.26).
b. Em Neemias 8.3, Esdras lê a Lei de Moisés para o povo em Jerusalém. No verso 7, encontramos treze levitas que assistiram a Esdras e que ajudaram o povo a compreender a Lei. Muito antes, encontramos levitas exercendo a mesma função (cf. 2 Cr. 17.8-9)
Desse modo, o povo, de fato, compreendia a Lei (cf. Ne. 8.8, 12), mas não sem muita assistência, meramente a ouvindo. Da mesma forma, a Bíblia não é totalmente clara em si mesma, mas requer ajuda de professores que estão mais familiarizados com os estilos bíblicos, com o Hebraico, com os antecedentes, com o contexto, com a exegese, com a referência cruzada entre os livros, com os princípios hermenêuticos, com as línguas originais etc. . O Antigo Testamento, então, ensina-nos acerca de uma Tradição e precisa de intérpretes autoritativos, assim como o Novo Testamento (cf. Mc. 4.33-34; At. 8.30-31; 2 Pe. 1.20, 3.16).
8. Efésios 4 refuta o "texto-prova" protestante
"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra." (2 Tm. 3.16-17).
Esta passagem não ensina a suficiência formal, que exclui um papel de autoridade para a Tradição e a Igreja. Os protestantes extrapolam para o texto algo que não está nele. Se olharmos o contexto geral dessa passagem, podemos ver que Paulo faz referência à Tradição oral três vezes (cf. 2 Tm. 1.13-14, 2.2, 3.14). Para fazermos uso de uma analogia, examinemos uma passagem similar:
"E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo." (Ef. 4.11-15).
Se 2 Timóteo 3 prova a suficiência da Escritura, então, por analogia, Efésios 4, semelhantemente, provaria a suficiência dos pastores e mestres para a produção da perfeição cristã. Em Efésios 4, o crente cristão é equipado, edificado e trazido à unidade e à idade madura, e até mesmo preservado da confusão doutrinária por meio da função de ensino da Igreja. Esta é uma declaração muito mais forte de aperfeiçoamento dos Santos que aquela de 2 Timóteo 3, ainda que não haja qualquer menção da Escritura.
Então, se todos os elementos não escriturísticos são exclusos em 2 Timóteo, então, por analogia, a Escritura, logicamente, teria de estar exclusa em Efésios. É muito mais razoável reconhecer que a ausência de um ou mais elementos na passagem não significa que eles não existem. A Igreja e a Escritura são ambas igualmente necessárias e importantes para o ensino.
9. Paulo, eventualmente, assume que a Tradição que lhe foi transmitida é infalível e autoritativa
"Se alguém desobedecer ao que dizemos nesta carta, marquem-no e não se associem com ele, para que se sinta envergonhado" (2 Ts. 3.14)
"Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido" (Rm. 16.17)
Ele não escreveu sobre "a bastante, em grande parte, amplamente verdadeira, mas não infalível, doutrina que lhes tem sido ensinada.".
10. O "Sola Scriptura" é um posicionamento circular
Quando tudo já está dito e feito, os protestantes aceitam o "Sola Scriptura" como sua regra de fé recorrendo à Bíblia. Se a eles fosse perguntado por que alguém deveria acreditar no ensino da sua denominação em particular em detrimento de outro, cada um apelaria à "clareza do ensino da Bíblia". Muitas vezes, eles agem como se não houvesse qualquer tradição que guiasse a sua interpretação.
Isso se assemelha a pessoas que estivessem em lados diferentes de um debate constitucional em que ambas dissessem: "Bem, nós seguimos aquilo que a Constituição afirma, mas vocês não.". A Constituição dos Estados Unidos, assim como a Bíblia, não é suficiente em si e por si mesma para resolver querelas sobre diferentes interpretações. Juízes e cortes são necessários e os seus decretos são legalmente autoritativos. As decisões da Suprema Corte não podem ser anuladas, a não ser por decisões futuras ou por emendas constitucionais. Em qualquer caso, existe sempre um parecer final que resolve a questão.
O Protestantismo, entretanto, prescinde disso porque ele apela a um princípio logicamente autodestrutivo e a um livro que deve ser interpretado por seres humanos. Obviamente, dadas as divisões no Protestantismo, simplesmente, "ir para a Bíblia" não tem funcionado. Eles podem, eles mesmos, "ir para a Bíblia" apenas e talvez retornar com outra versão doutrinária de alguma doutrina posta em questão para adicionar à sua lista. Ou você acredita que há uma verdade em qualquer disputa teológica dada (seja ela qual for) ou você adota uma posição relativista e indiferente em que contradições são aceitas ou em que a doutrina é tão "secundária" que não importa.
A Bíblia, entretanto, não ensina que existam categorias inteiras de doutrinas que são "secundárias" e que os cristãos podem, livremente, e alegremente, discordar dessa forma. O denominacionalismo e as divisões são vigorosamente condenadas. A única conclusão a que podemos chegar a partir da Bíblia é que aquilo que chamamos de "o tripé que sustenta um banco" --- Bíblia, Igreja e Tradição --- é aquilo que é necessário para que cheguemos à verdade. Se você bater em qualquer uma das pernas de um banco de três pernas, ele colapsa.
[Tradução: Fábio Salgado de Carvalho. Texto original: https://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=7185]
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Como Calvino me fez católico

'Calvino jovem' (Biblioteca de Genebra)
Testemunho de David Anders para o Called to Communion
Tradução de João Marcos – Associação São Próspero
UMA VEZ OUVI um pastor pregar um sermão sobre “História da Igreja”. Ele começou com Cristo e os Apóstolos, passou pelo livro dos Atos, saltou da Idade Média católica diretamente para a Reforma Protestante em 1517. De Lutero, ele foi até o avivalista britânico John Wesley, atravessou o Atlântico com os avivalistas americanos até chegar à sua própria igreja, em Birmingham, Alabama, no início dos anos 1990. Aplausos e louvores sucederam sua pregação. A congregação amou.
Eu também amei a pregação. Cresci numa igreja evangélica nos anos 1970, imerso no mito da Reforma. Eu tinha certeza que minha igreja pregava o Evangelho, que ela recebeu inalterado dos Reformadores. Depois da faculdade, obtive um doutorado em História da Igreja, o que me permitiu provar aos pobres católicos que eles estavam na Igreja errada.
Nunca pensei que o meu próprio fundador, o Reformador João Calvino, me levaria à Igreja Católica.
Eu fui criado presbiteriano, uma igreja que se orgulha das suas origens calvinistas, mas eu não me importava muito com denominações. Minha igreja praticava uma espiritualidade bíblica (sic) semelhante à da maioria das igrejas evangélicas. Na faculdade cristã e no seminário encontrei a mesma atitude. Batistas, presbiterianos, episcopais e carismáticos adoravam e estudavam lado à lado, todos apegados à Bíblia mas em desacordo quanto à forma de interpretá-la. No entanto, nossas diferenças não nos preocupavam. Diferenças sobre os Sacramentos, organização da Igreja e autoridade eram menos importantes para nós do que a relação pessoal com Cristo e a luta contra a Igreja Católica. É assim que compreendíamos a nossa dívida com a Reforma.
Após o seminário, comecei um Ph.D em História da Reforma. Meu foco era João Calvino (1509-1564), o reformador francês que transformou Genebra, na Suíça, no modelo de cidade protestante. Escolhi Calvino não apenas pelo meu passado presbiteriano, mas porque a maioria dos protestantes americanos têm alguma relação com ele. Os puritanos ingleses, os Pais Peregrinos, Jonathan Edwards e o “Grande Avivamento”[1] – todos, fundamentados em Calvino, influenciaram profundamente a religiosidade americana. Meus professores descreviam Calvino como um grande teólogo; nosso teólogo. Eu pensava que se dominasse Calvino, eu conheceria realmente a fé.
Para minha decepção, dominar Calvino não me levou a nenhum lugar que eu esperava. Para começar, eu descobri que não gostava dele. Conheci um homem arrogante, julgador e inflexível. Mais importante, Calvino destruiu minha visão evangélica da História. Eu sempre assumi como verdade a perfeita continuidade entre a Igreja Primitiva, a Reforma e a minha igreja. No entanto, quanto mais eu estudava Calvino, mais estranho ele me parecia, muito diferente dos protestantes de hoje. Isto me levou a questionar toda a narrativa evangélica: Igreja Primitiva – Reforma – Cristianismo Evangélico. E se os "evangélicos" se desviaram de Calvino e da Reforma? O fio da história se rompeu. E se ele se rompeu uma vez, entre a Reforma e hoje, por que não teria se rompido antes, entre a Igreja Primitiva e a Reforma? Será que o fio da história evangélica chegou tão longe?
Calvino me chocou por rejeitar elementos-chave da minha tradição evangélica. A espiritualidade de nascido de novo, interpretação privada da Bíblia, uma abordagem acolhedora às outras denominações... – Calvino se opôs a tudo isso. Descobri que suas preocupações eram muito diferentes, muito mais institucionais, quase católicas. Apesar dele rejeitar a autoridade de Roma, existiam elementos da fé católica que ele nunca pensou em abandonar. Ele assumia como certo que a Igreja deveria ter uma única autoridade interpretativa, uma liturgia sacramental e uma fé unificada.
Estas descobertas me deixaram com importantes questões à mente. Por que Calvino deu tanta importância a essas “coisas católicas”? Ele estava certo em dar tanta importância a elas? Em caso positivo, ele estaria certo em abandonar a Igreja Católica? O que essas descobertas me ensinavam sobre o Protestantismo? Como minha igreja podia chamar Calvino de "fundador" estando tão longe dos seus ensinamentos? Será que toda a teologia protestante estava destinada à confusão?
Entendendo a Reforma Calvipenista
Calvino foi um reformador da 2ª geração, 26 anos mais novo que Martinho Lutero (1483-1546). Isso significa que já na sua época a Reforma se havia dividido em facções. Na sua terra natal, a França, não havia apoio do rei ao Protestantismo e nem liderança unificada. Advogados, humanistas, intelectuais, artistas e artesãos liam os escritos de Lutero, junto com a Bíblia, e adaptavam o que lhes agradava [na confusão que é um típico fruto da tese do livre exame, e que permanece até hoje].
Essa variedade marcou Calvino como o caminho certo para o desastre. Ele era advogado e sempre odiou qualquer forma de desordem social. Em 1549, escreveu um pequeno tratado (Advertissement contre l’astrologie) no qual aborda essa diversidade protestante:
“Cada estado [de vida] tem seu próprio evangelho, que eles fabricam para si mesmos de acordo com seus apetites, de forma que há tanta diferença entre o evangelho da corte, o evangelho dos juízes e advogados e o evangelho dos mercadores, como há entre as moedas de diferentes regiões."
Comecei a ter dificuldades com as diferenças entre Calvino e seus descendentes quando descobri seu horror à diversidade teológica. Calvino foi formado na teologia de Lutero, mas ele se incomodava com a “multidão grosseira” e a “plebe vulgar” que transformou a doutrina de Lutero numa desculpa para desordem. Ele escreveu o seu primeiro grande trabalho, "As Institutas da Religião Cristã" (1536), em parte para tratar desse problema.
