sábado, 2 de agosto de 2014

Testemunho Ex-protestante: Rivanda Marcelino Brasil

Em outubro de 1970, eu, Rivanda Marcelino Brasil Campos, nasci numa família católica, simples, sem conhecimentos sobre a doutrina da Igreja, mas católica. Em fevereiro de 1972, com um ano e quatro meses de idade, fui batizada. Anos após, recebi o sacramento da Eucaristia e, algum tempo depois, ainda no início da adolescência, o sacramento do Crisma. Cresci sendo levada, aos domingos e demais dias santos, às Missas da Igreja Católica Apostólica Romana. E assim, continuei o hábito dos meus pais, frequentando às Missas. Aos dezessete anos de idade, passei a frequentar um grupo de jovens da renovação carismática da Igreja São José de Taguatinga Norte, cidade do Distrito Federal, próxima à capital Brasília. Mas eu estava sem amparo, ficando um tanto desmotivada e encarando a Missa como algo repetitivo e sem sentido. Não confessei isso a ninguém e, certamente, foi aí que eu errei. Jovem e sem o conhecimento firme da doutrina católica, acabei aceitando explicações vindas do protestantismo. Fui, sem meus pais saberem, a cultos em igrejas protestantes. E assim, acabei sucumbindo, sem procurar nenhuma resposta dentro da doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana para as dúvidas que me afligiam e aceitei, sem nenhuma avaliação, as “verdades” que o protestantismo me oferecia e que eu nem sabia que tinham por base a Sola Fide e a Sola Scriptura.
Aos dezoito anos, em 1989, conheci um jovem batista, ao voltar do trabalho para casa. Era o Gabriel Campos. Na mesma noite, acordei ao cair da cama e ter sonhado me casando com aquele rapaz que acabara de conhecer. Fiquei um tanto assustada com aquilo, mas não dei importância. Semanas depois e por acaso, tornamos a nos encontrar. Iniciamos um namoro, que desembocou num casamento, em maio de 1990, na Igreja Batista Alvorada de Taguatinga. Ressalto que não frequentávamos essa igreja, mas nos “casamos” lá, pois eu ainda estava a visitar várias igrejas protestantes. E assim ficamos durante muito tempo. Após um ano e sete meses, fiquei grávida e nosso filho nasceu oito meses depois. Tempos depois, passamos a frequentar a Igreja Batista Monte Horebe, na qual fui “batizada”. E lá estava eu com minhas novas dúvidas. Afinal, por que tinha de ser batizada novamente, se nunca deixara de crer em Jesus como meu Senhor e Salvador? Por que só a fé salva? E as obras? Na verdade, eu não me pronunciava, mas sempre considerei inaceitável ler na Epístola de São Tiago 2,24 que a justificação ocorre pelas obras e não somente pela fé e continuar dizendo que a salvação viria somente pela fé. O tempo foi passando, mudamos de residência e fomos frequentando outras igrejas protestantes. Nunca entendi o porquê de tantas divisões, mas também não me esforçava ou não queria, seriamente, buscar a resposta. Acabamos por frequentar cada vez menos e começamos a observar cada vez mais o fenômeno das divisões que não paravam e não param nas igrejas protestantes, a teologia da prosperidade e mais recentemente os grupos que abominam a reunião em igreja e o sacerdócio, mesmo possuindo estes um líder espiritual e um local para se reunirem. Mas guardávamos a crença protestante e ir para a Igreja Católica era algo, simplesmente, não cogitado.
Ocorre que Gabriel sempre gostou de ler diversos temas e a Igreja Católica Apostólica Romana era um destes. No início, leituras sem o intento de pesquisar, de buscar respostas para nossas dúvidas escondidas em algum recôndito da alma, mas essas mesmas leituras foram gerando questões, que por algum tempo foram deixadas de lado, mas como um rio mal represado, acabaram por inundar nossa alma e necessitavam de respostas honestas. Assim, Gabriel começou a dividir comigo suas dúvidas. Confesso que cada vez que ele me trazia uma informação ou uma dúvida, eu ouvia, mas não queria dar importância àquilo. Eu percebia que havia pertinência naquelas dúvidas e isso me preocupava. Num certo dia, ele apareceu com um livro chamado Todos os caminhos levam à Roma, escrito pelo ex-pastor calvinista Scott Hahn e sua esposa Kimberly. Eu não queria saber daquilo. Eu nunca havia ouvido falar de um protestante convertido à Igreja Católica! Por acaso, existiria explicação para a Igreja Católica Apostólica Romana? Mesmo que existisse, eu não queria tomar conhecimento. Eu queria, mesmo sem ter isso de forma clara, permanecer na minha ignorância. Mas a história de conversão daquele ex-pastor me parecia por demais interessante para que eu me negasse à leitura. Eu tinha que satisfazer minha curiosidade. Sinceramente, não esperava encontrar naquele livro nada que pudesse abalar minhas convicções protestantes sobre a Igreja Católica. Mas alguns trechos desse livro me fizeram pensar. E um desses trechos foi o seguinte: “Bom, doutor Gerstner, tanto protestantes como católicos estão de acordo em que Deus deve ter tornado infalível Pedro pelo menos em duas ocasiões: quando escreveu a Primeira e a Segunda Epístola de Pedro, por exemplo. Ora, se Deus o pode tornar infalível para ensinar com autoridade por escrito, porque é que não podia preservá-lo do erro ao ensinar com autoridade em pessoa? Do mesmo modo, se Deus pode fazer isso com Pedro e com os outros apóstolos que escreveram a Escritura, porque não podia fazer o mesmo com os seus sucessores, especialmente ao prever a anarquia a que se chegaria se não o fizesse? Por outro lado, como podemos estar seguros de que os vinte e sete livros do Novo Testamento são em si mesmos a infalível Palavra de Deus se foram Papas falíveis e concílios falíveis que nos deram essa lista?”
Naquele livro, vi, de certo modo, eu e Gabriel vivendo um momento semelhante. Obviamente que a bagagem de conhecimento do casal Hahn está a anos luz de distância da nossa. Estão muito adiante.
Em meados de setembro de 2013, Gabriel me convidou para irmos à Missa na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, uma igreja que fica a uns dez minutos de nossa casa, se formos de carro. Disse que não queria ir, mas não me incomodava que ele fosse lá matar sua curiosidade. Ele me perguntou, ao sair: E se eu me tornar católico, o que você fará? Na verdade, eu sabia que ele já estava convencido de suas descobertas, só queria confirmar suas certezas. Então respondi: Olha, você está com um pouco mais de sorte que o Scott Hahn, pois como já fui católica, não tenho toda aquela aversão que a Kimberly teve e que era totalmente compreensível considerando o passado dela. Vou respeitar sua decisão, quero que você se sinta bem com Jesus e com suas convicções, mas não quero ser pressionada e nem quero você tentando me convencer. Antes que entrasse no carro e se dirigisse à Igreja, perguntei a ele se não ficaria perdido durante a missa, pois não sabia as orações, quando ajoelhar, o que responder, e ele me disse que já havia lido um pequeno livro que explicava cada ato da missa. E assim, foi e voltou certo de que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Igreja de Cristo. Na verdade, ele já estava convencido disto, após leituras dos primeiros padres da Igreja, aulas do Pe. Paulo Ricardo e escritos do Scott Hahn e do Papa Bento XVI, tudo em consonância com a Bíblia. Mas, mesmo assim, eu não esperava que ele tomasse essa decisão tão rápido. Eu estava com um certo medo. Eu não queria tomar conhecimento das respostas lógicas para a veneração e intercessão de Maria e de todos os santos, para a infalibilidade papal, para a formação do cânon da Bíblia e da própria Eucaristia e demais sacramentos. Ocorre que essas respostas me incomodavam, movimentavam algo dentro de mim, me causavam desconforto. Mas a cada dúvida, me era dada uma resposta, nos livros, nas aulas do Pe. Paulo Ricardo, no Catecismo da Igreja Católica, na sua tradição e na Bíblia. Eu poderia, simplesmente, não aceitar. E por muitas vezes, eu voltava a ler ou a assistir aos vídeos para verificar se não havia algum ponto falho, algo inaceitável, mas não encontrei. O fato é que as explicações se mostravam cada vez mais óbvias. Algumas pessoas devem ter concluído que meu retorno à Igreja Católica Apostólica Romana se deu por uma comodidade de acompanhar meu marido, mas não foi para agradá-lo que aceitei as explicações para minhas dúvidas, pois sempre respeitamos muito o momento um do outro. Vi que eram respostas verdadeiras e que eu não podia mais ignorá-las. Passei a acessar vários vídeos e textos do Pe. Paulo Ricardo (https://padrepauloricardo.org/). Fiquei tão sedenta, que acabei por fazer minha assinatura no site para acessar as aulas restritas aos assinantes. Em meados de janeiro de 2014, meu marido assumiu sua conversão aos amigos por meio do facebook, pois assim, não teria de ficar repetindo a mesma história. O mais difícil foi revelar à família dele, que tem longa tradição batista. Após o comunicado, percebemos o silêncio e também o distanciamento. Alguns conhecidos mais exaltados proferiram expressões grosseiras para nos descrever, outros deram gargalhadas, pois pensaram que estávamos contando uma piada. Fazer o quê? Vamos deixando nas mãos Deus.
Com minhas limitações, sigo lendo e ouvindo e aprendendo, cada vez mais, sobre a Igreja Católica Apostólica Romana. Aquela mesma Igreja, que Cristo deixou sob os cuidados de Pedro e sob a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Termino esse testemunho afirmando que Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra e em Jesus Cristo, seu Único Filho e nosso Senhor, que foi concebido pelo Poder do Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai Todo- Poderoso, de onde há de vir e julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressureição da carne, na vida eterna. Amém.

sábado, 19 de julho de 2014

O que descobri quando participei pela primeira vez da Missa

O que descobri quando participei pela primeira vez da Missa

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Um dos livros de Scott Hahn, um renomado professor de teologia e de Escritura na Universidade Franciscana em Steubenville, nos Estados Unidos, fundador e dirigente do Institute off Applied Biblical Studies, é o “Banquete do Cordeiro”, no qual revela um segredo duradouro da Igreja: a chave dos cristãos para entender os mistérios da missa.

O autor explora o mistério da Eucaristia com os olhos novos e fala da missa como um poderoso dama sobrenatural, no qual o sacrifício real do Cordeiro traz o céu à terra. Hahn era protestante calvinista e quando se pôs a estudar sobre a vida dos primeiros cristãos, se aproximou da Eucaristia, e se converteu ao catolicismo.
Segue abaixo um pequeno trecho desta bela obra de Scott Hahn, no qual ele relata o começo de sua experiência ainda como calvinista quando foi a estudo participar da Santa Missa. Vale a pena ler até o fim:
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Ali estava eu, incógnito, um ministro protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em Milwaukee para participar pela primeira vez da missa. A curiosidade me arrastar até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma curiosidade “saudável”. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”. Para aqueles primeiros cristãos, separada do acontecimento que os católicos de hoje denominam “missa”, a Bíblia – o livro que eu mais amava – era incompreensível.
Eu queria entender os cristãos primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso, persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico, mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar de idolatria.
Sentei-me na obscuridade, em um banco bem fundo daquela capela no subsolo. À minha frente havia um número considerável de fiéis, homens e mulheres de todas as idades.
Impressionaram-me suas reflexões e sua evidente concentração na oração. Então um sino soou e todos se levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar.
Hesitante, permaneci sentado. Durante anos, como calvinista evangélico, fui instruído par acreditar que a missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Tinha aprendido que a missa era um ritual com o propósito de “sacrificar Jesus Cristo outra vez”. Por isso, eu seria um espectador, ficaria sentado, com a Bíblia aberta ao meu lado.
Entretanto, à media que a missa prosseguia, alguma coisa me tocou. A Bíblia não estava só ao meu lado. Estava diante de mim- nas palavras da missa! Um versículo era de Isaías, outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu queria interromper tudo e gritar: “Ei! Posso explicar o que está acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante, mantive minha posição de espectador, à parte até que ouvi o sacerdote pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é  cálice do meu sangue”.
Então senti todas as minhas dúvidas se esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que uma prece subia de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”
A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim. Porém, a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: “Cordeiro de Deus…Cordeiro de Deus…Cordeiro de Deus…”, e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto elevava a hóstia.
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Em menos de um minuto a frase “Cordeiro de Deus” ressoou quatro vezes. Graças a longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro de Apocalipse, no qual Jesus é chamado Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em vinte e dois capítulos. Estava na festa de núpcias que João descreve no final do último livro da Bíblia. Estava diante do trono do céu, onde Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, não estava preparado para isso – eu estava na missa!
Voltei à missa no dia seguinte e no outro dia e no outro. Cada vez que eu voltava, eu “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos. Contudo, naquela capela escura, nenhum livro me era tão visível quanto o da revelação de Jesus Cristo, o Apocalipse, que descreve a adoração dos anjos e santos do céu. Como nesse livro, vi, naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar, uma assembleia que entoava: “santo, santo, santo”. Vi a fumaça de incenso, ouvi a invocação dos anjos e santos; eu mesmo entoava os aleluias, pois me sentia cada vez mais atraído a essa adoração. Continuei a me sentar no último banco com minha Bíblia e mal sabia para onde me voltar- para a ação no Apocalipse ou para a ação no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma.
Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros bispos, os Padres da Igreja, tinha feito a mesma “descoberta” que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do Apocalipse. Alguma coisa intensa aconteceu com o estudioso e crente que eu era. O livro da Bíblia que eu achava mais desconcertante- o do Apocalipse- agora elucidava as ideias mais fundamentais de minha fé: a ideia da aliança como elo sagrado da família de Deus. Além disso, a ação que eu considerava a maior das blasfêmias – a missa- agora se revelava o acontecimento que ratificou a aliança de Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.
Retirado do livro:
HAHN, S.O banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 2009.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pilar de fogo, Pilar da verdade: A Igreja Católica e o Plano de Deus para você.