Calvino teve a chance de botar seus planos em prática quando se mudou para Genebra, Suíça. Ele começou a participar da Reforma em Genebra em 1537, quando fazia pouco tempo que a cidade havia abraçado o Protestantismo. Calvino, que já havia começado a escrever sobre teologia, estava insatisfeito com as medidas tomadas pela cidade. Genebra aboliu a Missa, expulsou o clero católico e professou lealdade à Bíblia, mas Calvino queria mais. Seu primeiro pedido ao Conselho da Cidade foi que ele impusesse uma confissão comum de fé (escrita por ele mesmo), forçando todos os cidadãos a professá-la.
A mais importante contribuição de Calvino a Genebra foi a criação do Consistório – um tipo de corte eclesiástica – para julgar a pureza moral e teológica dos cidadãos. Ele também persuadiu o conselho a implementar um conjunto de “Decretos Eclesiásticos” que definiam a autoridade da igreja, estabelecia as obrigações religiosas dos leigos e impunha uma liturgia oficial. O comparecimento à igreja era obrigatório. Contrariar os ministros era crime de blasfêmia. As Institutas de Calvino foram declaradas a doutrina oficial.
O maior objetivo de Calvino era obter o poder de excomungar fiéis “indignos”. O conselho da cidade lhe deu esse poder em 1555, quando a imigração francesa e escândalos locais deixaram o eleitorado a seu favor. Calvino utilizou-se desse poder frequentemente. De acordo com o historiador William Monter, de cada 15 cidadãos um foi intimado a comparecer perante o Consistório entre 1559-1569, e 1 em cada 25 foi excomungado[2]. Calvino utilizou esse poder para implementar sua visão de Cristianismo único e punir dissidentes.
Um Calvinista descobre João Calvino
Eu estudei Calvino durante anos antes que o significado real do meu aprendizado viesse à tona. Então, finalmente, percebi que Calvino, com sua paixão pela ordem e autoridade, estava do lado oposto ao espírito individualista da minha tradição evangélica. Nada deixou isso mais claro para mim do que sua luta contra o ex-monge carmelita Jerome Bolsec.

Jérôme Hermès Bolsec
Em 1551, Bolsec, convertido ao Protestantismo, entrou em Genebra e ouviu uma aula sobre teologia. O tópico era a doutrina calvinista da predestinação, que dizia que Deus predeterminava o destino eterno de cada alma. Bolsec, que acreditava firmemente no Sola Scriptura (Só a Escritura) e no Sola Fide (Só a Fé), não gostou do que ouviu. Ele pensou que essa doutrina fazia de Deus um tirano. Quando desafiou a doutrina de Calvino, foi aprisionado.
O que torna o caso Bolsec interessante é que ele rapidamente evoluiu para uma disputa sobre a autoridade da igreja e a interpretação da Bíblia. Bolsec, da mesma forma que muitos "evangélicos" de hoje, argumentou que ele era cristão, que ele tinha o Espírito Santo e, consequentemente, tinha tanto direito quanto Calvino de interpretar a Bíblia. Ele prometeu se retratar caso Calvino provasse sua doutrina apenas pela Bíblia. Mas Calvino não fez isso. Ele ridicularizou Bolsec chamando-o de agitador (Bolsec desfrutava de grande simpatia do público), rejeitou seu apelo à Bíblia e determinou que o conselho agisse com dureza. Ele escreveu a uma amiga que desejava ver Bolsec “apodrecer numa vala”[3].
O que a maioria dos "evangélicos" de hoje não sabem é que Calvino nunca defendeu a interpretação privada (ou laica) da Bíblia. Enquanto rejeitava a autoridade de Roma, ele arrogou essa autoridade a si mesmo(!). Ensinou que os “pastores reformados” eram sucessores dos profetas e apóstolos, com autoridade para interpretar a Bíblia. Insistiu que os leigos deveriam suspender o julgamento em matérias difíceis e “manter-se unidos com a igreja”4.
Calvino levou muito a sério a obrigação de submissão e obediência dos leigos. Contrariar os ministros era uma das razões mais comuns de ser intimado ao Consistório e as penas podiam ser severas. Há uma imagem em particular na minha mente: abril de 1546. Pierre Ameaux, cidadão de Genebra, foi forçado a rastejar até a porta da residência do bispo, com sua cabeça descoberta e uma tocha em sua mão. Ele suplicou o perdão de Deus, dos ministros e do conselho da cidade. Seu crime? Ele se opôs ao ensino de Calvino. O conselho, graças aos apelos de Calvino, decretou a humilhação pública de Ameaux.
Ameaux não foi o único. Nas décadas de 1540 e 1550, o Conselho condenou vários que se opunham aos ministros ou à sua teologia. Além disso, quando Calvino obteve o direito de excomungar, ele não hesitou em utilizá-lo contra essa “blasfêmia”. Os “evangélicos” atuais, desacostumados com a excomunhão, podem subestimar a severidade desta pena, mas Calvino a compreendia em seus termos mais severos. Ele ensinou várias vezes que os excomungados estavam “distantes da Igreja e, consequentemente, de Cristo”[5].
Se as ideias calvinistas sobre a autoridade da igreja foram uma surpresa, seus pensamentos sobre os sacramentos foram um choque. Diferente dos “evangélicos” de hoje, que tratam a teologia dos sacramentos como algo secundário, Calvino ensinou que eles eram da maior importância. De fato, ele ensinou que um correto entendimento da Eucaristia era necessário para a salvação. Esta era a tese do seu primeiro tratado teológico em francês ('Petit traicté de la Sainte Cène', 1541). Frustrado pela discórdia protestante sobre a Eucaristia, Calvino escreveu o texto numa tentativa de unificar o movimento em torno de uma única doutrina.
Evangélicos costumam confiar na sua “relação pessoal com Cristo”, e não na filiação a alguma igreja ou na participação em algum ritual. Calvino, no entanto, ensina que a Eucaristia dá “garantia indiscutível da vida eterna”[6]. E apesar dele não chegar ao entendimento católico, ou mesmo luterano, da Eucaristia, ele ainda reteve a doutrina da Presença Real. Ele ensinou que a Eucaristia concede uma “verdadeira e substancial participação no Corpo e Sangue do Senhor” e rejeitou a noção de que os comungantes recebem “apenas o Espírito, omitindo a Carne e o Sangue”[7].
Calvino entendia o Batismo da mesma forma. Ele nunca ensinou a doutrina evangélica de que alguém “nasce de novo” apenas através da conversão pessoal. Pelo contrário, ele associou a regeneração com o Batismo e ensinou que negá-lo era negar a salvação. Ele também não permitiu diversidade no modo de receber o Batismo. Os anabatistas de Genebra (que batizavam adultos) foram presos e forçados a pedir perdão. Calvino ensinou que os anabatistas, ao negar o sacramento às suas crianças, colocam-se fora da fé.
Uma vez, Calvino persuadiu um anabatista chamado Herman a entrar na Igreja Reformada. Sua descrição do evento não deixa dúvida sobre a diferença entre Calvino e o “evangélico” moderno. Calvino escreve:
“Herman retornou, se não estou enganado, de boa fé à amizade da Igreja. Ele confessou que fora da Igreja não há salvação, e que a verdadeira Igreja está conosco. Consequentemente, ele era um desertor enquanto permaneceu numa seita separada da Igreja.” [8]
Os “evangélicos” atuais não entendem mais essa linguagem. Eles se acostumaram a tratar “a Igreja” apenas como uma realidade espiritual, somente representada através das denominações ou em qualquer lugar onde se reúnam os “verdadeiros crentes”. Esta não é a visão de Calvino. A sua visão é a da “verdadeira Igreja” marcada pelo Batismo infantil, fora da qual não há salvação.
Entendendo o Evangelicalismo
Estudar Calvino me fez levantar questões importantes sobre a minha identidade evangélica. Como eu poderia tratar como “assuntos sem importância” questões que meu próprio fundador considerou essenciais? Eu considerei “sem importância” o Batismo e a Eucaristia, e a própria Igreja como algo “meramente simbólico”, “puramente espiritual” ou, em último caso, desnecessário. No seminário também encontrei um ambiente onde os professores discordavam em todo assunto e ninguém se importava! Sem nenhuma instância superior para apelar, nós permanecemos numa teologia do “mínimo denominador comum”.
A História da Igreja, porém, me ensinou que essa atitude é recente. João Calvino tinha grandes expectativas pela unidade e catolicidade da fé, e pela centralidade da Igreja e dos sacramentos. Mas mesmo o Calvinismo não conseguiu fazer isso. Fora de Genebra, sem a força do Estado para impor uma versão, o próprio calvinismo se dividiu em facções. No seu livro "Orthodoxies in Massachussetts: Rereading American Puritanism", a historiadora Janice Knight detalha como este processo começou logo no início do calvinismo americano[9].
Não surpreende saber que, no século 18, líderes calvinistas dos dois lados do Atlântico desistiram da busca pela unidade. A nova abordagem era enfatizar a experiência subjetiva do “novo nascimento” (em si mesma uma doutrina nova, de origem puritana) como única preocupação necessária. O famoso avivalista George Whitefield tipificou essa visão, chegando ao ponto de insistir que Cristo não queria a concordância em outros assuntos. Ele disse: "Era melhor pregar o novo nascimento, e o poder da religiosidade, e não insistir muito na forma: porque as pessoas nunca pensarão o mesmo sobre isso; nem Jesus Cristo pretendeu isso"[10].
Desde o século 18, o Calvinismo foi reduzindo-se mais e mais a um pequeno conjunto de questões sobre a natureza da salvação. Tanto é assim que, para a maioria das pessoas, a palavra Calvinismo significa apenas a doutrina da predestinação. O próprio Calvino tornou-se apenas um símbolo, um mito que os "evangélicos" utilizam apenas para apoiar suas alegações de continuidade histórica.
A grande ironia da minha pesquisa foi constatar que o Evangelicalismo, longe de ser o herdeiro direto de Calvino, na verdade representa a falência do Calvinismo. Enquanto Calvino dedicou sua vida à busca pela unidade doutrinal, o evangelicalismo moderno está enraizado na negação dessa busca. O historiador Alister McGrath nota que o termo “evangélico”, que existiu na Cristandade por séculos, assumiu seu sentido moderno apenas no século 20, com a fundação da Associação Nacional dos Evangélicos (1942). Esta sociedade foi criada para permitir a ação pública coordenada entre grupos que concordavam apenas com o “novo nascimento”, mas discordavam em todo o resto [11].
Um calvinista descobre o Catolicismo
Eu cresci acreditando que o evangelicalismo era “fé que uma vez foi dada aos santos”[12]. Aprendi pelo estudo da história protestante que essa fé dificilmente era mais antiga que Whitefield, e certamente não era a mesma fé dos Reformadores. O que fazer? Retornar ao século 16 e viver como um autêntico calvinista? Eu já sabia que o próprio Calvino, com toda a sua insistência em unidade e autoridade, não teve êxito. Seus próprios seguidores acabaram em anarquia e individualismo.
Então percebi que Calvino era parte do problema. Ele insistiu na importância da unidade e autoridade, mas rejeitou qualquer base racional para essa autoridade. Ele sabia que a Bíblia totalmente sozinha, interpretada por cada consciência individual, era uma receita do desastre. Mas a sua própria autoridade (de Calvino) era totalmente arbitrária. Sempre que era desafiado, ele apelava à sua própria consciência ou à sua experiência subjetiva, mas ele negava esse direito a Bolsec e outros. Como resultado, Calvino se tornou orgulhoso e severo, brutal com seus inimigos, intolerante. Em todo o meu estudo sobre Calvino, eu não me lembro de ele pedir desculpas ou admitir erros uma única vez.
Eventualmente, constatei que a atitude de Calvino contrastava com a atitude dos maiores teólogos católicos. Vários deles eram santos, reconhecidos por sua caridade heroica e humildade. Além do mais, eu sabia pelos seus escritos, especialmente de Sto. Tomás de Aquino, Sta. Catarina de Siena, Sta. Teresa de Ávila e S. Francisco de Sales, que eles negavam qualquer autoridade pessoal para definir doutrina. Eles se curvaram voluntariamente, até alegremente, à autoridade do Papa e dos concílios. Eles podiam manter o ideal bíblico de unidade doutrinária (1Cor 1,10) sem afirmarem ser a fonte dessa unidade.
Estes santos também desafiaram o estereótipo de católicos que eu tinha. "Evangélicos" frequentemente assumem que são eles os únicos que têm uma “relação pessoal com Cristo”. Católicos, com seus rituais e instituições, são supostamente alienados de Cristo e da Bíblia. Apesar disso, encontrei (nos santos) homens e mulheres totalmente focados em Cristo e inebriados com sua Graça.
O teólogo católico que teve o maior impacto em mim foi, sem dúvida, Sto. Agostinho (354-430). Em toda a minha vida, ouvi que a Igreja primitiva era protestante e evangélica. Meus professores do seminário e até mesmo Calvino e Lutero sempre apontavam para Sto. Agostinho como seu grande herói da Igreja Primitiva. Quando eu finalmente pesquisei Agostinho, no entanto, descobri o Catolicismo completo. Agostinho amava a Bíblia e falou profundamente sobre a Graça de Deus, mas ele os compreendia no sentido católico. Ele destruiu o que restava da minha visão evangélica da história.
No fim, eu vi que cada coisa boa do Evangelicalismo já estava presente na Igreja Católica – a devoção calorosa à espiritualidade evangélica, o amor pela Bíblia e até mesmo, em certo ponto, a tolerância evangélica à diversidade. O Catolicismo sempre tolerou escolas de pensamento, várias teologias e liturgias diferentes. Mas, ao contrário do Evangelicalismo, a Igreja Católica possuía uma maneira lógica e consistente de distinguir entre o essencial e o não-essencial. O Magistério da Igreja, estabelecido por Cristo (Mt 16,18; 28,18-20), era a fonte daquela unidade que Calvino queria substituir.
Uma das coisas mais agradáveis da minha descoberta da Igreja Católica é que ela satisfaz plenamente meu desejo por raízes históricas. Eu comecei a estudar História acreditando na continuidade da fé e tentando desesperadamente encontrá-la. Até mesmo quando eu pensei encontrá-la na Reforma, eu ainda devia lidar com o enorme período da Idade Média, católica. Agora, graças ao que Calvino me ensinou, não existem mais pontas soltas. Em 16 de novembro de 2003, finalmente abracei a “fé que uma vez foi dada aos santos”. Eu entrei na Igreja Católica.
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Notas:
1. N.T.: os 'Avivamentos' ou 'Despertamentos' eram períodos de grande expansão evangélica nos EUA e Reino Unido. Um pouco da sua história pode ser encontrada em:
http://www.mackenzie.br/7080.html
2. 'The Consistory of Geneva, 1559-1569',Bibliothèque d’Humanisme et Renaissance 38 (1976): 467-484
3. Carta à Madame de Cany, 1552
4. 'Institutes of the Christian Religion', ed. J. T. McNeill, trans. Ford Lewis Battles. Philadelphia: Westminster Press, 1960: 3.2.3, 4.3.4
5. Institutas 4.12.9
6. Institutas 4.17.32
7. Institutas 4.17.17; 4.17.19
8. 'Letters of John Calvin', trans. M. Gilchrist, ed. J.Bonnet, New York: Burt Franklin, 1972, I: 110-111
9. Cambridge: Harvard University Press, 1994
10. Citado em Mark A. Noll, 'The Rise of Evangelicalism: The Age of Edwards, Whitefield and the Wesleys'. Downers Grove: IVP, 2003, 14
11. 'Evangelicalism and the Future of Christianity'. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1995, 17-23.
12. N.T.: Judas 1,3
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Fonte:
Called to Communion, 'How John Calvin Made me a Catholic', disp. em
http://www.calledtocommunion.com/2010/06/how-john-calvin-made-me-a-catholic/
Acesso 27/6/016www.ofielcatolico.com.br
Henrique Sebastião
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Os motivos que o levaram à conversão

Se um cego guiar outro cego... (Mt 15,14)
Eu, que por muitos anos frequentei igrejas evangélicas de diversas denominações, e por muito tempo fui enganado e explorado pelos seus pastores, dedico este testemunho a todos aqueles que se declaram "ex-católicos", sem nunca terem sido católicos de fato, mas sobem aos púlpitos protestantes-"evangélicos", que eles, por pura ignorância, chamam de "altar", para induzirem ao erro seus irmãos mais ingênuos (Se não há sacrifício não é e nem pode ser altar: só existe Altar na Igreja Católica).
Não creio que um dia tenham sido católicos os que depõem seus falsos testemunhos dizendo que encontraram a salvação em alguma "igreja evangélica", porque os verdadeiros católicos já encontraram Jesus e a Salvação na Igreja que ele mesmo nos deu, e não podem abandonar a Comunhão com Deus, seu Criador e Salvador, a não ser que nunca tenham comungado, de fato, com o Senhor Jesus Cristo.
Enumero abaixo as 32 principais razões porque deixei o protestantismo e retornei à primeira e única Igreja de Jesus Cristo. Espero sinceramente, com isto, poder salvar alguma alma do erro e da perdição eterna.
1) Princípio "só a Bíblia" (Sola Scriptura)
Nada mais falso do que esse princípio. Os cristãos do primeiro século não dispunham de Bíblia. E nem os cristãos dos séculos seguintes. Na verdade, os cristãos só puderam contar com a Bíblia para consulta, como hoje, muitos anos depois da invenção da imprensa, que só aconteceu no ano de 1455. Então, será que o Senhor Jesus esperaria mais de um século e meio para revlelar sua verdadeira doutrina para o mundo? Se assim fosse, Ele teria mentido, pois disse antes de partir para o martírio que estaria com a sua Igreja até o fim do mundo (conf. Mateus 28, 19-20).
Além disso, para que a Bíblia fosse a única fonte de revelação, seria no mínimo necessário que ela mesmo se proclamasse assim; e não é o caso, pelo contrário. A Bíblia diz que a Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade (1 Tim 3, 15), e não as Escrituras. Nela, Jesus Cristo diz ainda:"Vocês examinam as Escrituras, buscando nelas a vida eterna. Pois elas testemunham de Mim, e vocês não querem vir a Mim, para que tenham a Vida!" (João 5, 39-40).
Sim, a Bíblia diz que as Escrituras são úteis para instruir, mas nunca diz, em versículo algum, que somente as Escrituras instruem, ou que só o que as Escrituras dizem é que vale como base para a fé. Isso é uma invenção humana sem nenhum fundamento. E a Bíblia também diz que devemos guardar a Tradição (conf. 2 Tessalonicenses 2, 15 e 2 Tessalonicenses 3, 6, entre outros). Contrariando a Bíblia, os "evangélicos" rejeitam a Tradição.
2) Princípio "Só a fé salva"
A mesma Bíblia ensina que a fé sem obras é morta, na Epístola de Tiago (2, 14-26). A mesma Bíblia ensina que o cristão deve perseverar até o fim para ser salvo (Mt 24, 13). E ainda acrescenta que seremos julgados, todos, por nossas ações boas ou más. Existem várias passagens que dão conta de um julgamento futuro e, sendo assim, é falso que alguém aqui na terra já esteja salvo só porque "aceitou Jesus". Não basta ir à frente de uma assembleia e dizer"Aceito Jesus como meu Senhor e Salvador"para ganhar o Céu. Não, não. É preciso muito mais do que isso. Conversão não é da boca para fora: é preciso que cada um tome a sua cruz e siga o Senhor, que, aliás, nunca prometeu prosperidade para quem o seguisse.
Portanto, é totalmente mentirosa a afirmação de que basta ter fé para ser salvo. Ora, os demônios também crêem (Tiago 2, 19)...
3) Lutero
Foi Martinho Lutero quem começou com as "igrejas" protestantes, que deram origem às "igrejas evangélicas" de hoje. Mas o que ele pensava é seguido apenas em parte pelos "evangélicos" de hoje. Eles seguem somente os princípios “Só a Bíblia” e “Só a Fé”. Mas Lutero é o fundador de todas as igrejas evangélicas que existem hoje, então por que não são todos luteranos? Na verdade, isso seria bem menos pior...
Por outro lado, se reconhecem que Lutero é um homem falível, como é possível a um "evangélico" ter tanta certeza de que os princípios que ele inventou sejam dignos de confiança absoluta? Mais do que o que ensina a única Igreja que tem 2.000 anos e foi instituída diretamente por Jesus Cristo? - Mais: o próprio Lutero contestou o Papa e decretou que não se deve confiar num sacerdote. Mas ele mesmo era um ex-sacerdote católico. Então, se ele mesmo se descarta como pessoa confiável, quem é tolo o suficiente para dar crédito ao que ele disse ou escreveu?
4) Subjetivismo religoso I
Uma denominação evangélica não é igual a outra em matéria de fé. Isso é fato:
Umas batizam crianças, outras não;
Umas admitem o divórcio, outras o repudiam;
Umas aceitam mulheres como "pastoras", outras não;
Umas praticam a "santa ceia", outras não;
Umas ensinam que devemos guardar o sábado, outras não;
Algumas ensinam a teologia da prosperidade, outras a repudiam;
Por aí vai... Tem "bispo evangélico" por aí defendendo até o aborto, só porque a Igreja Católica é (claro) contra! É comum ouvimos frases como estas: “Nesta 'igreja' está o verdadeiro caminho”, ou “Deus levantou este ministério" ou ainda "a tua vitória está aqui”. Mais comum ainda é os "pastores" dizerem que as igrejas deles são "ungidas"... Ora, se todas essas igrejas ditas "evangélicas" são tão diferentes entre si, e a Verdade é uma só, como é possível um "evangélico" ter certeza que está na caminho certo, ou que o seu "pastor" está pregando a "Verdade", se existem tantos outros "pastores" (que também dizem seguir a Bíblia e afirmam que são "ungidos") que discordam dele?