Pilar de fogo
Pilar da verdade
A Igreja Católica e o Plano de Deus para você.

Sendo ou não católico, você pode ter dúvidas sobre a fé católica. Você pode ter ouvido objecões contra a Igreja Católica no que ela reivindica ser a intérprete e a guardiã dos ensinamentos de Jesus Cristo.

Tais desafios vêm de missionários que de porta em porta perguntam, "Você já esta salvo?", da pressão de irmãos que convida você a ignorar os ensinamentos da Igreja, de uma cultura secular que sussurra "Não há nenhum Deus".

Você não pode lidar com estes desafios, a menos que você compreende os fundamentos da fé católica. Este folheto vai apresenta-los para você.

No catolicismo, você encontrará respostas às perguntas mais inquietantes da vida: por que estou aqui? Quem me fez? O que devo crer? Como devo agir? Todos estas perguntas podem ser respondidas satisfatoriamente, apenas se você se abrir à graça de Deus, recorrer a Igreja que ele estabeleceu e seguir seu plano para você (Jo 07:17).


UMA HISTÓRIA CONTÍNUA

Jesus disse que sua igreja seria "a luz do mundo". Em seguida, observou que "uma cidade situada numa colina não pode ser escondida" (Mt 05:14). Isso significa que sua Igreja é uma organização visível. Ela deve ter características que claramente a identifica e que a distinguem de outras igrejas. Jesus prometeu, "edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). Isso significa que sua Igreja nunca será destruída e nunca vai ir pra longe dele. Sua Igreja vai sobreviver até o seu retorno.

Entre as igrejas cristãs, apenas a Igreja Católica existe desde a época de Jesus. Todas as outras igrejas cristãs são ramos da Igreja Católica. As igrejas ortodoxas orientais se separaram da unidade com o Papa em 1054. As igrejas protestantes foram estabelecidas durante a reforma, que começou em 1517. (A maioria das igrejas protestantes de hoje são ramificações das ramificações protestantes originais.)

Apenas a Igreja Católica existia no século X, no século V e no primeiro século, ensinando fielmente as doutrinas dadas por Cristo aos Apóstolos, não omitindo nada. A linha de papas pode ser rastreada, em sucessão ininterrupta, até o próprio Pedro. Isso é inigualável por qualquer instituição na história.

Mesmo o governo mais antigo é novo em comparação com o papado, e as igrejas que enviam missionários a domicílio são jovens em relação à Igreja Católica. Muitas destas igrejas começaram tão recentemente quanto os séculos XIX e XX. Algumas até mesmo começaram durante a sua própria vida. Nenhuma delas pode alegar ser a Igreja que Jesus estabeleceu.

A Igreja Católica já existe há quase 2.000 anos, apesar da oposição constante do mundo. Isso é testemunho da origem divina da Igreja. Deve ser mais do que uma organização meramente humana, especialmente considerando que seus membros humanos — até mesmo alguns de seus líderes — têm sido imprudentes, corruptos ou propensos a heresia.

Qualquer organização meramente humana com tais membros teria desmoronado desde o início. A Igreja Católica hoje é a Igreja mais vigorosa do mundo (e a maior, com um bilhão de membros: um sexto da humanidade), e isso é testemunho não à esperteza dos líderes da Igreja, mas da proteção do Espírito Santo.

QUATRO MARCAS DA IGREJA VERDADEIRA
Se quisermos identificar a Igreja fundada por Jesus, precisamos localizar aquela que tem as quatro marcas principais ou qualidades de sua Igreja. A Igreja que procuramos deve ser Una, Santa, Católica e Apostólica.

A Igreja é una
 (Rm. 12:5, 1 Cor 10:17, 12:13, CIC 813–822)
Jesus estabelecido apenas uma Igreja, não uma coleção de diferentes Igrejas (Luterana, Batista, Anglicana e assim por diante). A Bíblia diz que a Igreja é a noiva de Cristo (Ef 5:23–32). Jesus só pode ter uma esposa e sua esposa é a Igreja Católica.

Sua Igreja ensina também apenas um conjunto de doutrinas, que devem ser as mesmas ensinadas pelos Apóstolos (Judas 3). Esta é a unidade da crença a que nos chama a Escritura (Fl 01:27, 2:2).

Embora alguns católicos não concordam com doutrinas oficialmente ensinadas, os mestres oficiais da Igreja — o Papa e os Bispos, Unidos a ele — nunca mudaram nenhuma doutrina. Ao longo dos séculos, como as doutrinas foram examinadas mais plenamente, a Igreja veio a entendê-las mais profundamente (Jo 16:12–13), mas ela nunca veio compreende-lá  a significar o contrário do que se entendeu uma vez.

A Igreja É Santa
 (Ef 5:25–27, Ap 19:7–8, CIC 823–829)
Por sua graça, Jesus torna a Igreja Santa, assim como Ele é Santo. Isso não significa que cada membro é sempre santo. Jesus disse que iria haver bons e maus membros na Igreja (Jo 6:70) e nem todos os membros iriam para o céu (Mt 7:21–23).

Mas a Igreja é Santa, porque Ela é a fonte de santidade e é a guardiã dos meios especiais da graça que Jesus estabeleceu, os sacramentos (cf. Ef 05:26).

A Igreja é Católica
(Mt 28:19–20, Ap 5:9–10, CIC 830–856) 
A Igreja de Jesus é chamada Católica ("universal" em grego) porque ela é seu dom para todas as pessoas. Ele disse a seus apóstolos para ir em todo o mundo e fazer discípulos de "todas as Nações" (Mt 28:19–20).

Há 2.000 anos a Igreja Católica levou a cabo esta missão, pregando a boa notícia que Cristo morreu por todos os homens e que Ele quer que todos nós sejamos membros da sua família universal (Gl 03:28).

Hoje em dia a Igreja Católica é encontrada em todos os países do mundo e ainda está enviando missionários para "fazer discípulos de todas as Nações" (Mt 28:19).

A Igreja que Jesus estabeleceu era conhecida por seu título mais comum, "a Igreja Católica," o registro mais antigo e datado do ano 107, quando Inácio de Antioquia usou esse título para descrever a Igreja que Jesus havia fundado. O título aparentemente já era velho no tempo de Inácio, que significa que provavelmente esse titulo faz todo o caminho de volta até tempo dos Apóstolos.

A Igreja é Apostólica
(Ef 2:19–20, CIC 857–865)
A Igreja que Jesus fundou é apostólica porque Ele mesmo  nomeou os apóstolos para serem os primeiros líderes da Igreja, e seus sucessores seriam os futuros líderes. Os apóstolos foram os primeiros bispos e, desde o primeiro século, tem existido uma linha ininterrupta de Bispos transmitindo fielmente o que os apóstolos ensinaram aos primeiros cristãos através das Escrituras e da tradição oral (2 Tm 2:2).

Estes ensinamentos incluem a ressurreição corporal de Jesus, a presença Real de Jesus na Eucaristia, a natureza sacrificial da Missa, o perdão dos pecados por meio de um sacerdote, a regeneração baptismal, a existência do purgatório, papel especial de Maria e muito mais — até mesmo a doutrina da sucessão apostólica.

Os escritos dos primeiros cristãos provam que os primeiros cristãos eram completamente católicos na crença e prática e sempre viram os sucessores dos Apóstolos como seus líderes. O que estes primeiros cristãos acreditavam ainda hoje é acreditado pela Igreja Católica. Nenhuma outra igreja pode fazer essa reivindicação.

Pilar de fogo, pilar da verdade
A inteligência do homem não pode explicar isso. A Igreja manteve-se Una, Santa, Católica e Apostólica — não através do esforço do homem, mas porque Deus preserva a Igreja que Ele estabeleceu (Mt. 16:18, 28:20).
Ele comandou os israelitas em sua fuga do Egito, dando-lhes um pilar de fogo para iluminar seu caminho através do deserto escuro (Ex 13:21). Hoje, ele nos guia através de sua Igreja Católica.

A Bíblia, Sagrada tradição e os escritos dos primeiros cristãos testificam que a Igreja ensina com a autoridade de Jesus. Nesta época de inúmeras religiões concorrentes, cada uma clamando por atenção, uma só voz sobe acima desse barulho ensurdecedor: a Igreja Católica, que a Bíblia chama de "o Pilar e a Fundação da verdade" (1 Tm 03:15).

Jesus garantiu aos apóstolos e seus sucessores, os papas e os Bispos, "aqueles que ouvem vocês ouvem a mim, e quem vos rejeita, rejeita a mim" (Lucas 10:16). Jesus prometeu orientar sua Igreja em toda a verdade (Jo 16:12–13). Podemos ter confiança de que sua Igreja ensina só a verdade.

A ESTRUTURA DA IGREJA
Jesus escolheu os apóstolos para serem os líderes terrenos da Igreja. Ele lhes deu sua própria autoridade para ensinar e governar — não como ditadores, mas como amorosos pastores e pais. Daí que os católicos chamam seus líderes espirituais "padre". Em fazê-lo, seguimos o exemplo de Paulo: "Me tornei seu pai em Jesus Cristo por meio do Evangelho" (1 Cor 04:15).
Os Apóstolos, cumprindo a vontade de Jesus, ordenaram Bispos, sacerdotes e diáconos e assim passaram seu ministério apostólico a eles — o grau mais elevado de ordenação para os Bispos, e grau menor para os sacerdotes e diáconos.

O Papa e os Bispos
(CIC 880–883)
Jesus deu autoridade especial a Pedro dentre os apóstolos (Jo 21:15–17) e confirmou isso, alterando seu nome de Simon para Pedro, que significa "rocha" (Jo 01:42). Ele disse que Pedro era para ser a rocha sobre a qual ele iria construir sua Igreja (Mt. 16:18).

Em aramaico, a língua que Jesus falou, o novo nome de Simon era Kepha (que significa uma enorme rocha). Mais tarde este nome foi traduzido para o grego como Petros (Jo 01:42) e para o português Pedro. Cristo deu a Pedro sozinho as "chaves do Reino" (Mt 16:19) e prometeu que as decisões de Pedro seriam prescritas no céu. Ele também deu poder semelhante aos outros Apóstolos (Mt 18:18), mas só Pedro recebeu as chaves, símbolos da sua autoridade para governar a Igreja na terra na ausência de Jesus.

Cristo, bom pastor, chamou Pedro para ser o pastor principal da sua Igreja (Jo 21:15–17). Ele deu a Pedro a tarefa de fortalecer os outros apóstolos na sua fé, garantindo que a fé deles nunca desfalecesse (Lc 22:31–32). Pedro liderou a Igreja no anúncio do Evangelho e nas decisões a serem tomadas (At 2:1– 41, 15:7–12).

Os escritos dos primeiros cristãos nos dizem que os  sucessores de Pedro, os Bispos de Roma (que desde os tempos mais antigos têm sido chamado pelo título afetuoso de "Papa", que significa "papai"), continuaram a exercer o Ministério de Pedro na Igreja.

O Papa é o sucessor de Pedro como bispo de Roma. O outros bispos do mundo são sucessores dos Apóstolos em geral.

COMO DEUS FALA CONOSCO
Deus fala à sua Igreja através da Bíblia e da Sagrada tradição. Para certificar-se de que nós O compreendemos, Ele orienta a autoridade de ensino da Igreja — o Magistério — assim que o magistério sempre interpreta a Bíblia e a tradição com precisão. Este é o dom da infalibilidade.
Como as três pernas em um banquinho, a Bíblia, tradição e o magistério são todos necessários para a estabilidade da Igreja e para garantir a sã doutrina.

Sagrada Tradição
(CIC 75–83)
A Sagrada tradição não deve ser confundida com meras tradições de homens, que são mais comumente chamados de costumes ou disciplinas. Jesus, por vezes, condenou costumes ou disciplinas, mas apenas se elas fossem contrárias aos mandamentos de Deus (Mc 7:8). Ele nunca condenou a Sagrada tradição, e ele mesmo não condena toda tradição humana.

Sagrada tradição e a Bíblia não são concorrentes ou diferentes revelações. São duas maneiras que a Igreja usa para transmitir o evangelho. Ensinamentos apostólicos, como a Trindade, batismo infantil, a inerrância da Bíblia, Purgatório e a virgindade perpétua de Maria foi mais claramente ensinado através da tradição, embora eles também estão implicitamente presentes (e não contrário) a Bíblia. A própria Bíblia nos diz para ficarmos firmes na tradição, se ela vem a nós na forma escrita ou oral (2 Ts. 02:15, 1 Cor 11:2).

Sagrada tradição não deve ser confundida com costumes e disciplinas, tais como o Rosário, o celibato sacerdotal e a não comer carne nas sextas-feiras da Quaresma. Estas são coisas boas e úteis, mas elas não são doutrinas. A Sagrada tradição preserva doutrinas antes ensinadas por Jesus aos Apóstolos e mais tarde transmitida a nós através dos sucessores dos Apóstolos, os bispos.

Escritura
(CIC 101–141)
Escritura, pelo qual entendemos o Antigo e Novo Testamento, foi inspirada por Deus (2 Tm 03:16). O Espírito Santo guiou os autores bíblicos para escreverem o que Ele queria que se escrevesse. "os livros inspirados ensinam a verdade. Então tudo o que os escritores inspirados ou os escritores sagrados afirmam deve ser entendido como afirmado pelo Espirito Santo, devemos reconhecer que os livros da Sagrada Escritura, firmemente, fielmente e sem erros ensinam a verdade que Deus

Uma vez que Deus é o principal autor da Bíblia, e uma vez que Deus é a própria verdade (Jo 14:6) e não pode ensinar nada falso, a Bíblia é livre de todos os erros em tudo afirma ser verdadeira.

Alguns cristãos afirmam, "A Bíblia é tudo o que eu preciso", mas esta noção não é ensinada na Bíblia. Na verdade, a Bíblia ensina a idéia contrária (2 Pd 1:20–21, 3:15–16). A teoria de "somente a Bíblia" não foi acredita por nenhuma pessoa na Igreja primitiva.

É uma idéia nova, tendo surgida apenas no século XVI durante a reforma protestante. A teoria é uma "tradição dos homens", que anula a palavra de Deus, distorce o verdadeiro papel da Bíblia e  desrespeita a autoridade da Igreja que Jesus estabeleceu (Mc 7:1–8).

Embora popular em muitas igrejas da "Bíblia cristã", a teoria de "somente a Bíblia" simplesmente não funciona na prática. Experiência histórica desaprova isso. Cada ano vemos mais divisões entre as religiões "Crentes da Bíblia sozinha".

Hoje existem dezenas de milhares de denominações concorrentes, cada uma insistindo que a sua interpretação da Bíblia é a correta. As divisões resultantes causaram indizível confusão entre os milhões de sinceros mas desencaminhados cristãos.

Basta abrir as páginas amarelas da seu lista de telefone e veja quantas diferentes denominações estão listadas, cada uma alegando ir pela "somente a Bíblia," mas não há duas delas concordando exatamente em que a Bíblia ensina.

Sabemos isso com certeza: O Espírito Santo não pode ser o autor desta confusão (1 Cor 14:33). Deus não pode levar as pessoas a acreditarem em coisas contraditórias, porque sua verdade é uma. Conclusão? A teoria de "somente a Bíblia" deve ser falsa.

O Magistério
(CIC 85 — 87, 888–892)
O Papa e os Bispos formam a autoridade da Igreja, que é chamada o Magistério (do latim para "professor"). O Magistério, guiado e protegido contra erro pelo Espírito Santo, nos dá certeza em matéria de doutrina. A Igreja é a guardiã da Bíblia e fielmente e com precisão proclama sua mensagem, uma tarefa que Deus deu à sua Igreja poderes para cumprir.

Tenha em mente que a Igreja veio antes do Novo Testamento, não o Novo Testamento antes da Igreja. Divinamente inspirados, membros da Igreja escreveram os livros do Novo Testamento, assim como os escritores divinamente inspirados tinham escrito o Antigo Testamento, e a Igreja é guiada pelo Espírito Santo para guardar e interpretar a Bíblia inteira, Antigo e Novo Testamento.

Tal intérprete oficial é absolutamente necessária se quisermos entender a Bíblia corretamente. (Todos sabemos o que a Constituição diz, mas ainda precisamos de um Supremo Tribunal para interpretar o que ela significa.)

O Magistério é infalível quando ele ensina oficialmente porque Jesus prometeu enviar o Espírito Santo para orientar os apóstolos e seus sucessores "em toda a verdade" (Jo 16:12–13).

COMO DEUS DISTRIBUI SEUS DONS
Jesus prometeu que Ele não nos deixaria órfãos (Jo 14:18) mas enviaria o Espírito Santo para guiar e proteger-nos (Jo 15:26). Ele nos deu os sacramentos para curar, alimentação e fortalecer-nos.
Os sete sacramentos-batismo, Eucaristia, penitência (também chamado de reconciliação ou confissão), confirmação, ordem, matrimônio e a Unção dos enfermos — não são apenas símbolos. Eles são sinais de que realmente transmitem amor e graça de Deus.

Os sacramentos foram prenunciados no Antigo Testamento por coisas que na realidade não transmitiam graça mas apenas simbolizaram graça (circuncisão, por exemplo, prefigurou o batismo e a refeição da Páscoa prefigurou a Eucaristia. Quando Cristo veio, ele não acabou com os símbolos da graça de Deus. Ele os supernaturalizou, energizando-os com a graça. Ele os fez mais do que símbolos.

Deus constantemente usa coisas materiais para mostrar seu amor e poder. Afinal de contas, a matéria não é má. Quando Deus criou o universo físico, tudo o que Ele criou era "muito bom" (Gn. 01:31). Ele se delicia tanto com matéria que Ele mesmo a dignou através de sua própria encarnação (Jo 01:14).

Durante seu Ministério terreno Jesus curou, alimentou e reforçou as pessoas por meio de elementos humildes como lama, água, pão, azeite e vinho. Ele poderia ter realizado seus milagres diretamente, mas Ele preferiu usar coisas materiais para conferir sua graça.

Em seu primeiro milagre público Jesus transformou água em vinho, a pedido de sua Mãe, Maria (Jo 2:1–11). Ele curou um cego, esfregando lama em seus olhos (Jo 9. 1-7). Ele multiplicou alguns pães e peixes em uma refeição para milhares (Jo 6:5–13). Ele mudou o pão e o vinho em seu próprio corpo e sangue (Mt 26:26– 28). Através dos sacramentos, ele continua a curar, alimentar e fortalecer-nos.

Batismo
(CIC 1213–1284)
Por causa do pecado original, nós nascemos sem a graça em nossas almas, então não há meios para que possamos ter amizade com Deus. Jesus tornou-se homem para trazer-nos em União com seu Pai. Ele disse que ninguém pode entrar no Reino de Deus a menos que primeiro nasça da "água e do Espírito" (Jo 3:5) — trata-se do batismo.

Pelo batismo nós nascemos novamente, mas desta vez a nível espiritual em vez de um nível físico. Nós somos lavados no banho do renascimento (Tt 3:5). Nós somos batizados na morte de Cristo e, portanto, compartilham em sua ressurreição (Rm 6:3–7).

O Batismo nos purifica dos pecados e traz o Espírito Santo e sua graça em nossas almas (At 02:38, 22:16). E o Apóstolo Pedro é talvez o mais direto de todos: "O batismo agora te salva" (1 Pd 03:21). O batismo é a porta de entrada para a Igreja.

Penitência
(CIC 1422–1498)
Às vezes, em nossa jornada em direção a celestial terra prometida, nós tropeçamos e caímos em pecado. Deus está sempre pronto para nos levantar e restaurar-nos em plena comunhão de graça com ele. Ele faz isso através do Sacramento da penitência (que é também conhecido como confissão ou reconciliação).

Jesus deu a seus apóstolos, o poder e autoridade para reconciliar-nos com o Pai. Eles receberam o poder de Jesus próprio para perdoar pecados quando ele soprou sobre eles e disse: "recebam o Espírito Santo, os pecados que vocês perdoarem serão perdoados, e os pecados que vocês reterem serão retidos"(Jo 20:22–23).

Paulo observa que "tudo isso é de Deus, que nos reconciliou com Ele mesmo através de Cristo e nos deu o Ministério da reconciliação.... Assim, nós somos embaixadores de Cristo, como se Deus mesmo apelasse através de nós"(2 Cor 5:18–20). Através da confissão a um sacerdote, Ministro de Deus, temos nossos pecados perdoados, e recebemos a graça para nos ajudar a resistir a tentações futuras.

A Eucaristia
(CIC 1322–1419)
Uma vez que nos tornamos Membros da família de Cristo, Ele não nos deixa passar fome, mas alimenta-nos com seu próprio corpo e sangue pela Eucaristia.
No Antigo Testamento, enquanto eles se preparava para a sua viagem no deserto, Deus ordenou a seu povo para sacrificar um cordeiro e aspergir o seu sangue nos portais, então o anjo da morte iria passar por suas casas. Em seguida, eles comeram o cordeiro para selar sua aliança com Deus.

Este Cordeiro prefigurou Jesus. Ele é o verdadeiro "Cordeiro de Deus," que tira os pecados do mundo (Jo 01:29). Através de Jesus entramos em uma nova aliança com Deus (Lc 22:20), que nos protege da morte eterna. O Povo de Deus do Antigo Testamento comeu o Cordeiro pascal. Agora nós devemos comer o Cordeiro que é a Eucaristia. Jesus disse, "A menos que comeis a minha carne e bebeis o meu sangue não terão vida dentro de vós" (Jo 06:53).

Na última Ceia, ele tomou o pão e o vinho e disse, "tomai e comei. Esto é o meu corpo... Este é o meu sangue que vai ser derramado por vós" (Mc 14:22–24). Deste modo que Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia, a refeição sacrificial que católicos consomem em cada Santa missa.

A Igreja Católica ensina que o sacrifício de Cristo na Cruz ocorreu "uma vez por todas"; Ele não pode ser repetido (Hb 09:28). Cristo não "morre novamente" durante a missa, mas o mesmo sacrifício que ocorreu no Calvário se faz presente no altar. Eis por que a missa não é "outro" sacrifício, mas uma participação do mesmo sacrifício oferecido uma vez por todas de Cristo na Cruz.

Paulo recorda-nos que o pão e o vinho realmente se tornam, por um milagre da graça de Deus, no corpo e sangue de Jesus: "Quem come e bebe sem reconhecer o corpo do Senhor come e bebe seu próprio  julgamento" (1 Cor 11:27–29).

Depois da consagração do pão e do vinho, pão ou vinho já não permanecem no altar. Só permanece Jesus, ele mesmo, sob a aparência de pão e vinho.

Confirmação
(CIC 1285–1321)
Deus fortalece nossas almas de outra maneira, através do Sacramento da confirmação. Mesmo que os discípulos de Jesus receberam a graça antes de sua ressurreição, no Pentecostes, o Espírito Santo veio para reforçá-los com novas graças para o trabalho difícil pela frente.

Eles saíram e pregaram o evangelho sem temor e cumpriram a missão que Cristo deu a eles. Mais tarde, eles impunham suas mãos em outros para fortalecê-los também (At 8:14–17). Através de confirmação você também é reforçado para enfrentar os desafios espirituais em sua vida.

Matrimônio
(CIC 1601–1666)
A maioria das pessoas são chamados para a vida de casados, ao invés de uma vida religiosa ou uma vida de solteiro.
Através do Sacramento do matrimônio, Deus dá graças especiais para ajudar casais com as dificuldades da vida, especialmente para ajudá-los a criar seus filhos como amorosos seguidores de Cristo.

Casamento envolve três partes: a noiva, noivo e Deus. Quando dois cristãos recebem o Sacramento do matrimônio, Deus está com eles, para testemunhar e abençoar a aliança de seu casamento. Um casamento sacramental é permanente; só a morte pode quebrar (Mc 10:1–12, Rm 7:2–3  1 Cor 7:10–11). Esta União sagrada é um símbolo vivo da relação inseparável entre Cristo e sua Igreja (Ef 5:21–33).

Ordem
(CIC 1536–1600)
Outros são chamados a compartilhar especialmente no sacerdócio de Cristo. Na antiga aliança, apesar de Israel seu um Reino de sacerdotes (Ex. 19:6), o Senhor chamou certos homens para um ministério sacerdotal especial (Ex. 19:22). Na nova Aliança, mesmo que os cristãos são um Reino de sacerdotes (1 Pd 2:9), Jesus chama alguns homens para um ministério sacerdotal especial (Rm 15:15–16).

Este Sacramento é chamado Ordem. Através deste, sacerdotes são ordenados e lhes são concedidos poderes para servir a Igreja (2 Tm 1:6–7), como pastores, professores e pais espirituais que curam, alimentam e reforçam o povo de Deus — sobretudo através da pregação e a administração dos sacramentos.

Unção dos enfermos
(CIC 1499–1532)
Sacerdotes cuidam de nós quando estamos fisicamente doentes. Eles fazem isso através do Sacramento, conhecido como a Unção dos enfermos. A Bíblia instrui-nos, "Tem alguém dentre vós sofrendo? Ele deve orar.... Tem alguém dentre vós que está doente? Ele deve convocar os presbíteros [sacerdotes] da Igreja que devem rezar sobre ele e ungi-lo com óleo em nome do Senhor e a oração pela fé salvará o doente, e o Senhor vai levantar-lhe. Se ele tiver cometido qualquer pecado, ele será perdoado"(Tg 5:14–15). Unção dos enfermos não só nos ajuda a suportar a doença, mas ela purifica nossas almas e nos ajuda a preparar-nos para encontrar Deus.

FALANDO COM DEUS E SEUS SANTOS
Uma das atividades mais importantes para um católico é a oração. Sem ela, não pode haver nenhuma verdadeira vida espiritual. Através da oração pessoal e a oração comunitária da Igreja, especialmente a Santa missa, adoramos e louvamos a Deus, manifestamos tristeza pelos nossos pecados, e intercedemos em favor de outros (1 Tm 2:1–4). Através da oração nós crescemos em nosso relacionamento com Cristo e com membros da família de Deus (CIC 2663–2696).