5) Subjetivismo religioso II
Cada "crente" pode interpretar a Bíblia do jeito que quiser, segundo a tese protestante de Lutero. Mas todos nós sabemos que um "crente" não concorda com outro em todas as coisas. Muitas vezes divergem entre si mais do que convergem. Se cada qual interpreta a Bíblia do seu jeito, e nem poderia ser diferente. Então, como é possível um "evangélico" ter a certeza de que está certo na sua interpretação? E por quê, meu Deus, por quê apenas a interpretação da Igreja Católica é que está totalmente errada, em tudo? Essa é a mais cruel de todas as incoerências das "igrejas" ditas "evangélicas": praticamente todas elas se reservam a criticar umas às outras, mas todas são unânimes em criticar a Igreja Católica! O mais incrível é não perceberem que, agindo assim, estão cumprindo as profecias bíblicas do próprio Senhor Jesus Cristo: "Sereis odiados de todos por causa do meu Nome" (Lucas 21, 17); "Bem aventurados sereis quando, mentindo, disserem toda espécie de mal contra vós, por amor ao meu Nome" (Mateus 5, 11-12)...
Os pastores se ajoelham e se prostram diante de réplicas da Arca da Antiga Aliança, mas eles não chamam esses pastores de "idólatras". Só os católicos são chamados assim. Eles idolatram até lencinhos embebidos no suor do falso profeta Valdemiro, mas eles não acham que isso é idolatria... Em algumas denominações, acontece a distribuição de lembrancinhas, sabonetinhos para espantar "olho gordo", vidrinhos de óleo "ungido", "rosas consagradas", etc, etc... Mas nada disso, para eles, é idolatria. Somente os católicos é que são idólatras. Todos pensam assim, porque todos sofreram a mesma lavagem cerebral, que é muito difícil de reverter.
6) Subjetivismo religioso III
A interpretação pessoal da Bíblia por cada "crente" e "pastor" afronta claramente a Bíblia. De acordo com a santa Palavra de Deus, interpretação alguma é de caráter individual. Examinar a Bíblia não é o mesmo que interpretá-la. Posso examinar uma pessoa e lhe informar que encontrei uma mancha na sua pele. Mas o diagnóstico deve ser feito pelo médico, e não por mim, que sou leigo.
7) "Igreja não importa" e "igreja não salva"...
Todo "crente" diz em alto e bom som: “Igreja não salva ninguém”. Ora, se igreja não salva ninguém e cada um pode interpretar a Bíblia pessoalmente, para quê frequentar alguma denominação? Quando ocorre algum escândalo envolvendo algum "pastor", o crente também diz: “Olha para Jesus e não para o pregador”. Mas se o pregador ensina tolices e princípios contrários ao verdadeiro cristianismo, por que eu deveria ouvir o que ele diz? Não é possível "olhar para Jesus" assim. Pelo contrário, isso só vai colocar em risco a minha alma! Se cada crente pode interpretar pessoalmente a Bíblia, se "igreja" não salva ninguém e o pastor não é confiável (ele é só um homem falível), então por que os "evangélicos" continuam dando tanto crédito aos pregadores?
8) Evangelização
E se cada um de fato pode interpretar a Bíblia a partir da sua leitura pessoal, que conta com a assistência do Espírito Santo, por que ao invés de pregar não se imprime Bíblias e se distribui à população? Ora, se basta ter fé para ser salvo e se cada um pode ser o próprio intérprete da Bíblia, para que servem as denominações, os cultos, os "pastores", as pregações, livros, CDs e DVDs? Ao invés dos milhões em dízimos e ofertas, que sustentam toda uma estrutura que é desnecessária (afinal todos os que creram estão salvos), por que não reunir esses recursos e construir gráficas e mais gráficas para a impressão de Bíblias e distribuí-las para todos aqueles que não conhecem Jesus?
Eu digo porquê: porque os "pastores" se encarregam de passar a sua interpretação pessoal da Bíblia aos ingênuos que os seguem. E essa interpretação é deturpada e não tem nada a ver com a Mensagem original nos Evangelhos. Os "evangélicos" pensam que entendem a Bíblia, mas na verdade tudo o que eles conhecem é a interpretação pessoal deste ou daquele "pastor".
Se nem o pregador é digno de confiança, razão pela qual o crente deve confrontar o seu entendimento pessoal da Palavra com a pregação do palestrante, por que razão alguém deveria dar crédito a um desconhecido que lhe vem falar como porta-voz de Jesus?
9) Interpretação bíblica
Agora, se cada um pode interpretar a Bíblia e se todas as interpretações estão corretas, mesmo que sejam todas diferentes entre si, por quê só a interpretação católica está errada? A Bíblia só pode ser interpretada se a pessoa está sob o rótulo de "evangélico"? Nesse caso, o que salva não é a fé, é o rótulo. E se for assim, ao contrário do que eles afirmam, a placa da igreja ou o rótulo de "evangélico" é que salva.
Pela visão protestante, milhares e milhares de denominações estão corretas nas suas interpretações bíblicas, mesmo que sejam diferentes entre si. Todas elas estão certas e apenas uma está errada, que seria a Igreja Católica. Justamente a primeira igreja que existiu é que não conta com a assistência do Espírito Santo. Nesse caso, Jesus mentiu quando disse que os portais do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mat 16, 18) pois o inferno teria triunfado contra a Igreja Católica, e também quando disse que estaria com a sua Igreja até o fim do mundo: ele só se faz presente para quem carrega o rótulo de "evangélico"...
10) O Pai Nosso
A oração é bíblica. Foi ensinada pelo Senhor Jesus. O "evangélico" a repudia. Por quê? Para não parecer católico. O "crente" jura defender a Bíblia, mas é o primeiro a não obedecê-la. Ele decidiu que não irá recitar o Pai Nosso e fim de papo. E pior. Quem o faz está errado, ainda que esteja obedecendo à Bíblia. O crente se acha melhor do que Jesus. Jesus fez a oração do Pai Nosso, mas o "evangélico" não tem que fazê-la.
11) Maria
Isabel, que ficou cheia do Espírito Santo com a visita de Maria, chamou-a de "mãe do meu Senhor". O crente a chama de "mulher como outra qualquer". Isabel recebeu o Espírito S com a chegada de Maria, grávida de Jesus Cristo, Deus Todo-Poderoso. O "evangélico" fica cheio de ira quando se menciona o nome de Maria. João Batista estremece no ventre de Isabel ao ouvir a voz de Maria. O crente se enfurece quando ouve o nome Maria. A Bíblia diz que Maria será chamada de bem aventurada por toda as gerações. O crente a chama de mulher pecadora como qualquer outra.
O protestante rasga os Textos Sagrados. E jura defender a Bíblia. Seguem o que querem e desprezam o que não lhes interessa.
12) Confissão
A Bíblia é clara: aos Apóstolos foi dado o poder de reter e perdoar pecados (Lucas 20, 21-23). Como é possível reter ou perdoar se alguém não lhes confessa? Desnecessário falar mais a respeito.
13) Fundação de novas "igrejas"
A Bíblia não faz qualquer referência à milhares de “igrejas” diferentes e separadas, mundo afora. Mas para fundarem suas denominações, os "evangélicos" não fazem questão da tal da base bíblica de que tanto falam. A Bíblia diz que devemos ser um só corpo. Eles fazem o contrário. Dividem-se, subdividem-se, de novo e de novo. Se uma igreja não etá agradando, procuram outra mais ao seu gosto, e os mais espertos fundam as suas próprias igrejas, do jeito que acham mais certo (ou do jeito que dá mais lucro, em muitos casos), segundo sua própria interpretação da Bíblia. E todos dizem que estão sendo guiados por Deus. Existe um Deus ou muitos deuses? Se é um só Deus, como tantas igrejas podem ensinar coisas diferentes, e todas estão certas, menos a católica?
Eles fragmentam o Corpo e pulverizam a mensagem do Evangelho. Fazem o contrário do que o Senhor nos ordenou. Basta um crente discordar do outro, - e isso é a coisa mais fácil de acontecer, - que já surge uma nova denominação. Seus líderes podem ter “visões” para fundarem novas denominações. Somente as revelações católicas aprovadas pela Santa Igreja é que são refutadas.
O "crente" acredita no que deseja. E rejeita tudo que é católico. Sempre dois pesos e duas medidas. O pastor falou que teve uma visão e todo mundo engole. Nessa hora o “biblicamente” ou “a Palavra de Deus” não tem qualquer importância.
14) Julgamento dos homens
Embora Jesus Cristo nos ensine, - e insista muito nisso, - que não devemos julgar as pessoas, o que o "evangélico" mais faz é julgar os erros das pessoas católicas, especialmente quando dizem respeito aos sacerdotes. Mais uma vez a Bíblia é desprezada. E fazem pior: ao mesmo tempo em que são implacáveis com os católicos, são tolerantes com as outras "igrejas evangélicas". São muito, muito tolerantes para com os falsos profetas que se apoderam dos títulos de "bispo" e "pastor". Para falar desses verdadeiros picaretas, as expressões mais usadas são: “Não toca no ungido do Senhor”; “Ai de quem toca no santo do senhor”; “Não podemos julgar”; “Deixa que ele está fazendo a obra de Deus"... Como sempre, dois pesos e duas medidas.
15) A Doutrina da Trindade
Como disse no primeiro item, a maior falácia de todas é acreditar que só o que está escrito na Bíblia é que vale, por isso mesmo é que insisto em demonstrar a demonstrar a incoerência entre o que os "evangélicos" pregam e o que ensina a Bíblia. A Doutrina da Trindade, por exemplo, não está explícita na Bíblia. Mesmo assim, a grande maioria dos "evangélicos" a confessa. Só não sabem explicar o motivo. Se não é está dito clara e explicitamente na Bíblia deveria ser rejeitada por eles. E por que a maioria professa tal doutrina? Porque os Concílios Católicos assim definiram, e Lutero os acatou.
É sempre assim. Alguns "evangélicos", em alguns momentos, seguem Lutero, e outros, em alguns momentos, o rejeitam. Depende da conveniência de cada "crente", em cada situação. O Purgatório, outro exemplo, também está implícito na Bíblia, e a maioria deles rejeita. A Doutrina da Trindade está implícita na Bíblia e a maioria acata.
É sempre o que o "evangélico" quiser. Ele cria a sua doutrina a partir das escolhas que faz. Ele decide que textos da Bíblia irá seguir e quais deverão ser rejeitados. Ele escolhe o que quer seguir de Lutero, Calvino e Wesley. Ele junta tudo isso com sua própria interpretação individual e também filtra aquilo que vem de outros "crentes" e outros pregadores. Assim o protestante monta a sua própria religião, e, fazendo-se sábio aos seus próprios olhos, torna-se um apologista de sua própria doutrina.