Esta família inclui todos os membros da Igreja, se na terra, no céu, ou no purgatório. Uma vez que Jesus tem apenas um corpo, e desde que a morte não tem poder para nos separar de Cristo (Rm 8:3–8), os cristãos que estão no céu ou que, antes de entrar no céu, estão sendo purificados no purgatório pelo amor de Deus (1 Cor 3:12–15) ainda fazem parte do corpo de Cristo (CIC 962).

Jesus disse que o segundo maior mandamento é "ama o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22:39). Aqueles no céu nos amam mais intensamente do que eles poderiam ter nos amado enquanto na terra. Eles oram por nós constantemente (Ap. 5:8), e suas orações são poderosas (Tg 5:16, CIC 956, 2683, 2692).

Nossas orações para Santos no céu, pedindo suas orações por nós e sua intercessão junto ao Pai não diminui o papel de Cristo como único mediador (1 Tm 2:5). Pedindo aos Santos no céu para orar por nós estamos seguindo as instruções de Paulo: "Peço que seja feitas súplicas, orações, intercessão e agradecimentos" para todos pois "Isso é bom e agradável a Deus nosso Salvador" (1 Tm 2:1–4).

Todos os membros do corpo de Cristo são chamados a ajudar uns aos outros através da oração (CIC 2647). As orações de Maria são especialmente eficazes em nosso nome por causa de sua relação com o seu Filho (Jo 2:1–11).

Deus deu a Maria um papel especial (CIC 490–511, 963– 975). Ele a salvou de todo pecado (Lc 01:28, 47), fez Ela exclusivamente bendita entre todas as mulheres (Lc 01:42) e fez Dela um modelo para todos os cristãos (Lc 01:48). No final de sua vida Ele a levou, de corpo e alma ao céu — uma imagem de nossa própria ressurreição no fim do mundo (Ap 12:1–2).

QUAL É O PROPÓSITO DA VIDA?
Antigos catecismos perguntavam: "Porque Deus nos criou?" A resposta: "Deus me criou para conhecê-lo, amá-lo e para serví-lo neste mundo e ser feliz com Ele para sempre no próximo." Aqui, em poucas palavras, está toda a razão de nossa existência. Jesus respondeu essa pergunta ainda mais brevemente: "Eu vim para que vocês possam ter vida e tê-la mais abundantemente" (Jo 10:10).
O plano de Deus para você é simple. Seu Pai amoroso quer dar-lhe todas as coisas boas — especialmente a vida eterna. Jesus morreu na Cruz para salvar-nos todos do pecado e da separação eterna de Deus que o pecado causa (CIC 599–623). Quando Ele nos salva, Ele nos torna parte do seu corpo, que é a Igreja (1 Cor 12:27–30). Assim, estamos unidos com Ele e com os cristãos de todos os lugares (na terra, no céu, e no purgatório).

O que você deve fazer para ser salvo

O melhor de tudo, é que a promessa da vida eterna é um dom, oferecido livremente a nós por Deus (CIC 1727). Nosso perdão inicial e justificação não são coisas que nós "merecemos" (CIC 2010). Jesus é o mediador que supera a lacuna que nos separa de Deus provocado pelo pecado (1 Tm 2:5); Ele superou esse abismo morrendo por nós. Ele nos escolheu para fazer-nos participantes no plano da salvação (1 Cor 3:9).

A Igreja Católica ensina o que os apóstolos ensinaram e o que a Bíblia ensina: que nós somos salvos somente pela graça, mas não somente pela fé (que é o que "os cristãos da Bíblia sozinha" ensinam; consulte Tg 02:24).

Quando vamos pra Deus e somos justificados (ou seja, entramos em um relacionamento correto com Deus), nada antes da justificação, seja fé ou boas obras, ganha a graça. Mas, após a justificação, Deus planta seu amor em nossos corações, e nós devemos viver a nossa fé, fazendo atos de caridade (Gl 6:2).

Mesmo que só a graça de Deus nos capacita a amar os outros, estes atos de amor agrada a Ele e Ele promete recompensar-nos com a vida eterna (Rm 2:6–7, Gl 6:6–10). Assim, boas obras são meritórias. Quando chegamos primeiro a Deus pela fé, nada temos em nossas mãos para oferecer-lhe. Então Ele nos dá a graça para obedecer seus mandamentos no amor, e Ele nos premia com a salvação quando oferecemos estes atos de amor de volta a Ele (Rm 2:6–11, Gl 6:6–10, Mt 25:34–40).

Jesus disse que não é suficiente ter fé nele; Devemos também obedecer seus mandamentos. " porque você me diz 'Senhor, Senhor,' mas não faz as coisas que eu mando"? (Lc 06:46, Mt. 7:21–23, 19:16–21).

Nós não "ganhamos" nossa salvação através de boas obras (Ef 2:8–9, Rm 09:16), mas a nossa fé em Cristo nos coloca em uma relação especial de "agraciados" com Deus para que nossa obediência e amor, combinada com a nossa fé, sejam recompensados com a vida eterna (Rm 2:7, Gl 6:8–9).

Paulo disse, é Deus que produz em vós tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado (fl 02:13). Jo explicou que "a maneira que nós podemos ter certeza de que nós conhecemos Ele é manter seus mandamentos. Quem diz, 'Eu conheço ele,' mas não guarda seus mandamentos é um mentiroso, e a verdade não está com ele"(1 Jo 2:3–4, 3:19–24, 5:3–4).

Uma vez que a Graça não pode ser forcada no recipiente  — a graça pode ser sempre rejeitada — mesmo depois de nós sermos justificados, podemos jogar fora o dom da salvação. Podemos jogá-lo fora por meio de pecado grave (mortal) (Jo 15:5–6, 11:22–23 Rm, 1 Cor 15:1–2; CIC 1854–1863). Paulo nos diz: "O salário do pecado é a morte" (Rm 06:23).

Lê suas cartas e vê quantas vezes Paulo adverte os cristãos contra o pecado! Ele não teria advertido a fazê-lo se seus pecados não poderiam excluí-los do céu (ver, por exemplo, 1 Cor 6:9–10, Gl 5:19–21).

Paulo lembrou os cristãos em Roma que Deus "irá recompensar todos de acordo com suas obras: Àqueles que, perseverando na prática do bem, buscam a glória, a honra e a incorruptibilidade, Deus dará a vida eterna. Para aqueles, porém, que por rebeldia desobedecem à verdade e se submetem à iniquidade, estão reservadas a ira e a indignação" (Rm 2:6–8).

Pecados são nada mais que praticas do mal. (CIC 1849-1850). Podemos evitar pecados realizando habitualmente boas obras. Cada Santo tem reconhecido que a melhor maneira de se manter livre de pecados é ter uma vida de oração regular, os sacramentos (Eucaristia em primeiro lugar) e atos de caridade.

Você já tem o céu garantido?
Algumas pessoas promovem uma idéia especialmente atraente: todos os verdadeiros cristãos, independentemente de como eles vivem, têm uma garantia absoluta de salvação, uma vez que eles aceitam Jesus em seus corações como "seu Senhor pessoal e Salvador". O problema é que essa crença é contrária à Bíblia e ao contínuo ensino cristão.

Tenha em mente o que Paulo disse aos cristãos de sua época: "se nós morremos com Ele [no batismo; Consulte Rm 6:3–4] devemos também viver com Ele. Se nós perseverarmos nós também reinaremos com Ele"(2 Tm 2:11–12).

Se nós não perseverarmos, não reinaremos com Ele. Em outras palavras, os cristãos podem perder o céu (CIC 1861).

A Bíblia nos deixa claro que os cristãos têm uma certeza moral da salvação (Deus será fiel à sua palavra e irá conceder a salvação àqueles que têm fé em Cristo e são obedientes a Ele [1 Jo 3:19–24]), mas a Bíblia não ensina que os cristãos têm uma garantia do céu. Não há nenhuma garantia absoluta de salvação. Escrevendo aos cristãos, Paulo disse: "Repara na bondade e na severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para contigo, bondade, contanto que perseveres nessa bondade; do contrário, também tu serás cortado" (Rm 11:22–23; Mt. 18:21–35, 1 Cor 15:1–2, 2 Pd 2:20–21).

Note que Paulo inclui uma condição importante: "desde que permaneça na sua bondade." Ele está dizendo que os cristãos podem perder a salvação, jogando-a fora. Ele adverte, "Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair." (1 Cor 10:11–12).

Se você é católico e alguém lhe pergunta se você foi "salvo," você deve dizer, "Eu sou redimido pelo sangue de Cristo, confio apenas nele para minha salvação, e, como a Bíblia ensina, eu estou 'trabalhando para minha salvação em temor e tremor' (Fl 2:12), sabendo que é a Graça de Deus que está trabalhando em mim."

A ONDA DO FUTURO
Todas as alternativas ao catolicismo estão mostrando-se insuficientes: o secularismo desgastado que está em toda parte em torno de nós e que não satisfaz ninguém mais, os cultos estranhos e movimentos que oferecem uma comunidade temporária mas não uma casa permanente, mesmo outras, marcas incompletas do cristianismo.
Como nosso mundo cansado torna-se cada vez mais desesperado, as pessoas estão se voltando para uma alternativa que elas realmente nunca tinham considerado: a Igreja Católica. Elas estão encontrando a verdade no último lugar em que esperavam encontrá-la.

Nunca popular, sempre atraente

Como pode? Por que tantas pessoas estão seriamente olhando para a Igreja Católica pela primeira vez? Algo está puxando-as em direção a ela. Esse algo é a verdade.

Isto nós sabemos: elas não estão considerando as alegações da Igreja com um desejo de ganhar o favor do público. Catolicismo, pelo menos hoje em dia, não é popular. Você não pode vencer um concurso de popularidade por ser um fiel católico. Nosso mundo caído recompensa o inteligente, não o bom. Se um católico é elogiado, é pelas habilidades mundanas, que ele demonstra, não pela suas virtudes cristãs.

Embora as pessoas tentam evitar as duras verdades doutrinais e morais que a Igreja católica ensina (porque duras verdades exigem mudança de vida), elas, no entanto, são atraídas para a Igreja. Quando elas escutam o Papa e os Bispos em União com ele, elas ouvem palavras que soa a verdade — mesmo se elas acham que essa verdade é difícil de viver.

Quando elas contemplam a história da Igreja Católica e as vidas dos seus santos, elas percebem que deve haver algo de especial, talvez algo sobrenatural, sobre uma instituição que pode produzir pessoas santas como a Madre Teresa, Santo Agostinho e são Tomás de Aquino.

Quando elas saem fora de uma rua movimentada e entram em uma Igreja Católica aparentemente vazia, eles sentem não um vazio completo, mas uma presença. Eles sentem que alguém reside ai dentro, esperando para confortá-los.

Eles percebem que a oposição persistente que confronta a Igreja Católica — seja de não-crentes ou "cristaos da Bíblia" ou mesmo de pessoas que insistem em chamar-se católicos — é um sinal da origem divina da Igreja (Jo 15:18–21). E eles começam a suspeitar que a Igreja Católica, de todas as coisas, é a onda do futuro.

Cristianismo incompleto não é suficiente
Durante as últimas décadas muitos católicos deixaram a Igreja, muitos abandonaram religião inteiramente, muitos se juntaram a outras igrejas. Mas o tráfego não foi penas em uma direção.

O tráfego em direção a Roma tem aumentado rapidamente. Hoje estamos vendo mais de cento e cinqüenta mil convertidos a Igreja Católica anualmente nos Estados Unidos e em outros lugares, como no continente africano, há mais de um milhão convertidos à fé católica anualmente. Pessoas de nenhuma religião, católicos sem compromissos ou inativos e membros de outras igrejas cristãs estão "voltando para casa, Roma."

Elas são atraídos para a Igreja por uma variedade de razões, mas a principal razão delas se converterem é a principal razão de que você deve ser católico: A verdade sólida da fé católica.

Nossos irmãos separados mantêm muitas verdades cristã, mas não toda ela. Nós poderíamos comparar a religião deles a um vitral no qual alguns dos painéis originais foram perdidos e foram substituídos por vidro opaco: algo que estava presente no início e agora já não está mais, e algo que não se encaixa foi inserido para encher o espaço vazio. A unidade da janela original foi desfigurada.

Quando, séculos atrás, eles se separaram da Igreja Católica, os teólogos ancestrais destes cristãos eliminaram algumas crenças autênticas e adicionaram novas crenças deles próprios. As formas de cristianismo que eles estabeleceram são realmente incompletas.

Apenas a Igreja Católica foi fundada por Jesus, e só ela foi capaz de preservar toda a verdade cristã sem qualquer erro — e grande número de pessoas estão se dando conta disto.

SUAS TAREFAS COMO CATÓLICO
Suas tarefas como um católico, não importa a sua idade, são três:

Conhecer sua fé católica.
Você não pode viver sua fé, se você não a conhece, e você não pode compartilhar com outras pessoas o que você primeiro não faz seu próprio (CIC 429). Aprender sua fé católica exige algum esforço, mas é esforço bem empregado porque o estudo é, literalmente, infinitamente gratificante.

Viva sua fé católica.
Sua fé católica é uma coisa pública. Ele não serve para ser deixada para trás quando você sair de casa (CIC 2472). Mas fica advertido: sendo um católico público envolve riscos e perdas. Você vai encontrar algumas portas fechadas para você. Você vai perder alguns amigos. Você será considerado um 'de fora'. Mas, como um consolo, lembre-se palavras do nosso Senhor para os perseguidos: "Regozijai-vos e fique feliz, porque sua recompensa é grande no céu" (Mt. 05:12).

Difunda a fé católica.
Jesus Cristo quer que levemos o mundo inteiro ao conhecimento da verdade e a verdade é o próprio Jesus, que é "o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14:6). Espalhar a fé é uma tarefa não só para os Bispos, sacerdotes e religiosos — é uma tarefa para todos os católicos (CIC 905).

Pouco antes de sua ascensão, nosso Senhor disse seus apóstolos, "IDE, pois e fazei discípulos de todas as Nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo," ensinando-lhes a observar tudo o que Eu vos tenho mandado (Mt. 28:19–20).

Se quisermos observar tudo o que Jesus ordenou, se queremos acreditar em tudo o que Ele ensinou, nós devemos segui-lo por meio de uma Igreja. Este é o nosso grande desafio — e nosso grande privilégio.

Fonte: http://www.catholic.com/documents/pillar-of-fire-pillar-of-truth

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Jornada de um Ex-Batista ao Catolicismo Romano, Testemunho de Fábio Salgado de Carvalho

A Jornada de um Ex-Batista ao Catolicismo Romano, 
Testemunho de Fábio Salgado de Carvalho
fonte completa (com muito mais informações):
http://documents.scribd.com.s3.amazonaws.com/docs/6yosunehhc3mn07f.pdf

site do autor: http://fabiosalgado.blogspot.com.br/

Liatagem compilada pelo Fabio sobre ex-protestantes com livros publicados, listagem que ele vem atualizando via facebook constantemente.
http://fabiosalgado.blogspot.com.br/2015/11/conversoes-comparadas-201-ex.html

Quando me converti ao Cristianismo no dia 25 de janeiro de 2009, prometi a algumas pessoas que descreveria neste blogue aquilo que eu costumo chamar de "o meu caminho de Damasco". Aqueles que conhecem a experiência de conversão de Paulo, que ainda se chamava Saulo — vejam o capítulo 9 de Atos —, sabem que a sua conversão deu-se quando ele estava a caminho de Damasco para prender cristãos — a imagem acima de Caravaggio chama-se "A conversão de São Paulo". Paulo teve uma experiência singular pessoal e intransferível. Creio que todo cristão genuíno, mesmo aqueles que nasceram e foram criados em um lar cristão, tem de ter o seu caminho de Damasco em algum momento. Tive o meu na referida data. Apesar da promessa, sempre adiei o projeto de escrever sobre a minha experiência porque acredito que deveria fazê-lo em um livro e que o espaço deste blog seria inadequado para relatar o ocorrido. A minha pretensão, entretanto, não é a de cumprir a minha antiga promessa, mas a de relatar o que chamei no título desta postagem como sendo a minha segunda conversão. Muitos já devem saber, e se não o sabiam sabem agora, que me converti ao Catolicismo. Antes, era um batista, evangélico, protestante; agora, sou um católico apostólico romano.

Antes, devo ressaltar que não tenho pretensões de converter ninguém. O meu objetivo aqui é o de registrar uma explicação da minha conversão a fim de não ter de repeti-la sempre, poupando-me de esforços desnecessários, embora tenha de confessar que ela ainda não está organizada suficientemente para que eu possa descrevê-la de maneira concisa — por isso, peço perdão, de antemão, se esta postagem apelar a digressões de modo excessivo ou se eu acabar estendendo-me em demasia. Não é a minha intenção aqui fazer uma apologética de todas as doutrinas católicas, até porque o espaço seria totalmente inadequado para tanto: precisaria escrever um livro para isso — de fato, há uma vasta literatura que já faz isso e procurarei indicar algumas leituras no decorrer deste texto não apenas para fundamentar o que digo, mas para oferecer um apoio de leitura a quem tiver o interesse sincero de conhecer a verdade. 

Minha jornada ao Catolicismo, creio eu, iniciou-se em 2011. Como praticamente todos os protestantes que conheço — fui dar-me conta das proporções do anticatolicismo dos protestantes apenas muito recentemente —, conhecia o Catolicismo apenas por meio de chavões, caricaturas e espantalhos. Nunca tinha lido nada católico e só conhecia a Igreja Católica de segunda mão, a partir das críticas dos protestantes. Minha mãe, tomando conhecimento do meu catolicismo neste ano, perguntou-me certa feita: "Ué, você não dizia que tinha de ser muito burro pra ser católico?". Sim! Eu já disse isso antigamente, quando não tinha a menor idéia de como os católicos continuavam adorando as imagens depois de um texto tão claro como o de Êxodo 20.4: "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" [Nova Versão Internacional (NVI) — uma tradução protestante!]. De maneira semelhante, cheguei a dizer quando era agnóstico, antes da minha conversão ao Cristianismo em 2009, que poderiam internar-me em um hospício se algum dia eu tornasse-me um cristão.

Acompanho o programa TrueOutspeak (http://www.blogtalkradio.com/olavo) do filósofo Olavo de Carvalho desde 2010. Mesmo tendo começado apenas em 2010, ouvi todos os programas desde 2006, o que são mais de 300 programas, com média de 50min de duração. O programa, que antes era semanal, passou a ser mensal neste ano. O professor Olavo chegou a anunciar o fim do programa em dezembro do ano passado, mas resolveu retomá-lo mensalmente por conta da enorme quantidade de protestos. O professor Olavo, por quem tenho imensa consideração, respeito e admiração, sempre iniciava os seus programas dizendo o seguinte: "Começamos mais uma vez invocando a santíssima Virgem Maria e o Santo Padre Pio de Pietrelcina para que roguem a Deus que nenhuma injustiça se cometa nesse programa". Quando percebi a erudição do professor Olavo e vi que ele era católico, logo pensei: "é... ninguém é perfeito.". Aquilo, entretanto, intrigava-me porque sabia que a última pessoa do mundo que eu diria que não estudou um assunto seria o professor Olavo. Será que ele, simplesmente, não sabia de passagens como a de Êxodo 20? Em 2011, ouvi um de seus programas citando o padre Paulo Ricardo (http://padrepauloricardo.org/). Procurei o seu site em outubro de 2011 e deixei uma pergunta que reproduzo aqui:

"Padre Paulo Ricardo, em primeiro lugar, parabéns pelo seu trabalho. Deus, com certeza, reserva o seu galardão no céu pela edificação que o senhor traz-nos com os seus vídeos e textos. Cresci na tradição protestante tradicional, para ser específico, a tradição Batista, e sempre tive uma visão bastante distorcida sobre o Catolicismo, baseada naquele catolicismo denunciado por Lutero no medievo.
Tenho tentado despojar-me do preconceito para tentar compreender melhor a tradição católica e tenho me impressionado e me surpreendido quanto mais aprendo. Tenho quatro dúvidas que gostaria que me fossem respondidas se possível.
— A primeira pergunta refere-se à reza e às repetições. Jesus, antes de ensinar como se deve orar, disse o seguinte:
"E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes." [Mateus 6:7-8]
Se logo antes de ensinar o Pai Nosso Cristo pede que não façamos uso de vãs repetições, por que se reza com repetições?
— A segunda pergunta refere-se às imagens. O segundo mandamento diz:
"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." [Êxodo 20:4]
Por que, então, faz-se imagens?
— A terceira refere-se às intercessões feitas aos santos ou mesmo à virgem Maria. Paulo, diz o seguinte:
"Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." [1 Timóteo 2:5]
Ora, se apenas Cristo é o mediador entre Deus e os homens, por que os católicos apelam a outros mediadores, além de Cristo?
— A última refere-se à salvação. Uma das cinco solas da tradição reformada defende que o homem é justificado somente pela sua fé. Eu discordo disso, crendo que a salvação é obtida pela fé, numa conjunção com as obras. Se não fosse desse modo, o texto de Hebreus 12.14 não diria que sem a santificação ninguém verá o Senhor ou não se falaria de pecados que têm por conseqüência que não se verá a Deus. Costuma-se utilizar o argumento de que o converso, certamente, seguirá o caminho da santificação, mas acho tal argumento controverso e sem justificação. Qual a visão da Igreja Católica a respeito do assunto? Sempre ouvi dizer que ela prega que a salvação vem pelas obras.
Espero que as minhas perguntas sejam respondidas assim que possível e agradeço, desde já, a atenção dispensada.
Paz de Cristo!
Fábio Salgado"
Fiz algumas modificações na última pergunta porque na época fui impreciso, falando de "graça" em vez de fé. Não conhecia naquela época o documento assinado no dia 31 de outubro de 1999 intitulado "Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação".
No ponto 15 dessa declaração, luteranos e católicos afirmam: "Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras". Esse documento é muito claro. Recentemente, um pastor disse para mim que a Igreja Católica não crê que somos salvos somente pela graça. Quando eu disse que ele estava errado, ele simplesmente disse que isso era óbvio. Quando eu mencionei esse documento, ele, simplesmente, disse que não iria ler nada. Nesse momento, tenho de deixar algo claro aqui. O professor Olavo de Carvalho, no seu já mencionado programa TrueOutspeak, certa feita, disse o seguinte:
"Se o cara não estudou, não sabe, tem é que calar a boca. Eu acho que o direito de ter opinião é proporcional ao interesse sincero que você tem pelo assunto. Se você não tem interesse pelo assunto pra você sequer ler alguma coisa, por que nós devemos ter interesse em ouvir a sua opinião?"
   Aqueles que conhecem o tom do professor nesse programa — o tom dele nas suas aulas é completamente diferente — devem saber que o professor não foi tão educado e polido como procuro ser — infelizmente ou felizmente (não saberia dizer ao certo). Aqui está a sua fala completa: http://www.youtube.com/watch?v=pzZNeBam6ZQ . Concordo com ele: as pessoas não estudam e simplesmente querem opinar sobre aquilo que não entendem. 
Voltando à minha pergunta de 2011, recebi a seguinte resposta no mesmo dia:
"Salve Maria!
Caro Fábio,
Muito obrigado pela sua mensagem.
Sua pergunta já foi encaminhada e na medida do possível, será respondida pelo Pe. Paulo Ricardo durante o podcast "A Resposta Católica".
Aconselho que assista os vídeos dos links abaixo:

Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidá-lo a participar dos cursos online do site padrepauloricardo.org e ajudá-lo nesse projeto de formação e incentivar outros a fazê-lo. Nele encontrará um vasto conteúdo para defender e ensinar a fé católica com mais firmeza e solidez.
Ajude-nos a manter este trabalho de apostolado na internet, pela formação dos católicos, por amor a Santa Igreja e sua Sagrada Tradição.
Contamos com as suas orações.
Deus o abençoe sempre.
Ad maiorem Dei gloriam
Equipe Christo Nihil Praeponere - padrepauloricardo.org "
Os dois vídeos indicados foram o estopim para que eu percebesse que eu sabia absolutamente nada sobre o Catolicismo e que deveria dar-me ao trabalho de estudar seriamente o assunto. Infelizmente, na época, era um mero bolsista de iniciação científica da UnB e não tinha dinheiro para pagar o acesso ao site do padre Paulo Ricardo e sabia que meus pais nunca aceitariam ajudar-me a pagar cursos sobre o Catolicismo. No dia seguinte, mandei outra mensagem, angustiado com o pouco conhecimento que percebi ter:
"Padre Paulo Ricardo, o senhor poderia indicar uma bibliografia para quem quer entender o Catolicismo? Além dos documentos da igreja, do ponto de vista da Teologia Católica, quais textos o senhor recomendaria?
Abraço e paz de Cristo!"
Recebi a resposta, novamente, no mesmo dia:
"Salve Maria!
Caro Fábio,
Muito obrigado pela sua mensagem.
Recomendo que comece por estudar a História da Igreja.
Segue abaixo algumas indicações:
DUÉ, Andrea. Atlas histórico do cristianismo. Aparecida-SP: Santuário; Petrópolis: Vozes, 1999.
FRÖLICH, Roland. Curso básico de história da Igreja. 4ª ed. São Paulo: Paulus, 2005.
RATZINGER, Joseph. Compreender a Igreja hoje: vocação para a comunhão. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
BIHLMEYER; TUECHLE, Hermann. História da Igreja: antiguidade cristã. São Paulo: Paulinas, 1964.
DANIÉLOU, Jean; MARROU, Henri. Nova história da Igreja: dos primórdios a São Gregório Magno, v. 1. Petrópolis: Vozes, 1965.
PIERINI, Franco. A idade antiga: curso de história da Igreja, vol. 1. São Paulo: Paulus, 1998.
ROMAG, Dagoberto. Compêndio de história da Igreja: a antiguidade cristã, v.1, 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1949.
SESBOÜÉ, Bernard; WOLINSKI, Joseph. O Deus da Salvação. Col.: SESBOÜÉ, B. (dir.) História dos Dogmas, vol. 1. São Paulo: Loyola, 2002.
VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica: das origens até o cisma do Oriente (1054), v. 1. São Paulo: Paulus, 2006.
DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. Tradução de Henrique Ruas; revisão de Emérico da Gama - São Paulo: Quadrante, (10 vols.), 2006.
LLORCA, Bernardino; GARCÍA-VILLOSLADA, Ricardo e LABOA, Juan María. Historia de la Iglesia Católica. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos (5 vols.), 2005.
Contamos com as suas orações.
Deus o abençoe sempre.
Ad maiorem Dei gloriam
Equipe Christo Nihil Praeponere"
   Resolvi levar a sério a recomendação e comecei a estudar seriamente a história do Cristianismo e da Igreja Católica. Faço questão de ressaltar que fui respondido no mesmo dia porque já procurei corresponder-me com muitos pastores do meio cristão brasileiro, mas fui ignorado na maior parte das vezes. Creio que o estrelato deve ter subido às suas cabeças, pois consigo corresponder-me mais facilmente com filósofos estrangeiros extremamente produtivos de maneira muito mais fácil. Conto nos dedos das mãos os filósofos do exterior que deixaram de dar-me respostas. Não posso deixar de citar uma das poucas exceções, que foi o pastor Luiz Sayão, que respondeu inúmeros questionamentos meus por meio do seu programa "Conversando com Luiz Sayão" (http://rtm.radio.br/novo/interna/radio/conversando-com-luiz-sayao). Até hoje estou estudando a bibliografia acima que me foi indicada. Os cinco volumes de Llorca, García-Villoslada e Laboa, por exemplo, eu só comprei recentemente. Antes de ler e estudar essa bibliografia, já tinha estudado a história do Cristianismo da perspectiva de alguns protestantes como, por exemplo, a "História Ilustrada do Cristianismo" de Justo L González, quando ainda não tinha sido editada em apenas dois volumes, e "Uma História do Cristianismo", de Kenneth Scott Latourette. Lembro-me de que algo que me impressionou ao ler González foi que ele já apontava que, na verdade, a Contrarreforma começou antes da Reforma, por mais paradoxal que seja a partir dos nomes. Já na Espanha, a Igreja Católica já tinha começado várias reformas antes de Lutero. É importante dizer aqui que Lutero, de fato, estava certo em muita coisa. Havia, realmente, muitos abusos por parte do Clero. Lutero estava vivo quando o famoso Papa Alexandre VI, o Bórgia, foi eleito. Para ter a imaginação estimulada, recomendo a série "The Borgias".