16) Falta de união
Tudo que um "evangélico" menos gosta é de instrução. Então eles inventam "aulinhas" em suas congregações e chamam de "curso de teologia"... Mas eles não fazem a menor ideia do que essa palavra quer dizer. Hoje em dia, tem até curso para "formar pastor" em 3 meses! Você faz o cursinho e já está apto para assumir uma comunidade religiosa, que vai segui-lo cegamente. Um sacerdote católico precisa estudar em média 8 anos para assumir uma paróquia. Ele precisa se graduar em teologia, filosofia, vivenciar a experiência pastoral, ser testado psicologicamente, intelectualmente... E precisa saber ler a Bíblia nas l´pinguas em que foi escrita, hebraico e grego. E para ser pastor? Basta se declara "ungido" por Deus... E sempre tem quem acredita. E como tem!
Mas quando um "evangélico" não concorda com a doutrina da sua denominação ou do seu pastor ele logo vai atrás de outro vento. Quando contrariado, troca a sua denominação por outra, e não raras vezes funda a sua própria “igreja”. Divisão da divisão da divisão... e assim por diante.
17) Pedro
Todo protestante para contestar o catolicismo abraça a interpretação literal. No entanto, quando se refere a Primazia de Pedro, o "evangélico" vai buscar a deturpação em infinitas traduções e malabarismos de lógica para fazer a sua contestação. A interpretação que o crente vier a escolher é a que interessa. Se ele precisar usará o grego, o aramaico, o latim, hebraico, textos de Lutero, textos de Calvino, opiniões de outros pregadores, livros de autores protestantes e assim por diante. Tudo, menos abrir os olhos e simplesmente ler o que está escrito lá no Evangelho de Mateus (16, 18).
O importante é nunca concordar com o catolicismo e recusar que Jesus tenha firmado sua igreja sobre Pedro. Negam a Pedro e o poder que ele recebeu diretamente do próprio Senhor para ligar e desligar na terra. Negam que Jesus tenha lhe entregado as Chaves do Céu, e tudo o que isso implica. Nessa hora, pouco importa o texto bíblico. Os defensores da Bíblia literalmente a desprezam. E fica tudo bem, afinla, todos eles(as) são homens e mulheres de Deus. Só os católicos estão errados, os pastores e pastoras estão todos certos, certíssimos, até mesmo quando ensinam o contrário do que a Bíblia ensina. E continuam achando que seguem a Bíblia...18) Povo de Deus
Todo "evangélico" denomina a sua comunidade como o “Povo de Deus”. E por extensão, considera como pertencente a este mesmo "povo" todo e qualquer crente de outra denominação. Todos são irmãos em Cristo. Não importa que doutrina o outro "evangélico" prega ou pratica.
Não importa nem mesmo que ele não conheça o outro "evangélico" ou a sua denominação. Mas um bom católico, ainda que viva uma vida santificada, nunca é considerado “irmão em Cristo” ou “Povo de DEUS”. O que fala a Bíblia a respeito? “Todos aqueles que ouvem e praticam a Palavra de DEUS são meus irmãos e minha mãe” O que Jesus está nos dizendo? Todo aquele que ouve e obedece pertence a sua família. Ele não faz distinção de qualquer espécie. Nessa hora, o texto bíblico não tem a menor importância. O que importa é o desejo do crente e sua necessidade de definir quem está salvo e quem está condenado.
O crente não só despreza a Bíblia, como também toma o lugar de Jesus como Juiz Único e ainda antecipa o julgamento de todos os homens. Nem Lutero em seus melhores ou piores dias, ninguém sabe, seria capaz de produzir uma heresia tão deprimente.
19) Obras de Lutero
Alguém conhece um protestante que tenha lido alguma obra de Lutero? A maioria nem sabe quem foi Lutero. Sumiram todas as “obras” de Lutero. Também pudera. Foi Lutero quem chamou Jesus Cristo de bêbado e de adúltero (vide Tischeredden. Conversas à Mesa, 1472, edição de Weimar, volume II, p. 107, apud Franz Funck Brentano, Martim Lutero, editora Vecchi, Rio de Janeiro, 1956, p. 151). É de Lutero que os "evangélicos" copiam o “Só a Bíblia” e o “Só a fé”, mas a maioria deles nem sabe disso.
20) A Eucaristia e o Espírito Santo
O Senhor foi claro: seu Corpo éverdadeiramente Comida. Seu Sangue é verdadeiramente bebida (João 6, 55). Quem se alimenta da sua Carne e bebe do seu Sangue tem a Vida Eterna. Ele mesmo diz de si mesmo que é o Pão Vivo que desceu do Céu. Está na Bíblia. Mas como de costume, nessa hora, a Bíblia não importa.
Depreza-se o texto bíblico e tudo bem. Afinal, todos os "pastores" são "ungidos" e "profetas". Qualquer dorzinha que alivia na hora do culto e logo dizem que foi um milagre. Com imensa facilidade atribuem tudo o que se fala ou se faz, como pular ou cair no chão, como "obra do Espírito Santo"... Não sabem que a Bíblia diz que o único pecado que não tem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo?
21) Reforma
Curiosidade: os "evangélicos" negam a Igreja Católica como sendo a Igreja original de Jesus Cristo. Mas então, se é assim, como é possível que esses mesmos "crentes" abracem a chamada "reforma" protestante?? Dizem que a Igreja Católica é falsa. Mas a reforma daquilo que é falso só pode resultar em algo igualmente falso. Se a Igreja Católica ensina mentiras, qualquer outra denominação que tenha derivado dela só pode ensinar igualmente mentiras. Se algo que nasceu de uma reforma é bom, isso implica que a fonte original era boa, mas precisava de uma reforma. Como pode a reforma de uma igreja falsa ser acatada como honesta?
E se a Igreja é falsa, falsos são também os seus fiéis, sacerdotes, ritos e tudo mais. Em última análise, seu Deus também deveria ser falso. E se os seus membros são falsos, entre os quais Lutero, como pode esse mesmo falso sacerdote e falso cristão ser considerado um "grande reformador"? Como pode a sua reforma de uma Igreja onde tudo é falso ser aceita como padrão de fé e modelo de cristianismo ?
Mas nada precisa fazer sentido no mundo dos "evangélicos". Para cada "crente", conta apenas o que ele quer entender e aceitar. Só vale o que o "pastor" fala no púlpito. Só vale o que os pastores interpretam da Bíblia. Extremos absurdo: eles nos acusam de acreditar que o Papa é infalível (o que é mentira), mas na verdade eles é que consideram seus pastores infalíveis! O que o pastor entende da Bíblia é inquestionável, é aceito por todos como a verdade absoluta e divina!
Existem até alguns menos esclarecidos chegam a dizer que foi Constantino que fundou a Igreja Católica(!). Mas nessa hora precisamos fazer justiça e reconhecer que uma estupidez desse tamanho nunca foi dita pelos antigos protestantes. Até hoje as igrejas protestantes históricas (luterana, calvinista, presbiteriana, etc.) reconhecem que a Igreja Católica é a Igreja instituída por Cristo sobre a Terra. e que se não fosse por ela nós nem teríamos a Bíblia, hoje.
Agora, se essa tolice fosse verdade, então os evangélicos estariam abraçando uma reforma da “Igreja de Constantino”!? Eles rejeitam a Igreja de “Constantino”, mas aceitam a sua reforma?? Seria engraçado, se não fosse triste...
22) Tradições
A Bíblia Sagrada nos orienta que guardemos as tradições.
"Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavras, seja por epístola nossa". (2 Tessalonicenses 2, 15)
"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a Tradição que de nós recebeu." (2 Tessalonicenses 3, 6)
Mas os evangélicos renegam a Tradição. A pergunta que não quer calar: por que os evangélicos não guardam a Tradição, se a Bíblia orienta o contrário? No fundo no fundo, para eles pouco importa o que diz a Bíblia. Eles pensam que entendem de Bíblia, mas o que eles conhecem bem é a interpretação pessoal que o pastor faz da Bíblia. Aqueles que juram defender a Bíblia são os primeiros a contrariá-la, porque não a conhecem de fato.
23) Batismo de crianças
De onde os protestantes tiraram que a pessoa deve ser batizada somente depois da idade adulta? Alguns chegam a se comparar a Jesus Crito, dizendo que se Ele foi batizado depois de adulto, nós devemos fazer a mesma coisa!.. Como alguém consegue escutar um absurdo desses, sem chorar nem morrer de rir, é difícil entender! Meu Deus, Jesus Cristo é Deus, e foi Ele mesmo quem instituiu o Batismo! Além disso, o batismo que ele recebeu de João, como os próprios Evangelhos ensinam, não era o mesmo Batismo que Jesus ordenou à sua Igreja! Isso é tão óbvio que é difícil entender como podem se confundir a esse respeito! O Batismo que nós praticamos é outro. Além disso, Jesus carregou a sua Cruz e foi crucificado aos 33 anos. Se os "evangélicos" querem imitar Jesus tão fielmente, em tudo, porque não procuram fazer também o mesmo?
Mais uma vez, eles ignoram a Bíblia, pois ela não proíbe o Batismo das crianças, ao contrário: os Atos dos Apóstolos contam que muitas famílias inteiras foram batizadas pelos Apóstolos, e nós sabemos que todas as famílias judaicas tinham sempre muitas crianças, por uma questão justamente religiosa. Mesmo assim, o protestante prefere a interpretação dos "pastores" do que considerar o que diz a Bíblia.
Além disso, por que os "convertidos" devem ser batizado numa denominação "evangélica", mesmo que já tenham sido batizados na Igreja Católica? Quando um ex-protestante adere à Igreja Católica, na grande maioria das vezes não se exige um novo batismo. Por quê? Porque se alguém é batizado e com todas as palavras se diz no batismo que Jesus Cristo é o Senhor, como é possível ignorar a ação do Espírito Santo de forma que o mesmo batismo se torne inválido?
24) Unidade
Não fosse por fé ou por raciocínio intelectual, não fosse pelos fatos históricos que conheço ou simplesmente por questão de constatar inúmeros erros doutrinários nas milhares de denominações protestantes, a divisão e discórdia que há no meio já seria suficiente motivo para me afastar deles.
A Bíblia diz que devemos ser um só Corpo. Tudo que os "evangélicos" não querem é a união. Onde se vê "um só Batismo e uma só Fé" entre eles? Ao invés da determinação bíblica, existem mais de 50.000 denominações diferentes e divergentes entre si. A Bíblia diz que não deve haver divisão entre os cristãos. Qual dos protestantes nesse planeta leva em consideração esse texto bíblico? Mais uma vez jogam fora a Bíblia que juram defender.
25) A Bíblia é mais importante do que a Igreja?
Este é, disparado, o maior erro dos evangélicos. A Bíblia é filha da Igreja, e não a sua mãe. Foi a Igreja que escreveu a Bíblia, pouco a pouco. Os cristãos dos primeiros séculos não tinham Bíblia. É a igreja que dá credibilidade à Bíblia, e não o contrário. Acreditamos na Bíblia porque acreditamos na sua fonte. E a fonte da Bíblia Cristã é a Igreja Católica, por intermédio da qual Deus a entregou à humanidade: a Igreja Católica foi a responsável pela compilação, canonização e preservação dos textos. Quem não acredita na Igreja não deveria acreditar na Bíblia, que foi por ela produzida. Mera usurpação. Nem mesmo Lutero chegou a tal absurdo. Não é a Bíblia que define a Igreja ou que define o que Deus pode ou não fazer. A igreja é que definiu a Bíblia, por inspiração de Deus!