Por falar em Lutero, resolvi começar a lê-lo por conta própria (procurem os vários volumes de "Obras Selecionadas" lançadas pela Editora Sinodal). Fiquei horrorizado com Lutero. Descobri que, por exemplo, Lutero acrescentou o termo "alleyn", em Romanos 3.28, para reforçar sua doutrina. Procurem os debates desse sujeito com Erasmo de Roterdã, por exemplo, e vejam como ele era grosseiro. As pessoas não têm o trabalho de, por exemplo, ler as 95 teses de Lutero e mal sabem que ele mesmo não era avesso às indulgências, mas apenas ao comércio de indulgências como se vê claramente na sua septuagésima segunda tese: "Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.". Quem nunca se deu ao trabalho de ler todas as teses, pode fazê-lo aqui:

Cresci ouvindo as pessoas dizerem que a Igreja desestimulava a leitura da Bíblia, assim como a sua tradução. Se vocês consultarem o "The Cambridge History of the Bible", especificamente o volume 2, "The West from the Fathers to the Reformation", editado por G. W. H. Lampe, vocês verão, por exemplo, que muito antes de Lutero, 58 anos antes, já havia a primeira Bíblia impressa no Alemão e que durante esses 58 anos os católicos imprimiram 30 diferentes edições alemãs da Bíblia — procurem, também, o livro "As diferenças entre a Igreja Católica e Igrejas Evangélicas", de autoria do ex-protestante Jaime Francisco de Moura. Isso não foi exclusividade da Língua Alemã, mas ocorre, por exemplo, com o Espanhol, o Holandês, o Francês, em Inglês, entre outros idiomas.

Percebi que o desconhecimento era generalizado: até mesmo aqueles que se diziam ex-católicos sabiam de absolutamente nada da Doutrina Católica. O sociólogo Alberto Carlos Almeida — vejam as entrevistas dele ao Roda Viva e à Marília Gabriela — costuma apontar que os protestantes sempre foram bons na educação do povo em geral e que os católicos sempre foram bons na educação da elite — prova disso são as diferenças entre os índices educacionais de países majoritariamente protestantes e majoritariamente católicos, além do nível acadêmico das universidades católicas e das universidades protestantes. Como os protestantes baseiam-se no "Sola Scriptura", eles estavam extremamente interessados em alfabetizar as pessoas. Foi-se, entretanto, o tempo em que os protestantes eram conhecidos pelo seu domínio das Escrituras, uma vez que há protestantes de todo tipo hoje, inclusive denominações que, incrivelmente, desaconselham a leitura da Bíblia. Ouvi recentemente um batista tradicional beirando os sessenta anos dizendo-me que nunca tinha ouvido falar do "Sola Scriptura". Da mesma maneira, pegue uma igreja presbiteriana tradicional ou uma batista tradicional que defenda ferrenhamente que o cristão deve apenas basear-se nas Escrituras. Serão raros aqueles que terão lido a Bíblia toda durante anos de conversão. Digo isso porque os católicos são conhecidos por seu desconhecimento das Escrituras, mas creio que se levarmos em conta o conhecimento que um católico médio tem da Tradição, considerando-se que o católico não aceita a "Sola Scriptura", e formos comparar com o conhecimento de um protestante médio acerca das Escrituras, a diferença não será tanta. 

Voltando à fala de algumas pessoas que falam sobre o desestímulo da leitura da Bíblia, reproduzo aqui um trecho do livro do Jaime de Moura que já mencionei:
"João Crisóstomo (354-407 dC), doutor da Igreja, escreveu: 'É isto que tem destruído todas as coisas: vocês pensarem que a leitura da Escritura é tarefa apenas para os monges, quando na verdade vocês precisam dela muito mais do que eles. Aqueles que se põem no mundo e diariamente são feridos têm mais necessidade da medicina. Assim, age bem pior aquele que não lê as Escrituras, supondo que são supérfluas. Tais coisas são invenção do diabo' (Homilia sobre Mat. 2,5).
Papa S. Gregório I (+604 dC), escreveu: 'O Imperador dos Céus, o Senhor dos homens e dos anjos, enviou suas epístolas para vós, para que aproveiteis a vossa vida, mas vós negligenciais a lê-las devidamente. Estudai e meditai diariamente sobre as palavras do vosso Criador - eu vos imploro. Aprendei o coração de Deus nas palavras de Deus, para que possais aspirar as coisas eternas, para que vossas almas possam ser despertadas pelo desejo da alegria celestial" (Epístola V,46).
S. Bernardo de Clairvaux (1090-1153 dC), doutor e padre da Igreja, escreveu: 'A pessoa que deseja muito a Deus estuda e medita sobre a Palavra inspirada, para conhecer o que ela diz. É assim que essa pessoa certamente encontra aquele a quem deseja' (Comentário ao Cântico dos Cânticos, Sermão 23,3).
Papa S. Pio X (1903-1914 dC), escreveu: 'Nada poderia nos alegrar mais do que ver nossos queridos filhos criarem o hábito de ler os Evangelhos, não apenas de tempos em tempos, mas diariamente'.
Finalmente, o Catecismo da Igreja Católica declara: 'A Igreja 'exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos... a que, pela freqüente leitura das divinas Escrituras, aprendam «a eminente ciência de Jesus Cristo» [Fil. 3,8]. «Porquanto ignorar as Escrituras é ignorar Cristo»' [S. Jerônimo]" (CIC 133).
A proibição de que falam os protestantes, é que o Concílio de Tolosa (França) proibiu traduções da Bíblia para o vernáculo para evitar erros, proibição retirada pelo Concílio da Tarragona (Espanha) em 1233.
O Sínodo de Oxford (1408) proibiu a publicação e a leitura de textos vernáculos da Bíblia não autorizados. O mesmo se deu no Sínodo dos Bispos alemães em Mogúncia (1485), devido a confusão doutrinária criada por John Wiclef (1320-84). O Concílio de Trento (1545-1563) declarou autêntica a Vulgata latina, tradução devida a S. Jerônimo (+420) e decretou que as traduções da Bíblia deveriam conter o visto do Bispo diocesano, para se evitar abusos de tradução.
Isso aconteceu porque a Igreja exerce seu papel de zelar pela fidelidade da doutrina conf. (2 Timóteo 4, 2); (Tito 1, 13). É o que aconteceu ao contrário com os protestantes. Lutero divulgou a Bíblia para que cada um pudesse interpretar a sua maneira.".
   Estou mencionando alguns pontos de equívoco aqui porque a confusão dos protestantes acerca do Catolicismo é enorme! Nesta semana, um pastor perguntou-me se eu cria na Infalibilidade Papal. Após a minha resposta afirmativa, ele perguntou se eu achava que o Papa não pecava. Quando eu falei que era óbvio que não e que, inclusive, o Papa confessava-se toda semana, ele achou que eu estava contradizendo-me. O referido pastor disse-me que as encíclicas papais contradizem-se. Uma pessoa que não compreende nem ao menos a doutrina da Infalibilidade Papal e que não sabe que ela refere-se apenas a definições "ex cathedra" e que encíclicas não são declarações desse tipo, simplesmente, não entende em absoluto a Doutrina Católica. O que tenho visto em todos os textos com críticas ao Catolicismo que procurei, de Boettner a Aníbal Pereira dos Reis, são falsificações grosseiras. Pessoas que, definitivamente, não entenderam nada da doutrina católica, que, simplesmente, não estudaram. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica, que estudo todos os dias desde março deste ano:
"891 " 'Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos costumes... A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quanto este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro', sobretudo em um Concílio Ecumênico[1611]. Quando, por seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa 'a crer como sendo revelada por Deus'[1612] e como ensinamento de Cristo, 'é preciso aderir na obediência da fé a tais definições'[1613]. Esta infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina[1614]."
[1611] LG 25; Vaticano I: DS 3074.
[1612] DV 10
[1613] LG 25
[1614] Cf. LG 25" 
Vejam que o texto acima é muito restrito com relação à Infalibilidade Papal — percebam, também, que ele cita documentos da Igreja e dos Concílios. Para uma visão introdutória destes, recomendo o livro "História dos concílios ecumênicos" organizado pelo Giuseppe Alberigo. Para vocês terem uma idéia, as duas únicas declarações "ex-cathedra" em 2000 anos foram os dogmas da Imaculada Conceição (1854) e da Assunção (1950). Um bom livro para quem nunca estudou nada ter uma noção bem introdutória dessas doutrinas é o livro "Catolicismo para leigos", de John Trigilio Jr. e Kenneth Brighenti.

São muitas as barbaridades que ouço de protestantes que, comprovadamente, não estudaram. Ouvi, também nesta semana, alguém dizendo que a Teologia Católica é feita apenas do aristotelismo. Essa pessoa, simplesmente, desconhece tanto a história da Filosofia quanto do Cristianismo, pois qualquer estudante de Filosofia Medieval e Antiga sabe que Aristóteles era muito mal visto pela cristandade, que o conhecia pouco, uma vez que o movimento de tradução das suas obras deu-se no fim do século XII. Tomás de Aquino foi o grande responsável pela incorporação de Aristóteles à teologia cristã.

Um pastor afirmou para mim que as heresias da Igreja Católica começaram com Constantino, repetindo o que todo protestante fala. Quando o acusei de desconhecimento, fui acusado de ter o costume de diminuir as pessoas. Creio que ele não fazia idéia do que eu estava falando porque apostaria todos os meus livros que ele não estudou nem 1% da literatura referente à patrologia greco-latina e siríaco-oriental. Para vocês terem uma idéia do que eu estou falando, dêem uma olhada nos 221 volumes da patrologia latina (http://www.logos.com/product/28902/patrologiae-cursus-completus-series-latina), nos 167 volumes da patrologia grega (http://www.logos.com/product/28903/patrologiae-cursus-completus-series-graeca) e nos 18 volumes da siríaco-oriental que ainda não está completa
(http://www.logos.com/product/28982/patrologia-syriaca). Se alguma alma caridosa quiser comprar esse material para mim, ficaria muito grato.

Vamos voltar à minha história. No ano passado, uma colega minha perguntou-me, sabendo que gosto muito de ler, se eu já tinha lido Chesterton e o que achava dele. Vergonhosamente, disse que nada conhecia dele. Resolvi, então, comprar tudo o que havia sido lançado dele em Português, apenas por uma questão de facilidade de acesso, e não por eu ser monoglota, uma vez que ainda não tinha as condições que tenho hoje de importar livros, graças à minha bolsa de mestrado. O Chesterton, simplesmente, tornou-se um dos meus autores favoritos. Ele é um escritor realmente muito talentoso. Quando estava no meu terceiro ou quarto livro dele, descobri que ele era um ex-anglicano converso ao Catolicismo. Fiquei muito impressionado com aquilo e fui procurar livros dele tratando o assunto. Cheguei ao livro "Todos os caminhos levam a Roma". Pesquisando sobre esse livro, cheguei ao livro "Todos os caminhos vão dar a Roma" do casal Hahn, que na edição mais nova foi traduzido com precisamente o mesmo título do livro de Chesterton. Por curiosidade, comprei os dois livros. O interessante é que o título original "Rome sweet home" é um trocadilho intraduzível com "Lar, doce lar". Ninguém me recomendou o livro do casal Hahn, mas cheguei a ele por essa feliz "coincidência".