Mas dizer que Deus está preso à Bíblia e dela não pode “fugir” é algo escandalosamente mentiroso e blasfemo. Mas eu ouvi, pessoalmente, homens que se dizem pastores afirmando exatamente isso, que Deus não pode agir contra a Bíblia. Deus não conhece limitação de espécie alguma! A Bíblia é um instrumento, uma arma do cristão para ser usada no combate, e não uma regra imutável da qual nem Deus escapa. Dizer isto é blasfêmia! Acaso é o Criador menor do que a criatura? Aquele que chama todas as coisas a existência está preso às definições e interpretações das milhares de denominações ditas "evangélicas"? O que se vê por aí é a religião do livro. Bibliolatria pura.
A Bíblia é o ídolo de todos e o seus intérpretes que julgam-se sábios aos seus próprios olhos, tornando-se ídolos de si mesmos. A Igreja Católica não propõe a religião do livro, mas a Religião da Palavra Viva e Encarnada, o Verbo do Deus Vivo, Jesus Cristo, que se doa em Corpo, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento do Altar, o qual eles não conhecem e contra o qual blasfemam.
26) Intercessão
Inúmeras são as passagens bíblicas que falam sobre a intercessão de homens santos e anjos. Tudo ignorado pelos protestantes. No entanto não raras vezes uns oram pelos outros e mesmo chegam a pedir orações aos pregadores “ungidos” pelo Senhor. A Bíblia diz que muito vale a oração de um justo. Mas diz também que não há justo algum na terra. Sabendo que a Bíblia não é contraditória, de que justos estamos falando? Acaso aqueles que já foram julgados e muitos estão certamente entre os bons, são menores do que aqueles que ainda vivem por aqui?
Se nós, que somos injustos, podemos interceder uns pelos outros, muito mais podem aqueles que já estão na Glória Eterna.27) Sacrifício e Mediação
É intolerável afirmar que os católicos creem em outros mediadores além de Jesus. O Mediador para a nossa Salvação, entre Deus e nós, é Cristo, que com seu Sacrifício Eterno e eficaz nos resgatou na Cruz. Só Jesus, sendo Deus, se fez homem frágil e humilde, e suportou as piores dores e martírio e morte terríveis pela nossa salvação. É por isso que na Santa Missa oferecemos o Sacrifício do próprio Jesus Cristo a Deus Pai em expiação dos nossos pecados. Por isso nos alimentamos de Cristo na Sagrada Eucaristia.
Intercessão é outra coisa. Mediadores entre Jesus e os homens podem ser os nossos irmãos de fé ou os santos e anjos no Céu. A Santa Igreja, que segundo a Bíblia é a coluna e sustentáculo da Verdade (1 Timóteo 3, 15), recomenda.
28) Fé e Doutrina
O que é significa a expressão “coluna e sustentáculo da Verdade”? Significa que, sem a Igreja que Jesus deixou no mundo, a Verdade desmorona. Não somos capazes, por nossas próprias forças, de alcançar a Verdade Divina. E Deus mesmo designou a sua Igreja para nos auxiliar nesse processo. Mas tem gente por aí dizendo que Igreja não serve para nada. "Igreja não importa, importa é Jesus..." - Tá. Só tem um detalhe: foi o próprio Jesus quem nos deixou a sua Igreja Una, e disse que dependeríamos dela para encontrar o Caminho e para obter o perdão dos pecados. Mais uma vez isso está escrito lá, bem claro, na Bíblia... O problema é que, quando eles falam em "igreja", estão pensando numa empresa, que qualquer um pode fundar quando quiser, basta inventar um nome, registrar em cartório e abrir firma... Não entendem o profundo significado da Igreja Celeste, a qual Jesus fundamentou sobre o Apóstolo Pedro, o primeiro Papa
Ora, o Senhor Jesus foi claro ao dizer que as portas do inferno nunca prevaleceriam sobre a sua Igreja. Nunca significa jamais. Mas o "evangélico" não crê na promessa do filho de Deus. Para ele, o inferno prevaleceu sobre a Igreja Católica, que teria incorrido em “erros graves”. E foi preciso Lutero para corrigi-los. O que disse um homem é mais valorizado do que o que disse Jesus Cristo!
E agora são indispensáveis os atuais pregadores "evangélicos" que, mesmo divergindo entre si, estão todos certos e fazendo reparos na doutrina. Mas cada nova denominação introduz novidades, ritos e hábitos. E de Lutero ninguém lembra. Ora, ou Lutero acertou ou Lutero errou. Ou Deus levantou Lutero para corrigir os erros do catolicismo ou não levantou ninguém. E se Deus tivesse levantado Lutero, quem é o "evangélico" para continuar reformando aquilo que Deus já teria reformado? Para o "evangélico" Jesus mentiu. As portas do inferno prevaleceram "evangélico" sobre a sua Igreja e sobre o Cristianismo, por 1.500 anos, até nascer Lutero para restaurar a Verdade.
E se não fosse o “santo” Lutero, até hoje o cristianismo que se pratica por aí seria falso. Mas o "evangélico" não permaneceu com Lutero. E nem com Jesus. Conclusão: o "evangélico" amarrou uma pedra ao pescoço e lançou-se ao mar. Para ele, Jesus, depois do sofrimento atroz e do Sacrifício, deixou o homem por conta própria. Cada um interprete a Bíblia como puder. O "jesus" deles diz algo mais ou menos assim: “Virem-se. Leiam, interpretem, escolham uma denominação qualquer, porque igreja não importa. Eu deixei minha própria Igreja só de brincadeira, isso não faz a mínima diferença. Fundem igrejas novas se não gostarem de alguma denominação, contestem seus próximos, ofendam aquela que escolhi para ser minha mãe e odeiem os católicos... Assim vocês se salvarão”.
O Jesus em que nós cremos não é assim. Seu desejo é que nenhum de nós se perca. Por isso nos deu nossa Santa Mãe Igreja para nos apontar o Caminho, sem erro. Ele sabe que o coração humano é incerto e contestador. O Apóstolo Paulo confirma que nosso julgamento é sempre tendencioso. Por isso mesmo, Jesus prometeu que estaria com esta mesma Igreja até o fim dos tempos.
É sem dúvida infinitamente mais seguro ser católico.
E se alguém quiser criar um texto para responder "porque não sou católico", vou dar uma ajuda:
Por que alguém deixa de ser católico ?
Primeiro, ninguém deixa de ser católico. Os falsos católicos, aqueles que estão somente fazendo número no meio do Povo de Deus, deixam de frequentar a Igreja, quando se decepcionam com alguma coisa. E o fazem por arrogância, soberba e presunção. Me parece que a maioria o faz por ignorância, pura e simples. Alguém que não estuda nada sobre sua própria Igreja e religião.
Presumir que tudo sabe e não aceitar qualquer tipo de correção ou instrução é típico do "evangélico", e foi exatamente assim que a antiga serpente tentou o homem e a mulher: "vocês serão como Deus, conhecerão o Bem e o Mal por conta própria"... Ser um divisor por natureza já é motivo para fundar uma “igreja” e contestar aquela que Jesus institui sobre a Terra.
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terça-feira, 16 de agosto de 2016
ATOR DE STAR WARS CONTA SUA HISTÓRIA DE CONVERSÃO À IGREJA CATÓLICA

Alec Guinness ficou mundialmente conhecido por interpretar Ben Kenobi em “Guerra nas Estrelas”. O que poucos sabem é que o ator britânico era católico, não só de nome, mas por convicção.
Alec Guinness († 2000) é considerado um dos melhores atores do século XX, conhecido por sua habilidade em interpretar um amplo leque de personagens. Sua atuação como Hamlet no teatro de Londres foi largamente aclamada e ele granjeou sucesso internacional em seus filmes.
Em 1957, Guinness ganhou da academia um prêmio de melhor ator por sua performance em “A Ponte do Rio Kwai”. Dois anos mais tarde, ele foi condecorado com o título de cavaleiro da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II. Em 1962, fez o Príncipe Faiçal, em “Lawrence da Arábia” e, em 1977, ficou famoso por interpretar o personagem Ben Kenobi, em “Guerra nas Estrelas”.
Mesmo assim, em sua autobiografia Blessings in Disguise(Akadine Pr, 2001), Guinness quase dá maior destaque a sua conversão à Igreja Católica que ao sucesso de sua carreira artística.
Eis a história de sua conversão fora do comum.
Alec Guinness nasceu em Londres, em 1914, de Agnes Cuffe, uma mãe solteira que cuidou dele de maneira desordenada. Ela recusou-se a divulgar a identidade do seu pai e ele nunca descobriu por que o nome Guinness aparecia em sua certidão de nascimento. Aos seis anos de idade, frequentemente a criança era deixada sozinha por várias horas seguidas. Sua mãe entrou em um breve relacionamento com um homem brutal que era odiado e temido pelo jovem Alec. Ele só veio a livrar-se da miséria da pobreza e da negligência quando mandado à escola. Na adolescência, Guinness descobriu o encantamento pelo teatro.
Com 16 anos, ele foi confirmado na fé anglicana. Secretamente, porém, declarava-se ateu. “Certos acontecimentos ou palavras do Novo Testamento – ele escreveu – me moviam, de tempos em tempos, a algo próximo da fé, e eu, mesmo sendo um ignorante em teologia, mantinha um constante interesse por assuntos religiosos. Na maioria das vezes, porém, tudo cedia ao meu cinismo de adolescente.”
Esse “constante interesse por assuntos religiosos” levou o jovem Guinness a participar de cultos presbiterianos por um tempo, mas o entusiasmo não durou. Ele escreve em sua autobiografia nunca ter sequer passado pela sua mente a possibilidade de entrar em uma igreja católica. Sua “tolerância em relação aos católicos se limitava a uma visão simpática, mas condescendente”.
Guinness deixou a escola aos 18 e começou a trabalhar como redator para uma agência de publicidade. Já não pensava muito sobre religião, acreditando que tudo não passava de “um monte de lixo, um esquema maligno do establishmentpara manter o trabalhador em seu devido lugar”. Flertou com o comunismo, divulgando literatura marxista-leninista, participou de reuniões dosquakers, investigou o budismo e chegou a envolver-se com a tarologia.
Como a carreira de redator fracassasse, ele voltou ao teatro, realizando um sonho que tinha desde a infância. O sucesso não demorou chegar.
Enquanto interpretava Hamlet no Old Vic de Londres, um padre anglicano foi ter com ele no vestiário. O clérigo reclamou que Guinness não estava fazendo direito o sinal da cruz na peça. O encontro fez despertar novamente o seu interesse pelo Cristianismo.