Se você, leitor, quer entender um pouco sobre como se deu a minha conversão, leia o livro do casal Hahn, Scott e Kimberly. É um livro maravilhoso! Ele fez toda a diferença na minha vida. Ele conta a história de um casal que era presbiteriano e calvinista e que se converteu ao Catolicismo durante os seus anos de estudo de Teologia. É uma bela história. Virei um fã do Scott Hahn e saí comprando tudo o que havia dele em Português para depois comprar os ebooks dele que ainda não tinham sido traduzidos.

Depois que terminei a leitura desse livro, uma série de "coincidências" começou a ocorrer. Estava estudando Existencialismo em um curso ministrado pelo meu atual orientador, Julio Cabrera, e vimos uma série de autores católicos: Gabriel Marcel, Jackson de Figueiredo e Alceu Amoroso Lima. é bom dizer que o professor Cabrera não é religioso. Só não digo que ele é ateu porque creio que ele não gostaria de ser classificado assim por crer que não precisa posicionar-se acerca de uma questão que ele não aceita. Na mesma semana, minha namorada enviou-me um vídeo da Gabriela Rocha cantando a canção "Restless" (http://www.youtube.com/watch?v=ooQhH3AIu2A). Quando fui procurar quem era a cantora original, descobri a Audrey Assad, uma ex-protestante que se converteu ao Catolicismo. Por meio dela, cheguei ao Matt Maher, outro músico ex-protestante converso! Sem que eu fizesse esforço, encontrava uma série de conversos ex-protestantes. Durante a minha vida toda, nunca tinha ouvido falar dessas conversões, mas apenas de ex-católicos. O meu próprio pai é um ex-católico. Agora, desafio o leitor a procurar na rede livros e depoimentos de ex-católicos que se converteram ao Protestantismo e de ex-protestantes que se converteram ao Catolicismo. Em primeiro lugar, os últimos são inúmeros. Você encontrará muitos depoimentos. Infelizmente, o material em Português não é tão vasto como aquele de Língua Inglesa. O Jaime Francisco de Moura, que já citei, tem um livro chamado "Por que estes ex-protestantes se tornaram Católicos! Testemunhos de ex-pastores e leigos que voltaram à Igreja Mãe". Há, também, o livro "Homens que regressaram à Igreja" do Severin Lamping. Para quem lê na Língua Inglesa, há uma série de três livros editados pelo Patrick Madrid: "Surprised by truth: 11 converts give the biblical an historical reasons for becoming catholic"; "Surprised by truth 2: 15 men and women give the biblical and historical reasons for becoming catholic"; "Surprised by truth 3: 10 more converts explain the biblical and historical reasons for becoming catholic". Compare o nível dos argumentos dos dois lados. Para ser sincero, nunca encontrei um protestante anticatólico que demonstrasse conhecer a doutrina católica. Ainda estou à procura desse livro porque, por enquanto, só encontro argumentos falaciosos que fazem uso de espantalhos. O padre Paulo Ricardo fala num vídeo que os protestantes, em sua grande maioria, rejeitam uma completa caricatura da fé católica (http://www.youtube.com/watch?v=1Pu0AP4VvwU). Os católicos baseiam-se, também, na Tradição. Os textos da patrologia que coloquei aqui são apenas o começo dessa Tradição. Pergunto-me quantos protestantes já leram pelo menos o Catecismo da Igreja Católica. A resposta é óbvia a partir das acusações infundadas que já demonstram ignorância apenas pelo questionamento.

Discutirei agora o que um apologista católico, também ex-protestante, chamado Dave Armstrong, chama de "o calcanhar de Aquiles do Protestantismo", que é o "Sola Scriptura". Essa doutrina afirma que as Escrituras são tomadas como a única regra de fé e conduta. Se existe algo que aprendi com a Filosofia Analítica, especificamente, com o Paradoxo de Russell, foi que sempre temos de considerar o critério da autorreferência. Se a Escritura é a única base de fé e conduta, pergunto-me onde está isso na Bíblia. A resposta é: não está! Mostrem-me um versículo sequer que afirme isso; pelo contrário, vocês encontrarão inúmeros textos contra a "Sola Scriptura". O próprio Dave Armstrong, que já citei, tem um livro chamado "100 biblical arguments against Sola Sciptura". Eu concordo plenamente com o Armstrong e creio que se a "Sola Scriptura" for derrubada todo o Protestantismo desaba junto. Apenas isso já é suficiente para abandonar o Protestantismo a meu ver. Por isso, estou estudando um vasto material para eu mesmo escrever um livro chamado "O calcanhar de Aquiles do Protestantismo". Para citar apenas alguns textos sobre o assunto, há o livro "Not by Scripture Alone: A Catholic Critique of the Protestant Doctrine of Sola Scriptura", do Robert A. Sungenis, e a trilogia "Holy Scripture: The Ground and Pillar of Our Faith" — "Volume I: A Biblical Defense of the Reformation Principle of Sola Scriptura" (David T. King); "Volume II: An Historical Defense of the Reformation Principle of Sola Scriptura" (William Webster); "Volume III: The Writings of the Church Fathers Affirming the Reformation Principle of Sola Scriptura" (David T. King; William Webster). Como vocês podem ver, esta trilogia defende o "Sola Scriptura". Eu vou ler e estudar essas 1107 páginas de defesa do "Sola Scriptura", fora os outros livros que estou organizando como bibliografia. Isso não é nada mais do que a minha obrigação porque isso é ter honestidade intelectual, o que está difícil de encontrar no Brasil.

Outro ponto com relação à "Sola Scriptura" é que foi a Igreja quem compilou as Escrituras. Por que os protestantes aceitam a Bíblia como ela está? Que arbitrariedade é essa? Simplesmente, não tem lógica crer que Deus inspirou quem escreveu, mas não inspirou quem ouviria a mensagem e identificá-la-ia como inspirada, como costuma dizer o padre Paulo Ricardo. Por que os protestantes aceitam a autoridade da Igreja Católica para escolher o Novo Testamento, mas não aceitam a autoridade da Igreja para escolher o cânone do Antigo Testamento? Se você quer jogar fora a autoridade da Igreja, jogue fora junto as Escrituras que a própria Igreja escolheu. Tenhamos em mente, agora, a seguinte situação: suponha que alguém me deu uma série de jornais antigos e que eu estou fazendo uma seleção apenas dos noticiários sobre assassinatos, jogando fora todo o resto. Digamos que eu tenha compilado um livro com esse material. Você não encontraria nele, pelo menos em princípio, nada que falasse de eventos que nada tivessem a ver com um assassinato. Da mesma maneira, a Igreja Católica compilou as Escrituras de acordo com a Tradição, com aquilo que ela tinha na oralidade — os métodos foram muitos, mas nos detenhamos apenas nesse quesito a título de argumentação. Vocês acreditam mesmo que haveria algo nas Escrituras que seria contraditório à Tradição e à Doutrina Católica? É muita ingenuidade pensar isso. Alguém pode questionar-me, dizendo que a Igreja Católica perverteu-se com o tempo; no entanto, sinto informá-lo de que o reconhecimento de dogmas no decorrer da história da Igreja, como a Imaculada Conceição ou a Assunção, já mencionadas neste texto, foram apenas reconhecimentos de algo que já estava presente na Igreja. Os diversos textos dos padres apostólicos, por exemplo, comprovam todas as doutrinas católicas. Depois que me convenci de que a "Sola Scriptura" estava, realmente, equivocada, fui procurar os argumentos católicos para as suas doutrinas e fui vendo que todas têm base bíblica. Um outro apologeta ex-protestante que posso recomendar é o filósofo Peter Kreeft. Que princípio é esse que não existiu durante mais de duzentos anos enquanto os cristãos não tinham uma Bíblia compilada e que seria impossível de ser aplicado na Idade Média quando não havia imprensa, as Bíblias eram copiadas à mão e a maior parte das pessoas nem sabia ler? Teria Cristo abandonado a sua Igreja, em vez de estar com ela "todos os dias" como prometeu em Mateus 28.20, resolvendo reaparecer apenas com Lutero e os reformadores depois no século XVI?

Sempre gostei de interpretação de texto. Uma das áreas que mais estudei em Teologia foi Hermenêutica. Estudando autores como Grant R. Osborne, Kevin Vanhoozer, Uwe Wegner, Gordon Fee, Douglas Stuart, entre outros, você dá-se conta de que a metodologia para interpretar-se a Bíblia, simplesmente, não está na Bíblia. Isso é externo a ela. Envolvi-me durante muito tempo com discussões com calvinistas, uma vez que era arminiano. Percebi, em um dado momento, que, simplesmente, o embate nunca seria resolvido por meio das Escrituras: os dois lados faziam uso delas, mas tinham pressupostos de leitura distintos. Quando li pela primeira vez a Bíblia após ter estudado Descartes, fazendo uso do seu método da dúvida hiperbólica, cheguei à conclusão de que a Bíblia não poderia ser a Palavra de Deus de modo algum, pois achava que a Bíblia não poderia ter nenhum erro de nenhuma estirpe. Ainda não conhecia aos 15 anos as discussões sobre infalibilidade bíblica, inerrância etc. . Acreditei, durante um tempo, que a Ciência seria a norteadora da interpretação bíblica. Com o tempo, percebi que aquilo não daria certo e acreditei que a Lógica seria a condutora; no entanto, vi fracassar esse critério também depois de estudar a fundo. É importante ressaltar que levei a sério o estudo do Trivium medieval — Lógica, Gramática e Retórica. No medievo, era imprescindível que um teólogo estudasse isso; hoje, infelizmente, os teólogos não sabem nem escrever e compreender um texto, quanto mais saber Lógica e Filosofia — creio sinceramente que não se faz Teologia sem Filosofia. No ano passado, usando recursos de Lógica Modal em discussões com um pastor, ele disse que Matemática tinha nada a ver com aquilo. Ele, simplesmente, desconhecia toda a literatura de Filosofia Analítica da Religião. Autores como William Lane Craig, Plantinga ou Swinburne, que qualquer estudante de graduação que estude uma introdução de Filosofia da Religião conhece, usam e abusam de ferramentas lógicas. Quando você denuncia essa inaptidão, ainda por cima, é tido por arrogante, em vez de essas pessoas serem tidas por picaretas. Enfim, o que quero dizer aqui é que percebi que se não apelássemos à Tradição da Igreja, cairíamos num vale-tudo, como de fato o Protestantismo caiu, com suas mais de 30 mil denominações, com outras mil surgindo diariamente, como indicam as estatísticas — não me lembro de onde li isso para indicar os números precisos e a fonte exata. É importante ressaltar que toda vez que se fala de "Tradição" as pessoas falam de "tradições humanas". A própria Igreja Católica faz essa distinção. A Tradição da Igreja são "as verdades transmitidas através dos tempos pela viva Voz de Cristo na sua Igreja". Tradições humanas "são leis feitas por homens e que podem ser modificadas.".

O próprio Lutero, com o tempo, percebeu o seu erro:
"Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças.". [Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547; De Wett III, 61)
"Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm.". (Carta de Lutero a Zwinglio. In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p.289) 
Retirei as duas citações acima de outro livro que indico: "Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis", do Alessandro Lima.
Outro ponto do qual discordo há tempos é o "Sola Fide", como vocês podem ver na pergunta de 2011 que fiz ao padre Paulo Ricardo. Leiam Tiago. O livro é muito claro e só não enxerga quem não quer. Lutero sabia disso e por isso dizia: "A carta de Tiago é uma carta de palha, pois não contém nada de evangélico" ("Preface to the New Testament', ed. Dillenberger, p. 19). Todo o Novo Testamento, com as suas advertências para o cristão, simplesmente, não faz sentido se as obras são conseqüências necessárias da fé. Aqui, é importante ressaltar que o católico não crê que as obras salvam. Ouvi o absurdo por parte de um pastor que os sete sacramentos serviam para a salvação. Ele, simplesmente, não sabia nem a definição de um sacramento: "um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar as nossas almas". Aproveito aqui para recomendar o excelente livro do Leo J. Trese chamado "A fé explicada". Para quem quer ter uma visão panorâmica do Catolicismo, é um ótimo livro. O Sungenis, que já citei aqui, tem um livro de 773 páginas chamado "Not by faith alone: a biblical study of the catholic doctrine of justification" sobre o assunto. O livro do Trese diz o seguinte:
"Certa vez, li na secção de pequenas notícias de um jornal que um homem construiu uma casa para a sua família. Ele mesmo executou quase todas as obras, investindo todas as suas economias nos materiais. Quando a terminou, verificou com horror que se tinha enganado de propriedade e que a tinha construído no terreno de um vizinho. Este, tranqüilamente, apossou-se da casa, enquanto o construtor não pôde fazer outra coisa senão chorar o dinheiro e o tempo perdidos.
Por lamentável que nos pareça a história deste homem, não chega a ter importância se a compararmos com a da pessoa que vive sem a graça santificante. Por nobres e heróicas que sejam as suas ações, não têm valor aos olhos de Deus.".   
Vejam que as obras isoladamente, sem a Graça, não servem para nada! Agora, quantos de vocês já ouviram pessoas repetindo que a Igreja Católica crê que as pessoas são salvas pelas obras? Leiam o documento que mencionei neste texto sobre a justificação para vocês entenderem melhor o que a Igreja Católica entende sobre a questão.
Estudando cada vez mais a Doutrina da Igreja Católica, senti-me extremamente solitário: afinal, estava chegando a várias conclusões apenas por meio do estudo, sem interagir com ninguém que pudesse ajudar-me. Comecei a orar a Deus pedindo ajuda. No dia 24 de maio, fui participar de uma reunião com um grupo de Brasília que pretendia iniciar estudos sobre o Conservadorismo. Quando apareci na reunião, estava lá apenas o Felipe Melo, autor do blog "Juventude Conservadora da UnB"

Sabia que o Felipe tinha se tornado católico, se não me engano, em 2011. Como estávamos só nós dois, acabamos conversando e disse a ele que estava em uma jornada de conversão ao Catolicismo. Ele disse-me que logo depois da reunião ele iria ao CEAC (http://www.ceacdf.org.br/), um centro católico da Opus Dei. Fiquei meio assustado e disse a ele que o que eu conhecia da Opus Dei vinha dos livros do Dan Brown. Ele logo tranqüilizou-me, dizendo que não encontraria pessoas mutilando-se lá e nem sangue espalhado pelo chão. Fiquei, também, mais tranqüilo porque sabia que o próprio Scott Hahn é da Opus Dei, por meio do seu livro sobre o assunto chamado "Trabalho ordinário, graça extraordinária". Chegando lá, gostei bastante do ambiente. Fui muito bem recebido e acolhido. Ele falou-me do padre Rafael Stanziona de Moraes, cujo livro "Por que confessar-se" recomendo fortemente: o meu entendimento da confissão mudou completamente depois dessa leitura. O Felipe disse-me que o padre Rafael era formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, em Física pela mesma Universidade, que tinha sido professor do IME aos 21 anos, que havia feito mestrado em Matemática e que tinha se doutorado em Teologia Moral pela Universidade de Navarra. Fiquei muito empolgado ao saber disso porque eu mesmo iniciei minha vida acadêmica na Física, fui para a Matemática e terminei na Filosofia. Ainda por cima, estava estudando uma série de textos sobre Teologia Moral. O Felipe disse-me que ele tinha um acompanhamento com o padre Rafael e eu disse que gostaria de fazer o mesmo. Isso ocorreu em uma sexta-feira. Marquei, então, um encontro com o padre Rafael para a terça seguinte.

Antes de continuar a história, outra razão que me levou ao Catolicismo foi a questão da Moral. No ano passado, por meio de discussões com o professor Julio Cabrera sobre a sua Ética Negativa, após uma série de conferências que fui na UnB, comecei a interessar-me por Ética. Sempre fui uma pessoa mais teórica, meu principal interesse na época era Lógica e Filosofia da Linguagem. Nunca achei que fosse ter interesse em estudar Ética, o que hoje me parece absurdo. Só fui ter aulas pela primeira vez com o professor Cabrera, por quem já tinha admiração desde 2007 — cito ele no meu antigo flog: (http://www.fotolog.com.br/fabiosal/23552538/) — no primeiro semestre de 2011. O professor Cabrera, embora eu tivesse dito a ele que nunca tinha estudado nada de Ética e nem feito a disciplina, que fui fazer no meu último semestre na graduação, nunca me desprezou. Pelo contrário, chegou a escrever um texto respondendo questões que tinha feito a ele http://pt.scribd.com/doc/98045319/ACERCA-DO-CARATER-CONTINGENTE-DA-ETICA-NEGATIVA-Julio-Cabrera . Ainda estou devendo uma resposta a ele. Digo isso porque já tive a experiência de pessoas acreditarem que o seu diploma é uma razão suficiente para que se tenha alguma autoridade, desprezando quem não tenha um. O filósofo Olavo de Carvalho, que mencionei aqui, não tem diploma e é, simplesmente, a pessoa mais culta que já conheci. O professor Cabrera sempre me tratou com igualdade em todas as discussões que já tive com ele — e olha que não foram poucas. Meus argumentos sempre foram tratados enquanto argumentos a despeito do fato de eu ter um diploma na época ou não, do fato de ele ter muitos mais anos de estudo que eu, ser muito mais culto ou pelo fato de eu nunca ter estudado Ética. Curiosamente, quando fui fazer oficialmente o curso de Ética, que infelizmente não fiz com o professor Cabrera, dei-me conta de que aprenderia nada nele porque tinha aprendido muito mais por meio das discussões com o professor Cabrera.

Na época, fui convencido de que a procriação seria imoral, como o professor Cabrera defende a partir da sua Ética Negativa, mas o interessante é que os seus argumentos não dependem do seu sistema ético particular. Durante muito tempo, defendi que a procriação seria imoral e cheguei a convencer outras pessoas, incluindo a minha própria namorada. Um argumento do padre Paulo Ricardo, entretanto, foi crucial para mudar o meu pensamento. Ele dizia que uma pessoa que se questiona sobre o número de filhos já não está pensando a partir de uma cosmovisão cristã, uma vez que toda a Bíblia mostra os filhos como sendo bênçãos, e uma questão que sempre me incomodou a partir daquilo que vejo em outras pessoas sempre foi a questão de elas dizerem-se cristãs defendendo pontos completamente absurdos quando se tem em vista o Cristianismo. Enfim, comecei a buscar literaturas que discutissem a Ética Cristã. Para a minha surpresa, encontrei quase nada produzido entre os protestantes e uma vasta discussão entre os católicos. Tomás de Aquino, Santo Afonso de Ligório, Dietrich von Hildebrand, Bernhard Häring, Servais Pinckaers, Martin Rhonheimer, o próprio Alasdair MacIntyre, que é um filósofo bastante conhecido, Jacques Maritain, entre muitos outros. Todos eles católicos! Fiquei impressionado com toda a discussão moral desses autores. O que me impressionou também foi que várias conclusões a que cheguei em termos de Ética pensando sozinho já eram defendidas pela Igreja Católica. Não foi apenas a Teologia Moral católica que me impressionou, mas a sua Teologia de modo geral. Teólogos como Henri de Lubac, Bernard Lonergan, Hans Urs von Balthasar, Reginald Garrigou-Lagrange, Jean Daniélou, o próprio Ratzinger, o Papa João Paulo II, com a sua Teologia do Corpo maravilhosa, entre muitos outros são de um nível altíssimo. Quando você estuda esses teólogos e passa para um teólogo protestante, a diferença de nível é realmente gritante.

O Scott Hahn já tinha apontado para uma questão no "Todos os caminhos levam a Roma" que me fizeram ter cuidado com a questão litúrgica. Li dois livros dele sobre o assunto: "O Banquete do Cordeiro" e "A Sagrada Escritura no Mistério da Santa Missa", organizado junto com o Flaherty. O Scott relata no seu livro sobre a sua conversão, as diferença entre a missa e um culto evangélico. Eu sabia que não encontraria um coro todos os domingos com várias vozes como eu tinha na minha igreja antiga. Sabia que não teria um órgão imponente como havia na minha igreja batista. Sabia, entretanto, que os católicos criam na transubstanciação, presença real de Cristo na Missa, e que ela toda tinha uma razão de ser que o Scott Hahn explica muito bem. Depois da explicação dele, não vejo, por exemplo, como entender o Apocalipse sem a Missa — na verdade, é Apocalipse que explica a Missa. Só fui à minha primeira Missa depois de ter certeza de que eu entenderia o que está acontecendo nela em termos litúrgicos. No dia 16 de junho, fui à minha primeira missa na Paróquia São Pedro de Alcântara. Tinha dito ao padre Rafael que a minha antiga Igreja costumava ter um culto muito cuidadoso e que gostaria de freqüentar uma paróquia que tivesse cuidado com a liturgia. Dentre as duas que ele indicou-me, essa era a que ficava mais perto de casa. Foi emocionante ver na Missa tudo aquilo que eu tinha estudado. Vi com os meus próprios olhos como os católicos respeitavam as Escrituras — o Scott Hahn já tinha explicado que se você for às missas todos os dias durante três anos você escutaria toda a Escritura na Missa, diferentemente dos cultos evangélicos nos quais o pastor prega o que quiser. Já tinha ouvido falar dos milagres eucarísticos, mas tive a oportunidade de presenciar um milagre durante uma Missa no dia 16 de junho na minha própria vida. Isso eu contarei algum dia quando escrever melhor sobre a minha conversão em algum livro. Como dizia Tomás de Aquino, "contra fatos, não há argumentos".

Uma pessoa que também me ajudou bastante foi um professor meu com quem, também, tive a primeira aula no primeiro semestre de 2011, chamado Scott Randall Paine. Coincidentemente, o professor Scott, que é outra das pessoas mais cultas que já conheci, é um especialista na obra de Chesterton. Ele fez o seu doutorado sobre Chesterton — "Chesterton e o universo". No ano passado, fiz dois cursos com o professor Scott sobre Filosofia Oriental. No segundo semestre, o professor emprestou-me um livro que estava carimbado como "Rev. Scott Randall Paine". Eu perguntei a ele sobre o "Reverendo" e ele disse-me que era padre. Até então, eu não sabia. Contei várias das minhas dúvidas sobre o Catolicismo ao professor Scott e ele ajudou-me com várias delas. Outra coisa que me impressionou muito no Catolicismo é algo que já tinha me impressionado nos meus estudos de religiões orientais: todas elas tinham costumes que envolviam toda a dimensão humana, seja física ou mental. O Protestantismo era muito abstrato quando comparado às grandes religiões — nunca achei que fosse reclamar de excesso de abstração. O Catolicismo possui toda uma dimensão ascética e mística — não confundam com esoterismo! Recomendo o excelente "Compêndio de Teologia Ascética e Mística" do pe. Tanquerey — que não existe no Protestantismo. A minha vida de santificação tem se tornado mais fácil e, por incrível que pareça, o próprio entendimento de várias doutrinas católicas ajudam na sua vida espiritual. Eu seguiria o Catolicismo mesmo que me fizesse mal porque sei que é verdadeiro, mas nunca me senti tão bem na minha vida. Sempre ouvi falar de uma felicidade que o Cristianismo deveria produzir, mas só tenho descoberto essa felicidade depois da minha descoberta do Catolicismo. Deus tem colocado na minha vida pessoas realmente comprometidas com a Sua Palavra e que são extremamente piedosas e, como se já não bastasse a sua piedade, além do mais, conhecem bastante as Escrituras e a Tradição da Igreja Católica.

Não posso deixar de citar um grande amigo que conheci pelo Facebook, que é o Arthur Olinto, que está passando por uma experiência bem parecida com a minha. Temos planos de escrever um livro sobre a nossa conversão ao Catolicismo. Na semana passada, conheci o padre da paróquia que estou freqüentando: tinha marcado um dia para conversar com ele. Expliquei ao padre Givanildo sobre a minha conversão e, para a minha alegria, soube que a paróquia tinha um coral. No mesmo dia, em uma quarta-feira, fui ao ensaio e reconheci a lindíssima "Cantique de jean Racine" de Fauré no ensaio. Gosto muito de música e temia que não tivesse a oportunidade de usar o meu dom na Igreja. Até nisso Deus foi bondoso comigo. Ouvi, um dia desses, um comentário malicioso de que as missas são sem graça quando comparadas ao cultos protestantes. Penso que a pirotecnia, o espetáculo e a pompa costumam ser inversamente proporcionais àquilo que realmente tem importância. Quando, por exemplo, um artista precisa de mil bailarinos, fogos de artifício e efeitos especiais, é porque o seu talento não é suficiente para despertar o interesse do ouvinte. Não trocaria, sinceramente, qualquer show da Beyoncé, por exemplo, por um show do Caetano Veloso. Qualquer semelhança com a diferença entre o minimalismo das missas católicas e a grandiloqüência dos cultos protestantes não é mera coincidência.

Para terminar, tenho sofrido uma perseguição e uma incompreensão por parte dos protestantes que nunca cheguei a sofrer quando me declarava ser um agnóstico. Creio que a razão principal deve ser porque a maior parte das pessoas nem sabia do que se tratava ser um agnóstico, enquanto o espantalho do Catolicismo está pronto para ser queimado: afinal, não é todo mundo que vai dar-se ao trabalho de estudar os documentos eclesiásticos, a patrologia e a patrística, os textos dos doutores da Igreja etc. Tenho tentado não reagir ao anticatolicismo dos Protestantes com um antiprotestantismo; no entanto, tem sido difícil. Já cheguei a ouvir que "o Diabo está batendo palmas" diante da notícia da minha conversão. Não tinha a noção de que as pessoas fossem tão intolerantes. Sinto-me confortado pelas palavras de Tomás de Kempis:
"Cristo teve adversários e difamadores; e você quer ter todos os homens por amigos e benfeitores seus? [...] Viver pacificamente com pessoas difíceis, e perversas, ou indisciplinadas, é uma grande graça e um feito muitíssimo louvável e corajoso. Não obstante, toda nossa paz nessa vida miserável consiste mais em sofrimento humilde do que em não sentir as adversidades. Seja forte com Cristo, e por Cristo, se você deseja Reinar com Cristo.".
 Tenho constatado na prática o que disse certa feita Pio XII:
"os homens [...] facilmente procuram persuadir-se de que seja falso ou ao menos duvidoso aquilo que não desejam que seja verdadeiro.".   
As pessoas, infelizmente, estão pouco interessadas na verdade, por mais que saibam que no Cristianismo a verdade é Cristo. Conheço, ainda, muito pouco do Catolicismo se eu for comparar a outras coisas que já estudei: afinal, descobri todo um mundo que nunca havia explorado. Quanto mais estudo, no entanto, mais tenho a certeza de que a Igreja Católica tem sido desde sempre o depósito da fé cristã e que Cristo nunca abandonou a Sua Igreja, mas sempre esteve com ela.