Em uma noite terrível durante a Segunda Guerra Mundial, quando Londres estava sob um ataque da força aérea alemã (Deutsche Luftwaffe), Guinness refugiou-se no vicariato do reverendo Cyril Tomkinson. Ele estava preocupado com sua mulher e o filho pequeno, que se encontravam em um chalé alugado, na cidade de Stratford-upon-Avon. Entre um copo e outro de vinho, o padre anglicano deu a Guinness uma cópia de “Introdução à Vida Devota”, de São Francisco de Sales, e advertiu-o a sempre fazer uma genuflexão diante do altar. Guinness não fazia ideia do que fosse a tal “presença real”, mas, com bombas explodindo ao seu redor, aquele não parecia o momento apropriado para uma conversa do tipo.
Guinness voltou à fé anglicana e frequentemente andava de bicicleta nas manhãs escuras de inverno para receber a comunhão em uma igreja do interior. Sua amizade com Tomkinson diminuiu o seu anticlericalismo, mas não a sua aversão à Igreja de Roma. Foi preciso o Padre Brown para iniciar esse processo.
Padre Brown é um ordinário e brilhante personagem criado pelo escritor católico G. K. Chesterton. Uma das mais memoráveis interpretações de Guinness nos cinemas foi a desse humilde clérigo e detetive (Father Brown, de 1954). O filme estava sendo gravado em um remoto vilarejo da França. Uma noite, Guinness, ainda de hábito, estava em seu caminho de volta para os seus aposentos. Um garotinho, confundindo-o com um padre de verdade, segurou a sua mão e confiantemente fez-lhe companhia.
Aquele episódio aparentemente insignificante marcou profundamente Guinness. “Seguindo meu caminho – ele diz –, refleti que uma Igreja que conseguia inspirar tal confiança em uma criança, tornando padres tão facilmente acessíveis, mesmo quando desconhecidos, não poderia ser tão astuciosa ou assustadora como tantas vezes se pintava. Meus preconceitos de longa data começaram a ser abalados.”
Pouco tempo depois, o filho de Guinness, Matthew, de 11 anos, foi acometido por poliomielite e ficou paralisado da cintura para baixo. O futuro do garoto parecia incerto e, no final do trabalho diário no filme, Guinness começou a passar em uma pequena igreja católica no caminho para casa. Ele decidiu arriscar uma barganha com Deus: se Ele curasse o seu filho, Guinness não se oporia a que o filho se fizesse católico.
Felizmente, Matthew foi completamente curado e Guinness e sua esposa matricularam-no em uma escola jesuíta. Com 15 anos, ele anunciou que queria tornar-se católico. Mantendo a sua parte da promessa, o pai prontamente concordou com a decisão de Matthew.
Mas Deus queria muito mais. Guinness começou a estudar a religião católica. Teve longas conversas com um padre católico. Fez um retiro em um mosteiro trapista. Chegou inclusive a assistir Missa com a atriz Grace Kelly, enquanto trabalhava em um filme em Los Angeles. As doutrinas das indulgências e da infalibilidade papal seguraram-no por um tempo, mas, um dia, ele finalmente cedeu. “Não houve nenhuma turbulência emocional, nenhuma grande intuição, nenhum interesse adequado por questões teológicas; apenas um senso de história e de proporção das coisas.”
Guinness foi recebido na Igreja Católica pelo bispo de Portsmouth, e enquanto estava no Sri Lanka gravando “A Ponte do Rio Kwai”, foi surpreendido pela conversão de sua esposa. Como geralmente acontece com novos convertidos, ele experimentou períodos de profunda paz, alternados com deleites físicos. Ele relatava como, certa vez, começou a correr feito um louco para visitar o Santíssimo Sacramento em uma pequena igreja anônima. Refletindo sobre esse episódio, ele escreve: “Se a religião significava alguma coisa, era que o homem todo – mente e corpo igualmente – tem o dever de adorar. Senti uma certa segurança quando descobri que o bom, brilhante e agudamente sensato Ronald Knox já se tinha flagrado a si mesmo correndo, em várias ocasiões, para visitar o Santíssimo Sacramento.”
Sir Alec Guinness morreu em 2000, com 86 anos, agradecido ao Padre Brown, de Chesterton, que o conduziu pela mão até a Igreja, e grato pela recuperação de seu filho, que terminou fechando um negócio altamente proveitoso para o ator: a vida da graça, prelúdio da eternidade.
Fonte: Catholic Culture –
Tradução e adaptação: Portal Terra de Santa Cruz
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O caminho de Devin Rose: ateu orgulhoso, agnóstico deprimido, protestante duvidoso, católico fervoroso.
Um testemunho impressionante de conversão
Devin Rose e Katie sua esposa
O caminho de Devin Rose: ateu orgulhoso, agnóstico deprimido, protestante duvidoso, católico fervoroso
“Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha: ou me matar ou tentar acreditar em Deus.”
Devin Rose nasceu em uma família de tradição cristã, com o entendimento de que era apenas no nome. Na verdade, em casa, ele aprendeu que os homens vieram de uma evolução da “lama original.” Assim, não admira que na adolescência, após a obtenção do uso da razão, Devin declarou orgulhosamente incrédulo. Então nasceu um ateu.
Seu estudo na escola ajudou-o ainda mais a encorajar-lhe nessa posição, dada a suposição de consenso amplo de seus colegas neste campo. Mas na faculdade, algo aconteceu. Apesar de ter êxito naquilo que realizava (boas notas, uma noiva bonita, o amor de sua família, um monte de amigos …) havia algo que não funcionava: “Comecei a ser devorado pela ansiedade”, diz ele.
“Eu ficava nervoso em reuniões sociais, em restaurantes, cinema, mesmo durante a aula. Meu estômago agitse agitava e ficava com medo de ter que sair da classe, colocando-me no rdículo na frente de todos. “
Com o tempo, essa ansiedade só aumentou, chegando a verdadeiros ataques de pânico sem motivo aparente. Chegou até desejar a morte: ele, um estudante de honra, com bolsa integral, atleta talentoso e cercado por bons amigos e o amor de sua família.
Diante desta situação, finalmente enfrentou seu ateísmo, que agora era sinônimo de desespero: “A fina camada do conforto, da prosperidade e bem-estar geral sempre me protegeram na minha vida para enfrentar as terríveis conclusões existenciais da minha visão de mundo. Um dia, em um inquietante “sonhar acordado” vi diante de mim, de maneira total, a escuridão, uma vazia manifestação viva do meu desespero. “
Em meio a esta dor, foi até sua mãe e abriu sua alma: “Agradeço a Deus agora porque, mesmo no desespero, me deu uma mãe amorosa que eu podia ir em uma situação onde achava que não tinha outra lugar para ir. ” Juntos, eles foram para um psicólogo, outra dificuldade para Devin, que olhava com desdém para as pessoas que iam a uma terapia e então começou a dar resultados.
Mas a evolução era positiva apenas em parte. Na verdade, suas ansiedades ainda estavam lá. Foi quando ele aceitou o seu problema: ele era clinicamente deprimido, uma luta que se lhe apresentava titânica e interminável.
“Eu acreditava que meus problemas eram apenas um produto químico do meu cérebro, mas eu já tinha tentado todas as táticas possíveis para superar a ansiedade e não tinham funcionado. Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha:. Ou me mato ou trato de acreditar em Deus “
Com essa dicotomia no caminho, o antes ardente ateu se lançou na empresa de acreditar: “Eu sabia que se Deus não existisse, tentar acreditar nele não iria funcionar, pois seria só uma tática a mais no meio da multidão das que havia tentado antes, sem sucesso. E pedir a Deus ajuda, era algo dentro de mim que se rebelava, não tendo nada a perder, eu lhe dou uma chance. ” E assim, depois de muitos anos, Devin lançou seu primeira frase: “Deus, você sabe que eu não acredito em você, mas eu estou com problemas e precisa de ajuda. Se você é real, me ajude. “

Imagem do Blog de Kevin
À princípio, o resultado de suas orações foi nulo, de modo que, ironicamente, havia confirmado seu ateísmo. “Mas quando você está no mar e tudo que você tem é um salva-vidas, ainda que pequeno, é a sua única esperança.” Então eu continuou a orar.
Assim, pouco a pouco, apareceram ligeiros sinais de melhoria. E mesmo dentro do desculpas foram revelados os ateus e queria quebrar essa árvore que começou a crescer, Devin disse que eu deveria lhe dar uma chance à fé. Assim se protegia e continuava sua oração, acompanhada pela leitura da Bíblia.
Seu companheiro de quarto na faculdade era um batista fiel (protestante) e começou a levá-lo em sua igreja todos os domingos. Mesmo sentindo ataques de ansiedade, fazia violência para permanecer nas reuniões e, surpreendentemente, a sua fé começou a se fortalecer e crescer, mas estava imerso em um mar de dúvidas. No final daquele ano, Devin se considerava já, e sem dúvidas, um cristão.

Mas Deus não parou por aí; queria que Devin se encontrasse definitivamente com Ele dentro da Igreja Católica. Desde o início nasceu a pergunta por que havia tantas divisões e denominações dentro do Cristianismo. Assim o fez notar a Matt, um bom amigo seu Batista, considerado um líder entre seu grupo. Mas ele não soube responder.
Seu desejo pela verdade roía a alma e não lhe deixava em paz ver as diferenças entre as pregações cristãs. Procurou a ajuda em sua leitura da Bíblia … porém aí se deu conta que umas confissões o viam de uma maneira um e outros de outra maneira.
A questão subjacente não era simples: quem são realmente guiado pelo Espírito Santo? Porque o Espírito Santo é “o Espírito da Verdade”, e verdade é uma só. Como, então, produzia tantos efeitos?
Depois de muito pensar e de oração, Devin decidiu investigar qual denominação teve a audácia de dizer que era a Igreja que tinha a plenitude da verdade. Sua Igreja Batista certamente não disse, porém os católicos, ortodoxos e os mórmons o fizeram. Espantado com os resultados e com muito medo, começou a investigar a Igreja Católica.
Durante muito tempo debateu com amigos protestantes, fazendo todo o possível para não se tornar católico. Mas quanto mais estudava, mais se dá conta da autenticidade da Igreja. E assim, depois de receber uma boa catequese, foi recebido na Igreja na Páscoa de 2001, cerimônia da qual participaram alguns de seus amigos protestantes.
Hoje, após dez anos de Católico, Devin só pode ver com gratidão o caminho percorrido: “Meu “Caminho à Roma”começou com o risco de que Deus fosse real. Continuou com a descoberta de que ele me amava e que era digno de minha confiança. Hoje posso dizer que, depois de viver a fé católica por dez anos, a minha confiança em Cristo e Sua Igreja tornou-se cada vez mais forte. “

http://www.religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=21413
versao em portugues: https://eisquevenhofazeravossavontade.wordpress.com/2012/03/26/o-caminho-de-devin-rose-ateu-orgulhoso-agnostico-deprimido-protestante-duvidoso-catolico-fervoroso/
outros livros dele podem ser encontrados: https://www.amazon.ca/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Devin+Rose&search-alias=books-ca
Quinze anos tentando converter ao luteranismo sua mulher católica… e no final o convertido é ele.
Fonte: religionenlibertad.com
“Por que eu sou católico? Bem, a verdade é que nunca foi a minha intenção, mas eu sempre digo às pessoas que o Espírito Santo tem um grande senso de humor … e eu sou a prova”.
Quem fala é Ron Doub, que foi luterano toda sua vida até que se converteu ao catolicismo na Páscoa de 2004. O “humor” do assunto é que ele levava desde 1989, ano de seu matrimônio com a católica Theresa, tentando que fosse ela que abandonasse a Igreja.
Ron mudou de trabalho: deixou sua profissão como programador de computador e informática para organizar peregrinações à santuários dos Estados Unidos e de todo o mundo, e evangelizar com eles. É membro da Legião de Maria, de um grupo de homens católicos da paróquia de Santa Maria em Haberstown (Maryland, Estados Unidos) e ativo difusor dos programas missionários de EWTN, a cadeia de televisão da Madre Angélica. Que, como veremos, teve algo a ver em sua conversão.
Filho de uma pastora luterana
Ron conta a ‘Why I am catholic’(Porque sou católico)? que seus pais eram membros ativos da igreja luterana, tanto que ao morrer seu pai, sua mãe se ordenou como pastora luterana em 1985. Ele seguia seus passos, e seu compromisso lhe levou a liderar durante dois anos a organização juvenil ‘Liga de Lutero’.
Posteriormente, depois de concluir a universidade e começar sua vida adulta, abandonou um pouco a prática e não ia ao templo com frequência. Conheceu Theresa, católica mas não praticante, e se casaram na igreja luterana. Durante anos iam juntos aos templos dessa confissão.
“Mas minha mulher começou retornar à suas raízes católicas. Pouco antes que nascesse nosso filho aceitei a relutantemente que nosso matrimônio fosse abençoado pela Igreja católica para que ela pudesse voltar aos sacramentos. No entanto, quando nasceu William o batizamos como luterano”. E o formaram como luterano também, com aulas dominicais.
William surpreende-os e aparece a TV EWTN
Ao completar sete anos, no entanto, o levaram à escola católica local: “Queríamos a melhor educação para ele”. Um ano depois William disse a seus pais que queria fazer a Primeira Comunhão e ingressar na Igreja católica. Ron voltava a fracassar em sua tentativa de fazer de sua família uma família luterana, seguindo sua própria tradição!
“Perdia de 2 a 0! Minha mulher e meu filho tinham escolhido a fé católica. Mas eu sabia que jamais seria católico…
Foi quando a TV EWTN entrou em minha vida. Minha mulher a via de vez em quando e eu saía da sala quando ela punha . Mas comecei a ver algum programa e depois a apreciá-los…jamais admitia diante de minha mulher! A TV EWTN esclareceu alguns preconceitos e incompreensões que eu tinha com a fé católica, e chegou o momento em que a Madre Angélica, o doutor Scott Hahn, Marcus Grodi e outras pessoas da TV EWTN se converteram em minhas estrelas televisivas favoritas”.
Uma ação misteriosa de Deus na missa
Estava nos finais dos anos 90, e Ron seguia indo em sua comunidade luterana e sendo parte ativa dela. Mas algumas vezes ao ano ia à missa com sua esposa e filho, e começaram a suceder coisas surpreendentes (“milagrosas”, chega a dizer): “Esporadicamente, durante a missa, me sentia transbordar de alegria. E nunca era no mesmo momento da missa: umas vezes com um hino, outras com uma oração, outras na consagração, outras durante a homilia.
No princípio não dei importância a estas experiências, mas logo tive que admitir que, primeiro, nunca tinha experimentado algo assim em um serviço luterano, e segundo, que o Espírito Santo estava tentando dizer-me algo”.
Ron então começou a se formar, recorrendo entre outras fontes à uma livraria católica próxima ao seu trabalho: “Dediquei durante muitos dias minha hora de almoço para estudar a fé. Nunca esquecerei de um dia, lendo com lágrimas nos olhos o livro de Tim Drake sobre luteranos convertidos ‘There we stood, here we stand’ [Estávamos ali, estamos aqui, em tradução livre]. Eu o comprei e o acabei de ler essa noite. Cada uma das histórias me aproximava um pouco mais da fé católica”.
“Descobri a Presença Real na Hóstia, Maria e os santos, o rosário e a coroinha da Divina Misericórdia, e todas minhas objeções católicas se desvaneciam. Mas não disse nada a ninguém sobre meu itinerário, nem sequer para minha esposa”, recorda Ron.
Respeito humano
Na primavera de 2002 soube que “espiritual e intelectualmente” já era católico: “Mas a maior parte de minha família era luterana e minha mãe ministra luterana. As consequências ‘sociais´ de dizer à minha família e aos amigos de minha igreja que ia me converter à fé católica me aterrorizavam de morte”.
Uma noite seu filho William disse a ele e a Theresa que ia organizar um grupo para rezar o rosário no colégio: “Quando preguntamos por que, ele afirmou simplesmente que sabia que Deus queria que o fizesse. Agradou-nos muito a mim e à minha mulher,embora tenhamos ficado surpresos. Nosso filho era um grande garoto, mas geralmente chamava pouco atenção e evitava ´os focos´. Ele sabia que um garoto que começa um rosário para alunos de 12 ou 13 anos não é nada ‘legal´ e não seria bem visto pelos seus companheiros, mas ele sentia que tinha que responder ao chamado”.
“Logo”, continua Ron, “o orgulho que sentia pela coragem de meu filho se converteu em vergonha pelos meus temores. Meu filho de 12 anos estava disposto a enfrentar o ridículo para proclamar sua fé, e eu estava assustado por professar a fé que em meu coração sabia que era a verdadeira!”.
O passo final
Na primavera de 2003, enquanto ele continuava ruminando suas indecisões, chegou uma carta do coadjutor da paróquia católica de sua mulher e seu filho convidando para um curso de iniciação católica: “Uma vez mais, e de forma não demasiado sutil, o Espírito Santo tentava dizer-me algo! A carta esteve durante um mês em minha mesa, mas finalmente expliquei à minha mulher o caminho que estava percorrendo. Ela não podia acreditar! O luterano voltava para casa! Também disse à minha mãe, e mesmo discordando em alguns pontos de teologia, ela se sentiu feliz porque eu recobrei meu fervor religioso”.
“Assim que, com um ano de atraso, segui o exemplo de meu filho e respondi ao chamado. Uni-me ao curso de iniciação e entrei na Igreja católica na Vigília Pascal de 2004. Foi uma noite de glória que nunca esquecerei! E nunca esquecerei o exemplo de fé de meu filho, que moveu o Espírito Santo em mim!”, conclui Ron. (Em tempo: o grupo do rosário criado por seu filho chegou a mobilizar debaixo de sua liderança até quarenta garotos. Dois anos depois William se graduou e deixou a escola, mas já passou uma década e o grupo segue existindo e juntando-se uma vez por semana para honrar a Virgem com sua oração favorita.)
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quarta-feira, 10 de agosto de 2016
O diabo contra São João Maria Vianney

O diabo contra São João Maria Vianney
Durante 35 anos, Satanás lançou mão de todos os seus recursos para atacar o santo pároco
As palavras finais do mártir francês pe. Jacques Hamel, “Afasta-te, Satanás“, trazem à mente outro padre francês que sofreu ameaçadores encontros com o maligno. Embora não tenha sido brutalmente assassinado como o pe. Hamel, esse outro sacerdote foi alvo de todo ataque do diabo, inclusive ataques físicos, para impedi-lo de continuar espalhando o Evangelho.
Ele era São Jean-Baptiste-Marie Vianney, ou São João Maria Vianney – ou também, como talvez ele seja ainda mais conhecido, o Cura d’Ars.
Durante 35 anos, Satanás lançou mão de tudo que tinha ao seu alcance para atacar o santo pároco que ouvia confissões dos fiéis dezesseis horas por dia – todos os dias.
À noite, o Cura d’Ars ouvia vozes angustiantes, lamentos pavorosos e gritos. Chegava a ser fisicamente arrastado da cama – e, uma noite, a sua cama pegou fogo. Os tormentos o impediam de dormir direito, mas não de viver uma vida de impressionante santidade.
Sua capacidade de “ler” as almas e de ensinar as verdades profundas do Evangelho chamou grande atenção. Homens e mulheres percorriam quilômetros e quilômetros para procurá-lo em sua paróquia. O pe. Vianney, no entanto, como homem humilde que sempre foi, nunca procurou qualquer recompensa ou celebridade. Conta-se de um padre vizinho que tinha ciúmes da fama de Vianney e lançou uma petição para removê-lo de Ars por causa da sua falta de estudos. Ao saber da petição, o próprio Vianney assinou e a enviou ao bispo – que, felizmente, soube entender o que de fato estava acontecendo e o manteve na paróquia.
O pároco aceitou os tormentos causados pelo diabo sabendo que era atacado por causa dos muitos pecadores que ajudava a se reconciliarem com Deus. Aliás, era comum ele ser mais fortemente atacado na véspera da vinda de um “grande pecador” à cidade para confessar seus pecados.
“O demônio é muito esperto, mas não é forte. Fazer logo o Sinal da Cruz o afugenta (…) Quando eu fiz o Sinal da Cruz, ele foi embora”, testemunhou o santo, que, a certa altura, já nem sequer estranhava as aparições insistentes do diabo.
São João Maria Vianney passou por esses ataques terríveis porque Deus sabia que ele podia lidar com eles e que essa experiência o fortaleceria no ministério da misericórdia. O apóstolo São Paulo já tinha explicado aos coríntios: “Deus é fiel e não te permitirá ser tentado para além de tuas forças” (1 Cor 10,13).
Satanás precisou apelar para recursos mais extremos porque São João Maria Vianney não se deixava levar pelas tentações diárias “comuns”, aquelas com que estamos todos familiarizados. Mas nem isso deu certo. Em vez de dobrá-lo à sua vontade, Satanás teve de testemunhar a graça de Deus que sustentava o santo sacerdote para permanecer fiel à vontade do Pai até o fim.
Satanás é um terrorista: ele sempre recorre ao medo para se apresentar como mais poderoso que Deus. Ele usa o seu terrorismo para nos paralisar e impedir de espalhar a misericórdia de Deus entre todas as pessoas. Devemos nos impor diante da tirania do mal e, como disse o arcebispo de Rouen, “ser testemunhas de que a violência não vencerá em nosso próprio coração“.
Será que era coincidência que Satanás atacasse São João Maria Vianney com a máxima intensidade justo antes que chegassem à cidade os “grandes pecadores”? Será coincidência que, em nosso tempo, a sua violência tenha se intensificado tanto durante o Jubileu da Misericórdia?
Permaneçamos fiéis a Cristo e “combatamos o bom combate”, comprometendo-nos ainda mais para ser missionários da misericórdia.
por:Philip Kosloski
fonte: http://pt.aleteia.org/2016/08/04/o-diabo-contra-sao-joao-maria-vianney/
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